Espiritismo.
Texto de Luiz Sérgio. Psicografado por Irene Pacheco Machado. Capítulo 24.
AARÃO - MÉDIUM DE EFEITOS FÍSICOS Aproveitei o momento e perguntei a Corina: -
Irmã, todos os irmãos cursam a Faculdade? - Eles a conhecem, mas só alguns
levam adiante a oportunidade. - Ainda bem que eu adoro, porque deve ser triste
a gente deixar passar tão belo chamado. Deparei com um grupo. Eram conhecidos
meus, cujos parentes vivem pedindo mensagens. Corina prontamente me informou
que eles estavam ali para aprender a psicografar. - Luiz, muitos vivem pedindo
para o médium mensagens dos filhos e ficam zangados porque não as recebem. Não
sabem o quanto é difícil para aqueles que partiram manusear a caneta física,
que é o médium. A maioria desiste logo no início. - De que modo podem ajudar? -
Orando pelos seus entes queridos com a mais bela oração: a da caridade. - Aí é
que complica! Muitos temem o contato com os pobres (...) - A caridade, Sérgio,
é o único caminho da salvação. O caridoso é leal, compreensivo, humilde,
trabalhador e desprendido. Ouvimos dizer que a mais importante é a caridade
moral. Estou com Francisco de Assis: quando lhe perguntaram qual das duas é a
mais importante, ele respondeu: mas já dividiram a caridade? O caridoso não
está preocupado em batizar seus atos, ele apenas segue os preceitos do Cristo,
que disse: Bem-aventurados os misericordiosos. Observei ainda aqueles espíritos
preparando-se para mandar suas cartinhas aos que ficaram. - Irmã, também
existem os que não gostam de escrever? - Sim, Luiz, e muitos deles nem chegam a
ensaiar as primeiras letras. - Acho muito complicado, Irmã Corina, este
trabalho. Chegam até a invocar os espíritos; por desconhecerem a disciplina
espiritual, julgam que é só chamar e serão atendidos. Os médiuns devem ser
esclarecidos, quando se julgam capazes desse trabalho. Ele é muito digno para
não ser levado a sério. As mensagens surgiram na Doutrina para tornar mais
conhecida a doçura do bom Deus, ao qual ela se consagra como mensageira divina.
Porém-note bem - mensagens de amor, para mostrar àqueles que ficaram que Deus
não mata. Quando transpusemos a entrada, acercamo-nos dos demais e me despedi
de Corina, que se dirigiu para junto dos outros mestres. No salão iluminado,
fomo-nos acomodando. O palco circundava o ambiente e ao dar início à sessão
logo me senti emocionado. Vi Moisés receber dos Mensageiros de Deus os
primeiros códigos do Mundo Maior. Com igual carinho e admiração surgiu à nossa
frente Aarão, o companheiro de Moisés, o grande mestre Aarão. E se segue o
Capítulo 7, do Êxodo, versículo 8: E o Senhor disse a Moisés e Aarão: Quando o
faraó vos disser: Fazei alguns prodígios, tu dirás a Aarão: pega a tua vara e
lançaa por terra diante do faraó, e ela se converterá em serpente. Então
percebemos os grandes médiuns de efeitos físicos que eram Moisés e Aarão e
acompanhamos a vida do grande amigo de Moisés. Compreendemos o quanto ele foi
importante em todos os momentos em que Moisés dele necessitou. Ainda no
Capítulo 7: Primeira praga: a transformação da água em sangue. No versículo 19:
Dize a Aarão: Toma a tua vara e estende a tua mão sobre as águas para que se
convertam em sangue. E Aarão, levantando a vara, feriu a água na presença do
faraó e de seus servos, e ela se converteu em sangue. Segunda praga, Capítulo
8, versículos 5 e 6: Dize a Aarão: Estende tua mão sobre os rios e sobre os
ribeiros e lagoas e faze sair rãs sobre a terra do Egito. Aarão estendeu a sua
mão sobre as águas do Egito, e as rãs saíram e cobriram a terra do Egito.
