quarta-feira, 14 de junho de 2017

VII. A CHAMA ETERNA.

Espiritismo. Texto de Luiz Sérgio. Psicografado por Irene Pacheco Machado. Capítulo 24. AARÃO - MÉDIUM DE EFEITOS FÍSICOS Aproveitei o momento e perguntei a Corina: - Irmã, todos os irmãos cursam a Faculdade? - Eles a conhecem, mas só alguns levam adiante a oportunidade. - Ainda bem que eu adoro, porque deve ser triste a gente deixar passar tão belo chamado. Deparei com um grupo. Eram conhecidos meus, cujos parentes vivem pedindo mensagens. Corina prontamente me informou que eles estavam ali para aprender a psicografar. - Luiz, muitos vivem pedindo para o médium mensagens dos filhos e ficam zangados porque não as recebem. Não sabem o quanto é difícil para aqueles que partiram manusear a caneta física, que é o médium. A maioria desiste logo no início. - De que modo podem ajudar? - Orando pelos seus entes queridos com a mais bela oração: a da caridade. - Aí é que complica! Muitos temem o contato com os pobres (...) - A caridade, Sérgio, é o único caminho da salvação. O caridoso é leal, compreensivo, humilde, trabalhador e desprendido. Ouvimos dizer que a mais importante é a caridade moral. Estou com Francisco de Assis: quando lhe perguntaram qual das duas é a mais importante, ele respondeu: mas já dividiram a caridade? O caridoso não está preocupado em batizar seus atos, ele apenas segue os preceitos do Cristo, que disse: Bem-aventurados os misericordiosos. Observei ainda aqueles espíritos preparando-se para mandar suas cartinhas aos que ficaram. - Irmã, também existem os que não gostam de escrever? - Sim, Luiz, e muitos deles nem chegam a ensaiar as primeiras letras. - Acho muito complicado, Irmã Corina, este trabalho. Chegam até a invocar os espíritos; por desconhecerem a disciplina espiritual, julgam que é só chamar e serão atendidos. Os médiuns devem ser esclarecidos, quando se julgam capazes desse trabalho. Ele é muito digno para não ser levado a sério. As mensagens surgiram na Doutrina para tornar mais conhecida a doçura do bom Deus, ao qual ela se consagra como mensageira divina. Porém-note bem - mensagens de amor, para mostrar àqueles que ficaram que Deus não mata. Quando transpusemos a entrada, acercamo-nos dos demais e me despedi de Corina, que se dirigiu para junto dos outros mestres. No salão iluminado, fomo-nos acomodando. O palco circundava o ambiente e ao dar início à sessão logo me senti emocionado. Vi Moisés receber dos Mensageiros de Deus os primeiros códigos do Mundo Maior. Com igual carinho e admiração surgiu à nossa frente Aarão, o companheiro de Moisés, o grande mestre Aarão. E se segue o Capítulo 7, do Êxodo, versículo 8: E o Senhor disse a Moisés e Aarão: Quando o faraó vos disser: Fazei alguns prodígios, tu dirás a Aarão: pega a tua vara e lançaa por terra diante do faraó, e ela se converterá em serpente. Então percebemos os grandes médiuns de efeitos físicos que eram Moisés e Aarão e acompanhamos a vida do grande amigo de Moisés. Compreendemos o quanto ele foi importante em todos os momentos em que Moisés dele necessitou. Ainda no Capítulo 7: Primeira praga: a transformação da água em sangue. No versículo 19: Dize a Aarão: Toma a tua vara e estende a tua mão sobre as águas para que se convertam em sangue. E Aarão, levantando a vara, feriu a água na presença do faraó e de seus servos, e ela se converteu em sangue. Segunda praga, Capítulo 8, versículos 5 e 6: Dize a Aarão: Estende tua mão sobre os rios e sobre os ribeiros e lagoas e faze sair rãs sobre a terra do Egito. Aarão estendeu a sua mão sobre as águas do Egito, e as rãs saíram e cobriram a terra do Egito. Terceira praga, Capítulo 8, versículo 16: E o Senhor disse a Moisés: Dize a Aarão: estende a tua vara e fere o pó da terra, e haja piolhos em toda a terra do Egito. Acompanhando Moisés e Aarão, defrontamo-nos com a mediunidade de efeitos físicos e Aarão tornou-se para nós uma figura querida. Quando falamos em Moisés, poucas vezes recordamos do seu fiel companheiro e Aarão, ali no teatro vivo, foi-nos apresentado como um precursor da mediunidade de efeitos físicos. Ele abriu, junto com Moisés, as primeiras páginas do Espiritismo. No Capítulo 32 do Êxodo, acompanhamos a caída do médium. Aarão era o companheiro de Moisés, um bom médium de efeitos físicos, só que ao enfrentar sozinho uma multidão de acusadores, ele se viu acovardado. Quantos médiuns hoje, no século XX, ficam ao lado de Jesus na hora da ceia divina, mas O deixam sozinho na hora da crucificação! Vamos recordar. No Capítulo 32, versículos 1 e 2: O Bezerro de Ouro. Mas o povo vendo que Moisés tardava em descer do monte, ajuntou-se contra Aarão e disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós! porque não sabemos o que aconteceu a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito. Aarão disse-lhe: tomai os pendentes de ouro das orelhas de vossas mulheres, de vossas filhas, de vossos filhos e trazemos. Assistimos de que modo a fraqueza e a vaidade varriam a alma de Aarão. Quando se viu inquirido pelo povo, aflorou nele o espírito de liderança; ele que, ao lado de Moisés, só recebia ordens, na sua ausência desejou mandar; mas, como muitos de nós, sem preparo ainda. Com esse gesto contraiu Aarão uma dívida de verdade para com aquele povo que nele confiou. Aarão era um sacerdote, mas a sua fraqueza diante do povo ficou nele gravada para reencarnações futuras. Moisés lhe perdoou, mas Aarão teve de quebrar o bezerro de ouro, trazendo à Terra a verdade do Alto, dando a cada homem a certeza de que só o amor constrói os altares, e as estatuetas nada são diante da eternidade da alma. Acompanhamos Aarão, vivendo nos tabernáculos, ele como sacerdote. Encontramos Moisés e Aarão no Livro Levítico, em cujas páginas várias orientações são dadas sobre bebida e comida. Entendemos que a tarefa de Moisés e de Aarão, seu companheiro, foi a de orientar o povo do Egito. Quantas regras foram dadas a Moisés, até sobre higiene! Conhecendo a vida de Moisés, penetramos na de Aarão e sua família, percebendo como afloram as imperfeições no homem, mesmo sendo ele um sacerdote. No Livro Números, Capítulo 12, versículos 1 e 2: Murmurações de Miriam e Aarão contra Moisés. Miriam e Aarão falaram contra Moisés. Porventura o Senhor falou só por Moisés? Não nos falou ele igualmente a nós? A vaidade outra vez toma conta do homem e nessa passagem surge o trabalho dos mensageiros do Senhor tentando aplacar a maledicência e o mal-entendido entre as pessoas que possuem missão. Nesse Capítulo vemos o desespero de Miriã, julgando-se castigada por Deus. Ela contraiu lepra e foi posta fora do templo, mas o povo em oração pediu perdão por ela. Essa mesma Miriam teve com Aarão posteriormente uma bela tarefa através da bênção da reencarnação. Vamos encontrar ainda Aarão em vários versículos do Antigo Testamento; por eles nos é dado compreender a bondade divina para com os espíritos missionários. Por outro lado, nos mostram a luta que com frequência têm de enfrentar. Portanto, não devemos invejar o lugar de outro; muitas vezes não estamos preparados para ocupá-lo. A vida de Aarão é muito rica para o médium que deseja ser fiel ao chamado. Ali, defronte do palco, Aarão surgiu à nossa frente com um rosto muito conhecido, mas aqui estou não para revelar vidas passadas, mas para narrar o que venho aprendendo na bela e abençoada Faculdade de Maria, onde chegamos graças às benditas mãos de Jesus. Capítulo 25. EXEMPLOS DE PERSEVERANÇA, HUMILDADE E FÉ. A Faculdade representa o coração de Maria de Nazaré, acolhendo todos os que A procuram e graças a Ela eu cheguei até aqui, onde muito venho aprendendo. Fazendo uma análise criteriosa, concluí que são muitos os espíritos dedicados ao aprendizado, o que me fez pensar: Por que ainda existem, perambulando pela terra, sugando energia dos encarnados, espíritos que não desejam viver nas colônias, simplesmente por não se interessarem em seguir o caminho do Mestre? - Posso saber por que o olhar tristonho? - perguntou-me Conrad, vendo-me pensativo. - Sim. Indago-me por que nem todos desejam aprender a lei do trabalho. - Luiz, a cada um basta a sua própria consciência. Nem todos estão aptos a enxergar a luz. Devemos orar para que esses