sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Os Três Veículos da Doutrina Budista.

Nos mais variados aspectos da vida, uma mesma verdade pode ser comunicada de muitas formas diferentes, dependendo de quem ensina e de quem aprende. Quando se trata de esoterismo não é diferente, e é muito comum que as sociedades ocultas, as ordens esotéricas e até mesmo as religiões sejam divididas em graus, câmaras e sacramentos. O mesmo acontece com o Budismo, uma tradição composta por diferentes Escolas e linhas de pensamentos, as quais são agrupadas em Yanas, palavras que significa Caminho ou Veículo. Mesmo dentro de cada um dos Três Veículos, chamados Hinayana, Mahayana e Tantrayana, podem ser encontradas muitas variações e diferenças, mas sua essência é sempre a mesma. Em termos históricos, a pluralidade de Escolas dentro do Budismo se deve à grande quantidade de ensinamentos deixados pelo Budha, quem realizou sua missão por várias (45 anos) décadas. As interpretações existentes são tantas que não é tarefa fácil decidir com unanimidade qual delas deveria prevalecer, ou mesmo sintetizar logicamente todas as visões desenvolvidas com o passar dos anos. Dependendo de quem eram o aluno do Budha, num determinado momento, a explicação sobre determinado aspecto da doutrina podia ser bem diferente, e até mesmo aparentemente contraditória. Ao contrário de ser algo negativo, esta é uma das grandes vantagens de um ensinamento esotérico que pretende atingir a diversidade da humanidade e ainda se manter atualizável com o passar do tempo. Uma explicação satisfatória dada a uma pessoa mais erudita pode parecer muito complexa e até absurda par alguém de mentalidade mais simples. No caso do Budismo, seu fundador sempre deixou claro que não desejava apenas ensinar uma doutrina, mas mostrar o caminho que as pessoas podem seguir para seu próprio desenvolvimento. Esta proposta budista leva a um ponto onde todo individuo deve decidir por si próprio quais práticas realizar e como interpretar os ensinamentos, ao invés de aderir à uma doutrina fixa e imutável. Neste sentido, o Gnosticismo Contemporâneo se aproxima bastante do Budismo, pois também pretende que cada um alcance, no ritmo de sua própria particularidade, a experiência gnóstica, a qual coloca a alma humana em contato direto com sua fonte espiritual, resultando num conhecimento de natureza transcendente que em sua essência não pode ser confinado em quaisquer doutrinas. Estes caminhos ou Veículos apontados pelos Mestres são métodos de prática espiritual, ou forma de se caminhar em direção às dimensões e vivências espirituais. No sânscrito, a palavra Yana significa exatamente Jornada e Caminhada, no sentido de movimento em direção a uma meta. Ela também tem sido entendida como o meio através do qual acontece a jornada, ou seja, o Veiculo. No Budismo, o Veículo Hinayana é baseado numa série de preceitos reunidos durante o Terceiro Concílio Budista. Ele ocorreu em 250 AC, na Índia, para que contivesse os ensinamentos do Budha. Depois do Concíclio, as escrituras foram levadas ao Sri Lanka (antigo Ceilão), onde em torno do ano 35 AC, todas foram traduzidas no dialeto hindu Páli, uma forma simplificada do sânscrito. De início, a maioria dos seus praticantes era composta por andarilhos, que se reuniam apenas nas épocas das chuvas, quando viajar  era uma tarefa muito complicada. Com o tempo, alguns edifícios foram sendo doados e a comunidade passou a ser mais fixa. Cerca de um século após a morte do Budha, os monastérios se tornaram a principal forma de preservação dos ensinamentos. A base do ensinamento do Veículo Hinayana são as Quatro Nobres Verdades e os ensinamentos acerca da meditação. A grande meta do praticante da tradição Hinayana é atingir o estado de Arhant (santo), já que o estado de Budha é considerado inatingível nesta época em que vivemos. Palavra do Editor do Mosaico. “Aqui divirjo desse ensaio, pois os inúmeros textos que temos estudado nesse espaço eletrônico, o princípio búdhico está em cada ser, e o processo de evolução se completará na respectiva encarnação que a substância corpórea sutil estiver preparada para tal fato. A perspectiva apontado pelo Budismo em algumas Escolas, não mensura o tempo presente, passado ou futuro como pressuposto para a iluminação. A temporalidade é uma questão à nível do inconsciente numa impermanência que evolui para um estado desperto dentro da consciência búdhica que se revelará no tempo determinado”. A compaixão é considerada uma prática importante, mas a motivação principal é seguir o caminho espiritual até alcançar a liberação, conhecida como Nirvana. O termo Hinayana, que significa Pequeno Veículo, apareceu muito tempo depois da constituição de se cânon, de sua prática e de seus monastérios. Isso ocorreu depois do século I DC, quando ensinamentos de natureza diferente começaram