segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Vida do Budha. Parte II.

O Bodisatva em pouco tempo supera as realizações dos seus mestres
Tendo seguido a vida santa em busca do que é benéfico, buscando o insuperável estado de paz sublime procurei por Alara Kalama e lhe disse: Amigo Kalama, quero viver a vida santa neste Dhamma e Disciplina. Alara Kalama respondeu: O Venerável pode ficar aqui, meu amigo. Este Dhamma é tal que uma pessoa sábia pode em pouco tempo entrar e permanecer nele, compreendendo por si mesmo através do conhecimento direto a doutrina do seu mestre. Em breve aprendi aquele Dhamma. No que diz respeito à mera recitação e repetição dos seus ensinamentos, eu falava com conhecimento e segurança e reivindicava, eu sei e vejo,  e havia outros que assim também diziam. Eu pensei: Não é somente pela mera fé que Alara Kalama declara, Tendo compreendido por mim mesmo com o conhecimento direto, eu entro e permaneço neste Dhamma. Com certeza Alara Kalama permanece conhecendo e vendo este Dhamma. Então fui até Alara Kalama e perguntei: Amigo Kalama, de que forma, tendo compreendido por você mesmo com conhecimento direto, você declara que entra e permanece nesse Dhamma? Em resposta, ele declarou a esfera do nada. Eu pensei: Não somente Alara Kalama tem fé, energia, atenção plena, concentração e sabedoria. Eu, também, tenho fé, energia, atenção plena, concentração e sabedoria. E se eu me esforçasse para realizar por mim mesmo o Dhamma no qual Alara Kalama declara entrar e permanecer, tendo compreendido por ele mesmo através do conhecimento direto? Assim em pouco tempo eu entrei e permaneci naquele Dhamma, tendo compreendido por mim mesmo com o conhecimento direto. Eu fui até Alara Kalama e perguntei. Amigo Kalama, é dessa forma que você declara que entra e permanece neste Dhamma, tendo compreendido por você mesmo através do conhecimento direto? Essa é a forma, amigo. É dessa forma, amigo, que eu também entro e permaneço nesse Dhamma, tendo compreendido por mim mesmo com o conhecimento direto. É um ganho para nós, meu amigo, um grande ganho para nós, que tenhamos um tal venerável como companheiro na vida santa. Portanto, o Dhamma no qual eu declaro que entro e permaneço, tendo compreendido por mim mesmo com o conhecimento direto, é o Dhamma no qual você declara entrar e permanecer, tendo compreendido por você mesmo com o conhecimento direto. E o Dhamma no qual você declara entrar e permanecer, tendo compreendido por você mesmo com o conhecimento direto, é o Dhamma no qual eu declaro que entro e permaneço, tendo compreendido por mim mesmo com o conhecimento direto. Portanto, você conhece o Dhamma que eu conheço e eu conheço o Dhamma que você conhece. Como eu sou, assim é você; como você é, assim eu sou. Venha amigo, vamos agora liderar esta comunidade juntos. Dessa forma Alara Kalama, meu mestre, colocou-me, seu pupilo, no mesmo nível que ele e me concedeu a maior honra possível. Porém, o pensamento me ocorreu. Este Dhamma não conduz ao desencantamento, ao desapego, à cessação, à paz, ao conhecimento direto, à iluminação, a Nibbana, mas somente ao reaparecimento na esfera do nada. Dessa forma, não estando satisfeito com esse Dhamma, eu parti. Ainda em busca, bhikkhus, do que é benéfico, buscando o insuperável estado de paz sublime procurei por Uddaka Ramaputta e ao chegar, eu lhe disse: Amigo Uddaka, quero viver a vida santa neste Dhamma e Disciplina.  Uddaka Ramaputta respondeu, O Venerável pode ficar aqui, meu amigo. Este Dhamma é tal que uma pessoa sábia pode em pouco tempo entrar e permanecer nele, compreendendo por si mesmo através do conhecimento direto a doutrina do seu mestre. Em breve aprendi aquele Dhamma. No que diz respeito à mera recitação e repetição dos seus ensinamentos, eu falava com conhecimento e segurança e reivindicava, eu sei e vejo e havia outros que assim também diziam. Eu pensei: 'Não foi somente pela mera fé que Rama declarava, Tendo compreendido por mim mesmo através do conhecimento direto, eu entro e permaneço neste Dhamma. Com certeza Rama permanecia conhecendo e vendo este Dhamma. Então fui até Uddaka Ramaputta e perguntei: Amigo, de que forma Rama, tendo compreendido por ele mesmo através do conhecimento direto, declarou que entrou e permaneceu nesse Dhamma? Em resposta, Uddaka Ramaputta declarou a esfera da nem percepção, nem não percepção. Eu pensei: Não somente Rama tinha fé, energia, atenção plena, concentração e sabedoria. Eu, também, tenho fé, energia, atenção plena, concentração e sabedoria. E se eu me esforçasse para realizar por mim mesmo o Dhamma no qual Rama, tendo compreendido por ele mesmo através do conhecimento direto, declarou que entrou e permaneceu? Assim, em pouco tempo eu entrei e permaneci naquele Dhamma, tendo compreendido por mim mesmo com o conhecimento direto. Então eu fui até Uddaka Ramaputta e perguntei: Amigo, é dessa forma que Rama declarou que entrou e permaneceu neste Dhamma, tendo compreendido por ele mesmo através do conhecimento direto? Essa é a forma, amigo. É dessa forma, amigo, que eu também entro e permaneço nesse Dhamma, tendo compreendido por mim mesmo com o conhecimento direto. É um ganho para nós, meu amigo, um grande ganho para nós, que tenhamos um tal venerável como companheiro na vida santa. Portanto, o Dhamma no qual Rama declarou que entrou e permaneceu, tendo compreendido por ele mesmo com o conhecimento direto, é o Dhamma no qual você entra e permanece, tendo compreendido por você mesmo com o conhecimento direto. E o Dhamma que você entra e permanece tendo compreendido por você mesmo com o conhecimento direto, é o Dhamma no qual Rama declarou que entrou e permaneceu, tendo compreendido por ele mesmo com o conhecimento direto. Portanto, você conhece o Dhamma que Rama conhecia e Rama conhecia o Dhamma que você conhece. Como Rama era, assim é você; como você é, assim era Rama. Venha amigo, agora lidere esta comunidade. Dessa forma, Uddaka Ramaputta, meu companheiro na vida santa, colocou-me na posição de mestre e me concedeu a maior honra possível. Porém, o pensamento me ocorreu, Este Dhamma não conduz ao desencantamento, ao desapego, à cessação, à paz, ao conhecimento direto, à iluminação, a Nibbana, mas somente ao reaparecimento na esfera da nem percepção, nem não percepção. Dessa forma, não estando satisfeito com esse Dhamma, eu parti.
[MN 26]
Ele pratica austeridades extremas na floresta
Eu pensei: E se eu, com os dentes cerrados e pressionando minha língua contra o céu da boca, abatesse, forçasse e subjugasse minha mente com a minha mente. Dessa forma, com os dentes cerrados e pressionando minha língua contra o céu da boca, abati, forcei e subjuguei minha mente com a minha mente. Enquanto eu fazia isso o suor emanava das minhas axilas. Tal como um homem forte agarra um homem mais fraco pela cabeça ou pelos ombros e o abate, o força e o subjuga, da mesma forma com os dentes cerrados e pressionando minha língua contra o céu da boca, abati, forcei e subjuguei minha mente com a minha mente e o suor emanava das minhas axilas. Mas embora uma energia incansável houvesse sido estimulada em mim e uma persistente atenção plena houvesse se estabelecido, meu corpo estava agitado e inquieto porque eu estava exausto devido ao doloroso esforço. Porém, a sensação de dor que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu. Eu pensei: E se eu praticasse a meditação sem respirar. Assim eu parei a inspiração e a expiração através do meu nariz e boca. Ao fazer isso, houve um forte rugido de ventos saindo pelos ouvidos. Tal como o forte rugido dos ventos que saem do fole de um ferreiro, da mesma forma, quando parei a inspiração e a expiração através do meu nariz e boca houve um forte rugido de ventos saindo pelos ouvidos. Mas embora uma energia incansável houvesse sido estimulada em mim e uma persistente atenção plena houvesse se estabelecido, meu corpo estava agitado e inquieto porque eu estava exausto devido ao doloroso esforço. Porém, a sensação de dor que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu. Eu pensei: E se eu praticasse mais a meditação sem respirar. Assim eu parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos. Ao fazer isso, ventos violentos retalharam a minha cabeça. Tal como se um homem forte estivesse retalhando a minha cabeça com uma espada afiada, da mesma forma, quando parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos ventos violentos retalharam a minha cabeça. Mas, embora uma energia incansável houvesse sido estimulada em mim e uma persistente atenção plena houvesse se estabelecido, meu corpo estava agitado e inquieto porque eu estava exausto devido ao doloroso esforço. Porém, a sensação de dor que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu. Eu pensei: E se eu praticasse mais a meditação sem respirar. Assim eu parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos. Ao fazer isso, dores violentas surgiram na minha cabeça. Tal como se um homem forte estivesse apertando em volta da minha cabeça uma tira de couro resistente, da mesma forma, quando parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos dores violentas surgiram na minha cabeça. Mas embora uma energia incansável houvesse sido estimulada em mim e uma persistente atenção plena houvesse se estabelecido, meu corpo estava agitado e inquieto porque eu estava exausto devido ao doloroso esforço. Porém, a sensação de dor que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu. Eu pensei: E se eu praticasse mais a meditação sem respirar. Assim eu parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos. Ao fazer isso, forças violentas retalharam a cavidade do meu estômago. Tal como se um açougueiro ou seu aprendiz estivessem retalhando a cavidade do estômago de um boi com uma faca afiada, da mesma forma, quando parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos, forças violentas retalharam a cavidade do meu estômago. Mas embora uma energia incansável houvesse sido estimulada em mim e uma persistente atenção plena houvesse se estabelecido, meu corpo estava agitado e inquieto porque eu estava exausto devido ao doloroso esforço. Porém, a sensação de dor que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu. Eu pensei: E se eu praticasse mais a meditação sem respirar. Assim eu parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos. Ao fazer isso, houve uma queimação violenta no meu corpo. Tal como se dois homens fortes agarrassem um homem mais fraco pelos braços o assassem sobre uma cova com brasas em chamas, da mesma forma, quando parei a inspiração e a expiração através do nariz, boca e ouvidos, houve uma queimação violenta no meu corpo. Mas embora uma energia incansável houvesse sido estimulada em mim e uma persistente atenção plena houvesse se estabelecido, meu corpo estava agitado e inquieto porque eu estava exausto devido ao doloroso esforço. Porém, a sensação de dor que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu. Agora quando os devas me viram, alguns disseram, Gautama o contemplativo está morto. Outros devas disseram: Ele não está morto, ele está morrendo. E outros disseram, Ele não está morto, nem morrendo; ele é um arahant, santo, pois é assim como praticam os arahants. Eu pensei: E se eu praticasse cortando completamente a alimentação. Então os devas, anjos, vieram até mim e disseram: Estimado senhor, por favor não utilize a prática do corte completo da alimentação. Se você assim o fizer, nós infundiremos alimento divino através dos seus poros e você sobreviverá com isso. Eu pensei, se eu afirmar estar em jejum completo enquanto esses devas estiverem infundindo alimento divino através dos meus poros, eu estarei mentindo. Assim eu os dispensei, dizendo: Não é necessário. Eu pensei: E se eu comesse somente um pouco de comida de cada vez, uma mão cheia de cada vez, seja de sopa de feijão ou de sopa de lentilha, ou de sopa de legumes, ou sopa de ervilhas. Assim, eu comia muito pouco, uma mão cheia de cada vez, seja de sopa de feijão ou de sopa de lentilha, ou de sopa de legumes, ou de sopa de ervilhas. Enquanto eu fazia isso meu corpo ficou extremamente maciado. Por comer tão pouco, os meus membros ficaram como os segmentos articulados de uma videira ou bambu. Por comer tão pouco, as minhas costas ficaram como a corcova de um camelo. Por comer tão pouco, as projeções da minha espinha pareciam contas de um cordão. Por comer tão pouco, as minhas costelas se projetavam para a frente tão frágeis como as traves de um celeiro destelhado. Por comer tão pouco, o brilho dos meus olhos se afundou dentro da cavidade do olho, parecendo com o brilho d' água no fundo de um poço profundo. Por comer tão pouco, o meu escalpo enrugou e encolheu como uma abóbora verde, amarga, enruga e encolhe com o vento e o sol. Por comer tão pouco, a pele da minha barriga se uniu à minha espinha; portanto se eu tocasse a minha barriga encontrava a minha espinha e se tocasse a minha espinha encontrava a pele da minha barriga. Por comer tão pouco, se eu tentasse aliviar meu corpo esfregando meus membros com as mãos, os pelos, com as raízes apodrecidas, caíam do corpo à medida que eu os esfregava. Agora, quando as pessoas me viam, algumas diziam: O contemplativo Gautama é negro. Outras pessoas diziam, O contemplativo Gautama não é negro, ele é marrom. Outros diziam: O contemplativo Gautama não é negro nem marrom, ele tem a pele dourada. Tanto havia se deteriorado a compleição pura e brilhante da minha pele, por comer tão pouco. Eu pensei: Todos os contemplativos ou brâmanes, casta superior dos sacerdotes hindus, que no passado experimentaram sensações dolorosas, torturantes e penetrantes devido ao esforço, isto é o máximo, não existe nada além disso. Todos os contemplativos ou brâmanes que no futuro experimentarão sensações dolorosas, torturantes e penetrantes devido ao esforço, isto é o máximo, não existe nada além disso. Mas, através desta prática de austeridades atormentadoras eu não alcancei nenhum estado supra humano, nenhuma distinção em conhecimento e visão digna dos nobres. Poderia haver um outro caminho para a iluminação?
[MN 36]
Ele confronta o medo e o terror de frente.
Eu habitei naqueles lugares que inspiram o pavor, lugares horripilantes como os santuários em jardins, santuários nas florestas e santuários nas árvores. E enquanto lá estava, um animal selvagem veio até a mim ou um pavão quebrou um galho, ou o vento murmurou nas folhas. Eu pensei: E agora se esse for o medo e o terror vindo? eu pensei: Porque permaneço sempre esperando o medo e o terror? E se eu subjugasse esse medo e terror mantendo a mesma postura em que eu me encontrar quando ele vier me encontrar? Enquanto eu caminhava, o medo e terror vieram me encontrar; eu nem fiquei parado, nem sentei, nem deitei até que tivesse subjugado aquele medo e terror. Enquanto estava em pé, o medo e o terror vieram me encontrar; eu nem andei, nem sentei nem deitei até que tivesse subjugado aquele medo e terror. Enquanto estava sentado, o medo e o terror vieram me encontrar; eu nem andei, nem fiquei em pé, nem deitei até que tivesse subjugado aquele medo e terror. Enquanto estava deitado, o medo e o terror vieram me encontrar; eu nem andei, nem fiquei em pé, nem sentei até que tivesse subjugado aquele medo e terror.
[MN 4]
Mara, a personificação do mal, lhe faz uma visita
Da mesma forma, bhikkhus, Mara, o Senhor do Mal, está continuamente e constantemente, esperando ao seu lado, pensando, talvez eu tenha uma oportunidade através do olho (...) do ouvido (...) do nariz (...) da língua (...) do corpo. Talvez eu tenha uma oportunidade através da mente. Portanto, bhikkhus, permaneçam com as portas dos meios dos sentidos bem guardadas.
Estando
    próximo ao rio Nerañjara,
    esforçando-me em meditação,
    para conquistar a segurança contra o cativeiro,
Namuci veio,
    falando palavras com compaixão:
Você está esgotado, parece doente,
    você está próximo
    da morte.
A morte
tem mil partes suas
e apenas uma fração sua
está viva.
Viva, bom senhor!
A vida é melhor.
        Vivo,
    você pode fazer
    atos meritórios.
Vivendo em celibato,
realizando o sacrifício do fogo,
muito mérito é realizado.
    Qual benefício lhe trará o esforço?
É difícil de seguir
- o caminho do esforço -
difícil de realizar, difícil
de manter.
Mara disse esses versos
na presença do Abençoado.
E para aquele Mara, demônio, que disse aquilo,
o Abençoado respondeu o seguinte:
Companheiro dos negligentes,
    diabólico,
porque você veio até aqui?
Aqueles que precisam de mérito:
esses são aqueles
a quem Mara deve se dirigir.
Eu tenho fé,
        energia,
        sabedoria.
Estando decidido pelo esforço,
porque você me pede que
    eu viva?
Este vento poderia secar
    até mesmo as águas de rios.
Por que, estando decidido,
meu sangue não deveria secar?
Na medida em que meu sangue seca
bílis e fleuma secam.
Na medida em que a carne é consumida,
a mente se torna mais tranquila;
atenção plena, sabedoria,
concentração se
    firmam.
