Nos mais variados aspectos da vida, uma
mesma verdade pode ser comunicada de muitas formas diferentes,
dependendo de quem ensina e de quem aprende. Quando se trata de
esoterismo
não é diferente, e é muito comum que as sociedades ocultas, as ordens
esotéricas e até mesmo as religiões sejam divididas em graus, câmaras e
sacramentos. O mesmo acontece com o Budismo, uma tradição composta por
diferentes Escolas e linhas de pensamentos,
as quais são agrupadas em Yanas, palavras que significa Caminho ou Veículo. Mesmo dentro de cada um dos Três Veículos, chamados
Hinayana, Mahayana e
Tantrayana, podem ser encontradas muitas variações e diferenças,
mas sua essência é sempre a mesma. Em termos históricos, a pluralidade
de Escolas dentro do Budismo se deve à grande quantidade de ensinamentos
deixados pelo
Budha, quem realizou sua missão por várias
(45 anos) décadas. As interpretações existentes são tantas que não é
tarefa fácil decidir com unanimidade qual delas deveria prevalecer, ou
mesmo sintetizar logicamente todas as visões desenvolvidas
com o passar dos anos. Dependendo de quem eram o aluno do Budha,
num determinado momento, a explicação sobre determinado aspecto da
doutrina podia ser bem diferente, e até mesmo aparentemente
contraditória. Ao contrário de ser algo
negativo, esta é uma das grandes vantagens de um ensinamento esotérico
que pretende atingir a diversidade da humanidade e ainda se manter
atualizável com o passar do tempo. Uma explicação satisfatória dada a
uma pessoa mais erudita pode parecer muito complexa
e até absurda par alguém de mentalidade mais simples. No caso do
Budismo, seu fundador sempre deixou claro que não desejava apenas
ensinar uma doutrina, mas mostrar o caminho que as pessoas podem seguir
para seu próprio desenvolvimento. Esta proposta budista
leva a um ponto onde todo individuo deve decidir por si próprio quais
práticas realizar e como interpretar os ensinamentos, ao invés de aderir
à uma doutrina fixa e imutável. Neste sentido, o Gnosticismo
Contemporâneo se aproxima bastante do Budismo, pois
também pretende que cada um alcance, no ritmo de sua própria
particularidade, a experiência gnóstica, a qual coloca a alma humana em
contato direto com sua fonte espiritual, resultando num conhecimento de
natureza transcendente que em sua essência não pode
ser confinado em quaisquer doutrinas. Estes caminhos ou Veículos
apontados pelos Mestres são métodos de prática espiritual, ou forma de
se caminhar em direção às dimensões e vivências espirituais. No
sânscrito, a palavra
Yana significa exatamente Jornada e
Caminhada, no sentido de movimento em direção a uma meta. Ela também tem
sido entendida como o meio através do qual acontece a jornada, ou seja,
o Veiculo. No Budismo, o Veículo
Hinayana é baseado numa série de preceitos
reunidos durante o Terceiro Concílio Budista. Ele ocorreu em 250 AC, na
Índia, para que contivesse os ensinamentos do
Budha. Depois do Concíclio, as escrituras foram levadas ao Sri Lanka (antigo Ceilão), onde em torno do ano 35 AC, todas foram traduzidas no dialeto hindu
Páli, uma forma simplificada do sânscrito.
De início, a maioria dos seus praticantes era composta por andarilhos,
que se reuniam apenas nas épocas das chuvas, quando viajar
era uma tarefa muito complicada. Com o tempo, alguns edifícios
foram sendo doados e a comunidade passou a ser mais fixa. Cerca de um
século após a morte do
Budha, os monastérios se tornaram a principal forma de preservação dos ensinamentos. A base do ensinamento do Veículo
Hinayana são as Quatro Nobres Verdades e os ensinamentos acerca da meditação. A grande meta do praticante da tradição
Hinayana é atingir o estado de Arhant (santo), já que o estado de
Budha é considerado inatingível nesta época
em que vivemos. Palavra do Editor do Mosaico. “Aqui divirjo desse
ensaio, pois os inúmeros textos que temos estudado nesse espaço
eletrônico, o princípio
búdhico está em cada ser, e o processo de
evolução se completará na respectiva encarnação que a substância
corpórea sutil estiver preparada para tal fato. A perspectiva apontado
pelo Budismo em algumas Escolas, não mensura o tempo
presente, passado ou futuro como pressuposto para a iluminação. A
temporalidade é uma questão à nível do inconsciente numa impermanência
que evolui para um estado desperto dentro da consciência
búdhica que se revelará no tempo
determinado”. A compaixão é considerada uma prática importante, mas a
motivação principal é seguir o caminho espiritual até alcançar a
liberação, conhecida como Nirvana. O termo
Hinayana, que significa Pequeno Veículo,
apareceu muito tempo depois da constituição de se cânon, de sua prática e
de seus monastérios. Isso ocorreu depois do século I DC, quando
ensinamentos de natureza diferente começaram a surgir
e foram chamados de Mahayana, que significa Grande Veículo. Tudo indica que a tradição
Mahayana se desenvolveu entre os séculos I
AC e I DC, e já em torno do século II DC, podia ser considerada uma
tradição bem definida. Isso ocorreu graças ao mestre
Nagarjuna, que deu origem a filosofia do
Sunyata (vazio) através de sua explicação de que tudo é vazio, num pequeno texto chamado
Madhyamika Karika. Em torno do século IV DC, os
mestres Asanga e Vasubandhu escreveram grandes quantidades de ensinamentos acerca do
Mahayana. Seus escritos foram realizados em sânscrito, e hoje são chamados de Sutras
Mahayana. Então, uma divisão muito clara
entre os dois Veículos começou a ser delineada, não tanto em seus
fundamentos filosóficos, mas nas práticas propostas. A filosofia
Mahayana é baseada na tradição Hinayana
mais antiga, e aceita sem reservas estes ensinamentos. Mas o mesmo não
acontece com as suas interpretações tradicionais. Um dos aspectos mais
importantes é a interpretação
tradicional de que o estado de Budha pode ser atingido apenas por poucas pessoas. Ao contrário do
Hinayana, o veículo Mahayana ensina que todos os seres
sencientes (seres que possuem consciência, e
todos tem esta propriedade, desde as amebas e bactérias, passando por
minerais, vegetais, animais, humanos, espíritos até os corpo celestes
como estrelas) podem se tornar
Budhas. E que a única coisa que pode impedir
a iluminação completa é a falha em melhorar os comportamentos e os
estados mentais. A tradição
Mahayana afirma que todos os seus Sutras foram ensinados diretamente pelo
Budha, ou pelo menos inspirados por ele. A meta principal da tradição
Mahayana é levar todos os seres
sencientes à iluminação. A liberação da existência cíclica e o estado de
Budha são vistos como apenas consequências do esforço para
auxiliar todos os seres. Na verdade, este pensamento sustenta que a
única motivação capaz de conduzir ao estado de
Budha é a ânsia altruísta de afastar os seres
sencientes do sofrimento. Mesmo com estas diferenças entre os
dois Veículos, é importante ressaltar que por muitos séculos muitos
monastérios na Índia estavam repletos de monges de ambas as tradições. A
escolha do caminho que levaria à liberação do sofrimento
algo muito íntimo, e deveria sempre ser respeitado. Pouco tempo depois,
em torno do século VI DC, do interior da tradição
Mahayana emergiram os chamados textos tântricos. Eles são solidamente baseados nas tradições
Hinayana e Mahayana, e ainda que sua filosofia apresente apenas pequenas diferenças em relação à do
Mahayana, suas práticas podem ser
consideradas bastante diferentes. Dentro da perspectiva budista, antes
de começar as práticas tântricas é necessária uma compreensão apropriada
das filosofias
Hinayana e Mahayana.
Apensa com o devido prepara e esclarecimento alguém deveria buscar uma
iniciação Tântrica ou a permissão de um mestre tântrico qualificado para
realizar uma prática tântrica específica.
As práticas do Tantrayana são consideradas ferramentas muito profundas que permitem o alcance rápido do estado de
Budha. Isso é considerado algo muito importante, não para o própria indivíduo, mas porque um indivíduo sendo um
Budha, ele possuirá as melhores qualidades para ajudar aos demais seres. A motivação central do
Tantrayana é realizar o mais rápido possível o estado de
Budha, para poder ajudar os demais seres o
quanto antes. No mundo ocidental, a palavra Tantra ficou associada
exclusivamente ao sexo, e esta associação certamente não é benéfica aos
propósitos do
Tantrayana. De fato, os Tantras estão
relacionados às energias que provocam os poderosos estados de iluminação
e êxtase, e estas estão completamente relacionadas ao exercício de uma
sexualidade aliada à espiritualidade. Os mestres
tântricos reconhecem a importância destes ensinamento e a delicadeza
com que devem ser tratados no contexto do Budismo, e por este motivo se
pronunciam a respeito da relação entre Tantra e sexualidade de maneira
tão reservada. Editor do Mosaico. “A sexualidade
budista segundo os textos que temos apreciados, está sempre ligada a
pureza e santificação do leigo e os vocacionados a vida monástica, esses já incluídos no voto de castidade, sendo que aos dois grupos é requisito à alcançar
o estado desperto de iluminação. Do contrário, tendo uma vida desrespeitosa quanto ao sentimento e emoção em relação ao outro, desabonada sexualmente, o carma, atuando com disciplina na
encarnação passada e presente do indivíduo, cobrará uma postura condizente
com seu comprometimento à espiritualidade, sendo esse efeito no
presente ou em renascimentos futuros”. Mesmo fora do contexto budista, a
compreensão e a prática da essência dos princípios contidos nos
veículos
Hinayana e Maharayana são indispensáveis.
http://www.sgi.org.br. Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário