terça-feira, 22 de setembro de 2015

Derrubar a Presidenta Dilma Terá um Preço Muito Alto, diz Ciro Gomes.



Amigos do Mosaico, saudações. Achei relevante essa matéria da folha datada de 16/09/15, por isso a coloquei  em destaque nesse final de dia tremendamente quente e seco aqui em Brasília, Brasil. Como ela não teve repercussão na mídia em geral, até agora, penso que os leitores devem apreciá-la tirando suas próprias conclusões dos vários argumentos expostos. Aproveitei para fazer alguns comentários procurando não enfatizar o lado político, mas o psicológico emocional que parece, no fundo, ser o aspecto mais contundente dessa reportagem. Texto do colunista do Jornal Folha de São Paulo, Bernardo Mello Franco. “Derrubar Dilma terá um preço muito alto, diz Ciro Gomes (1957-  ). O evento ocorreu durante sua filiação ao PDT, na sede do partido em Brasília. Depois de um período que batizou de "desintoxicação da política", o ex-ministro Ciro Gomes, voltou à cena atirando. Recém-filiado ao PDT, ele acusa a oposição e o vice-presidente Michel Temer (1940-  ) de apoiarem uma "escalada do golpismo" contra a presidente Dilma Rousseff (1947-  ). Ciro diz que o Brasil viverá "momentos tensos" de radicalização política se a Câmara autorizar a abertura de um processo de impeachment. Na última quarta-feira (16/09), ele foi lançado pré-candidato à Presidência em 2018. Já disputou o cargo duas vezes, em 1998 e 2002, quando recebeu 10,2 milhões de votos. Folha. Como o senhor. vê a articulação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff? Ciro Gomes: A democracia está ameaçada pelo golpismo. Está acontecendo uma escalada do golpe com apoio da oposição, que não aceitou o resultado das eleições.  Não gostar do governo não é causa para impeachment. Isso é um mecanismo raro, a ser usado em caso de crime de responsabilidade imputável direta e dolosamente ao presidente. Ninguém tem nada disso contra a Dilma. Seria muito caro o preço de uma interrupção do mandato. É só olhar a Venezuela. Quem produziu aquele quadro lá foi esse tipo de antagonismo odiento. O país vai viver momentos tensos e graves, vizinhos à violência, por causa desses loucos. Quem iria às ruas defender o mandato de Dilma? Estarei na primeira fila. Muitos brasileiros vão se perfilar. Não é para defender a Dilma, é para defender a regra. Veja o que já aconteceu quando um mandato foi interrompido por renúncia, suicídio ou impedimento. O impeachment pode ser a catarse de quem está zangado, mas no dia seguinte os problemas serão os mesmos. Só que agora o PT, a CUT e os servidores estarão em pé de guerra com um presidente sem legitimidade. Uma parte das pessoas está nisso de boa fé porque não sabe que quem assume é o vice, Michel Temer, que é do PMDB e amigo íntimo do Eduardo Cunha. Mas tem pessoas de muita má-fé. A quem o senhor. se refere? A Aécio Neves (1960-  ) e Fernando Henrique Cardoso (1931-  ). O PSDB está fazendo isso por pura vingança. Em 1999, quando houve a desvalorização violenta do real e a popularidade do presidente foi ao chão, o PT começou com o Fora FHC. O comportamento do Fernando Henrique é constrangedor. Como dizia Brizola, ele está costeando o alambrado do golpe. Qual é a proposta do PSDB? Ficar contra o fator previdenciário e a CPMF, que eles criaram? Contra o ajuste fiscal, que eles introduziram como valor supremo?  Por que Dilma está tão fraca? O maior problema do governo não é o escândalo, é a mentira. A zanga do povo não é propriamente com a corrupção, que é chocante, mas com o sentimento de ter sido enganada. A gente votou em um conjunto de valores e está recebendo o oposto. O governo tem que se reorganizar politicamente e fazer uma gestão econômica coerente com o discurso que lhe deu a vitória. Ainda há tempo. O problema é que ela não tem projeto nem equipe.  A equipe da Dilma é de quinta, salvo exceções. Quem bota a (ex-ministra) Ideli Salvatti (1952-  ) para tomar conta de uma situação dessa complexidade está pedindo para morrer. Aí ela entrega a coordenação política ao vice, que distribui todos os cargos importantes ao PMDB e depois lava as mãos e sai. É uma coisa de cinema, rapaz. E os escândalos da Dilma 2.0 vão surgir dos nomeados por ele. Nunca vi um vice-presidente se mexer tanto. O Temer foi dar palestra para um movimento que está no golpe contra a Dilma e fez uma frase que não admite dupla interpretação. Onde está escrito na Constituição que uma presidente com 7% (8%, segundo o Datafolha) de aprovação não se aguenta no cargo?  Ele quer a cadeira dela? Vá ver se o ex vice presidente José Alencar (1931-2011)  do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (1945-  ), na crise do mensalão, saiu fazendo palestra e dizendo que era preciso achar alguém para unir o país. Eu costumo não ser idiota. Como vê o novo pacote fiscal? É ilusionismo, mas 70% não sai do papel. E a medida mais importante (a recriação da CPMF) não podia ter sido anunciada daquele jeito. A receita está despencando por causa da recessão que esses malucos estão produzindo. Se o governo não atrapalhasse com a taxa de juros, o Brasil poderia achar o caminho antes do que se supõe. O governo está atrapalhando. Hoje a inflação é provocada por câmbio e preços administrados, dois setores sobre os quais os juros não têm o menor efeito. E os maiores bancos estão tendo lucro 40% acima do ano passado. Estão ganhando com a crise. O senhor. quer disputar o Planalto? Acho extemporâneo falar de candidatura agora. Mas eu já fui candidato duas vezes, não posso disfarçar. O PDT é seu sétimo partido. Como explica tantas mudanças? Minha vida partidária é uma tragédia, muito ruim mesmo. Mas mudo de partido, não de convicções. Tenho 26 anos de vida pública e nunca respondi a um inquérito. Pedetista se recusou a apoiar Fora FHC, O ex-ministro Ciro Gomes fez oposição firme ao governo Fernando Henrique Cardoso, mas foi contra o movimento Fora FHC, liderado por petistas que queriam tirar o tucano da Presidência em 1999. Terceiro colocado na eleição do ano anterior, ele criticou o grupo e disse que o Brasil corria risco de entrar em uma "guerra civil". Ciro apoiou o impeachment do ex presidente Fernando Collor (1949-  ), em 1992, e foi ministro da Fazenda no governo do ex presidente Itamar Franco (1930-2011), que o substituiu. Ele diz não ver semelhanças entre Dilma e Collor. Na época, sustenta, havia provas contra o presidente e a ação foi assinada "por um conjunto respeitabilíssimo de entidades", incluindo a OAB. "Não foi um ex-petista aborrecido, que já não está no seu melhor momento", diz, criticando o advogado Hélio Bicudo (1922-  ), que pediu o afastamento de Dilma. "E o vice era Itamar, um homem decente que deu ordem ao país", acrescenta. http://www1.folha.uol.com.br. Editor do Mosaico. Depois da eleição presidencial de outubro do ano passado, onde a candidata Dilma Rousseff, recebendo mais de 55,4 milhões de votos, foi reconduzida ao segundo mandato como presidenta do Brasil, sendo empossada legitimamente em 1º de janeiro de 2015 em cerimônia no Congresso Nacional, inexplicavelmente ainda hoje se questiona a validade dessa soberana e constitucional manifestação popular. Pessoalmente considero essa fala do senhor Ciro Gomes conscienciosa e responsável, isso num momento político delicado e preocupante em que a sociedade brasileira vive atualmente. Tentarei separar seus argumentos políticos da explicação de um cidadão que pensa no bem-estar de seus compatriotas, desejando o melhor para eles nos aspectos sociais, econômicos e políticos. Sua linguagem expressa uma preocupação recorrente com a manutenção e gerência das regras constitucionais atuais, algo que, sem esse princípio fica insustentável a governança federativa. Acho que seu temor se justifica, pois se transgredimos os fundamentos jurídicos embasados na normatização da lei, abrimos brechas a outras justificações fora da legalidade e licitude, que descaracteriza o Estado Democrático de Direito. Essa condição produz um retrocesso, principalmente, nas liberdades de expressão, pensamento, participação, consciência, crença e viver como bem entendemos. Ele cita que é impróprio, temerário e ilegal a instauração do processo de impeachment, pois sua motivação é psicológica e emocional, sendo fruto do oportunismo, casuísmo e golpismo. Usou a palavra catarse que é um termo de origem filosófica com o significado de limpeza ou purificação pessoal; utilizado para designar o estado de libertação psíquica que o ser humano vivencia quando consegue superar algum trauma como medo, opressão ou outra perturbação. Entendo que essa expressão somatiza o inconsciente do antagonismo odiento que Ciro diz, que tem impregnado muitas mentes, principalmente, daqueles que se deixam levar por grande parte da mídia televisiva, impressa, site de notícias, blogs e similares. Esses instrumentos de comunicação (com poucas exceções) batem na mesma tela pela manhã, a tarde e a noite; trazem os mesmos argumentos e as mesma notícias com poucas variações. Em uníssono e subliminarmente, talvez sem consciência, incutem o ódio, raiva e sentimento de vingança naqueles que ouvem, vêm e escutam. Imagino que também nós precisamos da desintoxicação da política, expressão que Ciro cunhou; um desligar dessas coisas ocupando nosso tempo com uma boa leitura, ida ao teatro, ao cinema, participar de uma atitude espiritual, jantar com a família, passear com as crianças no parque (...). Arejamos os pensamento, ordenando-os em relação de importância, e o melhor, colocamos nossa atenção naquilo que realmente é prioritário e relevante em nossas vidas. Nesse intervalo teremos uma mente descansada e preparada à digerir com imparcialidade e neutralidade os noticiários da política, economia e outros assunto sem uma preferência emocional e coercitiva por nenhum agente externo à manipular nossa opinião ou avaliação seja qual for a alegação contrária ou oposta. É verdade que no dia seguinte os problemas serão os mesmo, como Ciro observa. Checando isso em nossa experiência, reconhecemos esse ponto como regular; pois não nos livramos dos problemas e eles estão sempre presentes. Mas algo devemos aprender, eles são para serem superados e vencidos; sendo um aprendizado e disciplina à que não caiamos no mesmo erro. Em algumas situações, como sabemos, quando desesperada e inconvenientemente suscitamos questões relevantes sem uma devida circunspecção, criamos uma dificuldade terrível, as vezes incontrolável, com consequência desastrosas à nós e todos aqueles que nos rodeiam. Esse possivelmente seja o sentimento interior do Ciro ao levantar essa questão cotidiana. Concluo com a frase: não gostar do governo, dita pelo Ciro. Acho que todos temos o direito de considerar qualquer governo federal, estadual, distrital ou municipal simpático ou antipático em nossa perspectiva. Mas pensando solidariamente, se as autoridades devem trabalhar em prol dos cidadãos para o benefício de sua felicidade, devemos também superar nossas ideologias, do em prol ou contra, e juntar forças em benefício da coletividade em geral. Essa atitude apolítica, fraterna e humanista denota um estado de equilíbrio, responsabilidade e senso de integração com todos. Percebendo que o benefício do outro será retribuído para nosso proveito. Não devemos entrar nesse perverso jogo político, onde as ideologias nos lançam em lados antagônicos, como se estivéssemos num campo de batalha lutando por interesses que não são os da nossa nação e de nossos compatriotas. Essa fragmentação desestabiliza o processo democrático, a meu ver, gerando uma energia negativa com vibrações de incerteza, desesperança, temor e insegurança. Fico extremamente triste por constatar que estamos sendo voluntária ou involuntariamente manipulados por grupos corporativistas e oportunistas, que apenas preocupados com seus interesses pessoais e organizacionais, insuflaram nas nossas mentes o desejo de vingança e retaliação. Elementos nocivos à prática coletiva, que produzem desagregação e incriminação social com efeitos imprevisíveis e incontroláveis, gerando uma assombrosa onda de insatisfação; abrindo precedente à derrocada das instituições jurídicas, situação que nenhum brasileiro deseja. O discurso apocalíptico parece exagero, mas numa ótica contextualizada em nossa região sul americana, a Venezuela, conforme citou Ciro, vivia uma situação econômica (petróleo e corrupção) e política semelhante a nossa, antes da doença e morte do presidente Hugo Chaves (1954-2013). Os venezuelanos, hoje, governado pelo presidente Nicolas Maduro (1962-  ) sofrem com desabastecimento generalizado de produtos da cesta básica e bem de consumo, fila de consumidores na porta de supermercados, inflação de 70% ao ano a mais alta da América Latina, liberdade de expressão contida, alguns jornais de oposição foram fechados, cadeias abarrotadas de presos políticos; censura na imprensa escrita, falada e televisiva, alta taxa de desemprego, remuneração dos trabalhadores em níveis baixíssimos. Seu maior bem econômico, o petróleo, a anos vem caindo de preço no mercado internacional. E pasmem, falta até papel higiênico nos domicílios venezuelanos. Suas instituições jurídicas principais foram corroídas pelo preciosismo ideológico. Um exemplo à que coloquemos nossas barbas de molho. Terá um preço muito alto, segundo Ciro, nos remete a um passado recente (2010), que infelizmente, se não mudarmos nosso posicionamento beligerante e agressivo devido a conjuntura atual, corremos o risco de ver surgir aqui, no Brasil, uma versão da chamada primavera árabe que ao final teve consequência nefasta e nociva. Um movimento social de protestos e revoluções contra as ditaduras do norte da África e Oriente Médio. Países como Tunísia, Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Síria e outros, passaram por intensas transformações, lutas e comoções sociais resultando na derrubada de alguns regimes totalitários. Acontece que nesses casos, as milícia, levantes e grupos armados que participaram do processo da tomada do poder, em muitos desses países, se radicalizaram, não tendo consenso à formar os governos. Como resultado suas nações se tornaram ingovernáveis, incontroláveis, desorganizadas e o pior, se estabelecendo a guerra civil, miséria, fome, exclusão, incriminação.  O mínimo que havia em infra estrutura, funcionalidade social, econômica e política se pulverizou nos confrontos. Milhares de populações na Síria, Líbia, Argélia tornarem-se refugiados, vivendo em acampamento provisórios em outros países, e muitos tentam a sorte indo à Europa como imigrantes, em precária embarcações, arriscando suas vidas à viverem no Velho Mundo como indigentes e paupérrimos, necessitando da boa vontade e fraternidade dos europeus. Outro produto desse movimento é o chamado estado islâmico, uma organização criminosa e demoníaca que se aproveitando da instabilidade da região, busca formar um suposto califado à converter as populações dessas países a um regime pseudo islâmico, baseado em interpretações equivocadas da Sharia e do Alcorão. Como precisamos olhar ao passado antes de criamos situações de ruptura e divisão. Ciro reconhece, ao final da entrevista, que sua vida partidária é uma tragédia, muito ruim mesmo. Isso mostra sinceridade e diretamente uma confissão dos seus equívocos e erros passados. Uma declaração que geralmente os políticos se esquivam em dar, apenas o fazendo quando deixam a vida pública ou interesseiramente em momento que lhe aprazem como barganha publicitária. Assim, se continuarmos nesse caminho da intolerância, incompreensão, disputadas partidárias, desentendimento, cada um preocupado apenas com seus interesses particulares; desembocaremos no mesmo buraco negro em que a Venezuela se encontra atualmente. Desta maneira, precisamos urgentemente mudar esse sombrio quadro que se desenha, deixando imediatamente as diferenças ideológicas de lado, e assumindo um compromisso com o bem-estar de todo o povo brasileiro, lançando sobre o céu do Brasil, uma energia positiva com vibrações de harmonia, compreensão, entendimento, resignação, resiliência, amor e fraternidade. Aceitando a responsabilidade de nosso ônus, compromisso individual, sacrificando o que for necessário ao bem do Brasil e de nosso povo. Abraço. Davi.

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