Permanecendo dessa forma,
alcançando a sensação máxima,
a mente não tem interesse
nos desejos sensuais.
    Veja:
    a pureza
    de um ser!
Sensualidade é o seu primeiro exército.
O segundo é chamado Descontentamento.
O terceiro é Fome e Sede.
O quarto é chamado Desejo.
O quinto é Preguiça e Torpor.
O sexto é chamado Medo.
O sétimo é Dúvida.
Hipocrisia e Teimosia, o oitavo.
Ganhos, Honrarias, Fama e Status
    obtidos de forma incorreta,
e qualquer um que se vanglorie
e menospreze outros.
Esse, Namuci, é o seu exército
a força de ataque do Negro.
Um covarde e preguiçoso não pode vencê-lo,
porém quem o derrota
        conquista a felicidade.
Eu carrego a erva muñja?
Eu cuspo na minha vida.
Morte na batalha seria melhor
    do que, se derrotado,
        eu sobrevivesse.
Alguns brâmanes e contemplativos,
    não são vistos aqui se esforçando,
tão imersos eles estão no mundo.
Eles não conhecem o caminho
      trilhado por aqueles com a conduta perfeita.
Vendo o exército que me cerca
    pronto para a luta
com Mara montado no seu elefante,
eu vou para a luta
de modo que ele não me mova
    da
    minha posição.
Esse seu exército,
que o mundo com os seus devas
        é incapaz de subjugar,
Eu esmagarei com a sabedoria,
igual a uma cerâmica que não foi cozida, por uma pedra.
Tendo domesticado a mente,
        a atenção plena bem estabelecida,
eu irei, de reino em reino,
treinando muitos discípulos.
Diligentes e energéticos
na prática dos meus ensinamentos,
os ensinamentos daqueles desprovidos de desejos sensuais,
    eles irão
aonde, tendo ido,
    não há sofrimento.
Mara:
Por sete anos, segui de perto
os passos do Abençoado,
mas não tive uma oportunidade
para derrotar esse plenamente atento
    Perfeitamente Iluminado.
Um corvo sobrevoa uma pedra
com a cor da gordura
    - Talvez tenha encontrado
    algo tenro ali.
    Talvez seja algo para comer -
Mas não encontrando nada comestível,
o corvo vai embora.
Igual ao corvo e a pedra,
Eu deixo Gautama, desalentado.
Tomado pela tristeza,
o alaúde caiu do seu braço.
E aquele espírito deprimido,
         exatamente ali
        desapareceu.
[Snp III.2
Eu refleti: Eu me recordo que quando meu pai, o Sakya, estava ocupado enquanto eu estava sentado à sombra fresca de um jambo rosa (árvore), afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, eu entrei e permaneci no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Poderia ser esse o caminho para a iluminação? Então, seguindo essa memória, cheguei à conclusão: Esse é o caminho para a iluminação. Eu pensei: Por que temo esse prazer que não tem nada que ver com a sensualidade, nem com qualidades mentais prejudiciais? Eu pensei: Eu não temo mais esse prazer já que ele não tem nada que ver com a sensualidade nem com qualidades mentais prejudiciais. Eu refleti: Não é fácil alcançar esse prazer com um corpo tão extremamente emaciado. E se eu comesse alguma comida sólida, um pouco de arroz doce com leite. E eu comi um pouco de comida sólida: um pouco de arroz doce com leite. Agora os cinco monges que estavam comigo, pensaram: Se Gautama, nosso contemplativo, alcançar algum estado mais elevado, ele nos dirá. Porém, quando eles me viram comendo comida sólida, um pouco de arroz doce com leite, eles sentiram repulsa e me deixaram, pensando: O contemplativo Gautama agora vive gratificado pelos sentidos. Ele deixou de lado a sua busca e reverteu ao luxo. Agora, tendo comido comida sólida e recuperado as minhas forças, afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis eu entrei e permaneci no primeiro Jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Mas essa sensação prazerosa que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu. Abandonando o pensamento aplicado e sustentado eu entrei e permaneci no segundo Jhana (...) Abandonando o êxtase (...) eu entrei e permaneci no terceiro Jhana (...) Com o completo desaparecimento da felicidade (...) eu entrei e permaneci no quarto Jhana. Mas essa sensação prazerosa que surgiu em mim não invadiu a minha mente e permaneceu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário