Hinduísmo. Texto
da professora Margareth Gonçalves (Devidasika). A figura central do Bhagavad
Gita é Krishna. Os hinduístas adoram várias encarnações de Deus, como
instrutores que de tempo em tempo aparecem segundo as necessidades do mundo
para manter a justiça e destruir a maldade. Assim cada caminho hinduísta
adora uma destas encarnações da Divindade e Krishna é quem tem maior
número de devotos, porque dizem que Ele é superior aos demais, pois enquanto
encarnado possuía 50% da energia de Narayana, sendo então um Maha Avatar. O Senhor Krishna durante toda a sua vida
praticou os admiráveis ensinamentos que pregava, e assim dizia:
“Conhece o segredo da vida quem em meio da maior atividade produz a mais doce
paz, e é ativo em meio da mais profunda calma”. Ensinava que para chegar à ação, é necessário a não ação e a não ação na
ação; ou seja, a calma na atividade e a atividade em calma, são necessárias não
apegar-se e nem identificar-se com nada externo e trabalhar sem apego ao fruto
da ação, porque a aflição não provem das obras, e sim do apego ao fruto dessas
mesmas ações. Assim devemos considerar o dinheiro, a fama, a família, como
meios do propósito para cumprirmos nosso dever, mas não como absolutos fins da
vida. Unicamente temos que nos apegar por
devoção ao Senhor. Trabalhemos pela família e amemos a ela, sacrifiquemos
cem vidas se necessário for, mas não nos identifiquemos com ela. A vida de
Krishna foi exatamente o exemplo desses ensinamentos. Um livro que relata
a vida de Krishna nos conta com milhões de anos de Antiguidade, e em algumas
passagens oferece assombrosa semelhança com fatos da vida de Jesus de Nazareth.
Krishna era de fina estirpe, e estava
profetizado que um descendente daquela família seria rei de Madura, cujo
trono ocupava o tirano Kamsa, e ao interesse de que havia nascido um filho no
seio da família profetizada, e não sabendo o ponto fixo de seu nascimento,
ordenou a matança de todos os filhos recém-nascidos. Quando nasceu Krishna, um ponto de luz celestial
iluminou o lugar, e segundo conta a divina lenda, o recém-nascido exclamou:
“SOU A LUZ DO MUNDO E NASÇO PARA O BEM DE TODOS OS HOMENS”. Os sábios afirmaram
que Deus havia nascido, e foram se render à Ele, homenageando-o, como também
aconteceu aos magos que adoraram o menino Jesus de Belém. Por fim, venceu
Krishna ao tirano Kamsa, mas não quis ocupar seu trono, porque dizia que não
era deste mundo seu reino. Havia cumprido seu dever e lhe bastava seu
cumprimento. Os ensinamentos deste grande instrutor denotam que sua tônica
fundamental, seu motivo condutor é a renúncia, o desapaixonamento, o desapego,
mas não a indiferença, que é muito diferente e sem valor espiritual. Ensina
Krishna que o genuíno amor somente é devido ao imutável Ser, ou seja, a Deus.
Não temos de cometer enganos de colocar
nosso amor, nosso afeto nas coisas mundanas e temporais, porque a
inevitável queda desses afetos nos causaria aflição. Deus é o único Ser
imutável, e seu amor nunca falha, porque, seja lá o que formos, ou seja lá o
que fazemos, Ele sempre nos olha com misericordioso amor, sem cólera, sem nojo,
porque sabe que caminhamos para a perfeição. Já nos diz a filosofia vedantina,
que o amor que a mãe reconhece em seu filho, e o amor que ela reconhece em seu
marido, são simplesmente o amor de Deus refletido neles. Tal é a persistente tônica desses ensinamentos de
Krishna, que Ele comunicou ao seu povo, que quando um hinduísta faz qualquer
coisa, como por exemplo, beber água, ele diz: “se há virtude nisto, que retorne
ao Senhor”. O hinduísta crê firmemente em Deus, e o considera a alma de todas
as almas, e como magno sacrifício lhe oferece todos os seus merecimentos
ao bem da humanidade. Por outra parte,
disse Krishna: “Quem vive no meio do mundo e oferece ao Senhor suas ações,
nunca se contamina com os males do mundo, assim é o homem que se mescla
nas atividades do mundo, oferece ao Senhor o fruto de suas ações”. De todos estes ensinamentos inferimos que todo dever é
sagrado. Não há no mundo dever algum a que possamos em justiça qualificar de
servil; todo trabalho é tão meritório como o imperador em seu trono. Os
ensinamentos de Krishna são de evidente valor prático, pois nos estimulam a
cumprir pacificamente nossos deveres da vida social. VIDA DE KRISHNA.
A virgem DEVAKI, irmã do tirano Kansa foi
escolhida pelos santos Rishis (sábios), para ser a mulher que iria trazer ao
mundo um Deva (anjo). Foi acolhida por Vasichta, guiada até Ele por Mahadéva
(o grande anjo) onde foi recebida com enorme carinho, pois ela tinha deixado o
mundo das misérias para viver ao lado dos santos, gloriosos com seus
destinos e desejosos do caminho do céu. Eles lhe disseram: “No seio
de uma mulher, o raio do esplendor divino deve receber uma forma humana”. Os
Rishis presentes, se inclinaram ante DEVAKI e Vasichta disse: “Esta será nossa
mãe porque dela nascerá o Espírito que deverá nos regenerar. Viverá entre as
mulheres virtuosas e os mistérios se cumpriram”. Devaki foi então viver entre essas mulheres gloriosas, e uma delas de
idade já bem avançada, lhe dava as instruções mais secretas. Vivia andando
sozinha, pelos bosques, vestida como uma rainha, e perfumada pelos
místicos aromas das flores. Sempre descansava debaixo das ramas das “árvores da
vida”, sendo visitada por visões estranhas. Ouvia coros que cantavam: “Glória a
ti Devaki (...)”. Virá coroado de luz este fluído puro emanado de sua grande
alma e as estrelas empalidecerão ante seu esplendor. Trarás a vida e desafiarás
a morte, e Ele rejuvenescerá o sangue de todos os seres (....). Virá mais doce
que o mel, mais puro que a boca de uma virgem, e todos os corações se sentirão
transbordados de amor. Um dia
Devaki caiu em um êxtase mais profundo. Ouviu uma música celeste,
como um oceano de harpas e de vozes divinas, e de repente o céu se abriu em
abismos de luz. Milhões de seres esplêndidos a olhavam, e um raio deslumbrante,
o sol dos Sóis, MAHADEVA, lhe apareceu em forma humana. Iluminada pelo Espírito
dos Mundos perdeu o conhecimento e no ouvido da Terra, em uma felicidade sem
limites, concebeu ao filho divino. Quando sete luas já tinham se passado,
e descritos seus círculos mágicos ao redor da selva sagrada, ela foi chamada
pelos mestres que lhe disseram: “A vontade dos Devas se cumpriu” (....). Tu
concebeste na pureza do coração, e no amor divino-virgem e mãe, te saudamos
(....). Um filho nascerá de ti que será o salvador do mundo. Teu irmão Kansa te busca para matar o fruto que levas
em teu seio. É necessário escapar à sua perseguição. Os irmãos mais velhos irão
te guiar até ao pé do monte Meru. Ali darás a luz ao teu filho Divino e lhe
chamarás KRISHNA, O CONSAGRADO. Que Ele ignore sua origem e tudo o mais.
Não fales Dele nunca. Viva sem temor, pois velaremos sobre ti. Então ela foi morar com os pastores do monte Meru. Ao
pé desse monte se estendia um fresco vale, dominado por vastos bosques de
cedros, por onde passava o sopro puro do Himalaya. Neste alto vale habitava um
povo de pastores, sobre o qual reinava o patriarca NANDA. Ali Devaki encontrou
um refúgio contra as perseguições de seu irmão Kansa; A exceção de Nanda,
ninguém supunha quem era a estrangeira e de onde procedia aquele filho.
As mulheres dali diziam unicamente: “É um
filho dos Gandharvas (gênios que se supõem presidirem os casamentos
de amor). Porque os músicos de Indra devem ter presidido os amores dessa mulher
que parece uma ninfa celeste, uma Apsara”. O filho maravilhoso desta mulher
desconhecida cresceu entre os rebanhos e os pastores, ante os olhos de sua mãe.
O chamavam de “O Radiante”, porque só com sua
presença, seu sorriso, e seus olhos, tinha o Dom de difundir a alegria.
Animais, crianças, mulheres, homens, todo o mundo lhe queria e Ele parecia
querer a todos, sempre sorrindo à sua mãe, brincando com as ovelhas e com as
crianças de sua idade e falando com os velhos. Krishna criança não tinha temor
algum; cheio de audácia executava movimentos surpreendentes. As
vezes ia à floresta e se recostava sobre o musgo, abraçava as jovens panteras e
abria-lhes a boca sem que elas se atrevessem a mordê-lo. Tinha também imobilidades repentinas, admirações
profundas, tristezas estranhas. Então se isolava de todos, e pensava absorto
olhava sem responder. Mas sobre todas as coisas e sobre todos os seres, Krishna
adorava a sua jovem mãe, tão bela, tão radiante, que lhe falava do céu e
dos Devas, de combates heroicos e de coisas maravilhosas que ela havia
aprendido com sua família. E os pastores diziam: “Quem é esta mãe, e este
filho? Nunca se veste como nossas mulheres, parece uma rainha; e o filho
também, foi criado com os nossos, mas não se parece com eles (...) é um gênio?
(...) é um Deus? (...) seja o que for, nos traz felicidade. Quando Krishna tinha quinze anos, sua mãe Devaki
foi chamada pelos anacoretas, seu antigo povoado. Um dia desapareceu sem dizer
adeus à seu filho. Krishna não a vendo mais, foi procurar o patriarca
Nanda e lhe perguntou sobre a mãe. Nanda nada falou, apenas disse que ela teria
feito uma viagem muito longa, e por isso não sabia quando ela voltaria. Então
Krishna caiu em uma meditação tão profunda, que até as crianças se isolaram
Dele, e dirigindo-se ao monte Meru para obter respostas, lá ficou por semanas.
Até que em um dia de manhã, de repente apareceu junto Dele um
velho, de elevada estatura, vestido com traje branco. Parecia um centenário.
Sua barba de neve e seu rosto brilhavam como uma majestade. O jovem e o ancião
se olharam por um longo tempo. Os olhos do velho se pousaram com complacência
sobre Krishna; Este ficou tão maravilhado ao vê-lo, que emudeceu cheio de
admiração e mesmo que fosse a primeira vez que via este velho, lhe parecia que
já o conhecia há muito tempo. Por fim este senhor lhe perguntou, por quem ele
estava esperando; e Krishna lhe disse que estava à procura de sua mãe. E o
velho lhe responde simplesmente que sua mãe se encontra na presença Daquele que
é imutável. O menino assustado pergunta
então se ela irá voltar um dia; e Ele responde que sim, mas só quando a filha
da serpente se render ao filho do touro, assim então Ele poderia voltar a ver
sua mãe em uma aurora de púrpura. E lhe diz o seguinte: “Então matarás o touro,
e afastarás a cabeça da serpente. Filho de Mahadeva saiba que eu e tu, formamos
mais que um só, face ao Senhor. Busca, busca, busca, sempre. E o centenário
estendeu a mão em sinal de bendição, se voltou para o lado do Himalaya, e
desapareceu em uma vibração luminosa. Quando
Krishna desceu do monte Meru, desceu totalmente transtornado. Uma energia nova
parecia irradiar de seu ser. Reuniu seus amigos e passaram então a defender os
bons, e combater os maus. Foi atrás dos touros e das serpentes. Lutou contra as
bestas ferozes, libertou tribos oprimidas, mas mesmo assim seu coração
permanecia triste, sua alma tinha apenas um desejo oculto, voltar a ver sua mãe
e encontrar novamente o ancião. Queria acima de tudo, arrancar a cabeça da
serpente, então resolveu falar com Kalayeni, o rei das serpentes, e pediu para
lutar com o mais terrível de seus animais na presença de um mago negro. Dizia-se que aquele animal, adestrado por
Kalayeni (o mago negro), havia já devorado centenas de homens e que seu olhar
irradiava um espanto aos mais valentes. Do fundo do templo tenebroso de Kali,
Krishna viu sair, junto com a voz de Kalayeni, um enorme réptil azul verdoso.
“Esta serpente, disse Kalayeni, sabe muitas coisas, é um demônio poderoso; ela
mata os vencidos, ela está te olhando e está em seu poder. Somente te resta
adorá-la ou perecer numa luta insensata”. Krishna ficou indignado, e quis lutar
com a serpente, Ele parecia mais a ponta de um raio. Brigou muito com ela, e
finalmente a venceu, cortando sua cabeça. Aquela
cabeça ainda viva pergunta a Krishna porque Ele teria feito isto; se Ele
achava que matando os vivos, conseguiria encontrar a verdade?
Disse-lhe a serpente que a vida está na morte, e a morte está na vida, e sendo
assim morreu. Então Krishna fez vários Yagnas, (austeridades para
purificação) para se limpar das impurezas, lá no rio Ganges, sob a luz do Sol
de Mahadeva. Logo em seguida, Ele volta para a antiga terra natal, e passa a
sonhar com combates celestiais no infinito dos céus. Passou então a acontecer
fatos místicos lindíssimos, como que durante o seu sono, Ele vibrava uma
melodia suave e Angélica. Atraídas
pela música as Golpis, as filhas das mulheres do vilarejo, enfim, ficaram
enamoradas por ELE. Algumas se aproximavam Dele, o acariciavam
sempre encantadas por sua melodia; e ELE abstraído por seu sono dos Deuses não
as via. Atraídas mais e mais por seu canto, as Golpis começaram a ficar
impacientes, pois Ele não as olhavam. Nichdali, a filha de Nanda, com os olhos
fechados, havia caído em uma espécie de êxtase. Sua irmã Saraswati mais
atrevida se deslizou ao lado do filho de Devaki (Krishna) e lhe disse com
carinho: Oh,! Krishna. Não vês que te escutamos e que não podemos dormir? Tuas
melodias nos encantaram, Oh! Herói adorável. Então Krishna, levantou-se e gentilmente começou a contar para elas
várias estórias, lendas, e todas cada vez mais enamoradas do Mestre (....)
cantou até altas horas da madrugada, e todas continuavam embebidas daquele
néctar de amor e sedução que emanava misticamente daquele jovem sábio, que
também se embriagava com as expectativas que provocava naquelas inocentes
criaturas que já O adoravam. Passaram a
se encontrar todas as noites, sempre com a mesma finalidade, onde o Mestre
aproveitou para lhes ensinar seus cantos e dividir com elas cada vez mais seus
ensinamentos revestidos de pura magia esotérica e encantamentos divinos. Mas
então o previsível aconteceu, Saraswati e Nichdali se apaixonaram por Ele, e
resolveram que iriam fazer–lhe uma proposta, e esperavam com o coração na mão
que fosse aceita. Propuseram nada mais nada menos, que Ele as desposassem;
Krishna ficou pensativo. Muito pensativo. Passando seus braços ao redor da
cintura de ambas. Primeiro pousou sua boca sobre os lábios de Saraswati, logo
em seguida sobre os olhos de Nichdali experimentando através destes dois longos
beijos, o sabor estonteante e voluptuoso de toda a Terra. Voltando a ambas, lhes disse: (primeiro olhando para
Saraswati): Teus lábios têm o perfume do
âmbar e de todas as flores (...). Olhando
para Nichdali comentou: Tuas pálpebras
velam profundos olhos e sabes sondar tua própria alma. As amo incondicionalmente,
não amarei somente um ser nunca. Somente amarei com amor eterno, e complementou
seu raciocínio dizendo assim: Para Eu amar um só ser, seria necessário que a
luz se extinguisse do dia, que um raio caísse em meu coração e que uma alma se
lançasse fora do céu. E assim ambas
voltaram para casa, tristes e chorosas. Na noite seguinte as golpis se
reuniram para seus jogos, mas em vão esperaram seu Mestre. Ele havia
desaparecido não deixando mais que sua essência, um perfume de seu ser:
os cantos e as danças sagradas. Deste momento em diante, Krishna,
procurou seus antepassados em busca de notícias ainda de sua mãe e do velho
ancião. Deparou-se com a inveja e ira de seu tio, o rei Kansas; teve encontros
com demônios de toda a extirpe, brigou contra toda a ilusão que chegava até
Ele; e assim o rei de Madura, o rei Kansas, tentava impor ao caminho do Mestre
sempre dificuldades enormes com o objetivo de vê-lo desanimar e cair
desgraçadamente ao chão. E foi assim,
durante o seu caminhar, que encontrou um centenário Vasichta que vivia a
quase um ano, em uma cabana escondida no mais profundo da selva santa. Este
velho tinha já se libertado das leis da matéria, e vivia totalmente liberado
das ações egoístas dos homens. Krishna, marchando pelo estreito caminho, se
encontrou de repente com este ancião; Estava sentado, as pernas cruzadas sobre
uma esteira, apoiado em um poste que sustentava sua cabana, numa paz profunda.
De seus olhos de cego, saia um resplendor interno de vidente, e quando Krishna
o viu, o reconheceu, sabendo que era “o sublime ancião”. Sentiu uma comoção de
alegria. O velho estende seus braços em direção a Ele, e disse “OM”. Intuitivamente o velho olha para o rei Kansas
que o perseguia, e fala que a morte seria benéfica já que a matéria de seu
corpo não prestava para mais nada, e que o filho de Mahadeva e de sua irmã
estava ali, representado por Krishna, aquele que iria destruir seu reinado.
Pálido de ira, Kansas estendeu seu arco, e com toda sua força, lançou uma
flecha contra Krishna. Mas, neste momento, seu braço tremeu e a seta disparada,
desviando-se do seu alvo, foi cravar diretamente no peito de Vasichta, que com
os braços em cruz, parecia esperá-la com total êxtase. Krishna ecoa um grito
terrível, pois sentiu vibrar a flecha em seu ouvido, e viu a mesma no corpo do
santo, e lhe parecia que havia entrado em seu próprio coração; de tal modo que
sua alma neste instante havia se identificado com a do Rishi (homem
santo). Com esta flecha aguda, toda a dor
do mundo transpassou a alma de Krishna. Entretanto, o velho com a flecha em seu
peito, murmurava para Krishna: “Filho de Mahadeva, porque gritas? Matar é
uma ação tão absurda que só os profundos ignorantes os escravos do ego a
praticam. A flecha não pode ferir sua
alma, e a vítima é o vencedor do assassino. Triunfa Krishna, o destino se
cumpre. Eu volto Àquele que não se muda jamais, sendo Ele eternamente
imutável. Que Deus receba minha alma. Mas tu és o eleito Salvador do Mundo, em
pé Krishna. Então um resplendor rendeu o negro céu, e Krishna, que tinha
caído na Terra como ferido por um raio, passou sobre uma luz deslumbradora. Mas
seu corpo parecia insensível, sua alma unida a do ancião, pelo poder da
simpatia, subiu nos espaços, elevando-se ambos ao sétimo céu dos devas
(deuses), até ao Pai de todos os Seres, ao Sol dos Sóis, Mahadeva, a
Inteligência Divina. Ambos se submergiram em um oceano de luz, e bem no centro
Krishna viu a DEVAKI, sua mãe radiante, sua mãe glorificada, que com um sorriso
inefável, lhe estendia os braços e lhe atraia em seu seio. Milhares de devas vinham beber na radiação da
Virgem-Mãe, como num foco incandescente e Krishna se sentiu como reabsorvido
num olhar de Amor de Devaki. Então, do coração da mãe luminosa, viu-se raios
que atravessaram todos os céus. Ela sentiu que Krishna era a alma divina de
todos os seres, a palavra de vida, o verbo criador superior da vida Universal;
Ele a penetrava, SEM a menor essência de dor, através do fogo da oração e a
felicidade de um divino sacro-ofício. Quando
Krishna voltou a si, a selva estava sombria e torrentes de chuva caiam
sobre a cabana. “O ancião sublime” já não era mais que um cadáver. Mas Krishna
se levantou como um ressuscitado. Um abismo o separavam do mundo e de suas vãs
aparências. Ele havia percebido a grande verdade e compreendido sua missão. E
quanto ao rei Kansas, cheio de espanto, corria sobre o seu carro perseguido
pela tempestade e seus cavalos corriam fustigados por mil demônios. Krishna foi
saudado pelos anacoretas (povo da aldeia de sua mãe) como o sucessor esperado e
predestinado de Vasichta. Celebrou-se
o SHRADA, a cerimônia fúnebre do santo ancião, na selva sagrada, e o filho de
Devaki (Krishna) recebeu o bastão dos sete nós, sinal de comando, depois de
haver feito o sacrifício do fogo em presença dos mais antigos anacoretas,
daqueles que sabem de memória os três vedas (verdades eternas). Em seguida, Krishna se retirou ao monte Meru para
meditar ali sua doutrina e o caminho da salvação para os homens. Suas
meditações e suas austeridades duraram sete anos. Então sentiu que havia
dominado sua natureza terrena por meio de sua natureza divina, e que se havia
identificado grandemente com o Sol de Mahadeva para merecer o nome de filho de
Deus. Então chamou a seu lado, os anacoretas jovens e anciões para revelar-lhes
sua doutrina. Eles encontraram Krishna totalmente modificado, bastante
purificado e engrandecido; o herói se havia transformado em Santo; não havia
perdido sua força de leão, mas havia ganho a doçura das aves. Entre os
primeiros que o ouviram, estava Árjuna, um descendente dos reis solares,
um dos Pándavas destronados pelos Kauravas, os reis lunares. O jovem Árjuna era apaixonado, cheio de fogo, mas
pronto a desencorajar-se e a cair em dúvida, e se entusiasmou
apaixonadamente com as doutrinas de Krishna. Este, sentado sobre os
cedros do monte Meru, frente ao Himalaya, começou a falar aos seus discípulos
as verdades inacessíveis aos homens que vivem na escravidão dos sentidos. Os
ensinou a doutrina do ATMA imortal, de seus renascimentos, e de sua união
mística com Deus. O corpo, envolve o ATMA, ou seja, a ALMA, e este corpo é
finito; mas o ATMA que habita um corpo material é invisível, incorruptível e
eterno. O homem terrestre é triplo como a divindade que reflete:
inteligência, atma e corpo. Se o atma se une a inteligência, alcança SATWA, a
sabedoria e a paz. Se o atma permanece incerto entre a inteligência e o
corpo, então está dominado por RAJAS, a paixão e vai de objeto em objeto num
círculo fatal. Se finalmente o atma abandona o corpo, então cai em TAMAS, o sem
razão, a ignorância, a morte temporal. E aí o que cada homem pode
observar de si mesmo e ao seu redor (o anunciado desta doutrina foi mais tarde
a de Platão. Mas Árjuna queria saber
qual é o destino do homem depois de sua morte. Se tivermos de obedecer
sempre a mesma ordem? Ou podemos escapar deste destino? Jamais escapamos da lei suprema e obedecemos a ela
sempre. Disse Krishna, eis aqui o mistério dos renascimentos. Como as
profundidades do céu se abrem aos raios das estrelas, assim as
profundidades desta vida se iluminam a luz desta verdade. E Árjuna
continuava perguntando sobre os mistérios da reencarnação, pelas leis que
governam nossa matéria, as trigunas (Satwa, Rajas e Tamas). Quando Krishna
pressentiu esse profundo momento de interesse de Árjuna sobre os mistérios da
vida, Krishna aproveitou o momento e concluiu: “Escuta, um grandessíssimo e
profundo segredo, o mistério soberano, sublime e puro. Para se alcançar a
perfeição, tem que se conquistar a ciência da unidade (síntese ou yoga), que
está acima da sabedoria; há de elevar-se ao Ser Divino que está acima do ATMA,
sobre a própria inteligência. Mas este Ser Divino, este amigo sublime, está em
cada um de nós. Porque Deus reside no interior de todo homem, mas poucos sabem
encontrá-lo. E é esta a via de salvação”. Uma
vez que hajas pressentido ao ser perfeito que está sobre o mundo e em ti mesmo,
decide-te abandonar o inimigo, que toma a forma do desejo por coisas materiais.
Domina vossas paixões. Os gozos que procuram os sentidos são como as matrizes
dos sofrimentos que hão de vir. Não faça somente o bem: SEJA BOM. Renuncie ao
fruto de vossas obras, mas que cada uma de vossas ações seja como uma oferenda
ao Ser Supremo. Aquele que se rende à Deus, alcança a perfeição. Unido espiritualmente,
alcançarás esta sabedoria espiritual que está acima do culto das oferendas, e
sente uma felicidade divina, porque aquele que encontra em si mesmo sua
felicidade, seu gozo e ao mesmo tempo também sua luz, é UM com DEUS, e sabendo
a alma que tenha encontrado à Deus, estará liberta dos renascimento e da morte,
e beberá a água da imortalidade. Deste
modo, Krishna explicava sua doutrina a seus discípulos e pela contemplação
interna, os eleva pouco a pouco as sublimes verdades que se haviam revelado sob
os relâmpagos da visão direta. E assim aconteceram vários ensinamentos aos
discípulos de Krishna. Todos ficavam sempre muito embevecidos com suas
palavras e discursos. Aqui eu diria: leia o Bhagavad Gita, com todo o seu
coração e discernimento átmico, pois Nele está contido toda a beleza da
vida, na sua mais profunda verdade, que somos todos nós. Depois de haver
instruído a seus discípulos no monte Meru, Krishna foi com eles até as
margens do rio Ganges, para converter o povo. Entrava nas cabanas, e se detinha
com as palavras. Ao entardecer, nos arredores das aldeias, a multidão se
agrupava ao seu redor. O que pregava ao povo era a caridade ao próximo. Ele
dizia: “O mal que praticamos aos nossos próximos, nos perseguem como nossa
sombra do corpo”. As obras que tem como base o amor ao próximo, são as que
devem ser ambicionadas pelo justo, pois serão as que pesam mais na balança
celeste. Se acompanhares os bons, teus exemplos serão inúteis; não temas em
viver entre os maus, para conduzi-los até o bem. Quando os semi sábios, os incrédulos, lhe pediam explicações sobre a
natureza de Deus, respondia com sentenças como esta: “A ciência do homem é vã;
todas suas boas ações são ilusórias quando não sabe relacioná-las a Deus;
somente Deus pode compreender Deus. Não eram essas as únicas coisas novas de
seus ensinamentos; embelezava e arrastava a multidão, sobre tudo que dizia do
Deus vivo, de VISHNU. Ensinava que o Senhor do Universo havia encarnado mais de
uma vez entre os homens; se havia manifestado sucessivamente nos sete Rishis
(mestres que subiram aos ares), em Vyasa (mestre Ascenso), e em Vasichta, e se
manifestaria de novo. Mas Vishnu, gostava
de falar através dos humildes: de um mendigo, através de uma mulher
arrependida, de uma criança. Por meio dos exemplos mencionados e tantos
outros, Krishna pregava o culto à Vishnu. O renome do profeta do monte Meru se
difundiu pela Índia. Nesta ocasião, o velho Nanda já havia morrido, e suas duas
filhas que Krishna amava viviam separadas. Saraswati, irritada pela partida de
Krishna, havia buscado recompensa num casamento com um homem de casta
nobre, que se apaixonou por sua beleza, mas em seguida a repudiou e a vendeu a
um comerciante. Tempos depois, voltou a sua cidade natal a procura de sua
irmã; esta não tinha se casado, e vivia com um irmão como sua servente.
Saraswati contou toda sua estória para a irmã, e está lhe disse que somente
Krishna poderia salvar-lhe. Explicou a irmã que ELE tinha se tornado Santo, um
grande profeta, e que Ele vivia pregando ao redor do Ganges. Então resolveram
ir ao encontro DELE. Krishna se dispôs a ensinar sua doutrina aos
guerreiros, porque por turnos pregava aos monges, também aos homens da casta
militar e ao povo. Aos monges ensinava, com a calma da idade madura, as verdades
profundas da ciência divina; entre aos Rajás celebrava as virtudes guerreiras e
familiares com o fogo da juventude; ao povo falava, com a sensibilidade
da infância, de caridade, de resignação e de esperança. Logo as duas irmãs se encontraram com o Mestre, e
foram por Ele reconhecidas como suas seguidoras, e as nomeou como Saraswati
sendo sua seguidora da fé, e Nichdali como sua seguidora do amor. Kansa
reinava ainda em Madura. Depois do assassinato de Vasichta, o rei não havia
encontrado paz sobre seu trono. Nysumba, esposa de Kansa, Também se
rendeu ao fracasso, e só pensava em seus poderes perdidos. O rei ainda
inconformado mandou outra tropa de soldados até as margens do Ganges, com a
finalidade de persuadirem Krishna, para levá-lo à presença do rei. O Mestre
muito intuitivo, logo percebeu a intenção, e muito inteligentemente, pediu um
tempo aos soldados e antes de irem ao rei, começou a falar do Rei do Mundo,
Mahadeva. Claro, aí vocês já podem imaginar, Krishna conquistou a todos, e
sendo assim não O levaram até a presença de Kansa. Inconformado, Kansa voltou para pega-lo
com mais soldados de sua confiança, mas com a convicção de que não iriam
ouvi-Lo. Tudo em vão. Mais uma vez Krishna encanta a todos. Nesta altura Ele já
estava sendo chamado até de Mago. Kansa triplicou sua guarda, e mandou colocar
cadeados em todos os portões do palácio. Certo dia ouviu um grande ruído na
cidade, gritos de alegria e de triunfo. Os guardas lhe trouxeram a notícia de
que era Krishna que entrava em Madura, e que todo o povo rompia suas portas
para recebê-Lo. E tudo isto era fato: Entrou sob uma chuva de guirlandas de
flores; todos o aclamavam; todos O saudavam como vencedor da serpente, o herói
do monte Meru, mas acima de tudo ao profeta de VISHNU. Seguido de brilhante cortejo e saudado como um
libertador pelo povo, Krishna se apresentou ao rei Kansa, e sua mulher lhes
dizendo, que apesar de merecerem castigos pelos seus erros, por um reinado de
injustiças. Ainda assim Ele não iria lhes conferir a morte, pois queria mostrar
aos seus seguidores que não é matando que se reequilibra um mal feito, e sim
triunfando sobre seus inimigos. Resolveu
mandá-los a um lugar de penitencias com a finalidade de que eles observassem
seus crimes. Passados alguns dias Krishna com a concordância dos mais velhos,
consagra o seu discípulo Arjuna, o mais ilustre descendente da raça solar, como
rei de Madura, e deu-lhe a autoridade suprema dos Brahmanes, que se
converteram em instrutores dos reis. Krishna continuou sendo chefe dos
anacoretas, que formaram o conselho superior dos Brahmanes. Então construíram para si mesmos uma cidade forte
entre as montanhas; se chamava DWARKA. No centro desta cidade
encontrava-se o templo dos iniciados, cuja parte mais importante estava oculta
no subterrâneo; Entretanto, quando os reis do culto lunar souberam que um rei
do culto solar havia subido ao trono em Madura e que os Brahmanes iam ser os
donos da Índia, formaram entre si uma poderosa liga para derrubar o trono.
Arjuna, por sua parte, agrupou ao seu redor todos os reis do culto solar, da
tradição branca, ária, védica. Desde o fundo do templo de Dwarka, Krishna os
seguia, os dirigia. Os dois exércitos se encontravam em presença, e a
batalha era eminente. Arjuna, ao faltar-lhe ao seu lado o Mestre, sentia-se conturbado
e seu valor debilitado. Uma manhã, ao romper o dia, Krishna apareceu ante a
tenda do rei, seu discípulo e lhe perguntou por que não teria começado o
combate que iria decidir quem iria reinar sobre a terra, os filhos do Sol ou os
filhos da Lua? E Arjuna responde que sem
Ele não poderia fazê-lo. Desolado, pediu ao Mestre que junto dele olhasse os
dois exércitos imensos e essas multidões que iriam morrer. Desde a eminência em
que estavam colocados, o Senhor dos Espíritos e o rei de Madura contemplaram os
dois exércitos imensos, alinhados em ordem, um frente ao outro. Viam-se brilhar
os fios das malhas douradas dos chefes; milhares de guerreiros, cavalos e
elefantes, esperavam o sinal do combate. E neste momento, o mais ancião dos
Kauravas, assoprou a grande concha com um rugido de leão, e assim deu-se o
início ao combate. Krishna sentiu-se logo muito violentado e sentiu fundir-se
seu coração, submergido na piedade e falou muito abatido: “Ao ver tudo isto,
minha boca se seca, meu corpo treme, meus cabelos se eriçam sobre minha cabeça,
meu pé arde, meu espírito gira em tonturas. Ninguém pode
viver bem, vindo desta matança”. Questionou sobre absolutamente tudo, seus
parentes, amigos, enfim. Exausto Arjuna foi surpreendido por Krishna
quando este lhe disse: Em pé! Chamo-te de rei do sono para que teu espírito
esteja sempre alerta. Mas teu espírito dormiu e teu corpo venceu tua alma. Os
que acreditam que a alma mata ou morre, se enganam igualmente. Nem mata e
nem pode matar. Ela não foi nascida e não morre, e não pode perdê-la, o ser que
a sempre teve. Nem a espada pode corta-la, nem o fogo a queima, nem a
água a molham, nem o ar a seca. Duradoura, firme, eterna, ela atravessa o todo;
para aquele que nasce a morte é certa, e para o que morre o renascimento é
certo. Então Arjuna sentiu ferver seu
sangue real com seu valor, lançando-se sobre seu carro dando o sinal de
combate. Krishna se despediu de seus discípulos, porque estava seguro da
vitória dos filhos do sol. Ele havia compreendido que, para fazer valer sua
religião aos vencidos, era preciso ganhar sobre sua alma uma última vitória,
mais difícil que a das armas. De igual modo que o santo Vasichta havia sido
morto, atravessado por uma flecha para revelar a verdade suprema a Krishna.
Assim Krishna deveria morrer voluntariamente sob os golpes de seu inimigo
mortal, para implantar no coração de seus adversários a fé que Ele havia
ensinado aos seus seguidores e ao mundo. Ele sabia que o rei de Madura havia se
refugiado na casa de Kalayeni, o mago negro, rei das serpentes; e que Ele
Krishna estava sempre sendo vigiado pelos homens desse seu rival. O mestre
sentia em contra partida que sua missão tinha terminado e por esta razão,
cessou de evitar a companhia do inimigo pelo poder de sua vontade. Por fim, o filho
de DEVAKI queria morrer longe dos homens, perto do Himalaya. Ali se sentiria
mais perto de sua mãe radiante, do sublime ancião e do sol de Mahadeva. Krishna partiu. Nenhum de seus discípulos havia
penetrado seus desígnios. Somente Saraswati e Nichdali que o seguiram é
claro, com sua permissão. Após alguns dias de viagem, elas questionaram ao
Mestre do por que daquilo? E Krishna respondeu: É necessário que o filho de
Mahadeva morra atravessado por uma flecha, para que o mundo acredite em sua palavra.
Pediu então que todos orassem durante sete dias. O semblante de Krishna se
transfigurava e parecia mais radiante. Após o sétimo dia os arqueiros do rei
Kansa chegaram próximo do Mestre, olharam para as mulheres. Eram soldados
rudes, de rosto amarelado e negro. Ao ver a figura estática do santo, se
deteve. Primeiro o injuriaram, depois lhe jogaram pedras, mas Ele não saia de
sua imobilidade. Logo os arqueiros se colocaram a distância e se puseram a
atirar sobre Ele. A primeira flecha que lhe atravessou lhe brotou o sangue e
Krishna exclamou: “Vasichta, os filhos do sol venceram”. Quando a Segunda
flecha vibrou em sua carne, disse: “Minha mãe radiante, que os que me
amam, entrem comigo em sua luz”. E na terceira disse somente: “Mahadeva!
(Deus). “E logo, com o nome de Deus,
entrego meu espírito”. O Sol havia se
escondido, um grande vento se fez, uma tempestade de neve inundou o Himalaya. O
céu se fechou. Os assassinos fugiram; e as duas mulheres caíram desvanecidas
sobre o solo; O corpo de Krishna foi queimado por seus discípulos na cidade
santa de DWARKA. Saraswati e Nichdal se atiraram na fogueira para
unirem-se a seu dono e Mestre; e a multidão acreditou ver o filho de Mahadeva
sair das chamas num corpo cheio de luz, subindo rumo ao infinito e levando
consigo as duas nobres mulheres que tanto o amavam em vida. Depois disto, uma
grande parte da Índia adotou o culto de Vishnu, que conciliava os
cultos solares e lunares na religião de Brahma (Deus). Tal é a legenda de Krishna, reconstituída em seu
conjunto orgânico e colocada na perspectiva da estória. Ela arroja uma viva luz
sobre as origens do Brahmanismo. “SEMPRE HÁ UM GRANDE SER HUMANO NA ORIGEM DE
UMA GRANDE INSTITUIÇÃO”. Considerando o papel dominante de Krishna na
tradição épica e religiosa, seus aspectos humanos por uma parte e por outra,
sua identificação constante com Deus manifestado ou Vishnu, força-nos a
crer que Ele foi o criador do culto Vishnuista, que deu ao Brahmanismo
sua virtude e seu prestígio. É, pois, lógico admitir que em meio ao caos
religioso e social que se criava na Índia primitiva, a invasão dos cultos
naturalistas e apaixonados, apareceu um reformador iluminado que renovou a pura
doutrina ária pela ideia da trindade (Brahma, Shiva e Vishnu) e do verbo divino
manifestado, que possuiu ao céu pela sua obra e por sacrifício de sua vida, e
deu assim à Índia sua alma religiosa, sua forma nacional e sua organização
definitiva. Mas a importância de Krishna
nos parece ainda maior e de um caráter realmente Universal, se notarmos que sua
doutrina encerra duas ideias mães, dos princípios organizadores das religiões e
da filosofia esotérica. Estas são: a doutrina orgânica da imortalidade da alma
ou das existências progressivas pela reencarnação, que corresponde à
trindade ou verbo divino revelado ao homem. A ideia de que Deus, a verdade, se
revela no homem consciente com um poder redentor que ressalta até as
profundidades do céu pela força do amor e do sacrifício; essa ideia
fecunda entre todas, aparece pela primeira vez em Krishna. Ela se
personifica no momento em que, saindo de sua juventude ária, a humanidade vai
se render-se mais e mais ao culto da matéria. Krishna nos revela a ideia do verbo divino; Depois de Krishna há como
uma poderosa irradiação do verbo solar através dos templos da Ásia,
África e Europa. Em todas as partes o Deus Solar é um Deus mediador e a
luz também é a palavra de vida. Por Krishna entrou a ideia messiânica no mundo
antigo; por Jesus irradiou-se esta mesma ideia sobre o ocidente; e hoje
sendo difundido imensamente pela filosofia do Mestre atual encarnado em nossa
época, “Sri Bhagavan Mitra Deva” (o primeiro de uma sucessão de nove
Avataras), para que possamos chegar ao cume desta estória com a vinda do
próximo Maha Avatar que terá 100% da energia de Narayana, ou seja, Ele próprio,
aproximadamente daqui a 12 mil anos (isto pode ser modificado pelo acréscimo do
nosso nível da consciência) que virá com o nome de Kalki Avatar, sendo Este
mais conhecido aqui no ocidente com o nome de “Senhor Maytréia”. (também
Mestre da Sudha Dharma Mandalam, morador em uma das cidades santas, em
Badari Vana, localizada no norte do Himalaya. Para terminar esta matéria
recordarei uma passagem do Srimad Bhagavad Gita onde Arjuna questiona Krishna
da seguinte forma:
“Quem sou eu? E o Senhor respondeu: “Tu és, meu filho, tudo aquilo que eu sou”.
-Pra que eu vivo?
-Tu vives para responder à todas as tuas perguntas.
-Onde estás, Oh! Grande Deus?
E onde não estou?
“Quem sou eu? E o Senhor respondeu: “Tu és, meu filho, tudo aquilo que eu sou”.
-Pra que eu vivo?
-Tu vives para responder à todas as tuas perguntas.
-Onde estás, Oh! Grande Deus?
E onde não estou?
www.naradeva.com.br. Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário