quinta-feira, 29 de junho de 2017

FILME A CABANA.

Editor do Mosaico. Assistindo recentemente ao filme A Cabana do diretor Stuart Hazeldine com lançamento em 7 de abril desse ano, aqui no Brasil, percebi segundo aqueles que leram ao best seller do mesmo nome, que circulou pelo mundo em vários idiomas vendendo mais de 12 milhões de exemplares, que ele é fiel ao livro do autor William P. Yong publicado primeiramente em 2007. O enredo foi muito bem elaborado em estilo drama, usando os recursos que a tecnologia cinematográfica disponibilizada, mas comedido entre o simples e modesto, sendo isto objetivamente com o intuito de introduzir a "fantasia" e imaginação como elementos de interpretação contextual. Como diz Albert Einstein "Ser suficiente artista é ter a capacidade de desenhar a imaginação. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve ao mundo". Para quem não leu o livro, que é o meu caso, o filme é revestido de cenas surpreendentes e muitas vezes comoventes, fazendo a gente ficar ligado no enredo apresentado pelo diretor do início ao fim. A história passasse numa família cristã, que costumava comparecer à missa no fim de semana. A igreja com vitrais coloridos, sugerindo cenas de Jesus e a imagem de Deus estampada nas janelas era avistada pelo pai, que impressionava-se com a figura de Deus com barba longa uma face envelhecida e carrancuda. Entretanto, esta condição de ouvir o sermão do oficial encarregado e cantar com a congregação, não refletiu satisfatoriamente no caráter daquele que era o chefe da família, que era constituída de dois adolescentes, uma menina e a mãe. Ele com caráter possessivo-temperamental tentava resolver seus conflitos existenciais jogando a culpa nos membros familiares, discutindo com a esposa e incriminando o filho mais velho. Sem nenhum diálogo com o mesmo, inflamava sua conversa na brutalidade, tanto que, num desses momentos, à noite no meio da chuva, espancou o filho chicoteando-o, e fazendo com que ele recitasse um versículo bíblico nessa situação de agonia. O filho não aguentando tamanha agressão recorrente, e também, sem nenhuma orientação tanto ética quanto espiritual para compreender e resolver a questão de maneira racional não usando a violência contra seu genitor. Numa missa ouvindo o sermão, é compelido a confessasse, contando baixinho ao pároco sua angústia (conflito com o pai) que o roía por dentro. Mesmo assim o clérigo, não tomou providência para ajudar diretamente o rapaz, nem depois que descarregou sua fúria sutilmente. Como seu pai bebia, ocultamente foi ao porão da casa e misturou veneno a bebida provocando a morte dele. A história "começa" neste ponto, onde o filho parricida torna-se o protagonista, carregando até o final a culpa, o pecado e perversidade desse ato. Em Êxodo 12,13-14 diz: "Honra teu pai e a tua mãe, a fim de que venhas a ter longa vida na terra, que Yhweh, o teu Deus te dá. Não matarás". "O carma negativo é gerado invariavelmente pelas más intenções. Sempre que, proposital ou invariavelmente, prejudiquemos outro ser, somos culpados de agir com más intenções. O Buda nos ensinou os cinco preceitos para nos auxiliar a superar o hábito de lesar os demais e a nós mesmos com as nossas más intenções. Fundamento da moralidade budista e ponto de partida para o verdadeiro crescimento do ser humano, os Cinco Preceitos são: 1. Não matar. 2. Não roubar. 3. Não mentir. 4. Não ter má conduta sexual. 5. Não se entorpecer com álcool ou drogas". O roteiro não destacou o crime praticado pelo garoto em sua questão jurídica criminal, contudo tomando o caminho da crise existência, a mesma da qual seu pai foi acometido. Evidentemente a natureza não deixaria impune este delito, pois o carma é a "lei universal de causa e efeito que governa as ações intencionais. De acordo com ela, todos os atos intencionais produzem resultados, que mais cedo ou mais tarde serão sentidos por quem realizou a ação. Boas ações produzem efeitos cármicos positivos, ao passo que os efeitos cármicos das más ações, são negativos". O rapaz casasse, adquire família tendo dois filhos como seu pai, contudo convivendo com o "fantasma" da culpa, remorso e ressentimento. A família decide passar férias num balneário a beira mar com alguns amigos para descansar e lazer. Ao dormirem eles têm um diálogo interessam onde a criança interroga sobre Deus, quanto a ser uma lenda ou uma verdade. Ela chama Deus de papai. Ele adverte os filhos quanto aos perigos do local, mas situações imprevistas são difíceis de controlar. Tanto que seus filhos passeavam no mar num barco quando esse vira, e o garoto ficando preso quase morre, sendo salvo por seu pai que o vê desesperado afogando e batendo os braços lançasse prontamente ao mar. Após, um estranho fato ocorre, sua filhinha brincando no local afastasse o bastante para perdesse. Todos saem em busca da garotinha, inclusive muitos dos que estavam no balneário. A polícia é chamada e procurando por todos os lados do parque, não a encontra em lugar nenhum. Algumas investigações feitas dão indícios que a menina esteve numa Cabana. A família volta arrasada pra casa, na esperança de encontrar a filha de alguma forma. O carma negativo cobrava do pai sua atitude transgressora no passado. Ele começava a culpar Deus por aquela situação, achando-se injustiçado não se conformando com a perda da criança. Esse é um importante ponto que o diretor soube explorar bem, mostrando como é difícil para nós suportar a perder de entes queridos, seja qual for a ocorrência em que se dar o fato. Nunca pensamos diretamente em nossa finitude, vivendo como se fossemos durar sempre. Nesse ponto o enredo faz um recorte para explicar o que se passava no interior do pai que precisava ser resolvido, e como essa circunstância o afetava ao ponto de fazê-lo revoltar-se contra a divindade, sem que tivesse razão nenhuma para tal. Em sonho o pai vê uma cabana, pressentindo que por lá sua filha teria estado quando na floresta costeira passavam férias. Nesse sonho segue de carro até o local, e virando numa curva bate o veículo. Nesse devaneio idílico ou realidade abstrata está ambientada a dimensão extra sensorial, onde mostra-se a maneira que o diretor imprimia à que demos conta da profundidade do Mistério e a circunstância que envolvia a interioridade do protagonista. Ele vai através duma floresta gelada e encontra a Cabana, da qual recebeu referência no bilhete que sonhara. Entra, e logo percebe sangue no assoalho, também algumas veste que supostamente eram de sua filha. Desespera, chorando amargamente. Neste instante aparece a figura de um jovem que o conduz por uma estrada clara e límpida, onde vê-se cores definidas na vegetação esplendorosa e tranquila. Além de um rio calmo e cristalino. Mais adiante uma casa de madeira toda ornamentada com simplicidade e os utensílio domésticos necessários. A ideia do filme é mostrar que essa "atmosfera" é uma representação do céu ou paraíso cristão. O apóstolo João diz no Apocalipse 21,1 "Então vi, novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra, haviam passado, e o mar já não mais existia". Ele quis mostrar, que podemos ter surpresas quanto a simbologia celeste que necessariamente não corresponde a literalidade vista pela maioria dos cristãos mais dogmáticos. Essa parte é bastante rica em detalhes que não vou especificar, esperando que os leitores possam assistir e perceber como o diálogo entre os personagens introduzidos nas cenas imaginadas na "visão" que o "herói" está se descortinando à sua existência. Deus nesse devaneio é representado por uma mulher negra. Imagina a aceitação da figura feminina como Deus numa sociedade acentuadamente machista, sexista, e em alguns casos homofóbica como a nossa; a visão causa certo estranhamento. Jesus o salvador do mundo está tipificado pelo rapaz, que tornou-se seu amigo ao entrar nesta dimensão celeste. Jesus aqui é um jovem franzino e contextualizado no tempo, mais preocupado com o aqui e agora, que o futuro por acontecer. O Espírito Santo é uma jovem de descendência oriental. Interessante essa mescla de divindades realizada pelo roteirista, trazendo a consciência coletiva que todas as tradições em sua representação pensam Deus de forma e maneira diferentes – o certo ou o errado foge da análise cultural no aspecto de confrontação – devendo ser vista pela assimilação e comparação. Deus mostra-lhe que não havia motivos para sua revolta. Sua atitude era mesquinha e egoísta, necessitando perdoar seu pai, mesmo depois de tudo que ele sofreu, não importando que havia falecido. A situação passada era resultado de seus atos impensados e sem reflexão. Jesus leva-o à ver o mar, andando com ele sobre as águas como no caso do apóstolo Pedro em Mateus 14,25-31. Mostrando que ele, perdera a fé e consequentemente se entulhava de ceticismo e incredulidade. Entretanto havia esperança de que as coisas se normalizariam. O Espírito Santo mostra-lhe as almas daqueles que estavam no céu. Aparentemente contrariando a doutrina onde o pecado é castigado com a disciplina, seu cruel pai estava lá, e se encontraram. A ideia aqui é que nos renascimentos futuros seu pai, já havia passado pela disciplina e sofrimento cármico quitando sua dívida. Ele chorando pediu perdão ao pai se reconciliando dos seus malfeitos com um abraço mútuo. Também sua filha aparece, mas infelizmente ele não pode abraçá-la. Precisará entender o porquê da separação. Jesus o encaminha à uma gruta para encontrar-se com sua consciência, Nesse interessante diálogo ele fica claro de sua situação hipócrita e chorando arrependesse de tudo, compreendendo sua real situação. Saindo da caverna encontra um ancião; junto a esse, ambos vão por um labirinto descobrir onde está o corpo de sua querida filhinha. Chegando ao local reconhece-a envolta em lenções, bem como a roupa que usava quando havia desaparecido. Dolorosamente reconhece que ela foi abusada e deixada sem vida naquela caverna. Ele aos prantos carrega-a, indo pela estrada até a casa onde estava hospedado com a trindade divina. No céu, fazem o sepultamento de sua querida filhinha, e mesmo em meio a muita desolação, agradece a Deus tamanha benção de entender os caminhos pelos quais a vida muitas vezes deve passar, para rompendo a morte entrar no paraíso divino. O protagonista é acordado desse sonho, quando está dirigindo seu carro indo a Cabana, e de repente, o acidente é concretizado pelo desastre em realidade. É hospitalizado, devido aos ferimentos sendo visitado por um amigo, e nessa condição toma consciência do ocorrido. Recebendo a visita dos familiares, agora com uma visão completa das circunstância que passou, explica aos mesmos o êxtase da visão e como deu-se seu encontro com Deus. A SEMENTE DO GRÃO DE MOSTARDA. Recontada por Fábio Lisboa. “Desde criança, Gotmai era a mais magra das crianças e por isso era chamada de Kisa Gomati (Gotami Magricela). Kisa Gotami era pobre, órfã e sofria com as humilhações, no entanto, mantinha o seu coração puro e livre de ódio. Ela, inocentemente, sem saber, ajudou um rico e avarento mercador. E este a fez casar-se com o seu filho. Casada, Gotami achou que iria melhorar de vida, mas aí é que as coisas pioraram. Apesar de não sofrer mais dificuldades financeiras, o marido a tratava como escrava e a humilhava ainda mais. Seu corpo magro até aguentava o sofrimento, mas a sua alma se entristecia cada vez mais com a violência e injustiça do mundo. Quando o seu filho veio ao mundo, finalmente, o mundo de Kisa Gotami mudou completamente. Ela amava aquele bebê mais do que tudo em sua vida! E o amor infantil e inocente que ela recebia em troca era um tesouro inestimável! A mãe ajudou o filho a dar os primeiros passos e logo o menino começou a andar sozinho. Mas o marido continuava exigente e intransigente e naquele dia exigiu tantas coisas que o filho acabou ficando sozinho. O menino ficou andando pelo quintal, até cair, dando um grito. E caído ficou choramingando. A mãe chegou como um raio em socorro ao filho, pegou o menino nos braços e viu uma cobra saindo de perto da criança. O menino foi ficando roxo, chorando cada vez mais baixinho, se acalmou nos braços da mãe, até que o choro parou e ele se foi, empalidecido. Kisa Gotami saiu correndo com o filho no colo, em desespero, pedindo por ajuda: Por favor, me dê um remédio para curar o meu filhinho! Ela tocava nas casas e era humilhada: As pessoas, carrancudas, batiam a porta em sua cara. Depois riam e comentavam: Que mulher louca! A criança está morta! A mulher ouvia, mas não queria acreditar. Por que você não se mexe, filho? Eu quero você de novo andando e brincando – pensava ela.  “Por favor, me dê um remédio para o meu filho, ele não se mexe! Um homem sensato se compadeceu da dor da mãe que não queria aceitar a morte do filho e disse: Eu não tenho esse remédio que você procura mas eu posso indicar quem o tem. E eu te suplico: me diga quem é! Você precisa falar com Sakyamuni, o Buda. A mulher à beira da loucura foi ver o Iluminado e exclamou, chorando: Senhor, meu filho estava brincando entre as flores e tropeçou numa serpente que se enroscou no seu braço. Depois ficou pálido e silencioso. Não posso aceitar que ele deixe o meu colo assim. Senhor, meu mestre, dá-me um remédio que cure o meu filho. O Iluminado respondeu: Sim irmãzinha, há uma coisa que pode curar teu filho e a ti, se puderes consegui-la, porque os que consultam os médicos tomam o que lhes é receitado. Procura uma simples semente de mostarda preta, porém só deves recebê-la de uma casa onde nunca tenha entrado a morte. Aflita, a magra Gotami foi de casa em casa pedindo o grão de mostarda. As pessoas se compadeciam dela e lhe davam a semente, porém, quando ela perguntava se já tinha morrido alguém naquela casa, lhe respondiam: Ah! São muitos as pessoas queridas que já morreram nesta família. Não nos lembre da nossa dor. Agradecida, ela lhes devolvia a semente de mostarda que não serviria para preparar o remédio e dirigia-se a outros que diziam a ela: Aqui está a semente, porém já morreu nosso empregado. Aqui está a semente, porém o semeador morreu entre a estação chuvosa e a colheita. Pode levar esta semente, mas saiba a morte levou a nossa filha antes da hora. E assim foi, o dia todo procurou mas não encontrou nenhuma casa onde a morte já não tivesse passado. Nenhuma semente serviria para trazer o seu filho de volta. No começo, achou que ninguém entendia a sua dor. No decorrer do dia, percebeu que a dor da morte não era só sua. Muitos sofreram com ela e ela sofreu ao ouvir histórias de pessoas que se foram, avôs, avós, pais, mães, filhos, filhas, irmãos, irmãs, empregados, amigos, parentes e até animais queridos. Ela entendeu a mensagem do Iluminado. Enterrou sozinha o seu filho, mas sabia que era como se estivesse ao lado de muitos conhecidos e desconhecidos, dando o último adeus ao menino. Kisa Gotami voltou até Buda, o Desperto, que lhe perguntou: Encontrou a semente? Não, Mestre. Mas procurando o que não poderia encontrar, achaste um amargo bálsamo (...). Enterraste o teu filho? Sim. Sobre o meu seio, o meu menininho dormiu hoje o sono da morte. E eu só pude chorar sozinha (...). De manhã estava sozinha, no fim da tarde, ainda sozinha, percebi que havia uma multidão comigo. Agora sabes que, cedo ou tarde, todo mundo chora uma dor semelhante à tua. Por que, meu Senhor? Nenhum nascido pode evitar a morte. Assim como os frutos maduros caem da árvore, assim os mortais estão expostos à morte desde que nascem. A vida corporal do homem acaba partindo-se como a vasilha de barro do oleiro. Jovens e adultos, ignorantes e sábios, todos estão sujeitos à morte. Porém, o sábio que conhece a Lei não se perturba, porque nem pelo pranto nem pelo desânimo obtém a paz, mas pelo contrário, isso tudo aviva as dores e os sofrimentos do corpo. A morte não faz caso de lamentações. Embora viva dez ou cem anos, acaba o homem por separar-se de seus amados ao sair deste mundo. Quem deseja a paz da alma, deve arrancar de sua ferida a flecha do desgosto, da queixa, da lamentação. Feliz será aquele que consegue vencer a dor”. www.contarhistoria.com.br. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário