quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Bhagavad Gita. A Excelência Divina.

Nesse 10º capítulo do Bhagavad Gita é demonstrado que Deus não é diferente de coisas tangíveis e intangíveis, mas Ele é Tudo em Todos. Ele é a unidade matricial de que procedem todos os números. Ele é, em tudo, o verdadeiro fundamento e a verdadeira essência. Em si mesmo imutável, manifesta-se de variadíssimo modos, conforme os pontos. Dele não podemos dizer que seja, em si mesmo, perfeito ou imperfeito, bom ou mau, porque Ele é a perfeição e a bondade mesma, em todas as coisas. “O Verbo Divino, Khrisna, continua: Ouve, Oh forte herói! A doutrina mais importante que te quero expor, porque a minha palavra te alegra e porque quero o teu bem. Não conhecem a minha origem nem os anjos, nem os deuses, nem os grandes espíritos, nem os adeptos ou outros homens adiantados no saber; porque Eu Sou a origem deles todos. Quem se adiantou em sabedoria, tanto que Me conhece como Ser Infinito, sem princípio e sem fim, o Senhor do Universo, esse anda sem pecado, sem ilusão e sem erro, no meio dos mortais. Sabe que de Mim procedem todas as qualidades dos seres individuais, como: a razão, o conhecimento, a sabedoria, paciência, verdade, clemência, domínio de si próprio, tranquilidade, prazer e dor, nascimento e morte, coragem e medo. Igualmente a inocência, equanimidade, abstinência, contentamento, afabilidade, caridade, severidade, glória e modéstia. De Mim tiraram origem os sete grandes Rishis ou reis sábios, os quatro patriarcas (1) e os Manus (2); todos foram emanados da minha Mente, e deles proveio o gênero humano. (1) Os quatro patriarcas são os espíritos emas chamados de Brahma: Sanatkumara, Sanaka, Sanatana e Sanandana. (2) Manu são os chefes e legisladores de uma raça. Quem conhece esta minha soberania e a minha força mística, sem dúvida é dotado de infalível inteligência, fé e devoção. Eu Sou a origem de tudo. O universo inteiro de Mim emana. Os sábios, que são minha imagem e semelhança, conhecendo esta verdade, dirigem-se a Mim com adoração. Conservando-Me sempre em suas mentes, e fazendo a sua vida confluir com a minha, glorificam-Me constantemente, regozijam-se e são felizes. Eu, de contínuo, os ilumino e inspiro, e eles instruem uns aos outros e, com a luz do seu espírito, dissipam as trevas e a ignorância do mundo exterior. A todos os que Me oferecem o coração, Eu sou a ciência do discernimento e intuição, para chegarem até Mim. Residindo no centro das suas almas, faço-os sentir a Minha misericórdia, o Meu amor, o espalho dali os raios do verdadeiro conhecimento, cuja luz dissipa as trevas oriundas da ignorância. Exclama Arjuna: Em verdade, Tu és Parabrama, o Senhor Supremo! Os deuses, anjos e sábios reconhecem-Te como o refúgio universal, a mais elevada Morada, Eterno Criador, Ser Absoluto Puríssimo, Onipotente, Onisciente, Onipresente! Assim Te chamam os sábios, e Tu mesmo o confirmaste falando a mim. E eu te creio em tudo e sem reserva, Oh Senhor Abençoado! A tua presente manifestação encarnada, a Tua presença em forma terrestre é um grande mistério, que não compreendem nem os deuses, nem os anjos, nem os espíritos adiantados de todos os mundos. Só Tu, único, Te compreendes, Oh! Fonte da vida, Oh! Senhor Supremo do universo inteiro, Deus dos deuses, Governador de Tudo o que é, foi e será! Eu, teu indigno discípulo, rogo-te, podes me esclarecer a respeito das tuas perfeições divinas e dizer-me com que misteriosa força penetras todos os mundos e, no entanto, permaneces imutável em Ti mesmo? Como poderei eu chegar a conhecer-Te? Como deve pensar em Ti? Como meditar em Ti, se não conheço a tua forma própria? Fala-me mais ainda, e mais extensamente, do teu misterioso Ser, das tuas forças, dos teus poderes e formas de manifestação, Oh! Senhor dos mundos! Eu tenho sede de ouvir as tuas imortais palavras, como quem há muitos dias não bebeu águas. Refrigera-me com os teus ensinos, Oh! Mestre inigualável. O Verbo Divino, Khrisna: Ouve, meu caríssimo! Descrever-te-ei as principais das minhas divinas características e manifestações; só as principais, porque sabes que o Meu ser e a Minha Natureza essencial são infinitos, as Minhas manifestações e minhas forças não tem limites. Eu, Oh! Príncipe, sou o Espírito que reside na consciência de todos os seres, e cujo reflexo é conhecido por todos como o Eu (ou ego). Eu Sou o princípio, o meio e o fim de todas as coisas. Entre as Adityas (Deus Planetários), sou Vishnu (Deus Conservador); Entre os Sóis brilhantes, sou o Sol Supremo; Entre os ventos, sou Marichi (Deus dos ventos); Entre os astros, sou a Lua. No vedas, sou o Sama Veda (livros de hinos sagrados; Entre os deuses, védicos, sou Indra (o Rei dos deuses); Entre as faculdades, sou a Razão e, nos seres vivos, sou a Vida. Entre os aniquiladores, sou Shankara (o Destruidor); nos gigantes, sou a Grandeza; nos seres elementares, sou o Elementos; entre os montes, sou Meru (a Montanha Santa). Entre os sacerdotes, sou o Sumo Pontífice; entre os generais, sou Skanda (deus da guerra); entre as águas, sou o Oceano. Entre os sábios, sou a Sabedoria; entre as palavras, a sílaba AUM. Entre os sacrifícios, sou a elevação do espirito. Entre as montanhas, sou o Himalaia. Entre as árvores, sou a figueira sagrada (a Árvore da Vida). Entre os iluminados, (Budha, Christo) sou a luz; na música das esferas, a harmonia; nos santos a santidade. Entre os cavalos, sou Utchaisrava, o cavalo de Indra (símbolo da poesia), que nasceu de Amrita (água da imortalidade). Dos elefantes, sou Airavata (símbolo de sabedoria e grandeza), e entre os homens, o Governador. Das armas, sou o raio, e Kamaduk (símbolo da fertilidade) entre as vacas. Entre os amantes, sou o Amor; entre as serpentes, sou Vasuki (rei das serpentes, símbolo do saber). Entre os dragões, sou Ananta (símbolo da inteligência); entre os seres aquáticos, sou Varuna (deus da água); entre os Pitris (antepassados), sou Aryaman (o seu chefe). E dos juízes, sou Yama (o juiz dos mortos). Sou Pralada entre os Daityas (3). Tempo entre as suas unidades, leão entre as feras, e águia entre as aves. (3) Daityas, deuses intelectuais, opostos aos deuses meramente rituais, e inimigos de Puja, sacrifícios. Entre os purificadores, sou o puro ar, entre os guerreiros, sou Rama (poderoso conquistador). Entre os peixes sou Makara (o sagrado crocodilo); entre os rios, sou o Ganges (o rio sagrado dos hindus). De toda a criação, Eu Sou o princípio, o meio e o fim. Das ciências, sou a ciência do Espírito e o verbo dos oradores. Das letras, sou o A; nas palavras a conjunção. Eu Sou o tempo perdurável e Aquele cuja face se volta para todas as partes. Eu Sou tanto a Morte, que não poupa a ninguém, como o Renascimento, que dissolve a Morte. Eu Sou a Glória, a Fortuna (riqueza), a Eloquência, a Memória, o Juízo, a Força, a Fidelidade, a Paciência. Entre os cantos, sou o Hino Sublime; entre os versos, sou o Verso Místico. Entre as estações, sou a Primavera, entre os meses, sou o mês mais frutífero. Eu Sou a Sorte entre os jogadores, e o Esplendor de tudo o que brilha. Eu Sou a Valentia e a Vitória. Eu Sou a bondade dos bons. Eu Sou o chefe de grandes tribos e famílias. Eu Sou o Sábio dos sábios, o poeta dos poetas, o Bardos dos bardos, o Vidente dos videntes, o Profeta. Para os governadores, sou o Cetro do poder, entre os estadistas e conquistadores, sou a Diplomacia e a Política. Sou o Silêncio dos Segredos, e o Saber dos eruditos. Em suma, Oh! Príncipe. Eu Sou aquilo que é o princípio essencial na semente de todos os seres e de todas as coisas na Natureza, cada ser, animado ou inanimado, é por Mim penetrado, e, sem Mim, nada pode existir nem por um instante. Sem fim são as minhas manifestações divinas, Oh! Arjuna. Só exemplos delas te apresentei. Os meus poderes são infinitos em qualidade e variedade. Todo ser e toda coisa são o produto de uma infinitésima porção do meu Poder e da minha Glória. Mas para que mais minúcias, Oh! Príncipe? Sabe que Eu sustento todo este universo continuamente, só com um infinitesimal fragmento de Mim mesmo”. Abraço. Davi.

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