a surgir e foram chamados de Mahayana, que significa Grande Veículo. Tudo indica que a tradição Mahayana se desenvolveu entre os séculos I AC e I DC, e já em torno do século II DC, podia ser considerada uma tradição bem definida. Isso ocorreu graças ao mestre Nagarjuna, que deu origem a filosofia do Sunyata (vazio) através de sua explicação de que tudo é vazio, num pequeno texto chamado Madhyamika Karika. Em torno do século IV DC, os  mestres Asanga e Vasubandhu escreveram grandes quantidades de ensinamentos acerca do Mahayana. Seus escritos foram realizados em sânscrito, e hoje são chamados de Sutras Mahayana. Então, uma divisão muito clara entre os dois Veículos começou a ser delineada, não tanto em seus fundamentos filosóficos, mas nas práticas propostas. A filosofia Mahayana é baseada na tradição Hinayana mais antiga, e aceita sem reservas estes ensinamentos. Mas o mesmo não acontece com as suas interpretações tradicionais. Um dos aspectos mais importantes é a interpretação tradicional de que o estado de Budha pode ser atingido apenas por poucas pessoas. Ao contrário do Hinayana, o veículo Mahayana ensina que todos os seres sencientes (seres que possuem consciência, e todos tem esta propriedade, desde as amebas e bactérias, passando por minerais, vegetais, animais, humanos, espíritos até os corpo celestes como estrelas) podem se tornar Budhas. E que a única coisa que pode impedir a iluminação completa é a falha em melhorar os comportamentos e os estados mentais. A tradição Mahayana afirma que todos os seus Sutras foram ensinados diretamente pelo Budha, ou pelo menos inspirados por ele. A meta principal da tradição Mahayana é levar todos os seres sencientes à iluminação. A liberação da existência cíclica e o estado de Budha são vistos como apenas consequências do esforço para auxiliar todos os seres. Na verdade, este pensamento sustenta que a única motivação capaz de conduzir ao estado de Budha é a ânsia altruísta de afastar os seres sencientes do sofrimento. Mesmo com estas diferenças entre os dois Veículos, é importante ressaltar que por muitos séculos muitos monastérios na Índia estavam repletos de monges de ambas as tradições. A escolha do caminho que levaria à liberação do sofrimento algo muito íntimo, e deveria sempre ser respeitado. Pouco tempo depois, em torno do século VI DC, do interior da tradição Mahayana emergiram os chamados textos tântricos. Eles são solidamente baseados nas tradições Hinayana e Mahayana, e ainda que sua filosofia apresente apenas pequenas diferenças em relação à do Mahayana, suas práticas podem ser consideradas bastante diferentes. Dentro da perspectiva budista, antes de começar as práticas tântricas é necessária uma compreensão apropriada das filosofias Hinayana e Mahayana. Apensa com o devido prepara e esclarecimento alguém deveria buscar uma iniciação Tântrica ou a permissão de um mestre tântrico qualificado para realizar uma prática tântrica específica. As práticas do Tantrayana são consideradas ferramentas muito profundas que permitem o alcance rápido do estado de Budha. Isso é considerado algo muito importante, não para o própria indivíduo, mas porque um indivíduo sendo um Budha, ele possuirá as melhores qualidades para ajudar aos demais seres. A motivação central do Tantrayana é realizar o mais rápido possível o estado de Budha, para poder ajudar os demais seres o quanto antes. No mundo ocidental, a palavra Tantra ficou associada exclusivamente ao sexo, e esta associação certamente não é benéfica aos propósitos do Tantrayana. De fato, os Tantras estão relacionados às energias que provocam os poderosos estados de iluminação e êxtase, e estas estão completamente relacionadas ao exercício de uma sexualidade aliada à espiritualidade. Os mestres tântricos reconhecem a importância destes ensinamento e a delicadeza com que devem ser tratados no contexto do Budismo, e por este motivo se pronunciam a respeito da relação entre Tantra e sexualidade de maneira tão reservada. Editor do Mosaico. “A sexualidade budista segundo os textos que temos apreciados, está sempre ligada a pureza e santificação do leigo e os vocacionados a vida monástica, esses já incluídos no voto de castidade, sendo que aos dois grupos é requisito à alcançar o estado desperto de iluminação. Do contrário, tendo uma vida desrespeitosa quanto ao sentimento e emoção em relação ao outro, desabonada sexualmente, o carma, atuando com disciplina na encarnação passada e presente do indivíduo, cobrará uma postura condizente com seu comprometimento à espiritualidade, sendo esse efeito no presente ou em renascimentos futuros”. Mesmo fora do contexto budista, a compreensão e a prática da essência dos princípios contidos nos veículos Hinayana e Maharayana são indispensáveis. http://www.sgi.org.br. Abraço. Davi.

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