Terceira praga, Capítulo 8, versículo 16: E o Senhor disse a Moisés: Dize a
Aarão: estende a tua vara e fere o pó da terra, e haja piolhos em toda a terra
do Egito. Acompanhando Moisés e Aarão, defrontamo-nos com a mediunidade de
efeitos físicos e Aarão tornou-se para nós uma figura querida. Quando falamos
em Moisés, poucas vezes recordamos do seu fiel companheiro e Aarão, ali no
teatro vivo, foi-nos apresentado como um precursor da mediunidade de efeitos
físicos. Ele abriu, junto com Moisés, as primeiras páginas do Espiritismo. No
Capítulo 32 do Êxodo, acompanhamos a caída do médium. Aarão era o companheiro
de Moisés, um bom médium de efeitos físicos, só que ao enfrentar sozinho uma
multidão de acusadores, ele se viu acovardado. Quantos médiuns hoje, no século
XX, ficam ao lado de Jesus na hora da ceia divina, mas O deixam sozinho na hora
da crucificação! Vamos recordar. No Capítulo 32, versículos 1 e 2: O Bezerro de
Ouro. Mas o povo vendo que Moisés tardava em descer do monte, ajuntou-se contra
Aarão e disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós! porque não
sabemos o que aconteceu a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito.
Aarão disse-lhe: tomai os pendentes de ouro das orelhas de vossas mulheres, de
vossas filhas, de vossos filhos e trazemos. Assistimos de que modo a fraqueza e
a vaidade varriam a alma de Aarão. Quando se viu inquirido pelo povo, aflorou
nele o espírito de liderança; ele que, ao lado de Moisés, só recebia ordens, na
sua ausência desejou mandar; mas, como muitos de nós, sem preparo ainda. Com
esse gesto contraiu Aarão uma dívida de verdade para com aquele povo que nele
confiou. Aarão era um sacerdote, mas a sua fraqueza diante do povo ficou nele
gravada para reencarnações futuras. Moisés lhe perdoou, mas Aarão teve de
quebrar o bezerro de ouro, trazendo à Terra a verdade do Alto, dando a cada
homem a certeza de que só o amor constrói os altares, e as estatuetas nada são
diante da eternidade da alma. Acompanhamos Aarão, vivendo nos tabernáculos, ele
como sacerdote. Encontramos Moisés e Aarão no Livro Levítico, em cujas páginas
várias orientações são dadas sobre bebida e comida. Entendemos que a tarefa de
Moisés e de Aarão, seu companheiro, foi a de orientar o povo do Egito. Quantas
regras foram dadas a Moisés, até sobre higiene! Conhecendo a vida de Moisés,
penetramos na de Aarão e sua família, percebendo como afloram as imperfeições
no homem, mesmo sendo ele um sacerdote. No Livro Números, Capítulo 12,
versículos 1 e 2: Murmurações de Miriam e Aarão contra Moisés. Miriam e Aarão
falaram contra Moisés. Porventura o Senhor falou só por Moisés? Não nos falou
ele igualmente a nós? A vaidade outra vez toma conta do homem e nessa passagem
surge o trabalho dos mensageiros do Senhor tentando aplacar a maledicência e o
mal-entendido entre as pessoas que possuem missão. Nesse Capítulo vemos o
desespero de Miriã, julgando-se castigada por Deus. Ela contraiu lepra e foi
posta fora do templo, mas o povo em oração pediu perdão por ela. Essa mesma
Miriam teve com Aarão posteriormente uma bela tarefa através da bênção da
reencarnação. Vamos encontrar ainda Aarão em vários versículos do Antigo
Testamento; por eles nos é dado compreender a bondade divina para com os espíritos
missionários. Por outro lado, nos mostram a luta que com frequência têm de
enfrentar. Portanto, não devemos invejar o lugar de outro; muitas vezes não
estamos preparados para ocupá-lo. A vida de Aarão é muito rica para o médium
que deseja ser fiel ao chamado. Ali, defronte do palco, Aarão surgiu à nossa
frente com um rosto muito conhecido, mas aqui estou não para revelar vidas
passadas, mas para narrar o que venho aprendendo na bela e abençoada Faculdade
de Maria, onde chegamos graças às benditas mãos de Jesus. Capítulo 25. EXEMPLOS
DE PERSEVERANÇA, HUMILDADE E FÉ. A Faculdade representa o coração de Maria de
Nazaré, acolhendo todos os que A procuram e graças a Ela eu cheguei até aqui,
onde muito venho aprendendo. Fazendo uma análise criteriosa, concluí que são
muitos os espíritos dedicados ao aprendizado, o que me fez pensar: Por que
ainda existem, perambulando pela terra, sugando energia dos encarnados,
espíritos que não desejam viver nas colônias, simplesmente por não se
interessarem em seguir o caminho do Mestre? - Posso saber por que o olhar
tristonho? - perguntou-me Conrad, vendo-me pensativo. - Sim. Indago-me por que
nem todos desejam aprender a lei do trabalho. - Luiz, a cada um basta a sua
própria consciência. Nem todos estão aptos a enxergar a luz. Devemos orar para
que esses não retardem a hora do chamado. - E mesmo, amigo. E com pesar percebo
que não são apenas os desencarnados que negligenciam oportunidades como esta;
os encarnados também jogam fora as pérolas, e ainda as esmigalham com os pés da
vaidade. - Luiz, como estás amargo! - Até que não. Estou feliz. A vida é bela e
eu sou uma partícula do Ser maior que a criou. Nesse momento, as luzes fizeram
o chamado, pedindo silêncio, pois a aula iria começar. Atentos, vimos o Livro
de Ester tomar toda a tela e dele saírem, um a um, os personagens. A rainha
Vasti, toda imponente, dava o primeiro grito de independência da mulher. Logo
após aparece Ester, bela e forte, humilde e leal. Nesse Livro podemos perceber
que a mulher cresce diante do povo. Vasti teve coragem para dizer não e Ester
foi uma grande mulher; ajudou Mordecai, que trabalhou para seu povo e pela
prosperidade de todos os de sua raça. Surgiu depois o Livro de Jó. Ele na
opulência e nos momentos de dor, quando no Capítulo 1?, versículo 21, diz: Nu
saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou;
bendito seja o nome do Senhor! Acompanhamos Jó no seu sofrimento e na sua fé.
No Capítulo 42, versículos 1 e 2, diz Jó: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos
teus planos podem ser frustrados. No mesmo livro deparamos com o amor de Jó
para com os seus amigos e colhemos os frutos da perseverança e da fé. A última
página do Livro de Jó nos mostra o retorno de sua riqueza, a alegria de suas
belas filhas. A tudo isso presenciando, chegamos à conclusão de que pouco mudou
a humanidade. Existem momentos tristes e alegres na vida de todos nós, só
precisamos ter força e coragem para não cair ou tombar por fraqueza. À medida
que as folhas eram abertas, os personagens iam saindo das páginas e, ao
finalizar, iam lentamente retornando. Lindo, lindo, lindo! Na sequência, vieram
os Salmos: Capítulo 19: Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento
anuncia as obras das suas mãos. Os Provérbios, no Capítulo 16, versículo 2:
Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o
Espírito. E o versículo 6: Pela misericórdia e pela verdade se expia a culpa.
Destacava-se agora Isafas. Capítulo 19, versículo 11: De que me serve a mim a
multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de
carneiros e da gordura de animais cevados o não me agrado do sangue dos
novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. No versículo 17: Aprendei a fazer o
bem; atendei à justiça, repreendei o opressor; defendei o direito dos órfãos,
pleiteai a causa das viúvas. E ainda em Isaías, no capítulo 65, versículo 17:
Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembranças das
causas passadas, jamais haverá memória delas. - Estamos diante da reencarnação!
Deus nos oferece o esquecimento para que possamos caminhar sem remorsos. No
último versículo de Isaías, o teatro vivo nos apresentou a seguinte cena: um
clarão no céu e cadáveres se debatendo e deles saindo formas humanas um pouco
retorcidas, mais parecendo vermes; mas mesmo quase sem forma, possuíam um sopro
de luz. Capítulo 66, versículo 24: Eles sairão e verão os cadáveres dos homens
que prevaricaram contra mim, porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo
se apagará e eles serão um horror para toda a carne. O Livro de Isaías se
fechou. Achei-o rico de ensinamentos espíritas. Aparece então Jeremias. No
início da página surge, no Capítulo 19, versículo 5: Antes que eu te formasse
no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te
constituí profeta das nações. Tive vontade de mandar parar neste versículo, tão
viva era a imagem à minha frente. Quando apresentaram Jeremias, voltaram ao seu
passado e assistimos à sua preparação para cumprir a tarefa de mensageiro. Por
isso disse o Senhor: Eu te conheci, e antes que saísses do ventre materno te
consagrei e te constituí profeta das nações. Quanta responsabilidade tem o
espírito que é preparado para transmitir a palavra do Senhor! Mas continuemos a
acompanhar Jeremias. No Capítulo 7, versículos 6 e 7: se não oprimirdes o
estrangeiro, o órfão e a viúva nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem
andardes após outros deuses para vosso próprio mal, eu vos farei habitar na
terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos. Seguimos Jeremias, seu
sofrimento, sua luta, e paramos no momento em que ele fala ao Senhor, Capítulo
12: Justo és, ó Senhor, quando entro contigo num pleito, contudo falarei
contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos perversos e vivem em
paz todos os que procedem perfidamente? Confesso que sorri. Até hoje Deus houve
destas queixas. E vemos no Capítulo 12, versículo 5, a resposta de Deus: Se te
fatigas, correndo com homens que vão a pé, como podes competir com os que vão a
cavalo? Fiquei sem entender, mas logo veio a explicação: se o homem, mesmo na
opulência, não descobre Deus, imaginemos na miséria e na dor. Jeremias, grande
mensageiro de Deus, advertiu os homens, no Capítulo 23, versículos 9 e 10,
contra os falsos profetas: Acerca dos profetas. O meu coração está quebrantado
dentro de mim, todos os meus ossos estremecem; sou como homem embriagado e como
homem vencido pelo vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas santas
palavras. Porque a terra está cheia de adúlteros, e chora por causa da maldição
divina (...) nº 21: Não mandei esses profetas, todavia eles foram correndo; não
lhes falei e eles, contudo, profetizaram. Vejam como estão bem atuais estas
palavras. Jeremias foi preparado para explanar a palavra do Alto, se
recordarmos aqui o Senhor dizendo: eu o preparei. Portanto, o homem não pode
preparar o próprio homem para se tornar mensageiro de Deus. Pode, sim,
prepará-lo para tornar-se discípulo no trabalho da caridade. Versículo 26: Até
quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que
proclamam só o engano do próprio coração? Acho que todos os amigos leitores
devem ler o livro de Jeremias, principalmente aqueles que sonham com uma
mediunidade gloriosa. Esse livro ofertou-me grandes lições e eu me sentia
feliz. Uma música servia de fundo para as Lamentações de Jeremias. E lá no
Capítulo 3, versículos 58 e 59: Pleiteaste Senhor a causa da minha alma,
remiste a minha vida. Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha
causa. Terminara a aula. Olhei para a plateia e percebi que alguns choravam. Um
senhor que estava sentado junto a mim falou: - Feliz o médium que chega ao
final da tarefa e recita uma rogati-va de agradecimento por todo o trabalho
oferecido e mais ainda por tê-lo cumprido bem. Feliz aquele que não usa mal o
seu dom; feliz o que, ao se tornar profeta, não abusa dos que desconhecem o
poder de Deus. Dito isso, levantou-se. Só muito depois eu o reconheci: foi um
conceituado médium brasileiro. Que Deus o abençoe, Espírito amigo! - ainda
tentei lhe dizer, mas ele desapareceu entre os alunos. Deixei vagarosamente o
local. Samita aproximou-se de mim e fomos até a Alameda das Rosas, onde estas,
muito perfumadas, davam-nos a certeza da presença de Deus. Ainda soavam aos
meus ouvidos as lamentações de Jeremias, como no Capítulo 5, versículo 16: Caiu
a coroa da nossa cabeça; ai de nós, porque pecamos! - Samita, é muito sério o
convívio com os "mortos", infeliz daquele que brincar com eles. -
Sérgio, muito se vê ainda hoje falsos profetas apoderando-se de nomes
respeitáveis, para se tornarem admirados. Ninguém deseja receber o Zé ou o
João, deseja nomes ilustres, mesmo que ao proferir a mensagem esta nada tenha
de aproveitável. - O que está precisando ainda? - Humildade. O homem necessita
sentar no último lugar e se respeitar, porque quem não se gosta fica exposto ao
ridículo, e não há fato mais triste que se ver alguém mistificando. Jeremias
temia esses irmãos e hoje ainda presenciamos aqueles que contam sonhos e
profetizam em nome do Senhor. - Morro de medo deles, Samita! - Verdade? Mas
quem não tem?... Rimos e ela me convidou a chegarmos até uma ala de estudos
médicos, onde se encontravam espíritos de crianças recémlibertos da carne em
tratamento para o retorno ao corpo físico. Percebi neles a saudade dos pais e,
por mais que os encarregados do tratamento lutassem para libertá-los, faziam-se
acompanhar dos fluidos da dor e do desespero de familiares. Acerquei-me de uma
criança de dois aninhos, muito linda. Ela gemia agarrada ao travesseiro. Um
irmão cantava para ela. Ao me perceber, abriu os olhos e exclamou! - Papai!
Peguei sua mãozinha e ela me implorou o colo. Samita o permitiu e, quando a
enlacei, aquietou-se, cerrando os olhos. Cantei esta canção: Dorme criança
dorme dorme meu neném. Dorme criança dorme dorme meu neném. Lá fora o vento
sussurra. A chuva quer te molhar. Aqui Maria murmura: - Criança, vamos brincar!
Lá fora a dor da saudade Não te deixa sonhar Procura a felicidade E vamos
criança esperar A volta da realidade Logo ela vai voltar. Abrindo os olhos, me
disse: Titio, eu gosto de ti. - Eu também te gosto. Ia colocá-la na cama, mas
pediu o chão, e, andando com desenvoltura, ia de caminha em caminha, olhar as
outras crianças. Uma das enfermeiras, carinhosamente, enlaçou sua mão e a
trouxe novamente a nós, para se despedir. Ela seria transferida para um dos
setores do Departamento da Reencarnação. - O que aconteceu? Eu só cantei... -
comentei com Samita. - Sérgio, esta criança está precisando reencarnar, mas o
pai, Inconformado, só sabe reclamar de Deus e mentaliza sempre a filha morta.
Ela sofre tanto com isso, que procura a fuga no sono e nada a fazia desejar
sair da cama. - E que fiz eu? - Quase nada, só que, ao abraçá-la, você lhe deu
a certeza de que a vida continua e que nós devemos acreditar nas pessoas. - Não
entendi. - Muito fácil: ela compreendeu que tinha condição de recusar da
família os fluidos negativos da revolta. Enquanto você cantava, ela, prestando
atenção à música, não sentiu mais dor na cabeça. - Na cabeça? - Sim. Ela
desencarnou com meningite. Recordei-me do Livro de Ezequiel, Capítulo 2,
versículo 1: E disse-me: filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo.
Acerquei-me de um garoto que havia desencarnado com pneumonia e encontrava
ainda muita dificuldade para respirar. Esclareceu Samita: - Este garoto
necessita reencarnar urgente e, por mais que tentemos, não encontramos meios de
curá-lo. Ele terá de ser tratado no corpo físico. Só assim conseguiremos limpar
o seu perispírito. - E daí, no corpo físico, ele será sempre um doente? - Nos
primeiros anos de vida, sim. Principalmente se os pais não o tratarem
espiritualmente. Uma criança nessas condições necessita ser medicada com
homeopatia, tomar passes, e viver num ambiente cristão, evitando excesso de
medicamentos. Água fluída é um ótimo remédio! A criança respirava através de um
aparelho. Fitei-a e ela cobriu a cabeça, não queria me olhar. Acariciei-a e fui
até outro garoto, que logo retornaria ao plano físico. Tinha sofrido um
acidente e a mãe só pensava em suicidar-se, sem imaginar que este gesto iria
afastá-la ainda mais do filho querido. O perispírito do garoto apresentava-se
muito manchado; os pais teimavam em recordá-lo entre as ferragens. Notei que a
cama era circundada por uma rede protetora, que isolava apenas quarenta por
cento das vibrações de desespero e dor dos pais. - Samita, é justo este
espírito voltar logo? Não é mais fácil curar-se aqui? - Sérgio, ele não era
para estar aqui, ele veio como estão vindo muitos ultimamente: por abuso da
máquina ou outros abusos. Ele não tem muito tempo. Se aqui permanecer, os seus
companheiros de evolução o encontrarão fora de época. A futura esposa estará
mais velha, e até os que seriam seus filhos. - O que? Os filhos? - Estou
brincando, mas se ele se atrasar na reencarnação, muitos serão prejudicados. E
ele tem um tarefa. Ali, naquela enfermaria, os espíritos se encontravam muito
perturbados. Era a parada para o futuro. Todos eles obedeceriam a uma
reencarnação rápida. Muitos só passariam dois meses na Espiritualidade, teriam
de retornar, mesmo doentes. Mas no corpo físico continuarão a receber o
tratamento dos médicos espirituais. Samita aproximou-se de uma garota de seus
seis anos; ela chorava muito, chamando pela mãe. Por mais que Samita empregasse
métodos modernos, não parava de gritar pela mãe. Samita apertou um botão e
Olavo se fez presente. Ele fixou bem a garota e a chamou pelo nome. - Clarisse,
por que chora? - Quero minha mãe! - Se você deseja sua mãe, Clarisse, não
deseja aliviar a sua dor e não é a mamãe que o irá fazer, é você, menina! Olhe
o seu braço e o imagine curado, ele não está deficiente. Sua respiração está
normal. Aqui nos encontramos protegidos. Portanto, Clarisse, vamos imaginar que
esta bolha que a protege vai ficando cada vez mais azul. Clarisse olhava Olavo,
assustada. Ela me pareceu dentro de um aparelho que a deixava apenas com a
cabeça de fora. Quanto mais eu fixava a vista, mais entrava em seu campo mental
e o aparelho mais real me parecia. A medida que Olavo dominava-lhe a mente, o
aparelho ia ficando mais etéreo e, pouco a pouco, desaparecendo. Olavo ativava
o subconsciente de Clarisse e a trazia à realidade, e esta realidade era uma
cama forrada de lençol azul e Clarisse livre de qualquer aparelho. Enquanto
Olavo trabalhava com a mente de Clarisse. vimos na tela a família que havia
ficado sendo atendida por outros médicos, devido à depressão a que se
entregavam. Os pais, inconformados, só se recordavam da filha naquele estranho
aparelho no qual passara as últimas horas anteriores ao desencarne. Muito
ligada a eles, ela não conseguia libertar-se para a realidade espiritual.
Olavo, carinhoso, lentamente dominava as vibrações más dos pais distantes,
atuando sobre a mente da garotinha. Observando aqueles amigos, senti-me feliz.
Como é importante a vida que Deus bondosamente me ofertou! Estava de saída
quando o bom Olavo cruzou comigo. Cumprimentei-o, respeitosamente. - Como vão
os livros? - perguntou-me sorrindo. - Otimamente bem. Hoje, senhor, tive
oportunidade de assistir ao seu trabalho, e desejei muito consultá-lo, pois recebo
cartas e mais cartas de pessoas indagando-me sobre sonhos. Gostaria que o
senhor me desse algumas explicações. Sérgio, quando vamos estudar a alma
humana, devemos perguntar: O que é alma? Porque poucas pessoas conhecem o seu
valor. E dentro de cada ser existe uma inteligência que comanda. Psiquismo?
Sim, para os psicólogos; alma, para os religiosos, Espírito, para os que vão
além do psiquismo. Portanto, Luiz Sérgio, vamos tratar de estudar o Espírito,
compreender a alma, e buscar no consciente a causa das nossas neuroses e,
diante de certos fatos, o porquê dos sonhos. O Espiritismo define os sonhos
como atividade do espírito liberto do corpo físico. Muito certo. As vezes o
homem, ao voltar ao corpo, recorda vagamente alguns fatos ocorridos durante o
sono. Às vezes sonhamos fatos que jamais faríamos em nosso dia-a-dia. Se
liberamos durante o sono culpamo-nos e os sonhos são tidos como pesadelos. São
desejos reprimidos que, ao acordarmos, não queremos relembrar, sentimos
vergonha do sonho. O homem é um ser duplo: de um lado, o bem; do outro, o mal e
suas tendências ainda não buriladas. No momento em que saímos da prisão da
carne ou do meio onde temos de usar máscara, somos nós mesmos. Aí é que a nossa
consciência nos acusa, porque sentimos prazer naquilo que sabemos não ser
correto. - Olavo, então o sonho é uma vontade? - O sonho é o prolongamento da
vigília, só que quando dormimos, viajamos para um país mais livre e, de posse
da liberdade, fazemos tudo o que nos é proibido; todavia a viagem é muito
rápida e na volta nos sentimos tristes e muitas vezes infelizes. Chamamos de
pesadelo aquilo que gostaríamos que fosse realidade. - Mas, Olavo, e quando
sonhamos que somos assaltados? Ou que caímos dos alturas? - Recordamos esses
trágicos momentos, mas não o que nos levou a eles. Pode parecer difícil de
entender, porque muitas vezes os chamados pesadelos são terríveis, eles são
aquilo que não conseguimos realizar e que quando realizamos nos apavoram, pois
o nosso eu deseja e não deseja, não possui firmeza no que quer. E também, Luiz,
existem os segredos da alma, o nosso cofre de lembranças que, muitas vezes,
solta alguns fragmentos e muitos deles nada agradáveis. As vidas sucessivas dão
resposta a muitas neuroses. É lamentável que os estudiosos não entrelacem as
mãos com os fatos. Mas chegaremos lá, espero. Enquanto isso, Olavo, o que
devemos fazer para não sonhar coisas feias? - E tratar de buscar em si próprio
a intensidade do querer. Não se culpar e, sim, procurar no dia-a-dia o
crescimento necessário. E isto se faz com muita força de vontade e
perseverança. O homem precisa descobrir nele o seu próprio valor. - Irmão, e
quanto à família de Clarisse, de que modo ela irá se curar? - Procurando viver
normalmente, porque ninguém consegue viver de lembranças. A saudade desequilibrada
faz o ser fugir da realidade. 0 homem que vive em sociedade não pode esquecer
que hoje é hoje, senão ele enlouquece de vez. Estarei sempre naquele lar
tentando dar à família um pouco do meu trabalho e espero vê-la restabelecida. O
certo seria buscar uma Casa espírita para compreender o porquê da separação. -
Obrigado, Olavo, você é sempre você! Ele me sorriu e eu fui juntar-me aos
outros. Capítulo 26. RESPEITEMOS NOSSA MEDIUNIDADE. Ainda levava no semblante a
admiração pelas palavras de Olavo, quando me juntei aos outros. - Sérgio,
pensei que você houvesse terminado o curso - falou Lourival. - Não, amigo, é
que sou ainda muito imperfeito e preciso respirar de quando em vez. Então eu
paro, visito os departamentos, e assim vou haurindo forças para continuar.
Dirigimo-nos ao anfiteatro onde iríamos continuar assistindo às páginas
bíblicas. Ao sentarmos, avistei o querido Benigno que, atento, admirava tudo,
ele, que nas experiências relatadas no livro Consciência foi um grande
companheiro. Cumprimentamo-nos, respeitosamente - o local isso exigia. Na tela,
o Livro de Jeremias, Capítulo 37, versículos 14 e 15: Então o rei Zedequeus
mandou trazer o profeta Jeremias. Disse Jeremias: Se eu te disser porventura
não me matarás? Se eu te aconselhar, não me atenderás. E logo após os conselhos
de Jeremias. Este capítulo, todo ele é repleto de premonições. - Por que
estamos revendo o livro de Jeremias? - perguntei. - Simplesmente porque mais
tarde teremos uma aula sobre mediunidade - respondeu-me Samita. Não estava
compreendendo muito bem. Nisso, um simpático irmão fez-se presente no palco. O
assunto relacionava-se à época de Jesus. Passou a narrar a fidelidade do Mestre
para com os valores de Deus; a dignidade do Espírito que conviveu com a
ignorância e não Se disse sábio; o respeito de Jesus para com o próximo,
calando-se para não nos humilhar com a Sua sabedoria. Desfilaram diante de nós
as cenas com Jesus e o Seu silêncio; as pessoas perturbadas sendo socorridas
por Ele, mas jamais sendo censuradas; e também os companheiros de Jesus. Junto
aos apóstolos, Ele se fez um deles. Em nenhum instante portou-se como dirigente
ou ídolo; tornou-se irmão de todos vivendo ao nosso lado. E vimos o momento em
que, conhecendo as necessidades da Terra, precisou dos apóstolos para Lhe
fazerem companhia, chamando-os para segui-Lo. Não cuideis que vim destruir a
lei ou os profetas: não vim revogar, mas cumprir, disse-lhes Jesus. Sua missão
para o mundo foi de reivindicar os sagrados direitos da Lei. Veio para explicar
a relação da lei para com os homens, e exemplificar lhes os preceitos mediante
Sua própria vida de obediência. Deus nos deu Seus santos ensinamentos porque
ama a Humanidade. Quando a Lei foi proclamada no Sinai, Deus tornou conhecida
aos homens a possibilidade da perfeição do caráter, a fim de que pudessem os
anjos decaídos erguerem-se da própria luta. Na vida do Cristo tornaram-se
patentes os princípios da Lei. Moisés a recebeu, Jesus a viveu. Os que
infringirem os mandamentos e ensinarem os outros a fazer assim serão condenados
pelos remorsos. Os doutores da lei consideravam sua justiça um passaporte para
o céu; mas Jesus declarou-a injusta e indigna. Os cerimoniais exteriores ficam
na terra, só acompanha o ser o que ele fez de bom. Em toda experiência humana,
o conhecimento teórico da verdade se tem demonstrado insuficiente para a
salvação da alma, não produz frutos de justiça. Os mais negros capítulos da
História acham-se repletos de registros de crimes cometidos por fanáticos
adeptos de religiões. Os fariseus consideravam-se puros, os maiores religiosos
do mundo, mas sua chamada ortodoxia levou-os a crucificar o Senhor da paz. O
perigo existe ainda. Muitos se julgam cristãos, mas não introduziram, ainda, a
verdade na vida prática. Assim vão caindo um por um os falsos profetas. Várias
religiões já se tornaram caducas, e por quê? Simplesmente por vaidade, por
considerarem-nas melhores que outras. Já imaginaram se Jesus tivesse feito o
mesmo? Mas, não! Preocupado com todos nós, Jesus incumbiu um grande homem de
tirar o véu da letra, e surgiu a Doutrina Espírita, simples, mas profundamente
filosófica. Todos podem compreendê-la, mas poucos terão força suficiente para
vivê-la. Juntamente com a Doutrina, veio a educação mediúnica, remédio que
faltou aos profetas. Allan Kardec apresentou muito bem a fórmula do bom senso,
mas o tempo pretendeu apagar as verdades doutrinárias e, com tristeza, voltamos
a presenciar o misticismo dentro da própria Doutrina. Muitos templos foram
abertos, mas poucos conservando a pureza kardecista; as verdades passaram a ser
deturpadas, surgindo os falsos profetas dizendo-se espíritas, sem respeitarem o
desespero e a dor dos seus semelhantes. Portanto, precisamos dar ao homem que
crê na imortalidade da alma o conhecimento de que podemos ser espíritas sem
precisar conviver com os desencarnados. E basta buscarmos nos livros o porquê
da vida. Precisamos dar àqueles que nos procuram a certeza de que Deus nos ama,
cuidando para não desejar torná-los espíritas a peso de ameaças de umbral e de
obsessão. A Doutrina não precisa de propaganda gratuita, mas de grandes
exemplos e esses nos pedem apenas renúncia. Para ter na Doutrina péssimos
espíritas, é muito melhor que sejam bons em outras religiões. Se disserem: por
minha causa vários amigos se tornaram espíritas, perguntaremos: bons espíritas
ou tementes espiritualistas? O homem ao buscar as verdades espirituais
desprende-se do ego e cresce cada vez mais para o alto; torna-se pessoa mansa e
amiga da verdade. Hoje, analisando o movimento espírita, constatamos entristecidos
que vários centros espíritas brincam com a ignorância do próximo; médiuns
doentes e fanáticos enxergam espíritos em todos os lugares e mentem na
conversação, comunicando fatos que percebemos logo serem mentirosos. Existem
aqueles que falam do passado, do presente e do futuro, que lutam para dissolver
grupos, porque a vaidade lhes banha a alma. Todos os médiuns precisam
conscientizar-se de que a Lei de Deus é uma só e chama-se Verdade. Deixemos a
vaidade de lado e não busquemos nos espíritos conhecidos a ascensão do nosso
caminho; ao invés disso busquemos nos amigos espirituais as palavras simples e
amigas de Jesus. Não desejemos mediunidade ostensiva, mas aquela que nos
ofereça oportunidades de trabalho. Por que essa vontade de dirigir alguém, se Jesus,
como Governador do Planeta, Se fez o menor de todos? Se você ouve espíritos,
eduque-os para os lugares certos de conversação. Nada mais desagradável do que
vivermos misturando espíritos com encarnados. Se enxergamos os amigos
espirituais, não fiquemos a tocar a trombeta por isso; nem todo mundo está
preparado para ouvir falar deles. Se temos premonição, que a guardemos para
lugares apropriados; é muito triste brincarmos com a verdade. Se possuímos
mediunidade de psicofonia (comunicação de espíritos, através da voz do médium) cuidemos para bem servir àqueles que nos buscam;
nada mais desagradável do que o descrédito se nos toma a vaidade. Se a
psicografia é a nossa tarefa, respeitemos os nomes veneráveis e não nos
preocupemos tanto com os nomes famosos. A mensagem se conhece pelo valor moral
que ela nos traz. Se desejamos possuir conhecimento, que o façamos de maneira
equilibrada, não misturando tudo de uma só vez dando margem ao desequilíbrio,
porque não temos ainda maturidade para compreendermos a grandeza de Deus.
Cuidado devemos tomar. Os homens passam, mas a Doutrina é eterna. Se hoje a
traímos, amanhã talvez não tenhamos tempo para pedir perdão. Jeremias, orando a
Deus, falou no Capítulo 44, versículos 4 e 5: Todavia começando eu de
madrugada, lhes tenho enviado os meus servos, os profetas para lhes dizer. Não
façais esta coisa abominável que aborrece. Mas eles não obedeceram, nem
inclinaram os ouvidos para se converterem da sua maldade, para não queimarem
incenso a outros deuses. Livro Chama Eterna. Abraço. Davi
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