Astrologia.
Texto de Ricardo Lindemann. Capítulo Dois. O PRINCÍPIO DA POLARIDADE.
PASSAREMOS A CONSIDERAR O PRINCÍPIO DA POLARIDADE conforme a tradição
hermética: “Tudo é duplo, tudo tem polos; tudo tem o seu oposto; o igual e o
desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas
diferentes em grau; os extremos se tocam; todos as verdades são meias verdades;
todo os paradoxos podem ser reconciliados”. Então, quando se criar o mais um
tem que se criar o menos um, quando se criar o mais dois tem que se criar o
menos dois, para que o equilíbrio possa ser preservado e a soma possa ser zero.
A Divindade representa o elemento gerador de todos os polos, no entanto,
verificaremos que os opostos são de alguma forma idênticos em natureza, como
seria o caso do cubo de gelo e do vapor d’água, os dois são água
essencialmente, mas o que os diferencia é o grau da temperatura, e por isso um
pode ser convertido no outro. Esse é o grande ponto da alquimia mental a ser
utilizado em práticas de meditação, que o signo de Áries procura desenvolver as
virtudes de Libra e que o signo de Libra procura desenvolver as virtudes de
Áries, para que assim os dois possam encontrar aquele “Cristo em vós a
esperança da glória”, em Colossenses 1,27; o ponto central no mural de Leonardo
da Vinci. O PRINCÍPIO DA POLARIDADE enfatiza “que os extremos se tocam, que
todas as verdades são meias verdades e que todos os paradoxos podem ser
reconciliados”. É curioso que o fogo queime tanto quanto o gelo em temperaturas
extremas, que o quente e o frio acabem ambos nos queimando. Eu disse certa vez
a um amigo brasileiro que ia visitar a China: “Se tu fores mais longe, acabarás
voltando pelo outro lado”. Outro exemplo é o de como o número de mortos nos
campos de concentração nazistas, pelas ordens de Adolfo Hitler (1889-1945) na
II Guerra Mundial (1/09/1939 – 2/09/1945) é tragicamente semelhante ao dos
eliminados pelas ordens de Josef Stalin (1878-1953) nas prisões da Sibéria. Ou
seja, a conduta da extrema direita representada pelo primeiro é tragicamente
semelhante, nos seus resultados extremos, à conduta da extrema esquerda
representada pelo segundo. Como dizia Jiddu Krishnamurti (1895-1986): “A
esquerda, afinal de contas, é a continuação da direita, sob forma modificada.
Se a direita tem seus fundamentos nos valores sensoriais, a esquerda não é mais
do que uma continuação dos mesmos valores com diferença apenas de grau ou de
expressão”. Portanto, nos extremos as condutas se assemelham, ou seja, os
extremos se tocam nas polaridades. Nós, porém, não queremos encontrar essa
correspondência pelos defeitos ou vícios, mas sim pelas virtudes, pela
complementaridade. E é isso que nós vamos desenvolver ao longo desse livro,
convidando os leitores a acompanhar aqui o seu próprio signo, o signo de Áries,
o signo de Libra, ou quem sabe o signo de Touro e os signo de Escorpião, que
formam o segundo polo, ou ainda o signo de Gêmeos correspondendo por seu oposto
ao de Sagitário, como também o de Câncer ao de Capricórnio, e assim por diante
o de Leão ao Aquário, e pro último, mas não menos importante, o signo de Virgem
e o signo de Peixes. O Cristo no centro do mural é um dos símbolos da Última
Ceia de Da Vinci que talvez seja o mais inspirador, porém ele não deve ser
confundido com nenhuma das dozes partes ou signos, porque ele representa o Todo
integrado, o mais sagrado, ele é na verdade, a soma dos doze. Existem três
janelas por onde passa a luz, sendo que o Cristo está exatamente posicionado no
centro. Agora, se observarem que é precisamente isso que acontece no nascimento
do Sol, entre os dois solstícios (cada uma das duas datas do ano em que o
Sol atinge o maior grau de afastamento
angular do equador, no seu aparente movimento no céu) de inverno e verão, nos
dias 21 de dezembro e 21 de junho no hemisfério norte, ou o inverno no sul, e a
posição equinocial que se dá na bissetriz do ângulo (é a semi-reta com origem
no vértice desse ângulo, dividindo-o em dois outros ângulos congruentes)
exatamente no meio, nós verificaremos que os dias 21 de março ou 23 de
setembro, equivalente à posição central, do nascimento do Sol, sempre foram
consideradas, nas Tradições e Mistérios, como as datas mais sagradas na Grécia,
no Egito, quando o Sol nascia no centro do Templo de Luxor, Karnak, quando ele
nascia orientado pela posição equinocial exatamente no Leste, em Stonehenge (é
uma magnífica estrutura composta, formada por círculos concêntricos de pedra
que chegam a ter 5 metros de altura e a pesar quase 50 toneladas, onde se
identificam três períodos construtivos: primeiro 3.100 AC, segundo 2.150 AC e o
terceiro 2.075 AC compreendendo a estrutura atual – encontra-se na planície de
Salisbury no sul da Inglaterra. Estima-se que os Stonehenge consumiram mais de
trinta milhões de horas de trabalho de seus construtores) este era o dia da
Iniciação. Então, a posição do Cristo neste magnífico trabalho de Leonardo da
Vinci intitulado o Cenáculo ou a Última Ceia, coloca o Cristo na posição mais
sagrada do Templo e acima de tudo ele está a simbolizar que a posição sagrada
dentro de nós está no meio caminho entre os opostos. Também o Budha dizia que o
caminho que leva ao Nirvana é o Caminho do Meio, o Magga-Satya. De modo que
neste sentido ressaltamos o Princípio da Polaridade que diz que “na Natureza
tudo é duplo, tudo tem polos, tudo tem o seu oposto”. Esse é um princípio do
hermetismo, que o igual e o vapor d’água, ambos são iguais na Natureza, mas
diferentes em grau”, justamente é o grau da temperatura que distingue o gelo da
água, os extremos se tocam, todas as verdades são meias verdades e por isso
todos os paradoxos podem ser reconciliados. Nosso primeiro objetivo é tentar
reconciliar esses opostos, e o exemplo mais vívido que eu poderia apresentar,
se nós apenas percebêssemos que no mural da Última Ceia estão representadas as
quatro estações do ano. A primavera representada no primeiro grupo de três
apóstolos à direita. Na sequência o verão, o outono e o inverno nos outros três
grupos de três apóstolos, sempre da direita para a esquerda. É que isso
corresponde ao recuo aparente do Sol, quando na verdade é a Terra que está
dando a volta no Sol, mas se nós projetarmos como o Sol é visto ao longo das
estações do ano, veremos que há um recuo aparente projetado nas constelações.
Assim, na Astrologia, a primavera e o verão projetam a declinação solar no
Hemisfério Norte, e depois o outono e o inverno, declinação solar no Hemisfério
Sul. O Cristo simboliza o equilíbrio harmonioso e imparcial da Justiça Divina,
pois com a mão esquerda ele se doa e com a direita ele recolhe, numa posição de
equilíbrio como o Sol se doa em luz e calor na primavera e no verão, e em
alguma medida proporcionalmente se recolhe no outono e no inverno, quando a
Natureza vive daquilo que acumulou num período mais iluminado e produtivo.
Então, na primavera se produzem as luzes, que vão nutrir as folhas para a
fotossíntese e o florescimento, para depois surgirem os frutos, quando aquelas
flores foram assim fecundadas na primavera, surgem os frutos no verão e depois
no outono caem as folhas, e por último no inverno, se vive daquilo que se
acumulou nas estações mais iluminadas até que surja uma nova primavera. E essa
ideia, cíclica e rítmica da vida, é outro dos princípios básicos do hermetismo.
Também na tradição oriental podemos encontrar: “O mal não tem existência per se
e é apenas a ausência do bem, e existe apenas para aquele que é transformado em
vítima sua (...). A Natureza é destituída de bondade ou maldade: ela segue
apenas leis imutáveis quando dá vida e alegria ou manda sofrimento e morte,
destruindo o que havia criado. A Natureza tem um antídoto para cada veneno, e
suas leis possuem uma recompensa para cada sofrimento (...). O verdadeiro mal
surge da inteligência humana e sua origem está inteiramente no homem que
raciocina e se dissocia da Natureza (...) a origem de cada mal, seja pequeno ou
grande, está na ação humana, no homem, cuja inteligência faz dele o único
agente livre da Natureza. A aplicação prática desse antídoto, segundo o Yoga é
sintetizada por Patanjali: “Quando a mente é perturbada por pensamentos
impróprios, a constante ponderação sobre os opostos é o remédio”. Livro A
Ciência da Astrologia e As Escolas de Mistérios. Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário