Raja
Yoga. Texto de I. K. Taimni (1898-1978). SAMADHI PADA. Vitarka vicaranandasmitanugamat
samprajnatah. I-17. SAMPRAJNATA SAMADHI É AQUELE QUE É ACOMPANHADO POR
RACIOCÍNIO, REFLEXÃO, BEM-AVENTURANÇA E SENTIDO DE PURO SER. I-17 e I-18 tratam
das duas variedades de samadhi, chamadas samprajnata e asamprajnata. Antes de começarmos
a comentar estes dois sutras importantes, é aconselhável que examinemos, de
maneira geral, a natureza de samadhi e o inter relacionamento dos diferentes
tipos e estágios de samadhi, mencionados nos Yoga Sutras. Isso tornará mais
fácil para o estudante o manejo desse tema que é muito difícil, embora
fascinante, habilitando-o a observar seus diferentes aspectos no que tange a
seu verdadeiro relacionamento. Com bastante frequência, o tema samadhi é
analisado de maneira casual e desconexa, sem qualquer esboço no sentido de
visualizar suas diferentes partes numa perspectiva correta. Como os sutras
concernentes aos diferentes aspectos de samadhi estão espalhados por diferentes
partes dos Yoga Sutras, ajudará o estudante se uma breve análise desses sutras
for feita aqui, indicando-se a ordem em que devem ser estudados. A maneira como
o assunto samadhi é tratado nos Yoga Sutras pode parecer ao estudante um tanto
estranha. Entretanto, é bom se lembrar de que esses sutras pretendem prover, de
uma forma muito condensada, todo o conhecimento essencial ao estudante avançado
do Yoga e não servir como uma apresentação para o principiante que ainda deve
aprender o A-B-C do assunto. Eis a razão por que Patanjali permite-se mergulhar
numa discussão sobre os aspectos mais ocultos de samadhi, na seção I, e tratar
dos diversos estágios de concentração que levam a samadhi, na seção III. Esta
maneira de tratar um tema complexo deve parecer muito confusa ao estudante
moderno, para quem as condições de compreensão de qualquer assunto são tão
facilitadas quanto possível. Assim, se o assunto é novo para o estudante, e
suas ideias não são muito claras, talvez seja melhor para ele direcionar o
estudo dos sutras referentes a samadhi do seguindo modo: 1. Os três estágios da
meditação conduzindo a samadhi (III-1 a 4). 2. Samprajnata e asamprajnata
samadhi (I-17,18). 3. O processo essencial envolvido em sabija samadhi (I-41).
4. As diferentes fases de sabija samadhi (I-42 a 50). 5. A técnica de nirbija
samadhi (I-51; III-8; IV-26 a 29). 6. Os três tipos de transformações
envolvidas em samadhi (III-9 a 12). Em geral, samadhi pode ser definido como um
mergulho nas camadas mais profundas da consciência de quem esteja operando
através dos diferentes graus da mente. A consciência é um aspecto da Realidade
Última em manifestação e sua expressão depende do grau específico da mente
através da qual ela esteja atuando – quanto mais grosseiro o meio, mais
limitada a expressão. Da mesma forma que a progressiva involução da consciência
na matéria, para fins de seu desdobramento, impõe-lhe crescentes limitações,
progressivamente o processo reverso da evolução liberta a consciência destas
limitações. Os diferentes estágios de samadhi representam esta liberação
progressiva da consciência em relação às limitações em que se encotra
envolvida, sendo que kaivalya é o estado em que ela pode novamente funcionar em
perfeita liberdade. Como a consciência funciona em diferentes níveis, em
diferentes graus da mente, através de diferentes mecanismos chamados veículos ou
kasas, sua liberação progressiva das limitações pode ser encarada sob outro
ponto de vista. Pode ser considerada, por exemplo, sua retirada de um veículo
para outro mais sutil. Cada veículo tem suas próprias funções e limitações, mas
as funções tornam-se mais abrangentes e as limitações mais tênues, à medida que
compõe o veículo torna-se mais refinada. A progressiva retirada da consciência
em samadhi, para veículo cada vez mais sutis, é representada, no diagrama, como
“estágios de samadhi”. O diagrama é suficientemente auto explicativo, mas só
pode ser compreendido em sua totalidade quando tiverem sido estudados,
detalhadamente, os diferentes aspectos de samadhi. O primeiro aspecto de
samadhi, com o qual se ocupa Patanjali na seção I, é a distinção entre samprajnata
e asamprajnata samadhi. Há muitos mal entendidos com relação à natureza destes
dois tipos de samadhi e muitos estudantes os confundem com sabija e nirbija. De
fato, os termos referentes aos diferentes tipos de samadhi são geralmente
usados, por comentaristas, de maneira casual, sendo quase sempre negligenciadas
as distinções sutis que caracterizam as diversas espécies e fases de samadhi.
Um estudante dos Yoga Sutras precisa ter em mente que este é um tratado
científico, em que cada palavra tem um significado específico e definido, e não
há possibilidade de descuido quanto a expressões utilizadas ou de uso de
palavras alternadas para uma mesma ideia. Quando Patanjali utiliza dois pares
de palavras – samprajnata e asamprajnata, de um lado, e sabija e nirbija, de
outro, em contextos inteiramente diferentes, é porque ele está tratando de duas
ideias ou assuntos inteiramente diferentes, e atribuir o mesmo significado a
dois pares de palavras demonstraria falha na interpretação de todo o assunto.
Mais adiante discutiremos o significado de sabija e de nirbija sadhis.
Tentemos, primeiramente, entender o que significam samprajnata e asamprajnata
samadhi. Como frequentemente acontece na utilização das palavras sânscritas, a
chave para o significado de determinada palavra é dada por sua estrutura
etimológica. Samprajnata samadhi quer dizer “samadhi comprajna”. O prefixo “a”,
em sânscrito, significa “não” e, portanto, asamprajnata quer dizer “não o
samadhi com prajna”. Consequentemente, asamprajnata samadhi não é samadhi sem
prajna, que seria o oposto de samprajnata samadhi. É um estado de samadhi que,
embora associado com prajna, é, entretanto, diferente de samprajnata samadhi.
Portanto, pode ser considerado um correlato do samprajnata samadhi. A palavra
prajna, em sânscrito, significa a consciência superior atuando através da mente
em todos os seus estágios. Deriva de pra, que quer dizer “elevado” e jna, que
significa “conhecer”. A característica que distingue essa consciência superior,
a qual se desenvolve em samadhi, é que a mente é completamente isolada do mundo
físico, e a consciência é centralizada em um ou outro grupo de veículos,
começando pelo corpo mental inferior e finalizando com o veículo âtmico. A
consciência está, assim, livre da carga e da interferência do cérebro físico.
Se tanto samprajnata quanto asamprajnata samadhis são ligados a prajna
samprajna, onde está a diferença entre os dois? A diferença está na presença ou
na ausência de um pratyaya no campo da consciência. Pratyaya é um termo técnico
utilizado em Yoga para designar o conteúdo total da mente a qualquer momento –
aqui a palavra “mente” é usada em seu sentido mais amplo e não apenas como
intelecto. Este pratyaya pode ser de qualquer tipo e pode existir em qualquer
plano da mente. Uma imagem mental de uma criança, um conceito de um princípio
matemático, uma visão todo abrangente de Unidade da vida são todos pratyayas de
diferentes tipos e pertencentes a diferentes planos. Todavia, em samprajnata
samadhi há um pratyaya (chamado semente) no campo da consciência, e a
consciência é inteiramente dirigida para ele. A consciência é, assim, dirigida
do centro para o exterior. Em asamprajnata samadhi não há pratyaya e, portanto,
nada há que retire a consciência para o exterior e que a retenha ali. Deste
modo, tão logo o pratyaya (P) é abandonado ou suprimido, a consciência começa a
retroceder automaticamente, para seu centro (O), e, depois de passar
momentaneamente através deste centro laya, tende a emergir no próximo veículo
mais sutil. Completado este processo, pratyaya (P) do plano seguinte mais
elevado aparece, e a direção da consciência novamente se dá do centro para
fora. Os estágios progressivos do recolhimento da consciência para seu centro e
sua emergência no plano seguinte mais elevado podem ser ilustrados (...). Desde
o instante em que o pratyaya (P) é suprimido até o momento em que o pratyaya
(P’) do plano seguinte aparece, o yogi está no estágio de asamprajnata samadhi.
Durante todo esse tempo, ele está plenamente consciente e sua vontade está
dirigindo essa delicada operação mental de maneira muito sutil. A mente, sem
dúvida está num espaço em branco, mas é o espaço em branco de samadhi, e não o
tipo de vazio que normalmente acontece no estado de sono profundo ou coma. A
mente ainda está completamente desligada do mundo exterior, está ainda
perfeitamente concentrada, está ainda sob o total controle da vontade.
Asamprajnata samadhi, portanto, representa uma condição muito dinâmica da mente
e difere de samprajnata samadhi somente quanto à ausência do pratyaya no campo
da consciência. Em intensidade de concentração e atenção da mente é tal qual
samprajnata samadhi. Daí ser indicado pelo simples acréscimo do prefixo a ao
“samprajnata samadhi”. O vazio de asamprajnata samadhi é, às vezes, chamado de
“nuvem”, na terminologia do Yoga, e a experiência pode ser comparada à de um
piloto cujo avião penetra em uma massa de nuvens. A límpida paisagem torna-se
subitamente embaçada, desaparece o sentido comum de direção e ele voa na
certeza de que, se conseguir se manter, chegará, mais uma vez, ao céu claro.
Quando a consciência do yogi sai de um plano e o pratyaya desse plano
desaparece, ele se encontra num vazio e deve ali permanecer até que sua
consciência, automaticamente, emerja no plano seguinte, com seu novo e
característico pratyaya. Ele nada pode fazer senão esperar, pacientemente, com
a mente concentrada e alerta, que as trevas dissipem-se e a luz do plano
superior surja em sua mente. No caso do yogi avançado, esta experiência pode
ser repetida muitas vezes, e ele passa de um plano para outro até que, do mais
sutil dos planos, o âtmico, ele dá o mergulho final na Realidade – a
consciência do purusa. A “nuvem” na qual ele agora entra é chamada de dharma
megha, por motivos que serão explicados em IV-29. Quando ele sai dessa “nuvem”
sagrada, já deixou para trás o domínio de prakrti e encontra-se em seu próprio
svarupa. Pode-se ver, portanto, que, no recolhimento progressivo da
consciência, do plano mental inferior, para sua origem, samprajnata samadhi com
seu característico pratyaya e asamprajnata samadhi com seu vazio seguem um ao
outro, alternando-se sucessivamente, até que a última barreira tenha sido
transposta e o yogi esteja estabelecido em seu svarupa e sua consciência
tenha-se unificado com a consciência do purusa. O recolhimento da
consciência em direção ao seu centro não
é, assim, um mergulho firme e ininterrupto em profundidades cada vez maiores,
mas consiste em alternados movimentos de consciência, para fora e para dentro,
em cada barreira que separa dois planos. O tempo empregado na passagem pelos
diferentes planos e vazios intermediários depende do progresso alcançado pelo
yogi. Enquanto o principiante pode permanecer enredado nos planos inferiores
por um tempo considerável, ao longo de anos, o yogi mais adiantado pode
transferir sua consciência de um plano para outro com a rapidez de um
relâmpago, enquanto, no caso de um Adepto que tenha atingido Kaivalya todos os
planos realmente se fundem em um só, porque a passagem pra cima ou para baixo é
tão rápida e fácil, que basta apenas focalizar a consciência em um ou outro
veículo. Em geral, quando o yogi ainda está aprendendo a técnica de samadhi,
precisa empregar considerável tempo num determinado plano, estudando seus
fenômenos e suas leis, antes de estar em condição de tentar passar ao plano
superior seguinte. Seu progresso depende não apenas do atual esforço, mas
também do impulso do passado e dos samskaras que traz de suas vidas anteriores.
A ciência do Yoga não pode ser dominada em uma única vida, mas exige uma
sucessão de vidas de persistência e devotamento exclusivo ao ideal do Yoga. E
os impacientes, que não podem adotar esta remota expectativa, ainda não estão
qualificados a ingressar nessa Senda e progredir firmemente na direção de seu objetivo.
Após tratar genericamente da natureza de samprajnata e asamprajnata samadhis,
consideremos agora os dois sutras em que Patanjali fez referência a esses aspectos de samadhi. Em I-17 ele
menciona as características da consciência que se desdobra nos quatro estágios
de samprajnata samadhi, correspondentes aos quatro estágios dos gunas
mencionados em II-19. A palavra anugamat significa “associado com” ou
“acompanhado por”, e o sutra, portanto, num sentido amplo significa que as
quatro fases ou estágios sucessivos de samprajnata samadhi são acompanhados
pelas atividades ou estados da mente denominados, respectivamente, vitarka,
vicara, ananda e asmita. Qualquer pessoa familiarizada com a antiga
classificação do Vedanta, ou a moderna classificação teosófica dos planos de
manifestação e das funções dos veículos nesses planos, facilmente perceberá
quão próximo esse progressivo desabrochar da consciência, através dos quatro
estágios mencionados no sutra, corresponde a esta classificação. A
classificação dos elementos que constituem o lado fenomenal do Universo, de
acordo com as filosofias Samkhya e do Yoga é funcional e não estrutural, e é
obviamente a razão por que Patanjali, ao assinalar os sucessivos estágios de
samprajnata samadhi, indicou somente as funções essenciais e dominantes da
mente e não os nomes dos veículos através dos quais estas funções são
exercidas. Há algo a ser dito a favor desta representação funcional dos
estágios em comparação com a estrutura de qualquer forma particular de
classificação dos planos e da terminologia adotada em relação a eles. Além
disso, o yogi que está seguindo a Senda do misticismo e está inclinado a
encontrar seu Amado, pode não estar interessado na constituição e nos fenômenos
dos diferentes planos, e pode não gostar de estudar esses planos de maneira
objetiva. Um simples tratamento funcional dos diferentes estágios de
samprajnata samadhi deve, portanto, satisfazer as necessidades da maioria dos
praticantes do Yoga. Mas, como um tratamento constitucional tem a grande vantagem
de esclarecer, de maneira notável, toda a técnica do Yoga, não há razão para
não aproveitarmos o conhecimento que se encontra a nossa disposição. OS NOVE
ESTÁGIOS DO SAMADHI. (Dharana-Dhyana-Samadhi): Samprajnata Vitarka –
Asamprajnata – Samprajnata Vicara – Asamprajnata – Samprajnata Sananda –
Asamprajnata – Samprajnata Sasmita – Nirbija Samadhi – Dharma Megha Samadhi. No
diagrama ao lado indicados os diversos estágios de Samprajnata e Asamprajnata
Samadhi, bem como sua correspondência com os diversos veículos e outros
aspectos da questão implícita em nosso estudo. Ver-se-á que Samprajnata samadhi
começa quando a consciência está completamente desligada do mundo externo, após
passar pelos dois estágios preliminares de dharana e dhyana. No primeiro estágio
de samprajnata samadhi, a consciência está, por conseguinte, centrada no mundo
mental inferior e atua através do manomaya kosa. A função essencial da mente,
neste estágio, é designada pela palavra vitarka. Observe-se que, quando uma
pessoa puder deixar seu corpo físico e atuar nos dois veículos mais sutis
chamados corpo astral ou corpo mental inferior, ela não estará,
necessariamente, num estado de samadhi, ainda que seu corpo físico encontre-se
numa condição inerte. Pode ser que ele esteja atuando meramente nesses corpos
mais sutis de maneira comum, exercendo seus poderes de clarividência e trazendo
ao cérebro físico, ao voltar ao corpo físico, os conhecimentos adquiridos. Esse
estado no qual a clarividência e outros poderes podem ser exercidos é bastante
diferente do estado de samadhi, por não estar presente a condição peculiar da
mente, descrita em III-3. A mente está dirigida para diferentes objetos em
sucessão e não concentrada em um único objeto. Depois de dominar a técnica das
fases savitarka e nirvitarka no primeiro estágio, o yogi pratica asamprajnata
samadhi e retira sua consciência para o plano imediatamente superior,
atravessando a “nuvem” que acompanha asamprajnata samadhi. A consciência do
yogi emerge, então, no mundo mental superior e atua através de vijhanamaya
kosa, ou corpo causal. A função essencial da mente ao atuar através desse
veículo é chamada vicara. O yogi começa agora a praticar samadhi neste plano,
dominando lentamente a técnica das fases savicara e nirvicara, e mais uma vez pratica
asamprajnata samadhi, para liberar sua consciência do plano mental superior.
Todo o processo cíclico tem de ser repetido mais duas vezes durante os dois
últimos estágios de samprajnata samadhi, a fim de que a consciência do Yogi
liberte-se dos sutis e dificilmente compreensíveis veículos anandamaya kosa e
atma e cujas funções essenciais são denominadas ananda e asmita. O significado
das palavras vitarka, vicara, ananda e asmita é explicado ao tratar-se dos
quatro estágios dos gunas, em II-19, neste sentido, o estudante deve procurar o
referido sutra. O estudante deve notar, também, que, do começo ao fim do
recolhimento da consciência, nos quatro estágios, há sempre algo no campo da
consciência. É verdade que, durante o período de asamprajnata samadhi, não há
pratyaya, mas somente uma “nuvem” ou vazio. Mas um “nuvem” ou vazio é também
uma cobertura sobre a consciência pura. A nuvem é apenas uma impressão não
nítida produzida na consciência, quando esta passa através da fase crítica
entre o pratyaya de dois planos plano sucessivos. Esta fase é semelhante ao
estado crítico entre dois estados de matéria, líquido e gasoso, quando não pode
ser chamado nem líquido nem gasoso. Assim, esta presença de um pratyaya,
característica de todos os estágios de samprajnata samadhi, significa que em
samprajnata samadhi a consciência pode conhecer somente a natureza de algo que
esteja colocado em seu campo de iluminação. Ela não pode conhecer sua própria
natureza. Se fazemos passar um raio de luz através de uma câmara escura e
colocamos objetos variados no trajeto do raio, a luz imediatamente incidirá
sobre estes objetos e nos permitirá vê-los. Os objetos são vistos como o
auxílio da luz, mas não podemos ver a própria luz, porque, se todos os objetos
fossem removidos do caminho percorrido pelo raio de luz, a câmara ficará
completamente escura, embora o raio de luz contine presente. Há um meio de se
ver a luz? Não há meio de se ver a luz física fora dos objetos que ela ilumina.
Mas a luz da consciência pode ser vista como realmente é, após transcorridos
todos os estágios de samprajnata samadhi e praticado o nirbija samadhi para a
remoção do véu final e mais sutil que cobre a Realidade, a consciência do
purusa. Estivemos mencionando pratyaya dos diversos planos, e o estudante poderia
gostar de saber a que estes pratyayas se assemelham. Embora místicos e
ocultistas, em todas as épocas, tenham envidado esforços para descrever os
gloriosos e vívidos pratyaya dos planos superiores, aqueles que leram essas
descrições podem ver que tais esforços falharam. Quanto mais elevado o plano
que se procura descrever, maior é o fracasso. O fato é que é impossível ter uma
ideia desses planos superiores, a não ser de maneira geral e vaga. Cada mundo
só pode ser conhecido através do veículo que a consciência utiliza nele. A
descida sucessiva da consciência aos mundos inferiores não é como a relação
progressiva da intensidade do brilho de uma luz, por certo número de
envoltórios. Cada descida sucessiva implica um decréscimo do número de
dimensões de espaço e de tempo, o que impõe a cada etapa, limitações na
consciência, as quais são inerentes ao trabalho desse plano. Em alguns dos
sutras subsequentes, a natureza dos diversos tipos de samadhis é mais
sofisticada. Entretanto, veremos que nenhuma tentativa é feita para descrever
as experiências dos planos superiores. O conhecimento propiciado por esses
sutras é semelhante ao que deriva do estudo do mapa de um país. Um mapa não nos
dá qualquer ideia sobre as paisagens, o cenário, etc. Pode dar-nos informações
sobre as posições relativas e os contornos das diversas partes de um país. Se
desejamos, realmente, conhecer o país, temos de ir lá e vê-lo por nós mesmos.
Assim, se desejamos saber em que consistem esses planos superiores, temos que
praticar samadhi e entrar em contato direto com eles, por intermédio de seus
respectivos veículos. E, mesmo tendo visto aqueles planos por nós mesmos, não
estamos aptos a transmitir a outros qualquer ideia sobre eles. Tal conhecimento
é direto e intransmissível. Livro A Ciência do Yoga. Abraço. Davi.
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