Raja
Yoga. Texto de J. K. Taimni. SAMADHY PADA. Virama pratyayabhyasa purvah
samskara seso nyah. I-18: A IMPRESSÃO REMANESCENTE QUE PERDURA NA MENTE COM A
SUPRESSÃO DO PRATYAYA, APÓS A PRÁTICA ANTERIOR, É A OUTRA (ISTO É, ASAMPRAJNAT
SAMADHI. A natureza da asampraunata samadhi é definida neste sutra. O
significado do sutra deveria ficar claro até certo ponto, à luz do que já foi
dito em relação ao sutra precedente. Estendamo-nos um pouco na análise das
diversas expressões utilizadas neste sutra. Virama pratyaya significa “a
cessação” do pratyaya. Isto, é claro, refere-se à “semente” de samprahnata
samadhi, que é abandonada e desaparece do campo da consciência na prática de
asamprahnata samadhi. Alguns comentaristas interpretam esta expressão como “a
ideia da cessação” ou a “causa da cessação”. Isto significaria que o yogi
medita sobre a ideia da cessação do pratyaya ou sobre para vairagya. Esta
interpretação não parece justificável no presente contexto e, se analisada
cuidadosamente, nada significa senão o abandono da “semente” retida no
samprajnata samadhi anterior. Um yogi que medite sobre uma “semente” pode
suspendê-la com a produção de um estado de vazio da mente, mas não pode deixar
de lado a “semente” de samprahnata samadhi e começar a meditar sobre a ideia de
cessação. Qualquer pessoa pode ver que tal mudança de uma ideia para outra de
natureza inteiramente diferente, em estado de samadhi é impossível. Abhyasa
pirvah significa “precedida pela prática”. Prática de quê? Prática de reter na
mente a “semente” de samprajnata samadhi somente pode ser praticado após a
prolongada prática de samprajnata samadhi. É, como já foi dito antes, uma
condição intensamente ativa, não passiva. De fato, o recolhimento da
consciência em asamprajnata samadhi e sua passagem através do centro laya
dependem da manutenção de uma pressão constante da vontade, que está implícita
no esforço pra manter a mente, exceto o desaparecimento do pratyaya. A pressão
deve ser exercida em samprajnata samadhi antes que possa ser utilizada em
asamprajnata samadhi. O arco deve ser tencionado antes que a flecha seja
liberada para trespassar o alvo. Samskara sesah significa “a impressão
remanescente” A impressão que perdura na mente, depois que pratyaya de um plano
tenha sido suspenso e antes que pratyaya do próximo plano apareça, em condições
normais, só pode ser o vazio. Mas este vazio não é um estado estático, embora
esta possa ser a sensação do yogi quando o atravessa. É uma condição dinâmica,
porque a consciência está sendo lenta ou rapidamente transferida de um plano
para outro. A consciência não pode ficar suspensa indefinidamente no vazio. Ela
precisa emergir em um dos dois lados do centro laya. Se a técnica de nirodha
parinama não tiver sido suficientemente dominada, ela pode ser impelida a
voltar ao plano que acaba de deixar, e, então, as “sementes” que tenham sido
suspensas, reaparecerão. Mas se a mente pode permanecer no “estado de niruddha
por um tempo suficientemente longo, como indicado em III-10, a consciência cedo
ou tarde emergirá no plano superior seguinte. Há dois outros pontos
interessantes que podemos discutir sucintamente antes de deixarmos o assunto
asamprajnata samadhi. Um é a natureza do ponto O, através do qual a consciência
passa de um plano para outro. Esse ponto, que tem sido denominado “centro
laya”, é o centro comum no qual todos os veículos de hivatma estão, digamos,
centralizados. Somente através de tal centro – bindu, em sânscrito, é que pode
ocorrer a transferência da consciência de um plano para outro. Na verdade,
existe apenas o centro da Realidade, cercado por certo número de veículo
concêntrico, e, qualquer que seja o veículo iluminado pela consciência, sua
iluminação tem origem nesse centro. Mas a concentração da consciência num
determinado veículo faz parecer que liga todos os veículos. Um Adepto cuja
consciência esteja permanentemente centrada no plano âtmico, volta
temporariamente sua atenção para um determinado veículo e, por um certo tempo,
os objetos ligados a esse veículo vêm para o campo de sua consciência. O centro
de sua consciência parece, assim, deslocar-se para esse ou aquele veículo mas,
na verdade, não se moveu de modo algum. A consciência, centrada todo o tempo na
Realidade, apenas foi focalizada num ou noutro veículo. É neste sentido específico
que a transferência da consciência de um veículo par outro, em samadhi, deve
ser compreendida, a fim de não sermos envolvidos no absurdo filosófico de
imaginar a consciência que transcende Tempo e Espaço movendo-se de um plano
para outro. O segundo ponto para o qual o estudante deve atentar é que, por ser
o centro comum de todos os veículos o ponto de encontro de todos os planos, é
para ele que a consciência deve sempre se recolher, antes que possa ser
transferida para outro veículo, exatamente como uma pessoa que, transitando por
uma estrada, deve retornar ao cruzamento antes de tomar outra estrada.
Ver-se-á, pois, que asamprajnata samadhi não é senão o recolhimento da
consciência para o seu centro laya, atnes que possa começar a atuar em outro
plano. Se a consciência estabelecer-se permanentemente no centro da Realidade,
como ocorre no caso de um Adepto altamente avançado, a questão do recolhimento
para o centro deixa de existir. Dessa culminância, ele tem uma visão abrangente
de todos os planos inferiores e pode instantaneamente começar a atuar em
qualquer plano que preferir. Pode-se indagar se este centro comum a todos os
veículos é também o centro da Realidade no interior de cada yogi, por que não
tem ele um vislumbre da Realidade ao atravessá-lo, ao passar de um plano para
outro? A possibilidade de tal vislumbre certamente existe em consequência da
natureza única desse ponto. O que, então, impede o yogi de atingir a Realidade
sempre que pratica asamprajnata samadhi? A resposta a esta pergunta está contida
em alguns dos sutras que se encontram na última parte da seção IV. São os
samskaras, ainda perturbando a mente do yogi, obscurecendo sua visão e impedindo-o de ter um vislumbre
da Realidade. Urge que esses samskaras sejam inteiramente destruídos, antes que
o yogi esteja livre para entrar no campo da Realidade, a partir de qualquer
ponto que desejar. Mas, embora o yogi, ainda sobrecarregado com samskara, não
possa ter um claro vislumbre da
Realidade, ele pode sentir, por assim dizer, a Realidade cada vez mais, à
medida que progride na direção de seu objetivo e o fardo de seus samskaras
torna-se mais leve. Visto dessa maneira, cada asamprajnata samadhi sucessivo é
um precursor do nirbija samadhi, que pode, e somente ele, oferecer uma visão
límpida da Realidade. Bhava pratyayo videha prakrtilayanam. I-19: DAQUELES QUE
SÃO VIDEHAS E PRAKRTILAYAS, O NASCIMENTO É A CAUSA. Este sutra e o seguinte têm
por objetivo estabelecer a diferença entre os dois tipos de yogis. O primeiro
tipo de yogi aqui mencionado inclui os chamados videhas e prakrtilayas e seu
transe não resulta da autodisciplina regular referida nos Yoga Sutras. Depende
de seu “nascimento”, isto é, eles possuem a capacidade de passar ao transe de
modo natural, sem esforço, como resultado de uma constituição física e mental
peculiar. No caso do segundo tipo de yogi, o samadhi resulta da prática regular
do Yoga, a qual requer certos traços elevados de caráter, ou seja, fé, energia
etc, mencionados em I-20. Enquanto o significado de I-20 é bastante claro e
óbvio, a interpretação de I-19 tornou-se confusa, em face dos diversos
significados dados as palavras bhava, videha e prakrtilaya pelos vários
comentaristas. Vejamos, portanto, se não seria possível encontrar-se uma
interpretação razoável deste sutra, com base na experiência e no bom senso, ao
invés de significados artificiais que apenas causam confusão. O primeiro ponto
a ser notado na interpretação deste sutra é que ele realça um tipo de yogi, em
contraste com aquele mencionado em I-20. Quais são as características dos yogis
descritos em i-20? Quais são as características dos yogis descritos em I-20? No
caso deles, o estado de samadhi, ou iluminação, é precedido por fé, energia,
memória, elevada inteligência, em outras palavras, é o resultado da posse, pelo
yogi, daqueles traços essenciais de caráter necessários em qualquer
empreendimento elevado. Os verdadeiros yogis desse tipo atingem seus objetivos
de maneira normal, adotando os meios normais preconizados nos Yoga Sutras.
Deduz-se, portanto, que os yogis do outro tipo, mencionado em I-19, não devem
suas faculdades e poderes do Yoga, quaisquer que sejam eles, à situação dos
meios comuns. Suas faculdades e poderes vêm-lhes de um modo anormal. Este é um
ponto importante, que fornece uma chave
do significado do sutra. Quem são os yogis que porventura possuem as faculdades
e os poderes do Yoga sem utilizarem os meios comuns? Qualquer pessoa ligada
aqueles que detêm essas faculdades ou poderes, possivelmente se defrontará com
alguns casos em que tais poderes e faculdades não resultem da prática do Yoga
nesta vida, mas surjam ao longo de sua vida, naturalmente, sem qualquer esforço
considerável de sua parte. Essas pessoas nascem com tais faculdades ou poderes,
fato que é também corroborado em IV-1, sendo o “nascimento” mencionado nesse
sutra como um dos meios de adquirir siddhis. Bhava – palavra sânscrita – tem
também a conotação de “acontecer”, fortalecendo ainda mais a ideia da natureza
acidental da presença dessas faculdades. É claro que nada há de realmente
acidental no Universo, que é governado por leis naturais em todas as esferas.
Tudo que acontece resulta de causas conhecidas ou desconhecidas, e o eventual
aparecimento de poderes psíquicos não é exceção a esta Lei. Surge agora a
questão sobre quem sejam os videhas e os prakritilayas, os dois tipos de
pessoas em que aparecem esses poderes psíquicos sem qualquer causa aparente. A
palavra vidha, literalmente, significa “incorpóreo”, enquanto prakrtilaya, quer
dizer “fundido em prakrti”. Alguns
comentaristas atribuíram significados a essas palavras, aparentemente
artificiais e injustificáveis no contexto em que o sutra está colocado.
Videhas, muito provavelmente, refere-se ao grande número de psíquicos
espalhados por todo o mundo, e que são médiuns por natureza. O psíquico é uma
pessoa com uma constituição física peculiar, consistindo esta peculiaridade na
facilidade com que o corpo físico denso pode ser parcialmente separado do duplo
etérico ou pranamaya kosa. É esta peculiaridade que permite ao psíquico entrar
em transe e a exercitar alguns poderes psíquicos. É possível que a palavra
videha deva sua origem a esta peculiaridade da pessoa de ser capaz de tornar-se
parcialmente “desincorporado”, peculiaridade acompanhada da capacidade de
exercer faculdades psíquicas de um tipo espúrio. Da mesma forma, prakrtilayas
não são uma classe elevada de yogis que tenham obtido alguma espécie de moksa,
como sugerem alguns comentaristas. Por outro lado, eles são pseudo yogis que
têm a capacidade de entrar numa espécie de estado passivo, ou transe, que
externamente se assemelha ao samadhi, mas não é o verdadeiro samadhi. Tal
samadhi é chamado jada samadhi. No verdadeiro samadhi a consciência do yogi
vai-se fundindo cada vez mais com a Mente Universal e, depois, com a Consciência
Universal – que é Caitanya. Como podem aqueles que estão fundidos em prakrt,
que é jada, ser considerados yogis avançados! Esses pseudo yogis são
encontrados em grande quantidade e, sem dúvida, possuem certa capacidade de
refletir a consciência superior em seus veículos. Tais poderes, porém, não
estão sob seu controle, e a consciência que eles trazem para este plano é
obscurecida, dando-lhes, na melhor das hipóteses, uma sensação de paz e de
força, e uma vaga compreensão do Grande Mistério oculto neles. Esses poderes
são, sem dúvida, devidos aos samskaras vindos à tona a partir das vidas
passadas, nas quais eles praticaram Yoga, mas também fizeram algo que lhes
cortou o direito de temporariamente fazer mais progressos. Esses samskaras
dão-lhes uma constituição peculiar dos veículos inferiores, mas não a vontade e
a capacidade de trilhar a Senda regular do Yoga. Somente no caso dos
verdadeiros yogis, mencionados no próximo sutra, é que essas qualificações
estão presentes. A interpretação do sutra, da forma como foi referida acima,
está em completo desacordo com as que foram dadas por conhecidos comentaristas
ortodoxos. Sem autoridade que a apoie, pelo menos tem a vantagem de basear-se
no bom senso e em fatos da experiência. Se constituem o contexto do sutra, é
evidente que os yogis mencionados no sutra constituem uma pseudo variedade,
inferiores aos que trilham a Senda normal do Yoga, descrito nos Yoga Sutras. De
fato, é provavelmente para ajudar o neófito a evitar confusão sobre este
assunto que Patanjali chamou a atenção para essa distinção. Se Patanjali queria
falar do tipo dos pseudo yogis, acima mencionado, quando utilizou as palavras
videhas e prakrtilayas, é difícil afirmar, mas, dada a natureza teórica da
questão, isso não trará grandes consequências. Sraddha virya smrti samadhi
prajnapur vaka itaresam. I-20: NO CASO DOS OUTROS (UPAYA PRATYAYA YOGIS) FÉ,
ENERGIA, MEMÓRIA E GRANDE INTELIGÊNCIA PRECEDEM E SÃO NECESSÁRIAS PARA O
SAMADHI. No caso dos verdadeiros yogis, em contraste com os pseudos yogis mencionados
no sutra anterior, a conquista dos diversos estados progressivos de
consciência, em samadhi, é precedida pela presença, no sadhaka, de certos
traços de caráter, essenciais para que se alcance um ideal espiritual elevado.
Patanjali mencionou somente quatro desses traços no sutra, mas a lista não
pretende, necessariamente, ser exaustiva e, assim, cada traço mencionado tem
implicações bem maiores que o significado literal da palavra. A ideia
essencial, que o autor obviamente procura enfatizar e que o estudante deve
tentar entender, é que a conquista do verdadeiro ideal do Yoga é a culminação
de um longo e severo processo de construção do caráter e de disciplina, para o
desabrochar de nossos poderes e faculdades a partir do nosso inteiro, e não o
resultado do acaso, de proezas, de favores concedidos por alguém, ou da adoção
de métodos vulgares de uma cultura autodidata, adquirida de maneira aleatória.
Este aviso é necessário à vista do desejo oculto de grande número de
aspirantes, de usufruir os frutos da prática do Yoga sem passar pelo necessário
treinamento e disciplina. Ao invés de seguir a verdadeira Senda do Yoga e
tentar desenvolver em si mesmos as necessárias qualificações, eles estão sempre
procurando métodos fáceis e novos instrutores, que eles esperam estejam aptos a
conceder-lhes siddhis etc, com favores. As quatro qualificações dadas por
Patanjali são: fé, energia indomável ou vontade, memória e inteligência aguçada
– essencial para samadhi. Fé é a convicção eficácia da técnica do Yoga, em possibilitar-nos
atingir o objetivo. Não é a crença comum, que pode ser abalada por argumentos
contrários ou fracassos repetidos, mas aquele estado de certeza interior, que
se faz presente onde uma mente purificada é irradiada pela luz de buddhi ou
intuição espiritual. Sem uma fé como esta é impossível a alguém pela luz de
buddhi ou intuição espiritual. Sem uma fé como esta é impossível a alguém
perseverar através de muitas vidas, necessárias ao aspirante comum para
realizar o objetivo da disciplina do Yoga. A palavra virya, em sânscrito, não
pode ser traduzida. Combina em si mesma as conotações de energia, determinação,
coragem, enfim, todos os aspectos de uma vontade indomável, que, em última
instância, sobrepuja todo os obstáculos e força seu caminho para o objetivo
desejado. Sem este traço de caráter não é possível a alguém fazer o esforço
quase sobre humano que é requerido no exercício da disciplina do Yoga até o
fim. A palavra smrti não é usada aqui no seu sentido psicológico comum de
memória, mas com um sentido especial. Acontece à grande maioria dos aspirantes,
na Senda, que as lições da experiência sejam esquecidas muitas e muitas vezes
e, por conseguinte, precisem ser repetidas, o que redunda em enorme perda de
tempo e esforço. O yogi precisa adquirir a capacidade de prestar atenção às
lições da experiência e retê-las em sua consciência, para futura orientação.
Imagine-se, por exemplo, um homem que esteja sofrendo de indigestão. Ele sabe
que determinada espécie de alimento, do qual gosta, não lhe faz bem, mas,
quando este alimento lhe é apresentado, ele esquece todos os sofrimentos que
passou, cede às tentações, ingere o alimento e passa mais uma vez pelo
sofrimento. Este é um exemplo rudimentar, mas que ilustra um estado da mente
geralmente presente e que deve ser mudado antes que se torne possível o
progresso no Yoga. Temos passado por todo tipo de infortúnios, vida após vida,
a miséria da velhice, a de sermos afastados daqueles a quem amamos, o dos
desejos não satisfeitos. Por quê? Porque
as lições dessas misérias não deixaram uma impressão permanente em nossa mente.
O aspirante à Liberação deve, assim, ter a capacidade de aprender, rapidamente,
com todas as experiências e, finalmente, não ter que repeti-las, mais e mais
uma vez, por falta de lembrança das lições que delas vieram. Se nos fosse
possível reter, permanentemente, tais lições em nossa memória, nossa evolução
seria extraordinariamente rápida. A capacidade de reter tais lições em nossa
consciência dá uma finalidade a cada um dos estágios em nossa viagem para a
frente e evita que retrocedamos mais e mais vezes. Samadhi prajna significa o
peculiar estado da mente ou consciência, essencial à prática de samadhi. Nesse
estado, a mente volta-se habitualmente para dentro, empenhada na busca da
Realidade oculta em seu interior, absorta nos profundos problemas da vida,
esquecida do mundo externo, ainda que tomando parte em suas atividades. Samadhi
prajna, obviamente, não pode referir-se ao estado de consciência durante o
samadhi, já que precede o estado de samadhi, e samadhi é o objetivo do Yoga. Se
samadhi tiver sido atingido com base na técnica regular do Yoga (upaya
pratyaya_ trata-se, então, de samadhi verdadeiro, em que o yogi está
vividamente consciente das Realidades dos planos super físicos, e pode trazer
consigo o conheciemtno dos planos superiores, quando ele volta para o corpo
físico. Ele detém total controle de seus veículos todo o tempo, podendo passar
de um plano para outro sem sofrer qualquer perda de consciência. Por outro
lado, se samadhi é o resultado do seimples nascimento (bhaya pratyaya), então
ele não é o verdadeiro samadhi, como já foi dito anteriormente. Este tipo
espúrio de samadhi pode, quando muito, oferecer vislumbres imprecisos dos
planos superiores, que não são confiáveis e não estão sob o controle da vontade
– e mesmo estes podem desaparecer tão imprevisivelmente com apareceram. Tivra
samveganam asannah. I-21: O SAMADHI ESTÁ MAIS PERTO PARA AQUELES CUJO DESEJO
PELO SAMADHI É INTENSAMENTE FORTE. Este sutra e o próximo definem os principais
fatores dos quais depende a velocidade dos progressos obtidos pelo yogi rumo ao
seu objetivo. O primeiro fator é o grau de dedicação. Quanto mais ardentemente
ele desejar atingir o objetivo de sua busca mais rápido será seu progresso. Em
qualquer linha de empreendimento, o progresso é em grande parte, determinado
pela seriedade. Uma grande intensidade de desejo polariza todos os poderes e
faculdades mentais e, assim, ajuda enormemente a realização de objetivos de uma
pessoa. Mas o progresso no Yoga depende da determinação do aspirante, em muito
maior grau, e por esta razão. No caso de
objetivos ligados ao mundo externo, o progresso implica mudanças no mundo
exterior, condições que podem ser não tão favoráveis quanto desejado. Mas, no
caso do objetivo do Yoga, as mudanças envolvidas estão todas dentro da
consciência em seus próprios veículos. Há, portanto, menos dependência de
circunstâncias externas e as internas, acima mencionadas, são mais sujeitas ao
seu controle. Se um homem ambicioso deseja galgar uma posição de poder e
influência, tem que lidar coma as mentes e atitudes de milhões de pessoas, mas
o yogi tem que lidar apenas com uma única mente – a sua própria. É muito mais
fácil lidar com a própria mente do que com a dos outros, desde que se seja
sério. Nada realmente se interpõe entre o yogi e seu objetivo, exceto seus
próprios desejos e fraquezas que podem ser eliminados rápida e facilmente,
desde que se queira tal coisa seriamente. Isto porque esses desejos e fraquezas
são, em sua maioria, de natureza subjetivas, exigindo meramente compreensão e
mudança de atitude. “Sabeis que sofreis por vossa própria culpa. Nenhum outro
vos incita ou vós retém para fazer-vos viver e morrer. Fazendo –vos girar na
roda da vida e da morte e abraçar e abraçar e beijar seus raios de agonia” A
LUZ DA ÁSIA – Edwin Arnold (1832-1904). Segundo um grande sábio, é mais fácil
conhecer seu átma do que colher uma flor, pois no segundo caso você tem que
estender sua mão, enquanto no primeiro você tem somente de olhar para dentro.
Dificilmente o estudante necessita ser lembrado de que na prática essencial do
Yoga estamos lidando com o recolhimento da consciência pra dentro de si mesma e
não com qualquer mudança material. O processo é mais de natureza de “deixar ir”
do que de “construir” algo, o que, logicamente toma tempo. Isvara pranidhana,
por exemplo, que é um meio independente e auto suficiente de ocasionar samadhi,
pode ser desenvolvido com extraordinária
rapidez, quando uma alma espiritualmente madura entrega-se de todo o coração a
Isvara. Trata-se ai de “desprender-se” de nosso apego as atrações e buscas da
vida mundana e, neste processo, o processo pode ser extremamente rápido. De
fato, todo ele pode ser executado instantaneamente determinados. Enquanto que o
“reter” exige força e esforça, o “desprender-se” não requer qualquer força ou
esforço e pode ser conseguido com uma simples mudança de atitude. A real
dificuldade, para a maioria dos aspirantes, é que o grau de determinação é
muito débil, e não há suficiente pressão da vontade para vencer todas as
barreiras e dificuldades que surgem em seu caminho. Fraquezas e desejos
que simplesmente se desvaneceriam nuam
atmosfera de seriedade e enfoque realístico em relação aos problemas da vida,
continuam a mantê-los escravizados, ano após ano, vida após vida, por não
existir o desejo é condição sine qua non para um rápido progresso no caminho do Yoga e não há um limite para a
redução do tempo requerido para a conquista do objetivo. De fato, a Auto
Realização pode ser instantânea, se a intensidade e a sinceridade do desejo
forem igualmente grandes – mas há ai um grande “se”. Geralmente, a intensidade
do desejo aumenta gradualmente, com o progresso do aspirante, e somente quando
ele se aproxima de seu objetivo é que o ritmo necessário é atingido. Há que
mencionar, porém, que esse desejo de encontrar o Eu Superior, não é desejo no
sentido comum – somente utilizamos as mesmas palavras por falta de outras que melhor exprimam
nossas ideias. A palavra “desejo”, no caso, significa mais a qualidade da
vontade indomável, da intensa concentração de propósito ante a qual todos os
obstáculos e dificuldades dissolvem-se gradualmente. É devido ao fato de este
mumuksutva refletir-se, as vezes, no campo emocional de nossa consciência e ali
produzir uma intensa aspiração de realização de nosso objetivo, que se
justifica chama-lo de desejo. Livro A Ciência do Yoga. Abraço. Davi.
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