Hinduísmo – Hare Krishna. Texto de Giridari
Das. Desde nossas necessidades fisiológicas até nossa relação com Deus, muitos
detalhes formam nossa natureza e darmos a devida atenção a tudo que nos
constitui é uma condição fundamental para podermos nos realizar plenamente.
Dharma é
um conceito muito rico, e a palavra tem muitos significados, mas meu foco será
no dharma como
aquilo que precisa ser feito – essência e dever. O dever pode ser algo imposto.
A essência não pode ser imposta. Dharma, portanto, é aquele dever que nasce de quem você realmente é,
que nasce de sua natureza. Não é uma imposição externa ou social. É o que você
precisa fazer, em qualquer dado momento, para ser a melhor pessoa que você pode
ser. É fazer a coisa certa na hora certa. Ser dhármico é mais do que
simplesmente fazer o que é bom ou evitar uma conduta danosa ou violenta, embora
isso certamente esteja incluído no conceito, e pode-se reduzir isso a uma lista
do que se deve evitar. O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua
vida. Grandes mudanças no seu dharma podem ocorrer, literalmente, de um segundo para o outro.
Uma maneira de entender o dharma é refrasear os clássicos dizeres: “Não pergunte o que o
mundo pode fazer por você, mas pergunte o que você pode fazer pelo mundo”. Dharma é o princípio
orientador da vida, a cada momento lhe demonstrando o que você deve fazer,
respondendo suas dúvidas em relação a que curso seguir e simplificando as ações
da vida. Dharma é
sua integridade na ação e a verdadeira expressão do seu ser. Você encontrará
seu lugar no mundo uma vez que você se afine com seu dharma. O dharma é uma parte integral da natureza. Não é uma construção
psicológica ou um conceito religioso. O nível de fidelidade que você tem ao
seu dharma afetará
diretamente como você se sente diariamente. Ser fiel a si mesmo significa agir
de acordo com seu dharma.
Assim, quanto mais você pode se afinar com seu dharma, mais você pode agir com
base no seu dharma e
mais você se sentirá satisfeito, completo, real e feliz. Quanto mais dhármico for o seu
comportamento, mais você se sentirá satisfeito com quem você é agora. Por fim,
quanto mais dhármica for a sua vida, mais você
poderá recapitulá-la com alegria e com um sentimento de realização. Estar na Zona. MINDFULNEES (ATENÇÃO
PLENA) e dharma andam lado a lado. Dharma é algo tão natural
que o que você precisa para estar cada vez mais afinada com ele é remover o que
não é natural, em especial egoísmo, medo e cobiça. Outra maneira de dizer o
mesmo é que, se você for vítima de sua lista de felicidades condicionais, ou
simplesmente carecer de consciência suficiente de suas ações, você não conseguirá
ver o seu dharma. O
foco perfeito no aqui e agora é centrar-se no seu dharma e colocar toda a sua
atenção em realizar seu dharma no
máximo de sua capacidade. Isso, por si só, trará uma felicidade imediata e
sustentável. Você já experimentou isso muitas e muitas vezes. Você talvez se
lembre de muitos momentos em que você se focou totalmente em fazer algo que era
seu dever, sem qualquer consideração em relação a si mesmo ou a recompensas
futuras ou mesmo a perigos. Pais, em especial mães com bebês, experimentam isso
com frequência. Essa experiência é chamada de “estar na zona”. A psicologia
positiva (o ramo da psicologia que estuda o que torna as pessoas felizes)
aponta “estar na zona” como um dos pilares primários de uma vida feliz. Estar
focado na ação implica, necessariamente, não estar focado nos sacrifícios ou
benefícios materiais que a ação possa suscitar no futuro. Estes dois são
diretamente opostos: focar-se no seu dharma aqui
e agora, e ansiar por resultados futuros. Este ponto é tão importante que
Krishna não o menciona menos do que dez vezes na Bhagavad-gita.
Esta mudança de paradigma é a chave para um grande salto de bem estar. A Mudança de Paradigma: Vida
versos Fantasia. A MENTE DESTREINADA frequentemente se esforça
por encontrar soluções externas para a vida. Em um processo interminável, a
pessoa constantemente busca ajustar a realidade externa para adequá-la a seus
desejos. Listas de felicidades condicionais são sempre atualizadas. A mente
destreinada, portanto, passa muito tempo no futuro, no que chamo de “mundo de
fantasia”, sonhando acordada com o que parece um futuro melhor. Basicamente,
esses desejos envolvem mudar o futuro de três maneiras: 1) obtendo coisas (novo
carro, telefone, casa, etc.), 2) fazendo pessoas cooperarem com seus planos
(como encontrando um esposo ou esposa, ou esperando que o patrão trate você
melhor), e 3) tendo a esperança de que situações favoráveis surgirão (como
obter um emprego, ficar em forma ou fechar um contrato). É frequente que nada
significativo aconteça quando alguém atinge uma dessas metas. Desejos, uma vez
realizados, frequentemente satisfazem muito pouco, e logo outros desejos
começam a exercer pressão e assumirem o centro do palco da mente. Viver assim é
um dos principais componentes para se ter uma vida muito ruim. Quando a mente
está no futuro, desejando resultados futuros, ansiedades em relação a
consequências futuras são inevitáveis. Nessa situação, igualmente inevitável é
a frustração com a vida como ela é hoje, a ira quando surgem obstáculos que
aparentemente adiam a realização desses desejos, e o medo de que tudo termine
muito mal. Sejamos honestos: todos nós já tentamos viver assim, e simplesmente
não funciona. Nunca funcionou. Esse não é um caminho para se obter paz,
satisfação e felicidade. Então, a mudança de paradigma é necessária. Em vez de
focar no futuro, na crença ilusória de que alguma combinação de realidade
externa (estas coisas, com aquelas pessoas, naquela situação) será a chave para
a sua felicidade, o foco está em simplesmente viver bem a vida, aqui e agora,
centrado no seu dharma.
Vida vs. fantasia.
A vida está acontecendo a todo momento. É um fluxo, uma constante corrente de
eventos. O desafio é estar completamente presente conforme acontece. A
felicidade surge de cumprir o seu dharma bem, aqui e agora, indo de um dharma a outro, ao longo do
seu dia – sendo a melhor pessoa que você pode ser hoje, neste exato momento,
sincero consigo. É simples assim. Não há necessidade (e, francamente,
pouquíssima utilidade) em ficar sonhando acordado com um futuro. A realidade é
mais bela do que qualquer sonho, se você simplesmente aprender a acessar isso
por completo. Eventos futuros se descortinarão sob a força todo-poderosa do
tempo. A vida, em sua maior parte, acontece de maneira muito diferente do que
qualquer coisa que você imaginou anteriormente. E isso não é algo ruim, nem
algo bom. Apenas é. Trata-se da realidade. Quanto mais conseguimos nos
sintonizar com a realidade, mais felizes ficamos. Em vez de imaginar que certa
combinação de coisas, pessoas e situações trará paz e felicidade para você no
futuro, você deve buscar paz e felicidade na vida como ela é, na bênção
maravilhosa de estar ativo em seu dharma, de estar vivo, agora mesmo. Os 7 Dharmas. LISTAREI,
AGORA, SETE categorias básicas de dharma para ajudar em um melhor entendimento do que é o dharma e como é fácil
identificá-lo. É claro que há sutilezas, mas estas sete categorias maiores
servem como forte diretriz. 1. DHARMA VOCACIONAL. O primeiro dharma, eu costumo dizer, é o
mais difícil de todos, pelo menos para a maior parte das pessoas. O
primeiro dharma é
o chamado de sua vida, sua vocação. Nasce de sua natureza psicofísica. Algumas
pessoas têm a bênção de conhecer sua vocação ainda com pouca idade. Já vi isso
pessoalmente no caso de alguns dançarinos, artistas plásticos e atores com que
me encontrei. São comuns histórias de atletas que se destacaram tanto que seus
parentes e professores naturalmente os orientaram para se tornarem
profissionais do esporte. Há outros que têm um QI tão aguçado que naturalmente
gravitam em torno de trabalhos acadêmicos e científicos. Para a maioria, isso
pode ser uma batalha. A razão para isso ser uma batalha é que a sociedade
ensina às pessoas desde tenra idade que o que elas realmente precisam é dinheiro,
com metas secundárias de estabilidade e respeito. Em outras palavras, quase
todos aprendem, desde o nascimento, a escolher o paradigma fantasia. Em vez de
ensinarem as pessoas a fazerem aquilo em que são boas e ajudarem-nas a
desenvolverem suas inclinações e talentos únicos, o mais frequente é que os
pais, a cultura e o sistema escolar tratem as pessoas como folhas em branco,
dando-lhes uma educação que supostamente serve para todos e os encorajando a
fazer tanto dinheiro quanto possível. Então, aqui estão algumas dicas para
ajudar você a encontrar sua vocação. Lembre-se de que nunca é tarde demais.
· Quando estiver
meditando sobre o que você gostaria de fazer, remova de sua equação qualquer
fator externo. A questão é quem você é, e não preocupações práticas.
· Esqueça o
dinheiro. Não pense: “Ah! Não posso trabalhar com arte porque isso não pagará
minhas contas”, “Não posso cursar Filosofia porque que tipo de emprego eu
conseguiria?” Remova tais considerações da mente. Uma maneira de fazer isso é
pensar: “Se eu ganhasse na loteria, eu gostaria de trabalhar com (…)”.
· Esqueça a
pressão social e o orgulho. Não se trata do que seus pais querem que você faça.
Se você não se atrai pela vida militar, não faz diferença se existem cinco gerações
contínuas de militares na sua família. Não se trata de status social também. Talvez a sociedade não
aprecie um porteiro ou garçom, mas são profissões perfeitamente nobres. Quem
possui a natureza psicofísica para o ofício de porteiro e está fazendo isso
está muito melhor situado do que alguém exercendo a profissão de advogado
apesar de ter a natureza psicofísica, na verdade, para a ocupação de musicista.
O porteiro pode facilmente encontrar paz e felicidade em seu trabalho, enquanto
o advogado sempre se sentirá frustrado e não realizado.
· Não pense
apenas no que você gostaria de fazer. Você talvez goste de fazer muitas coisas.
Em vez disso, pense no que é aquela atividade específica que você não consegue
ficar sem. Tente pensar qual é o tipo dominante de atividade para a qual você é
naturalmente atraído.
· Uma nota para
professores: professores têm uma vocação dupla. Primeiramente, têm de aceitar
que nasceram para ensinar e, em seguida, têm que encontrar a temática de ensino
para a qual têm maior inclinação.
· Encontrar sua
vocação envolve quem você é agora e é algo que está ali para ser descoberto, de
modo que há ferramentas e processos que você pode usar para ajudá-lo quanto a
isso, incluindo: testes vocacionais, conversar com pessoas que são próximas a
você e até mesmo astrologia védica. O melhor a fazer é apenas olhar seriamente
para dentro do próprio coração e sentir sua natureza. Passe algum tempo
sozinho, em silêncio, e reflita demoradamente. Seja corajoso e esteja disposto
a aceitar sua verdadeira natureza. Não se traia. Não deixe o medo do futuro
parar você. Encontrar sua natureza é essencial. Passar suas horas de trabalho
fazendo algo não adequado à sua natureza psicofísica desgastará suas chances de
felicidade. É uma ofensa à sua pessoa. É como manter seu verdadeiro eu trancado
em algum lugar distante. 2. DHARMA
NATURAL. Krishna explica na Bhagavad-gita que, entre outras coisas,
um yogi tem
que satisfazer três necessidades naturais: 1) dormir, 2) comer e 3) recrear.
Chamo isso de nosso “dharma natural”,
porque se tratam de necessidades naturais centrais do corpo e da mente. Krishna
enfatiza que não se deve comer ou dormir em excesso nem comer ou dormir menos
do que o necessário. Quanto é “em excesso”? Bem, o que seja em excesso para
você. Somos todos diferentes. E, em diferentes momentos de sua vida, o que é
demais ou insuficiente para você irá variar. Portanto, você tem que encontrar o
seu equilíbrio. Viver o seu dharma é, precisamente, ter equilíbrio, sabendo quando mudar de
um dharma para
outro, em seu limitado dia de 24 horas. O dharma natural significa
que você tem que levar a sério, como um dever, como parte de sua essência, os
atos simples de comer, dormir e recrear. Você tem que reservar um tempo para
comer, para valorizar esse momento. Comer não deve ser empurrar comida para
dentro da boca enquanto se faz um milhão de outras coisas. Não deve ser algo
corrido. É algo que deve ser tratado como um dever sagrado. Um tempo para
pensar sobre suas escolhas alimentares, sobre o que você está colocando em sua
boca. É o momento crucial do dia em que você está reabastecendo o seu corpo.
“Esta refeição é compatível com quem eu sou? É realmente boa para mim? É boa
para o planeta?” São escolhas sérias, com consequências sérias. Em um mundo
onde as pessoas estão se matando e destruindo o planeta com más escolhas
alimentares, é fácil ver como tomarmos o ato de comer como um dos dharmas fundamentais
pode ser muito importante. Dormir não é uma perda de tempo. É um componente
essencial para sua saúde mental e física. Falta de sono pode ter um impacto
negativo tremendo em sua saúde, e até mesmo matar, no caso de dormir ao volante
ou em outra situação similar. É seu dever fazer todos os arranjos necessários
para dormir bem e dormir o bastante. Dormir não deve ser algo que você faz
quando não é mais capaz de ficar de pé e algo que você interrompe porque é
forçado a se levantar para trabalhar. Como dormir o bastante é seu dharma, é seu dever, você tem que
organizar sua vida de forma que essa necessidade mental e corpórea crucial seja
acomodada. Ver o sono como seu dharma significa também que, quando você vai para a cama, não
deve estar pensando em outros dharmas, como o trabalho. Você deve simplesmente dormir. Limpe sua
mente e esteja no aqui e agora de simplesmente dormir. Ver a recreação como um
dos seus dharmas significa
que você pode dispersar todo sentimento de culpa quando você consegue tempo
para se divertir ou sair de férias. Isso também significa que você deve
reservar um tempo para se divertir e sair de férias. Alguém que trabalha demais
e não se diverte nada acaba se tornando alguém muito carrancudo… e pouco dhármico também.
Eu, pessoalmente, acho fascinante e confortador que um texto clássico como
a Bhagavad-gita,
descrevendo o que é preciso para se iluminar, mencione a importância da
recreação. 3. Dharma
Ocupacional. Independente de se você encontrou sua verdadeira natureza,
quando você aceita um emprego, gerencia seu próprio negócio ou se matricula em
um programa de estudo de horário integral, você aceitou um grande dharma. Chamo isso de “dharma ocupacional”. É, em
geral, o que mais exige horas do seu dia, em virtude do que é muito importante
que você veja seu trabalho ou estudo como um dharma, e não como um fardo ou
imposição externa. Porque é um dharma, você não deve aceitar um trabalho que cause dor e destruição
desumana. A expressão de sua vida, por exemplo, não pode ser ajudar a causar
câncer e vícios em milhões de pessoas, roubar ou utilizar indevidamente
recursos públicos, destruir a economia, tirar o dinheiro de outras pessoas
através de mentiras, matar animais inocentes ou contribuir para a destruição do
planeta. Não pode haver felicidade nisso, e nenhum argumento deve conseguir convencer
você da necessidade de aceitar uma ocupação tão degradante como essas
exemplificadas. Ver seu trabalho como dharma significa aplicar o mesmo princípio de mindfulness para as muitas
ações que o circundam. Isso quer dizer que você jamais deve ver seu trabalho ou
estudo como um meio para um fim. O trabalho jamais deve se destinar a ganhar
dinheiro, e seus estudos jamais devem ter por finalidade conseguir um diploma
para conseguir um emprego. Esse tipo de pensamento torturará você e tornará
seus dias longos e sofridos. Em vez disso, cada atividade para a qual você é
convocado deve ser feita tão bem quanto você seja capaz, com tanto de sua
atenção dedicada a isso quanto possível. O foco deve ser a ação em si, não o
dia como um todo, nem a carreira, nem o salário ou outra meta no futuro.Se você
está se sentindo estressado no seu trabalho, é um sinal bem claro de que sua
mente está fora de controle. Estresse é um indicador de que você ou está
ansiando por algum futuro positivo ou está temendo algum acontecimento
negativo. Em outras palavras, sua mente o está arrastando para o futuro e o
enlouquecendo. Então, traga seu foco de volta para uma ação por vez. Se é hora
de se sentar em uma reunião ou sala de aula, esteja ali, presente, sendo a
melhor pessoa que você pode ser naquele momento. Se é hora de preparar uma
apresentação, para vender papel ou qualquer outra coisa, então faça isso
somente, faça o melhor que pode fazer e não fique se desgastando com
pensamentos do que virá depois, não fique percorrendo as postagens de redes
sociais ou respondendo a e-mails.
Mantenha sua completa atenção em uma coisa de cada vez. 4. DHARMA PESSOAL. Toda
relação pessoal cria uma demanda dhármica. A qualidade e o tipo de relação determina “o peso” das
demandas dhármicas ou,
em outras palavras, quanto do seu tempo você tem que investir na relação e o
quanto de responsabilidade existe no seu papel nesse relacionamento. Mães e
pais têm a maior demanda de todas. O dharma de criar os filhos é seríssimo. Donos
de animais de estimação também assumem um dharma similar ao de
maternidade e paternidade em relação aos seus companheiros animais. O dharma de ser filho ou filha
é o segundo mais importante, mas não se compara ao de ser mãe e pai. Amigos
muito próximos também criam laços dhármicos. Existem variados níveis de
responsabilidade com outros membros familiares, irmãos, vizinhos, colegas de
trabalho, etc. Ver toda relação pessoal como dharma, como parte de uma
definição de quem somos, como um dever sagrado, significa que você tem que ir
além do egoísmo e da preguiça. Você tem que estar ciente dessa relação e sentir
o que é preciso para honrá-la, para apreciá-la. Também significa que você quer
estar completamente presente quando lida com a pessoa. Se é o momento de dar um
telefonema para exercitar seu dharma pessoal com sua esposa, esteja
completamente presente, exercendo tanta conexão e tanto amor quanto você seja
capaz. Se é hora de passar algum tempo brincando e educando seus filhos, esteja
ali por completo. Se entregue a isso. Não deixe sua mente arrastar você para
pensamentos referentes ao trabalho. Não dê atenção para sua mente lhe dizendo
que, em vez de brincar com um carrinho barulhento, ela preferiria estar
malhando na academia ou lendo um livro em um ambiente tranquilo. O dharma pessoal possui uma
importância enorme. Se você não der tempo e energia suficientes para seus
relacionamentos pessoais, você está fadado a sofrer, independente do que mais
você acredite estar obtendo. Você tem que ter a sensibilidade de perceber o que
cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir essa
responsabilidade com plena atenção, dando o seu melhor. 5. DHARMA COMUNITÁRIO.
Você é parte de uma comunidade, residente de uma cidade e estado, e cidadão de
um país. Isso significa que você tem benefícios e responsabilidades
compartilhados. Espera-se que o governo providencie estradas, iluminação
pública, eletricidade, água, proteção contra criminosos e invasores
estrangeiros, etc., e, em troca, pelo menos, você tem que pagar seus impostos e
obedecer às leis. Ainda melhor, você deve ver seu dharma comunitário como um
chamado para tornar melhor a vida daqueles que vivem em seu entorno. Você pode
ajudar com ideias ou com serviço voluntário? Você pode se engajar na exigência
de melhores direitos civis, melhores serviços públicos? Você pode ajudar
aprimorando a escola dos seus filhos? Não podemos, todos nós, pensar que isso é
problema dos outros. Onde há um crescimento dessa tendência de pensar que outra
pessoa deveria se preocupar com o bem público, ali encontraremos políticos
corruptos e péssimos serviços governamentais. Assim, de um lado, devemos ser ao
menos membros conscientes de nossa comunidade, pagando nossos tributos e
seguindo as leis, e, por outro lado, devemos participar ativamente no aprimoramento
da sociedade. 6. DHARMA
UNIVERSAL. O dharma comunitário
possui um foco mais imediato na comunidade e no país em que você vive. Contudo,
estamos todos interconectados. Não apenas compartilhamos de uma conexão natural
com aqueles da nossa espécie, mas também uma conexão com todos os habitantes do
planeta Terra. Essa conexão nos define, é parte de quem somos, diante do que é
parte do nosso dharma como
um todo. Chamo isso de nosso “dharma universal”. Conforme você evolui,
naturalmente você se torna mais e mais afinado com o mundo ao seu redor,
sensível ao que está acontecendo. Uma pessoa espiritualmente madura não é
indiferente à destruição do planeta e ao sofrimento de outros, e assume a parte
que lhe cabe para tornar o mundo um lugar melhor. Isso se chama compaixão.
Alguns exemplos de prática desse dharma universal são: 1) fazer o melhor para ser ecológico, 2)
ser um consumidor consciente, 3) fazer sua parte em uma emergência, acidente ou
desastre natural e 4) buscar saber se você pode ajudar quando há sofrimento em
grande escala em nações distantes. 7. DHARMA ESPIRITUAL. Por último, mas certamente
não menos importante, está a categoria do dharma espiritual. Seu eu
espiritual é a definição última de quem você é, sua essência no sentido último
da palavra. Mesmo se, neste ponto, você não “assina embaixo” da ideia de ser
mais do que este corpo, você ainda pode compreender o dharma espiritual como seu
dever de ser a melhor pessoa possível, de ser completamente justo consigo
mesmo. Com o tempo, uma vez que você entenda que você só pode se definir
perfeitamente quando entenda sua relação com Deus, então, como parte de sua
essência mais íntima, como a definição central de si mesmo, você gozará
alegremente dessa conexão, chamada devoção, como a parte mais profunda do
seu dharma espiritual. Exercitar
seu dharma espiritual
é assumir seriamente a responsabilidade de aprimorar-se e de conhecer-se. Mudança de Dharma e Mindfulness.
Foco no dharma é
uma ótima maneira de checar se você está praticando o mindfulness; em outras
palavras, se você está realmente focado no aqui e agora. Por exemplo, você está
se divertindo com um passeio de bicicleta e um pneu estoura, ou você está
trabalhando e recebe uma ligação e toma conhecimento de uma emergência familiar
com a qual você tem que lidar. A tendência natural é você se perturbar. Quando
isso acontece, simplesmente pare. Respire fundo algumas vezes. O que acabou de
acontecer foi uma mudança de dharma. Você estava contente no seu dharma de recreação, andando de bicicleta, então, de repente, isso
mudou para o dharma de
arrumar a bicicleta. Você estava absorto no seu dharma ocupacional, trabalhando no computador, mas, então, você foi
forçado a interromper isso para lidar com um dharma pessoal. Não se perturbe. Apenas entenda que aconteceu uma
mudança de dharma.
Se fixe no novo dharma,
fixe sua mente nele, aqui e agora. Viva bem o novo momento. Não resista ao
fluxo da vida e às demandas dhármicas sempre em mutação, que podem vir
em momentos muito inesperados. Antes de fazer qualquer coisa, certifique-se,
primeiramente, que é seu dharma fazer
isso. Algumas vezes, surgem em nossa mente ideias sem sentido que é melhor não
executarmos. Outras vezes, alguém talvez queira pressioná-lo a fazer algo que é
contra o seu dharma.