não retardem a hora do chamado. - E mesmo, amigo. E com pesar percebo que não são apenas os desencarnados que negligenciam oportunidades como esta; os encarnados também jogam fora as pérolas, e ainda as esmigalham com os pés da vaidade. - Luiz, como estás amargo! - Até que não. Estou feliz. A vida é bela e eu sou uma partícula do Ser maior que a criou. Nesse momento, as luzes fizeram o chamado, pedindo silêncio, pois a aula iria começar. Atentos, vimos o Livro de Ester tomar toda a tela e dele saírem, um a um, os personagens. A rainha Vasti, toda imponente, dava o primeiro grito de independência da mulher. Logo após aparece Ester, bela e forte, humilde e leal. Nesse Livro podemos perceber que a mulher cresce diante do povo. Vasti teve coragem para dizer não e Ester foi uma grande mulher; ajudou Mordecai, que trabalhou para seu povo e pela prosperidade de todos os de sua raça. Surgiu depois o Livro de Jó. Ele na opulência e nos momentos de dor, quando no Capítulo 1?, versículo 21, diz: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Acompanhamos Jó no seu sofrimento e na sua fé. No Capítulo 42, versículos 1 e 2, diz Jó: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos podem ser frustrados. No mesmo livro deparamos com o amor de Jó para com os seus amigos e colhemos os frutos da perseverança e da fé. A última página do Livro de Jó nos mostra o retorno de sua riqueza, a alegria de suas belas filhas. A tudo isso presenciando, chegamos à conclusão de que pouco mudou a humanidade. Existem momentos tristes e alegres na vida de todos nós, só precisamos ter força e coragem para não cair ou tombar por fraqueza. À medida que as folhas eram abertas, os personagens iam saindo das páginas e, ao finalizar, iam lentamente retornando. Lindo, lindo, lindo! Na sequência, vieram os Salmos: Capítulo 19: Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Os Provérbios, no Capítulo 16, versículo 2: Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o Espírito. E o versículo 6: Pela misericórdia e pela verdade se expia a culpa. Destacava-se agora Isafas. Capítulo 19, versículo 11: De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados o não me agrado do sangue dos novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. No versículo 17: Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei o opressor; defendei o direito dos órfãos, pleiteai a causa das viúvas. E ainda em Isaías, no capítulo 65, versículo 17: Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembranças das causas passadas, jamais haverá memória delas. - Estamos diante da reencarnação! Deus nos oferece o esquecimento para que possamos caminhar sem remorsos. No último versículo de Isaías, o teatro vivo nos apresentou a seguinte cena: um clarão no céu e cadáveres se debatendo e deles saindo formas humanas um pouco retorcidas, mais parecendo vermes; mas mesmo quase sem forma, possuíam um sopro de luz. Capítulo 66, versículo 24: Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim, porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará e eles serão um horror para toda a carne. O Livro de Isaías se fechou. Achei-o rico de ensinamentos espíritas. Aparece então Jeremias. No início da página surge, no Capítulo 19, versículo 5: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta das nações. Tive vontade de mandar parar neste versículo, tão viva era a imagem à minha frente. Quando apresentaram Jeremias, voltaram ao seu passado e assistimos à sua preparação para cumprir a tarefa de mensageiro. Por isso disse o Senhor: Eu te conheci, e antes que saísses do ventre materno te consagrei e te constituí profeta das nações. Quanta responsabilidade tem o espírito que é preparado para transmitir a palavra do Senhor! Mas continuemos a acompanhar Jeremias. No Capítulo 7, versículos 6 e 7: se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão e a viúva nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, eu vos farei habitar na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos. Seguimos Jeremias, seu sofrimento, sua luta, e paramos no momento em que ele fala ao Senhor, Capítulo 12: Justo és, ó Senhor, quando entro contigo num pleito, contudo falarei contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos perversos e vivem em paz todos os que procedem perfidamente? Confesso que sorri. Até hoje Deus houve destas queixas. E vemos no Capítulo 12, versículo 5, a resposta de Deus: Se te fatigas, correndo com homens que vão a pé, como podes competir com os que vão a cavalo? Fiquei sem entender, mas logo veio a explicação: se o homem, mesmo na opulência, não descobre Deus, imaginemos na miséria e na dor. Jeremias, grande mensageiro de Deus, advertiu os homens, no Capítulo 23, versículos 9 e 10, contra os falsos profetas: Acerca dos profetas. O meu coração está quebrantado dentro de mim, todos os meus ossos estremecem; sou como homem embriagado e como homem vencido pelo vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas santas palavras. Porque a terra está cheia de adúlteros, e chora por causa da maldição divina (...) nº 21: Não mandei esses profetas, todavia eles foram correndo; não lhes falei e eles, contudo, profetizaram. Vejam como estão bem atuais estas palavras. Jeremias foi preparado para explanar a palavra do Alto, se recordarmos aqui o Senhor dizendo: eu o preparei. Portanto, o homem não pode preparar o próprio homem para se tornar mensageiro de Deus. Pode, sim, prepará-lo para tornar-se discípulo no trabalho da caridade. Versículo 26: Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração? Acho que todos os amigos leitores devem ler o livro de Jeremias, principalmente aqueles que sonham com uma mediunidade gloriosa. Esse livro ofertou-me grandes lições e eu me sentia feliz. Uma música servia de fundo para as Lamentações de Jeremias. E lá no Capítulo 3, versículos 58 e 59: Pleiteaste Senhor a causa da minha alma, remiste a minha vida. Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa. Terminara a aula. Olhei para a plateia e percebi que alguns choravam. Um senhor que estava sentado junto a mim falou: - Feliz o médium que chega ao final da tarefa e recita uma rogati-va de agradecimento por todo o trabalho oferecido e mais ainda por tê-lo cumprido bem. Feliz aquele que não usa mal o seu dom; feliz o que, ao se tornar profeta, não abusa dos que desconhecem o poder de Deus. Dito isso, levantou-se. Só muito depois eu o reconheci: foi um conceituado médium brasileiro. Que Deus o abençoe, Espírito amigo! - ainda tentei lhe dizer, mas ele desapareceu entre os alunos. Deixei vagarosamente o local. Samita aproximou-se de mim e fomos até a Alameda das Rosas, onde estas, muito perfumadas, davam-nos a certeza da presença de Deus. Ainda soavam aos meus ouvidos as lamentações de Jeremias, como no Capítulo 5, versículo 16: Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós, porque pecamos! - Samita, é muito sério o convívio com os "mortos", infeliz daquele que brincar com eles. - Sérgio, muito se vê ainda hoje falsos profetas apoderando-se de nomes respeitáveis, para se tornarem admirados. Ninguém deseja receber o Zé ou o João, deseja nomes ilustres, mesmo que ao proferir a mensagem esta nada tenha de aproveitável. - O que está precisando ainda? - Humildade. O homem necessita sentar no último lugar e se respeitar, porque quem não se gosta fica exposto ao ridículo, e não há fato mais triste que se ver alguém mistificando. Jeremias temia esses irmãos e hoje ainda presenciamos aqueles que contam sonhos e profetizam em nome do Senhor. - Morro de medo deles, Samita! - Verdade? Mas quem não tem?... Rimos e ela me convidou a chegarmos até uma ala de estudos médicos, onde se encontravam espíritos de crianças recémlibertos da carne em tratamento para o retorno ao corpo físico. Percebi neles a saudade dos pais e, por mais que os encarregados do tratamento lutassem para libertá-los, faziam-se acompanhar dos fluidos da dor e do desespero de familiares. Acerquei-me de uma criança de dois aninhos, muito linda. Ela gemia agarrada ao travesseiro. Um irmão cantava para ela. Ao me perceber, abriu os olhos e exclamou! - Papai! Peguei sua mãozinha e ela me implorou o colo. Samita o permitiu e, quando a enlacei, aquietou-se, cerrando os olhos. Cantei esta canção: Dorme criança dorme dorme meu neném. Dorme criança dorme dorme meu neném. Lá fora o vento sussurra. A chuva quer te molhar. Aqui Maria murmura: - Criança, vamos brincar! Lá fora a dor da saudade Não te deixa sonhar Procura a felicidade E vamos criança esperar A volta da realidade Logo ela vai voltar. Abrindo os olhos, me disse: Titio, eu gosto de ti. - Eu também te gosto. Ia colocá-la na cama, mas pediu o chão, e, andando com desenvoltura, ia de caminha em caminha, olhar as outras crianças. Uma das enfermeiras, carinhosamente, enlaçou sua mão e a trouxe novamente a nós, para se despedir. Ela seria transferida para um dos setores do Departamento da Reencarnação. - O que aconteceu? Eu só cantei... - comentei com Samita. - Sérgio, esta criança está precisando reencarnar, mas o pai, Inconformado, só sabe reclamar de Deus e mentaliza sempre a filha morta. Ela sofre tanto com isso, que procura a fuga no sono e nada a fazia desejar sair da cama. - E que fiz eu? - Quase nada, só que, ao abraçá-la, você lhe deu a certeza de que a vida continua e que nós devemos acreditar nas pessoas. - Não entendi. - Muito fácil: ela compreendeu que tinha condição de recusar da família os fluidos negativos da revolta. Enquanto você cantava, ela, prestando atenção à música, não sentiu mais dor na cabeça. - Na cabeça? - Sim. Ela desencarnou com meningite. Recordei-me do Livro de Ezequiel, Capítulo 2, versículo 1: E disse-me: filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Acerquei-me de um garoto que havia desencarnado com pneumonia e encontrava ainda muita dificuldade para respirar. Esclareceu Samita: - Este garoto necessita reencarnar urgente e, por mais que tentemos, não encontramos meios de curá-lo. Ele terá de ser tratado no corpo físico. Só assim conseguiremos limpar o seu perispírito. - E daí, no corpo físico, ele será sempre um doente? - Nos primeiros anos de vida, sim. Principalmente se os pais não o tratarem espiritualmente. Uma criança nessas condições necessita ser medicada com homeopatia, tomar passes, e viver num ambiente cristão, evitando excesso de medicamentos. Água fluída é um ótimo remédio! A criança respirava através de um aparelho. Fitei-a e ela cobriu a cabeça, não queria me olhar. Acariciei-a e fui até outro garoto, que logo retornaria ao plano físico. Tinha sofrido um acidente e a mãe só pensava em suicidar-se, sem imaginar que este gesto iria afastá-la ainda mais do filho querido. O perispírito do garoto apresentava-se muito manchado; os pais teimavam em recordá-lo entre as ferragens. Notei que a cama era circundada por uma rede protetora, que isolava apenas quarenta por cento das vibrações de desespero e dor dos pais. - Samita, é justo este espírito voltar logo? Não é mais fácil curar-se aqui? - Sérgio, ele não era para estar aqui, ele veio como estão vindo muitos ultimamente: por abuso da máquina ou outros abusos. Ele não tem muito tempo. Se aqui permanecer, os seus companheiros de evolução o encontrarão fora de época. A futura esposa estará mais velha, e até os que seriam seus filhos. - O que? Os filhos? - Estou brincando, mas se ele se atrasar na reencarnação, muitos serão prejudicados. E ele tem um tarefa. Ali, naquela enfermaria, os espíritos se encontravam muito perturbados. Era a parada para o futuro. Todos eles obedeceriam a uma reencarnação rápida. Muitos só passariam dois meses na Espiritualidade, teriam de retornar, mesmo doentes. Mas no corpo físico continuarão a receber o tratamento dos médicos espirituais. Samita aproximou-se de uma garota de seus seis anos; ela chorava muito, chamando pela mãe. Por mais que Samita empregasse métodos modernos, não parava de gritar pela mãe. Samita apertou um botão e Olavo se fez presente. Ele fixou bem a garota e a chamou pelo nome. - Clarisse, por que chora? - Quero minha mãe! - Se você deseja sua mãe, Clarisse, não deseja aliviar a sua dor e não é a mamãe que o irá fazer, é você, menina! Olhe o seu braço e o imagine curado, ele não está deficiente. Sua respiração está normal. Aqui nos encontramos protegidos. Portanto, Clarisse, vamos imaginar que esta bolha que a protege vai ficando cada vez mais azul. Clarisse olhava Olavo, assustada. Ela me pareceu dentro de um aparelho que a deixava apenas com a cabeça de fora. Quanto mais eu fixava a vista, mais entrava em seu campo mental e o aparelho mais real me parecia. A medida que Olavo dominava-lhe a mente, o aparelho ia ficando mais etéreo e, pouco a pouco, desaparecendo. Olavo ativava o subconsciente de Clarisse e a trazia à realidade, e esta realidade era uma cama forrada de lençol azul e Clarisse livre de qualquer aparelho. Enquanto Olavo trabalhava com a mente de Clarisse. vimos na tela a família que havia ficado sendo atendida por outros médicos, devido à depressão a que se entregavam. Os pais, inconformados, só se recordavam da filha naquele estranho aparelho no qual passara as últimas horas anteriores ao desencarne. Muito ligada a eles, ela não conseguia libertar-se para a realidade espiritual. Olavo, carinhoso, lentamente dominava as vibrações más dos pais distantes, atuando sobre a mente da garotinha. Observando aqueles amigos, senti-me feliz. Como é importante a vida que Deus bondosamente me ofertou! Estava de saída quando o bom Olavo cruzou comigo. Cumprimentei-o, respeitosamente. - Como vão os livros? - perguntou-me sorrindo. - Otimamente bem. Hoje, senhor, tive oportunidade de assistir ao seu trabalho, e desejei muito consultá-lo, pois recebo cartas e mais cartas de pessoas indagando-me sobre sonhos. Gostaria que o senhor me desse algumas explicações. Sérgio, quando vamos estudar a alma humana, devemos perguntar: O que é alma? Porque poucas pessoas conhecem o seu valor. E dentro de cada ser existe uma inteligência que comanda. Psiquismo? Sim, para os psicólogos; alma, para os religiosos, Espírito, para os que vão além do psiquismo. Portanto, Luiz Sérgio, vamos tratar de estudar o Espírito, compreender a alma, e buscar no consciente a causa das nossas neuroses e, diante de certos fatos, o porquê dos sonhos. O Espiritismo define os sonhos como atividade do espírito liberto do corpo físico. Muito certo. As vezes o homem, ao voltar ao corpo, recorda vagamente alguns fatos ocorridos durante o sono. Às vezes sonhamos fatos que jamais faríamos em nosso dia-a-dia. Se liberamos durante o sono culpamo-nos e os sonhos são tidos como pesadelos. São desejos reprimidos que, ao acordarmos, não queremos relembrar, sentimos vergonha do sonho. O homem é um ser duplo: de um lado, o bem; do outro, o mal e suas tendências ainda não buriladas. No momento em que saímos da prisão da carne ou do meio onde temos de usar máscara, somos nós mesmos. Aí é que a nossa consciência nos acusa, porque sentimos prazer naquilo que sabemos não ser correto. - Olavo, então o sonho é uma vontade? - O sonho é o prolongamento da vigília, só que quando dormimos, viajamos para um país mais livre e, de posse da liberdade, fazemos tudo o que nos é proibido; todavia a viagem é muito rápida e na volta nos sentimos tristes e muitas vezes infelizes. Chamamos de pesadelo aquilo que gostaríamos que fosse realidade. - Mas, Olavo, e quando sonhamos que somos assaltados? Ou que caímos dos alturas? - Recordamos esses trágicos momentos, mas não o que nos levou a eles. Pode parecer difícil de entender, porque muitas vezes os chamados pesadelos são terríveis, eles são aquilo que não conseguimos realizar e que quando realizamos nos apavoram, pois o nosso eu deseja e não deseja, não possui firmeza no que quer. E também, Luiz, existem os segredos da alma, o nosso cofre de lembranças que, muitas vezes, solta alguns fragmentos e muitos deles nada agradáveis. As vidas sucessivas dão resposta a muitas neuroses. É lamentável que os estudiosos não entrelacem as mãos com os fatos. Mas chegaremos lá, espero. Enquanto isso, Olavo, o que devemos fazer para não sonhar coisas feias? - E tratar de buscar em si próprio a intensidade do querer. Não se culpar e, sim, procurar no dia-a-dia o crescimento necessário. E isto se faz com muita força de vontade e perseverança. O homem precisa descobrir nele o seu próprio valor. - Irmão, e quanto à família de Clarisse, de que modo ela irá se curar? - Procurando viver normalmente, porque ninguém consegue viver de lembranças. A saudade desequilibrada faz o ser fugir da realidade. 