Espiritualidade.
PREFÁCIO. “Depois de passar dos 40 anos e vencer um câncer que me colocou à
beira do abismo, estou a pergunta: quem sou eu? E para quê? Qual é o
significado dessa minha existência? Senti que eu estava sendo chamado para
olhar de modo mais atento para essas e outras questões, então pedi para o meu
ser mais profundo que me abrisse as portas do conhecimento. Até então eu já
tinha entendido, com os chacoalhões da vida, que apesar de pouco (ou nada)
sabermos sobre os mistérios da existência, o único jeito de vibrarmos num outro
luar é através da experiência do amor. Só o amor é capaz de transformar tudo,
curar, elevar nossa consciência. Então uma voz interna já me dizia que talvez
esse fosse o sentido de tudo, a razão de estarmos aqui encarnados: aprendermos
(ou reaprendermos) a amar. O que eu não sabia era: por que é tão difícil abrir
o coração para amar de verdade, desinteressadamente? E eu não sabia sequer que
tinha essa dificuldade. Então, numa perfeita sincronia, o meu caminho cruzou
com o do Prem Baba, que desde então tem me ajudado muito a entender o sentido
que busco, a caminhar rumo à consciência do propósito da minha alma, a me abrir
para ouvir o comando do meu coração. Porém, para alcançar esse aprendizado,
precisarei continuar passando pelo processo de purificação, olhar para minha
sombra (ou maldade), para minhas dores, meus condicionamentos, abrir os porões
para poder limpá-los, iluminá-los. E tudo isso requer muita coragem! Este livro
é sobre o Propósito e seu estudo abrange tanta coisa, tem tantas vertentes! Aqui
Prem Baba põe luz sobre o tema com a clareza própria de um líder espiritual,
sugere caminhos, práticas e exercícios que podem facilitar os processos e
entendimentos. Sabemos que estamos alinhados com nosso Propósito quando
encontramos um motivo real para acordarmos e vivermos o dia com alegria! E esse
motivo, em última análise, é vivermos o amor! Prem tem me ensinado bastante
sobre isso e talvez faça parte do meu Propósito dividir meu caminha com vocês
Namastê! (saudação hindu que diz: o Deus que está em mim felicita o Deus que
está em você). Reynaldo Gianecchini (1972-
), ator e modelo brasileiro. Texto de Sri Prem Baba (1951- ). INTRODUÇÃO. Talvez o maior infortúnio do
ser humano tenha sido, em algum momento da sua jornada, ter acreditado ser o
centro da criação. Nossa inteligência nos proporcionou muitas conquistas.
Conseguimos um certo domínio sobre a matéria e com isso passamos a agir como se
a natureza existisse somente para nos servir. O ego, enquanto símbolo da
individualidade, tomou conta da nossa experiência na Terra. Essa visão limitada
nos conduziu ao esquecimento de quem somos e do que viemos fazer aqui. E hoje
sofremos de uma profunda doença chamada egoísmo, que nos leva a manifestar um
grau insustentável de desrespeito à natureza e aos outros seres humanos, além
de uma profunda ignorância em relação ao significado da vida. No decorrer dos
séculos, temos usado nossa inteligência para reafirmar essa visão autocentrada
e para provar que somos superiores a tudo e a todos. O ego, que é apenas um veículo
para a experiência da alma neste plano, tornou-se o imperador máximo, e o
individualismo tomou proporções brutais. Perdemos a conexão com nossa
identidade espiritual e com a própria razão de estarmos aqui. Deixamos de nos
questionar sobre o sentido da vida, e isso aprofundou o esquecimento da nossa
essência e dos valores intrínsecos a ela. A teoria que considera o Universo
como o produto de um acidente cósmico (o Big Bang) sustenta a visão
materialista de que não existe um propósito para a vida. Se somos produto de um
acidente, estamos aqui por acaso. E se estamos aqui por acaso, não há um
propósito para a nossa existência. Essa ideia, porém, decorre da nossa
incapacidade de explicar, através dos métodos científicos, o que está por trás
do mistério da criação. E isso é o que nos leva a negar o espírito e a
acreditar que não existe nada além do corpo e da matéria. Mas esse materialismo
é o que tem impedido a nossa evolução, não somente espiritual, mas também
material! Porque, dessa maneira, estamos nos tornando cada vez mais cegos e
ignorantes em relação ao nosso próprio poder. A ideia de que somos apenas um
corpo combinada à crença de que somos superiores a tudo é o que sustenta a
indiferença diante da destruição do nosso planeta e o ceticismo em relação à
espiritualidade. Desconsiderando até mesmo as descobertas não tão recentes da
Física, continuamos cultivando uma visão estritamente materialista da vida.
Enquanto indivíduos e sociedade, seguimos negando a existência de um espírito
único que dá vida e interconecta todos os seres vivos e a natureza. Tudo isso,
porém, faz parte dos desafios da experiência humana na Terra, pois nós estamos
aqui justamente para realizar a lembrança de quem somos e do que viemos fazer.
O esquecimento, apesar de ser um instrumento de aprendizado nesse jogo da vida,
quando levado ao extremo, se torna um grande obstáculo para a expansão da
consciência. A maioria não tem a mínima ideia do que veio fazer aqui e nem
chega a se perguntar. Estamos nos aproximando de um ponto crítico, no qual uma
virada se faz necessária. É como se estivéssemos mais perto do final de um
grande projeto e estivéssemos sendo pressionados a cumprir nossa missão. Alguns
dizem que o prazo final já passou e que não tem mais jeito. Outros acreditam
que ainda temos chances de realizar nossa meta. Eu acredito que, para sermos
bem sucedidos, precisaremos passar por grandes transformações. Em primeiro
lugar, precisamos nos abrir para a verdade de que somos seres espirituais
vivendo uma experiência na Terra e que nós todos temos uma missão comum,
porque, sem essa consciência, estamos fadados à extinção. QUEM SOU EU? O QUE EU
VIM FAZER AQUI? É parte de nossa missão chegar à resposta para essas perguntas.
Estamos constantemente sendo levados a questionar e a encontrar soluções para
questões como essas. O tempo todo somos convidados a perceber e compreender o
Mistério. A natureza tem enviado mensagens bem claras de que chegou a hora de
despertar do sonho do esquecimento e de acordar para a realidade. Tornou-se
inaceitável que, com tanta informação disponível sobre a insustentabilidade do
nosso estilo de vida, continuemos agindo sem a mínima consciência ecológica.
Tornou-se inconcebível que ainda sejamos tão céticos e fechados para a
percepção da realidade maior, que transcende a matéria, pois é esse fechamento
que nos impede de ter acesso ao propósito da vida. Eu, como um mestre
espiritual, mas principalmente como um ser humano consciente, tenho a obrigação
de dizer a verdade, por mais dolorosa que ela possa ser: nós, seres humanos,
estamos caminhando para um grande fracasso. Até este ponto da nossa passagem
aqui na Terra, não fomos capazes de encontrar essa tão desejada felicidade. E
isso ocorre pelo fato de estarmos buscando no lugar errado – fora de nós. A
felicidade não está no futuro, nos bens materiais ou na opinião que os outros
têm sobre nós. Ela está aqui e agora, dentro de nós. Precisamos ter coragem e
humildade para abrir mão do orgulho e assumir nossos erros. Precisamos nos
curar do egoísmo. E somente o autoconhecimento pode trazer essa cura. E foi
justamente com o intento de oferecer instrumentos que possibilitam e facilitam
o processo de autoconhecimento, mas principalmente com o intuito de dar
movimento a uma energia capaz de impulsionar uma verdadeira transformação, que
eu decidi escrever este livro. Todos e cada um de nós viemos para este plano
com uma missão, um propósito a ser realizado. E apesar de, na superfície, não
sermos iguais e termos diferentes qualidades, estamos unidos por um propósito
único que, em última instância, é a expansão da consciência. E a consciência se
expande através do amor. Por isso costumo dizer que o nosso trabalho enquanto
seres humanos é despertar o amor, em todos e em todos os lugares. Podemos
comparar o processo de expansão da consciência ao desenvolvimento de uma
árvore. A raiz representa nossas memórias, nossas heranças, nossos ancestrais,
ou seja, nossa história na Terra. Ao mesmo tempo em que nos mantém aterrados, a
raiz não nos deixa cair. Ela é o que dá sustentação ao tronco da árvore, que,
por sua vez, representa nossos valores e virtudes consolidados. Quanto mais
forte o tronco, mais alto podemos chegar. Os galhos representam os
desdobramentos das nossas virtudes em dons e talentos: as folhas representam o
impulso de vida e a nossa eterna capacidade de renovação. E quando conseguimos
nos tornar canais do amor, através dos nossos dons e talentos, brotam flores e
frutos que representam justamente o que viemos realizar, o que viemos oferecer
ou entregar ao mundo. As flores e os frutos representam a manifestação ou a
realização do nosso propósito de vida. Agora eu quero convidar você a embarcar
comigo numa jornada rumo à expansão da consciência. Trata-se de uma aventura
cheia de incertezas e desafios que nos leva da semente ao fruto, da Terra ao
céu, do esquecimento à lembrança, do estado de adormecimento ao estado de
consciência desperta. Uma jornada que revela os infinitos desdobramentos do
amor – esse poder que nos habita, nos move e
nos liberta. O amor é a semente, a seiva e o sabor do fruto. Ele é a
beleza e a fragrância da flor. O início, o meio e o fim. Despertar o amor é o
motivo de estarmos aqui. Que a transmissão contida neste livro possa servir de
inspiração e guia para o seu caminhar. Livro: Propósito – A Coragem de Ser Quem
Somos. Abraço. Davi.
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