Então, primeiro cheque e, então, seja firme o bastante para dizer não a você
mesmo ou a outros caso a ação em questão não seja o seu dharma. Se é, entretanto, se fixe
nisso, apesar de algum apego por fazer outra coisa, preguiça ou mesmo medo. Se
é o seu dever, seu dharma,
simplesmente faça, com sua mente inteiramente centrada nisso. Não permita que
sua mente torture você. Não faça uma coisa desejando fazer outra. Se você tem
que fazer algo, se é parte do seu dharma, realmente se entregue a isso, mesmo caso não estivesse nos
seus planos ou mesmo caso não se sinta apto para isso. O resultado será que
você mais uma vez se sentirá harmônico e em paz. Dharma como um Guia e um Caminho
para Simplificar a Vida. Conforme você desenvolva sua sensibilidade
às demandas dhármicas do
momento, saber o que fazer de um momento a outro se torna tão claro e fácil
quanto trafegar por uma rodovia. À medida que você desenvolve essa habilidade,
você terá a clareza de conhecer qual é a melhor coisa para se fazer agora, e
terá, portanto, a determinação natural, nascida de estar livre de dúvidas, para
se fixar completamente nisso. Isso permite que você aproveite ao máximo cada
dia, aproveite ao máximo cada ato, absorto em mindfulness, sendo o melhor que
você pode ser. O dharma também ajudará você a se
aliviar do estresse de múltiplas demandas, seja no trabalho, seja em casa ou,
ainda pior, por múltiplos desejos. Dharma é
sinônimo de uma ação principal por vez. Desejos são ilimitados, e, se você
permitir isso, clientes, membros familiares, colegas e seu patrão irão colocar
em cima de você uma lista infindável de demandas. Todavia, uma vez que você
fique confiante no exercício de identificar seu dharma, de priorizar suas ações
de acordo com seu dharma,
você terá a paz de fazer uma coisa de cada vez, com sua mente focada nessa
única ação. Nunca é seu dharma fazer
mais do que você consegue – somente fazer o melhor que você pode. Focar-se no
seu dharma conduz ao desenvolvimento
de simplicidade, que é uma qualidade maravilhosa. Quanto mais você foca naquilo
que você tem que fazer, na expressão de si mesmo, você naturalmente se
interessa menos em criar demandas desnecessárias em sua vida ou em comprar
coisas que você não precisa. Você desejará comprar apenas coisas que ajudem na
realização do seu dharma e nada mais. Viver essa
mudança de paradigma de se centrar no seu dharma significa que você
dedica cada vez menos atenção aos desejos caprichosos e planos ilusórios e
extravagantes para a felicidade. Simplesmente viver seu dharma em mindfulness é
algo tão completo e recompensador que você não sente mais a necessidade de
buscar felicidade em comprar coisas que você não precisa. Conforme você
desenvolva uma crescente sensibilidade em relação ao seu dharma, você não precisará buscar
coisas para ocupar seu tempo. Você saberá o que fazer de um momento ao outro, e
você valorizará ter tanta liberdade quanto possível para exercer os seus dharmas com toda a sua
atenção. Você entenderá que tempo é a posse mais valiosa. Quanto mais demandas
você conseguir remover do seu cronograma, mais paz você experimentará em
relação a ser capaz de focar em seus dharmas centrais.
Casas menores significam menos manutenção e menos tempo gasto com limpeza.
Menos roupas significam guarda-roupas menores. Andar de bicicleta ou usar o
transporte público, em vez de dirigir, significa menos tempo cuidando do carro.
Viver perto do trabalho significa menos tempo no trânsito. Qualquer coisa que
você possa fazer para simplificar sua vida resultará em mais paz e, então, mais
felicidade. Essa simplicidade é priorizar o seu verdadeiro eu. www.voltaaosupremo.com.br. Abraço. Davi.
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