0 homem que vive em sociedade não pode esquecer que hoje é hoje, senão ele enlouquece de vez. Estarei sempre naquele lar tentando dar à família um pouco do meu trabalho e espero vê-la restabelecida. O certo seria buscar uma Casa espírita para compreender o porquê da separação. - Obrigado, Olavo, você é sempre você! Ele me sorriu e eu fui juntar-me aos outros. Capítulo 26. RESPEITEMOS NOSSA MEDIUNIDADE. Ainda levava no semblante a admiração pelas palavras de Olavo, quando me juntei aos outros. - Sérgio, pensei que você houvesse terminado o curso - falou Lourival. - Não, amigo, é que sou ainda muito imperfeito e preciso respirar de quando em vez. Então eu paro, visito os departamentos, e assim vou haurindo forças para continuar. Dirigimo-nos ao anfiteatro onde iríamos continuar assistindo às páginas bíblicas. Ao sentarmos, avistei o querido Benigno que, atento, admirava tudo, ele, que nas experiências relatadas no livro Consciência foi um grande companheiro. Cumprimentamo-nos, respeitosamente - o local isso exigia. Na tela, o Livro de Jeremias, Capítulo 37, versículos 14 e 15: Então o rei Zedequeus mandou trazer o profeta Jeremias. Disse Jeremias: Se eu te disser porventura não me matarás? Se eu te aconselhar, não me atenderás. E logo após os conselhos de Jeremias. Este capítulo, todo ele é repleto de premonições. - Por que estamos revendo o livro de Jeremias? - perguntei. - Simplesmente porque mais tarde teremos uma aula sobre mediunidade - respondeu-me Samita. Não estava compreendendo muito bem. Nisso, um simpático irmão fez-se presente no palco. O assunto relacionava-se à época de Jesus. Passou a narrar a fidelidade do Mestre para com os valores de Deus; a dignidade do Espírito que conviveu com a ignorância e não Se disse sábio; o respeito de Jesus para com o próximo, calando-se para não nos humilhar com a Sua sabedoria. Desfilaram diante de nós as cenas com Jesus e o Seu silêncio; as pessoas perturbadas sendo socorridas por Ele, mas jamais sendo censuradas; e também os companheiros de Jesus. Junto aos apóstolos, Ele se fez um deles. Em nenhum instante portou-se como dirigente ou ídolo; tornou-se irmão de todos vivendo ao nosso lado. E vimos o momento em que, conhecendo as necessidades da Terra, precisou dos apóstolos para Lhe fazerem companhia, chamando-os para segui-Lo. Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim revogar, mas cumprir, disse-lhes Jesus. Sua missão para o mundo foi de reivindicar os sagrados direitos da Lei. Veio para explicar a relação da lei para com os homens, e exemplificar lhes os preceitos mediante Sua própria vida de obediência. Deus nos deu Seus santos ensinamentos porque ama a Humanidade. Quando a Lei foi proclamada no Sinai, Deus tornou conhecida aos homens a possibilidade da perfeição do caráter, a fim de que pudessem os anjos decaídos erguerem-se da própria luta. Na vida do Cristo tornaram-se patentes os princípios da Lei. Moisés a recebeu, Jesus a viveu. Os que infringirem os mandamentos e ensinarem os outros a fazer assim serão condenados pelos remorsos. Os doutores da lei consideravam sua justiça um passaporte para o céu; mas Jesus declarou-a injusta e indigna. Os cerimoniais exteriores ficam na terra, só acompanha o ser o que ele fez de bom. Em toda experiência humana, o conhecimento teórico da verdade se tem demonstrado insuficiente para a salvação da alma, não produz frutos de justiça. Os mais negros capítulos da História acham-se repletos de registros de crimes cometidos por fanáticos adeptos de religiões. Os fariseus consideravam-se puros, os maiores religiosos do mundo, mas sua chamada ortodoxia levou-os a crucificar o Senhor da paz. O perigo existe ainda. Muitos se julgam cristãos, mas não introduziram, ainda, a verdade na vida prática. Assim vão caindo um por um os falsos profetas. Várias religiões já se tornaram caducas, e por quê? Simplesmente por vaidade, por considerarem-nas melhores que outras. Já imaginaram se Jesus tivesse feito o mesmo? Mas, não! Preocupado com todos nós, Jesus incumbiu um grande homem de tirar o véu da letra, e surgiu a Doutrina Espírita, simples, mas profundamente filosófica. Todos podem compreendê-la, mas poucos terão força suficiente para vivê-la. Juntamente com a Doutrina, veio a educação mediúnica, remédio que faltou aos profetas. Allan Kardec apresentou muito bem a fórmula do bom senso, mas o tempo pretendeu apagar as verdades doutrinárias e, com tristeza, voltamos a presenciar o misticismo dentro da própria Doutrina. Muitos templos foram abertos, mas poucos conservando a pureza kardecista; as verdades passaram a ser deturpadas, surgindo os falsos profetas dizendo-se espíritas, sem respeitarem o desespero e a dor dos seus semelhantes. Portanto, precisamos dar ao homem que crê na imortalidade da alma o conhecimento de que podemos ser espíritas sem precisar conviver com os desencarnados. E basta buscarmos nos livros o porquê da vida. Precisamos dar àqueles que nos procuram a certeza de que Deus nos ama, cuidando para não desejar torná-los espíritas a peso de ameaças de umbral e de obsessão. A Doutrina não precisa de propaganda gratuita, mas de grandes exemplos e esses nos pedem apenas renúncia. Para ter na Doutrina péssimos espíritas, é muito melhor que sejam bons em outras religiões. Se disserem: por minha causa vários amigos se tornaram espíritas, perguntaremos: bons espíritas ou tementes espiritualistas? O homem ao buscar as verdades espirituais desprende-se do ego e cresce cada vez mais para o alto; torna-se pessoa mansa e amiga da verdade. Hoje, analisando o movimento espírita, constatamos entristecidos que vários centros espíritas brincam com a ignorância do próximo; médiuns doentes e fanáticos enxergam espíritos em todos os lugares e mentem na conversação, comunicando fatos que percebemos logo serem mentirosos. Existem aqueles que falam do passado, do presente e do futuro, que lutam para dissolver grupos, porque a vaidade lhes banha a alma. Todos os médiuns precisam conscientizar-se de que a Lei de Deus é uma só e chama-se Verdade. Deixemos a vaidade de lado e não busquemos nos espíritos conhecidos a ascensão do nosso caminho; ao invés disso busquemos nos amigos espirituais as palavras simples e amigas de Jesus. Não desejemos mediunidade ostensiva, mas aquela que nos ofereça oportunidades de trabalho. Por que essa vontade de dirigir alguém, se Jesus, como Governador do Planeta, Se fez o menor de todos? Se você ouve espíritos, eduque-os para os lugares certos de conversação. Nada mais desagradável do que vivermos misturando espíritos com encarnados. Se enxergamos os amigos espirituais, não fiquemos a tocar a trombeta por isso; nem todo mundo está preparado para ouvir falar deles. Se temos premonição, que a guardemos para lugares apropriados; é muito triste brincarmos com a verdade. Se possuímos mediunidade de psicofonia (comunicação de espíritos, através da voz do médium) cuidemos para bem servir àqueles que nos buscam; nada mais desagradável do que o descrédito se nos toma a vaidade. Se a psicografia é a nossa tarefa, respeitemos os nomes veneráveis e não nos preocupemos tanto com os nomes famosos. A mensagem se conhece pelo valor moral que ela nos traz. Se desejamos possuir conhecimento, que o façamos de maneira equilibrada, não misturando tudo de uma só vez dando margem ao desequilíbrio, porque não temos ainda maturidade para compreendermos a grandeza de Deus. Cuidado devemos tomar. Os homens passam, mas a Doutrina é eterna. Se hoje a traímos, amanhã talvez não tenhamos tempo para pedir perdão. Jeremias, orando a Deus, falou no Capítulo 44, versículos 4 e 5: Todavia começando eu de madrugada, lhes tenho enviado os meus servos, os profetas para lhes dizer. Não façais esta coisa abominável que aborrece. Mas eles não obedeceram, nem inclinaram os ouvidos para se converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a outros deuses. Livro Chama Eterna. Abraço. Davi


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