Astrologia.
Texto de Emma Costet de Mascheville (1903-1980). Capítulo três. OS PLANETAS E AS CASAS II. EDUCAÇÃO E EVOLUÇÃO. Vem então
o plano de SATURNO, que as novas gerações vão desenvolver em primeiro lugar na
área dos sentidos que captam o concreto, enquanto as velhas gerações
desenvolveram primeiro o desejo do luxo (VÊNUS), do conforto e do bem-estar, as
novas gerações, em primeiro lugar, não querem nada de desnecessário, mas sim a
simplicidade, facilidade, a frugalidade, a razão, o raciocínio. Abnegadas, elas
querem o austero, para depois então começarem a desenvolver o sentido da
responsabilidade. Como não copiaram das velhas gerações, os que vêm em sentido
inverso (do abstrato para o concreto) não tem senso de responsabilidade, não
querem deveres porque partem da liberdade, porém as necessidades e as lutas
pela vida irão ensiná-los aos poucos e os levarão para o concreto, para a
realidade, e quando chegarem ao plano de SATURNO aprenderão a não querer gozar
do luxo, a encaras as necessidades e as responsabilidades da vida. Por isso
seria um erro absoluto ensinar a essas gerações pela sucessão natural do
esquema, uma vez que seu desenvolvimento natural vem pela sucessão inversa,
isto é, de PLUTÃO para MERCÚRIO. Depois do desenvolvimento da responsabilidade
é que vem o desenvolvimento dos frutos, dos haveres, os resultados, os
talentos, as capacidades e realizações: o plano de JÚPITER. Uma das maneiras
mais bonitas de explicar este caminho das novas e futuras gerações é esta, pois
elas vêm sem o desejo de copiar o que as gerações anteriores faziam. Enquanto
as gerações de até os meados do século XX procuravam aprender copiando, as
novas, instintivamente, não querem copiar, porque o mundo está em fase de
transição e elas têm de chegar a uma outra concepção, a uma outra
transformação. Essas novas gerações farão o caminho evolutivo que está muito
bem ilustrado no filme IRMÃO SOL, IRMÃ LUA. São Francisco de Assis (1182-1226)
é chamado “o homem do terceiro milênio”. No princípio, no primeiro plano, com
PLUTÃO, é o desabrochar, o despertar da consciência; no segundo plano, com
NETUNO, é o querer igualar, a caridade que ele tem para com os empregados do
pai; no terceiro plano (URANO), ele se despe de tudo e corre livre pelos campos;
no quarto plano, com SATURNO, ele se junta aos confrades e constrói um
mosteiro, pedra por pedra, todos vestidos de preto; no quinto plano, com
JÚPITER, o povo vem trazer-lhes os frutos; no sexto plano, com MARTE, é a luta,
quando o bispo ordena que o mosteiro seja queimado, no sétimo plano com VÊNUS,
Santa Clara de Assis (1192-1253) surge para cooperar, e no fim, o oitavo plano
com MERCÚRIO, quando São Francisco vai ao Papa e pede: “Meu pai, ensina-me;
explica-me”. Por isso, a única maneira de educar as novas gerações é pelo
exemplo: não esperando que, neste período de transição da humanidade, elas nos
copiem, mas deixando que, após terem lutado e buscado, venham a reconhecer o
que era correto no exemplo dos pais e lembrem-se: “Bem que meus pais diziam”.
SOL, LUA, MEIO-CÉU E ASCENDENTE. Já estudamos no esquema a influência dos oito
Planetas, de MERCÚRIO PLUTÃO. Vamos
agora estudar a matéria viva, representada pelo SOL, pela Terra, pela Lua e
pelo Meio-Céu. MEIO-CÉU: O Meio-Céu é o ponto culminante daquela energia que
vem a nós, que nos protege e que deve ser a nossa missão na vida, a estrada que
o nosso veículo deve percorrer. O Meio-Céu é aquilo que devemos alcançar, a
posição social e profissional; é a proteção que vem do alto. É o ponto
culminante do horóscopo, o cume que devemos atingir; é também o objetivo máximo
que nos impele e nos tenta. O SOL e a LUA: O Sol é a autoridade, é o plano
mental, enquanto a Lua é aquilo que fecunda, é a nossa maneira de tratar os
outros. A Lua, como satélite, é todos os que nos rodeiam, é o relacionamento
com a família, com os colegas, com a coletividade, tudo o que nós fazemos em
conjunto. A Lua é o plano emocional O ASCENDENTE (ASC): O nosso ascendente, bem
como o ascendente de qualquer momento, é calculado pela posição da Terra. O
ascendente representa o nosso plano físico, hereditário, e a base carnal da
vida, pois se viemos à Terra é porque o nosso lugar, no momento, é aqui. Quando
compreendi que a ordem dos Planetas é a mesma do crescimento da natureza e do
crescimento da vida humana, cheguei à conclusão de que tudo deveria seguir este
mesmo caminho de evolução. Desta compreensão, parti para o raciocínio sobre os
Planetas que estão faltando e sobre as “oitavas”. Como sabemos, temos no
momento dez corpos celestes que influem nos doze signos zodiacais, (pois a Lua
é parte da Terra, e ambas devem ser consideradas como um conjunto), donde
devemos compreender que faltam ainda dois corpos celestes a ser descobertos
para que tenhamos um regente para cada signo. AS OITAVAS. Há no entanto um
problema. Quando os novos Planetas (URANO, NETUNO E PLUTÃO) foram descobertos,
a Astrologia Hermética não queira aceita-los porque acreditava que só poderiam
ser sete os corpos celestes, uma vez que tudo seguia o número cabalístico 7: eram
só sete notas na escala musical; sete cores, sete candelabros, sempre os
elementos dos conjuntos eram sete. Pelo que os novos Planetas foram chamados de
“uma oitava elevada”. Mais elevado do quê? Oitava do quê? Então deram aos novos
Planetas a classificação de “oitavas superiores” de outros astros já conhecidos
– e o fizeram numa ordem qualquer, arbitrária, à revelia do Autor: assim,
NETURNO era a “oitava superior” de VÊNUS, PLUTÃO, a oitava de MARTE e URANO, a
oitava de MERCÚRIO. Classificação esta sem nenhuma base lógica. Então, após
estudar o assunto, concluí o seguinte: se a ordem do crescimento da natureza é
esta ordem apresentada no esquema, e que encontramos na Astrologia, no
crescimento das plantas e do homem, então as oitavas devem estar associadas a
ela. A partir daí desenvolvi o seguinte raciocínio: se a partir do Sol na
primeira casa do mapa radical, fazendo a ordem dos Planetas seguir a das casas,
colocarmos a Lua na segunda casa, MERCÚRIO na terceira, VÊNUS na quarta, MARTE
na quinta,, JÚPITER na sexta, SATURNO na
sétima, então na oitava casa teremos URANO, o que nos leva a concluir que URANO
não é a oitava casa superior de MERCÚRIO, mas sim o Sol, que está na primeira
casa. Nota-se que há perfeita coincidência na própria simbologia, pois o Sol é
a vida no nascer, no plano concreto, enquanto que URANO é o pular fora desta
vida, é o morrer ( é a vida no plano abstrato). Dando sequência ao raciocínio,
temos a Lua na segunda casa. A Lua é o sonhar no plano concreto, é o crescer na
vida material. Ora, esta casa, a segunda, representa aquilo que vamos realizar,
o que vamos acumular, enfim tudo o que crescerá no mundo concreto. Da mesma
forma, avançando sete casas, encontra-se a nona casa, na qual, pela sequência
dos astros, teremos NETURNO, que seria então a oitaa da Lua. E há uma
correlação bastante importante: enquanto a Lua é o sonhar no plano concreto,
NETUNO é o sonhar no plano abstrato, o ideal, a utopia. A seguir, encontramos
MERCÚRIO na terceira casa, e avançando sete casas temos a décima casa, na qual,
pela sequência dos astros, temos PLUTÃO, que é então a oitava de MERCÚRIO,
verificando-se que há coincidência lógica na simbologia, pois, enquanto
MERCÚRIO divide-se para multiplicar, PLUTÃO rompe-se para lançar as forças
internas para fora. Se para os Planetas já conhecidos a lei das oitavas é esta,
então o próximo Planeta a ser descoberto irá ocupar a décima primeira casa, e
oitava de VÊNUS, que ocupa a quarta casa. Mantendo-se a lógica do simbolismo,
como VÊNUS representa a beleza no plano concreto, sua oitava irá simbolizar a
beleza no plano concreto, sua oitava irá simbolizar a beleza no plano abstrato;
irá representar a fraternidade, pois
está na casa das amizades; simbolizará o espírito humanitário; amar ao próximo
e confortar seu semelhante. A oitava de VÊNUS será o amor Universal pela
consciência, pela influência do signo de AQUÀRIO, que é o décimo primeiro, e
irá trazer-nos o despertar da consciência cósmica. O seguinte Planeta a ser
descoberto ocupará a décima segunda casa, em PEIXES, e será a oitava de MARTE
que ocupa a quinta casa. Como neste ponto o círculo astrológico ficará
completo, cada signo do Zodíaco terá seu regente, pelo que coloquei no nosso
esquema os três “V”: VENI, VIDI E VICI, os três “V” da vitória que representará
a união consciente com a Fonte da Vida, com o Criador, e a dissolução da dor. A
posição deste astro já foi claculada por astrônomos russos, mas não tenho
confirmação disso. Continuando o raciocínio, verificamos que há uma
coincidência lógica entre essa colocação dos astros no radical e a
interpretação astrológica das casas: I – a primeira casa é a casa da
personalidade, e o Sol é a vida que está em nós. Logo, verifica-se que há um
relacionamento lógico entre ele e esta casa. II – a segunda casa é a das posses,
da realização, das finanças. A Lua é o corpo celeste que rege a fecundidade,
que faz crescer e desenvolver; logo as finanças, os bens materiais de todas as
espécies têm relação íntima com a fecundidade. III – a terceira casa representa
aquilo que vamos aprender, assimilar, a convivência com os outros e o pegar do
meio ambiente tudo o que é necessário à formação do intelecto. MERCÚRIO, como
vimos no esquema anterior, é a assimilação, a adaptação, o aprender, etc., de
onde concluímos que a colocação de MERCÚRIO na terceira casa está correta. IV –
a quarta casa representa aquilo que amamos: os pais, o lar, a terra natal e a
família, e VENUS, influencia o amor, a harmonia, a união, logo está bem
colocado nesta casa. V – a quinta casa representa as iniciativas, a
criatividade, as crianças, os jogos, os esportes, a conquista amorosa, as
diversões. A primeira vista, parece-nos errado que MARTE, que representa as
guerras, as lutas, esteja regendo esta casa, porém, pensando bem, nada nos leva
mais à luta do que nossas diversões, nossos novos empreendimentos, nossas
conquistas amorosas e nossos filhos. Examinando a influência de Marte, no
esquema anteriormente apresentado, concluímos que está correta a sua colocação
de regente desta casa. VI – a sexta casa é a do trabalho e da saúde. Se vivemos
em harmonia com as leis da natureza, temos saúde, que é o maior bem do mundo, e
conforme o nosso trabalho desenvolvemos nossos haveres, nosso talento, nosso
valor etc,; e tudo isso é influenciado por JÚPITER, regente da sexta casa. VII
– a sétima casa, como reflexo da primeira casa, está ligada à personalidade e
rege os nossos relacionamentos com os outros. Para que haja harmonia nesses
relacionamentos, é nosso dever e responsabilidade respeitar a personalidade e
os direitos dos outros. SATURNO como regente da sétima casa é tal qual uma
parede, uma parada, onde devemos frear um pouco os impulsos de VÊNUS, MARTE e
JÚPITER, em sinal de respeito à personalidade dos outros. Devemos interpretar
SATURNO da seguinte forma: onde estiver SATURNO, está a muralha. Não podemos
derrubá-la, devemos sentar à sua frente e esperar que alguém nos abra passagem
através dela, quer dizer: diante da personalidade dos outros não podemos forcar
nada, pois nossa liberdade de ação termina exatamente onde começa a liberdade
do nosso próximo; por isso, para cruzarmos esta muralha, só nos resta a
paciência, o amor, a persuasão, lembrando que “água mole em pedra dura, tanto
bate até que fura”. Julgamos que SATURNO está muito bem representando na sétima
casa, pois ele simboliza justamente aquilo que não nos pertence, mas que temos
de respeitar para nossa própria segurança. Esses são os sete corpos celestes
visíveis que atuam no plano do crescer da vida, e que perfazem a escala planetária das sete
tonalidades vibratórias. VIII – a oitava casa está relacionada com a morte, que
não entendemos como destruição, mas como transformação. Seguindo a figura, o
próximo Planeta é URANO. Quando se entendia a morte como destruição e
paralização atribuíam-na a SATURNO, o que era um triplo equívoco – quanto ao
sentido da morte, ao sentido de SATURNO e ao sentido da oitava casa. Hoje,
quando entendemos a morte sob outro aspecto, podemos compreender que seu
planeta seja URANO, como propulsor de uma nova dinamização da vida. Já o símbolo
mostra bem claro que URANO é a oitava Superior do Sol. A vida que o Sol nos deu
ao nascermos, na primeira casa, vê-se aqui impulsionada para fora, para o alto,
para uma libertação e a elevação a um plano transcendente. Ai terminam os oito
caminhos, que desde o nascer (Sol), através do crescer (Lua), do aprender
(MERCÚRIO), do amar (VÊNUS), do saber e trabalhar (JÚPITER) e do respeitar e amadurecer (SATURNO), levam
o homem até a oitava casa, URANO, que é a libertação. IX – se para a nona casa
entendemos NETUNO como oitava superior da Lua, o estudante de Astrologia logo
compreende que a Lua (segunda casa) é o sonhar e o fecundar da matéria, o
crescer material, e que NETUNO é o sonhar espiritual, é o crescer dos
interesses culturais e transcendentais. X - PLUTÃO, o Planeta seguinte, é a
oitava de MERCÚRIO, pois, enquanto este se divide em dois para propiciar a
multiplicação da vida, PLUTÃO rompe-se em dois para despertar e trazer à luz as
energias latentes, os poderes da consciência humana. Sua posição, aqui, torna
mais explícito o sentido desta casa, como significadora dos talentos criadores
que nos são dados na primeira respiração pela força que vem do alto, do ponto
culminante, e cuja realização constitui o ponto mais alto a alcançarmos na
vida. PLUTÃO é o vulcão que se rompe, que expulsa todas as cinzas – no ser
humano, os complexos, emoções toscas e excrescências psíquicas – de sob as
quais surge o nosso poder criador, trazido à tona pela lava e força do vulcão.
XI – compreendendo assim as oitavas, concluímos que a lei de formação das
regências das casas prossegue adiante, e que o próximo Planeta a ser descoberto
será então provavelmente a oitava de VÊNUS. Esta era o princípio da quarta
casa, que significa o amor pelo lar, pela Terra natal, pela família e pelos
bens e sua oitava superior dará então, futuramente, esse mesmo amor, mas
ampliado e mesclado ao sentido da undécima casa, quer dizer: não o amor de uma
pátria local, mas da pátria Universal; não da família individual, mas da
família humana. XII – como referente da décima segunda casa, virá então um dia
a ser descoberta a oitava superior de MARTE, e será o Planeta destinado a
ampliar nossa energia do domínio das forças e poderes internos conscientes,
cumprindo a promessa do Redentor em João 14.12 “Na verdade, na verdade vos digo
que aquele que crer em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores
do que estas, porque eu vou para meu Pai”. Esse Planeta significará, então, a
plenitude do poder humano e a dissolução da dor. Uma aluna perguntou-me certa
vez: “Mas onde ficarão as oitavas de JÚPITER e SATURNO, para completar a
segunda escala?” Minha resposta foi a seguinte: JÚPITER será, então, o Planeta
da nova primeira casa reiniciando o círculo – o Planeta do recomeço, da nova
vida, quando nos encontrarmos diante do Juiz. E SATURNO, o Planeta da nova
segunda casa, quando estão assumiremos a responsabilidade de uma nova
Realização. Livro Luz e Sombra – Elementos Básicos de Astrologia. Abraço. Davi.
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