Cristianismo.
Ciência e Religião Juntas. II. AVE MARIA CHEIA DE GRAÇA. CONTROVÉRSIAS
TEOLÓGICAS – Os dogmas são as verdades que a Igreja Católica considera
inquestionáveis. E as mais populares devoções a Santíssima e Imaculada Maria
surgiram exatamente dessas máximas instituídas. O problema é que, para cada
qualidade em sua lista de virtudes, existe também um tema que gera polêmica. Ao
proclamar a virgindade perpetua de Maria, a sua Imaculada Concepção, a sua
assunção (subida) corporal aos céus, o seu papel como mediadora celestial e
corredentora, a Igreja Católica promoveu uma veneração popular a Santíssima
Virgem (Nossa Senhora) que, muitas vezes, se iguala a adoração a Cristo. Afinal
de contas, “Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum
ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na Terra, ou nas águas debaixo
da Terra, teria determinado o próprio Deus, segundo Êxodo 20,3-4. Contudo,
ainda assim, a veneração de Maria Santíssima continua ocupando um lugar central
na teologia. Publicado em 1992, o Catecismo da Igreja Católica corrobora a
crença: “Cremos que a Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua
no céu sua função materna em relação aos membros de Cristo”. E mais: “Esta
maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente (...).
Assunta aos céus, não abandonou este múnus (trabalho) salvífico, mas por sua
múltipla intercessão, contínua a alcançar-nos os dons da salvação eterna”. Já
para o escritor, psicanalista e ex pastor presbiteriano Caio Fábio (1955- ), Maria foi muito especial, mas não no
sentido frequentemente julgado. Em uma das publicações de seu site, ele afirma:
“Maria, sendo mulher virtuosa, foi escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus.
Espiritualmente, cada geração herda dá outra e deveria, portanto, crescer mais
que a outra. Mas não cresce, posto que a religião tenha determinado que as
melhores vidas já estejam mortas. Assim, o sentido da História não deveria ser
canonizar santos, mas sim existencializar de modo crescente a experiência de
cada pessoa com Deus” (1). NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS – Em uma tarde de sábado,
no dia 27 de novembro de 1830, na capela das irmãs Filhas da Caridade de São
Vicente de Paulo – França, Catarina Labouré (1806-1876) teve uma visão de Nossa
Senhora. Segundo seus relatos, “a Virgem Santíssima e Imaculada” estava de pé
sobre um globo, segurando com as duas mãos outro globo menor, sobre o qual,
aparecia uma cruzinha de ouro. Dos dedos das suas mãos, que de repente
encheram-se de anéis com pedras preciosas, partiam raios luminosos em todas as
direções e, num gesto de súplica, Nossa Senhora oferecia o globo ao Senhor”. O
pedido dela teria sido que cunhassem medalhas onde sua imagem aparecesse
semelhantemente à da visão. Segundo a aparição, todos que usassem o amuleto
receberiam grande graças. VIRGINDADE PERPÉTUA – Você pode ter reparado que em
nenhum momento deste texto, a palavra “virgem” foi utilizada como sinônimo de
Maria. Isto porque a questão é um tanto quanto delicada. A doutrina da
virgindade perpétua foi amplamente apoiada pelos padres da Igreja e, no século
VII, foi consolidada num conjunto de concílios ecumênicos. Este é um
ensinamento tanto católico quanto anglo católico, ortodoxo e ortodoxo oriental,
como se comprova em suas liturgias. Por sua vez, os protestantes, assim como
alguns historiadores, céticos e outros estudiosos das Escrituras Sagradas
avaliam que tal preceito tem bases para ser confrontado – bíblicas, inclusive.
O versículo 25 do primeiro capítulo do evangelho de Mateus, por exemplo, nos
diz que “Ele (José) não teve relações com ela (Maria) até que ela deu à luz um
filho, e deu-lhe o nome Jesus”. Em outras traduções, a sentença aparece da
seguinte maneira: “Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um
filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus”. A frase parece sugestiva quanto à
possibilidade do casal ter se relacionado após o nascimento de Cristo. Outro
argumento está no versículo 7 do capítulo 2 de Lucas “e ela deu à luz ao seu
primogênito”. Como o termo significa “aquele que nasceu primeiro”, ou ainda “o
primeiro filho do casal”: é provável que Jesus então tenha tido irmãos,
conforme falado em Mateus 13,55-56 “Não é este o filho do carpinteiro? E não se
chama sua mãe Maria, e seus irmão Tiago e José, e Simão e Judas? E não está
entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois tudo isto?” Caso
contrário, seria descrito como unigênito (filho único ou único gerado). E, para
a surpresa de muitos, a própria Bíblia traz evidências de que o Cristo pode ter
tido, além de seus irmãos espirituais, irmãos biológicos. A GRANDE FAMÍLIA –
Para quem não é um leitor assíduo das Escrituras, a especificidade da
descrição, citando até mesmo nomes dos irmãos sanguíneos, pode causar espanto.
E esta não é a única vez que eles são citados, pois outras passagens também
relatam a presença deles junto de Jesus, Maria ou dos demais discípulos. Lucas
8,20 “E foi lhe dito: Estão lá fora tua mãe e teus irmãos, que querem ver-te”.
João 2,12 “Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e
seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias” e Atos 1,14 “Todos estes
perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de
Jesus, e com seus irmãos”. NOSSA SENHORA DE LOURDES – Na então aldeia de Lourdes, região francesa dos Altos
Pirineus, em 11 de fevereiro de 1858, a jovem Bernadette Soubirous (1844-1879)
foi apanhar lenha às margens do rio Gave. Contudo, a menina de apenas 14 anos
ouviu a voz de uma mulher chamando-a carinhosamente. A voz vinha de dentro da
gruta. Curiosa e obediente, Bernadette entrou e viu a figura de uma dama que
teria se apresentado como Maria. Esta foi a primeira das outras 17 aparições
que se seguiram. A notícia se espalhou e muitas pessoas foram à gruta no desejo
de ver o espectro, mas só as crianças viam, o que gerou muita desconfiança e
dúvida na população. Mesmo assim, segundo a tradição católica, a manifestação
divina fez brotar na rocha uma fonte de água cristalina e considerada milagrosa. Assim, as supostas
curas obtidas através da água levaram a Igreja a autorizar o culto à chamada
Nossa Senhora de Lourdes. No entanto, a versão oficial da Igreja Católica,
sustenta que o termo “irmão” (quando a Bíblia fala de irmãos de Jesus) se
refere, na verdade, aos primos de Jesus. E a tese não deixa de ter sentido: as
línguas hebraicas e aramaicas não possuem um vocábulo que designe o termo
“primos”. Ou seja, como o Novo Testamento foi escrito na língua grega, o
processo de tradução pode ter sido prejudicado, já que os autores utilizaram o
termo adelfos, que literalmente significa irmãos. O grande problema é que em
todas as vezes que são mencionados, os primos ou irmãos de Jesus estão na
companhia de Maria – contexto que potencializa as chances de Jesus não ter sido
filho único. NOSSA SENHORA DE GUADALUPE – A virgem de Guadalupe, como é
popularmente conhecida, teria aparecido a um índio da tribo Nahua, no longínquo
ano de 1531. Identificando-se como mão do verdadeiro Deus, os relatos afirmam
que a imagem fez crescer flores na colina semidesértica de Tepeyac, noroeste da
cidade do México – México. Posteriormente, como prova de sua aparição, ela
orientou o indígena que levasse uma das flores para o bispo, instruindo-o
também que construísse um templo à
virgem naquela região. Além disso, deixou sua própria imagem impressa
misteriosamente (ou seria milagrosamente?) em um tecido de pouca qualidade,
feito a partir do cacto, que deveria se deteriorar em 20 anos. Porém, não
mostra sinais de decomposição até os dias de hoje. NOSSA SENHORA DE GUADALUPE
tornou-se a padroeira do México e é considerada a “imperatriz da América”.
MEIOS-IRMÃOS – Um segundo argumento da Igreja Católica Romana é de que os
irmãos e irmãs de Jesus eram filhos apenas de José, oriundos de um casamento
anterior. Algumas teorias acreditam que o carpinteiro era bem mais velho do que
Maria antes de se casar com ela. Além disso, Havia se tornado viúvo e possuía
vários filhos. No entanto, caso José já possuísse pelo menos seis herdeiros (os
quatro homens citados e, no mínimo, mais duas mulheres referentes as “irmãs”),
por que eles não são mencionados na sua viagem com Maria a Belém: Lucas 2,4-7
“E subiu também Jose da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de
Davi, chamada de Belém (porque era da casa e família de Davi); afim de
alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. A aconteceu que, estando
eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz a seu
filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque
não havia lugar para ele nas estalagens”. Ou na sua viagem ao Egito em Mateus
2,13-15 “E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a Jose
num sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e
demora-te lá até que eu te diga; porque
Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele, tomou o
menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. E esteve lá, até a morte de
Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta,
que diz: do Senhor chamei a meu filho”. Ou na sua viagem de volta para Nazaré
em Mateus 2,20-23 “Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a
Terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino.
Então ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a Terra de
Israel. E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes , seu
pai, receou ir para lá; mas avidado num sonho, por divina revelação, foi para
as partes da Galileia. E chegou , e habitou numa cidade chamada Nazaré, para
que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno”.
APARIÇÕES – Na tradição cristã, há muitas ocorrências de aparições de anjos ou
santos trazendo alguma mensagem de Deus. Com Maria não poderia ser diferente.
Mesmo entre os fiéis, as manifestações são pautas para debates e contestações,
uma vez que as chamadas forças do mal são frequentemente acusadas de fraudes em
questões desse tipo. Já para a ciência, é difícil assegurar que as experiências
sobrenaturais acontecem de fato. Segundo os acadêmicos, conduzir estudos e
pesquisas que têm por objetivo investigar a fundo eventos sobrenaturais é uma
empreitada de risco. “Quando você se livra de toda a falsidade (algo em torno
de 95% dos casos) o resíduo deixado parece ser algo real”: confessa Robert M.
Schoch (1949- ), professor de ciências
naturais da Universidade de Boston – EUA. Em uma de suas entrevistas, ele
admite a possibilidade de existir uma relação entre os campos eletromagnéticos
da Terra e os estímulos elétricos, percebidos por determinadas pessoas. “Um
estudo analisou as aparições e os padrões geomagnéticos da superfície da Terra.
Parece que é possível relacionar os casos de aparições com o fluxo
geomagnético”, observa Schoch, cautelosamente. Enquanto alguns campos científicos
preferem permanecer alheios a tais discussões, outros ramos alternativos
demonstram interesses em se debruçar nos fenômenos. É o caso da ufologia. Para
esses estudiosos, o círculo de hipóteses não pode ser fechado, posto que os
acontecimentos de natureza religiosa podem ser conectados com questões mais
amplas. NOSSA SENHORA DE CARAVAGGIO – Na tarde do dia 26 de maio de 1432, a
senhora Joaneta Vacchi saiu para buscar
comida para seus animais. Ao perceber que estava longe de casa, que era situada
no pequeno vilarejo de Caravaggio, norte da Itália, próximo a Milão, a mulher
ficou com medo de ser espancada pelo marido, um homem de coração duro que a
tratava muito mal. Ao dirigir-se para Maria em busca de socorro, uma luz
misteriosa teria surgido em seu caminho, revelando no céu a imagem da mãe de
Deus. Primeiramente, a mulher divina exaltou a postura de Joaneta como filha
humilde e sofredora. Depois, deu um recado ao povo (no início do século XV, a
Igreja Católica estava agitava por disputas e divisões internas, inclusive com
o surgimento de alguns antipapas: pediu que voltassem a fazer penitência,
jejuassem nas sextas-feiras e orassem na igreja no sábado à tarde, em
agradecimento pelos castigos afastados. Isso sem no pedido de construção de um
templo em seu nome. Esta foi a única aparição de NOSSA SENHORA DE CARAVAGGIO.
Editor do Mosaico – (1). O pastor Caio Fábio é muito conhecido no meio
evangélico nacional, residindo atualmente em Brasília – Brasil, lidera o movimento espiritual Caminho da Graça, com
“estações” em vários estados da Federação. Tendo, principalmente nos evangelhos
(Mateus, Marcos, Lucas e João), sua principal maneira de difundir o
cristianismo de forma simples e contextualizada na humanização do ser. Já
estive em suas reuniões, e sua palavra tem um grande alcance, pois a trabalha
na perspectiva da experiência existencial. É recorrente em seu discurso abordar
temas como: sofrimento, desesperança, angústia, medo, receio, coragem, ânimo e
estimulo dentre outros. A psicanálise é claramente vista em suas pregações onde
traz palavras típicas da análise terapêutica como: pulsão, libido, depressão,
complexo, androginia, catarse, ansiedade, homossexualidade, narcisismo,
sublimação, neurose, psicose, esquizofrenia dentre outros. Temas que nos dizem
respeito, sendo assim, em alguns casos, nos sentimos numa sessão de psicanálise
quando frequentamos os cultos, tal a ênfase como o tema relacionado ao
evangelho é abordado. Ele é realizado com naturalidade, além de poucos ritos
cerimoniais, uma característica do Caminho, que procura se distanciar do
dogmatismo das igrejas protestantes e neopentecostais, voltando a pureza
espiritual centrada em valores humanos de fraternidade e amor ao próximo. Mesmo
elogiando a performance teológico didático do Caio como líder do Caminho,
discordo do seu argumento quando diz: “o sentido da história não deveria ser
canonizar santos, mas sim existencializar de modo crescente a experiência de
cada pessoa”. Acho que o primeiro período, em sua generalização, não corrobora
com o assunto que se refere a história da santidade, virgindade e pureza de
Nossa Mãe Imaculada Conceição Maria – Nossa Senhora. Ela foi, é, e será um
exemplo de amor, acolhimento e abnegação para com todos os seres. Sua vida
piedosa, e envolvida pelo desejo de ser útil ao Eterno; disponibilizou seu
corpo físico, sua emoção e seu sentimento, para que, o filho de Deus viesse ao
mundo através do seu ventre. Caio, infelizmente, não tem uma visão profunda
sobre a espiritualidade universal, nem percebe psicologicamente a importância
dos arquétipos e símbolos que permeiam nosso inconsciente. Tudo o que existe,
existiu continuará existindo em nossa mente (cósmica) sideral, onde a
humanidade vêm caminhando desde milênio, procurando se aperfeiçoar através dos
vários institutos que a acompanham quando relacionados a exemplos de vida,
pautados na virtude, fé e solidariedade humana. A questão iconoclasta (aversão
a imagem) foi discutida no Concílios de Trento da Igreja Católica realizado na
segunda metade do século XVI, afirmando o culto as imagens dos santos
representativos da piedade, santidade e temor a Deus. Quando não cremos, sinto
que, nossa condição deve ser a do respeito e consideração daqueles que tem
nestes ícones, uma tipologia do divino e as lembranças de que devemos, como
estes, ter vida condizente com a divindade suprema que permeia nossa alma e
nosso espírito. Sinto que o Caio teve essa intenção ao expor seu argumento. A
Sabedoria Divina, mostra que, os mortos continuam “vivos” em planos sutis e
etéricos, evoluindo em sua alma; entretanto, aqueles que chegaram a estágios
elevados, quando não optam por trabalharem em dimensões planetárias longínquas,
continuam conosco, exercitando seus dons para o benefício da humanidade. No
segundo período “mas existencializar de modo crescente a experiência de cada
pessoa”; o Caio, suponho, equivocar-se em seu argumento, pois não vejo
reticência verbal que justifique a implícita comparação com vidas passadas de
pessoas, que pela meritoriedade e santidade continuam sendo reverenciadas como
exemplos de compaixão, amor e piedade a serem imitados. O apóstolo Paulo em uma
de suas cartas diz em I Coríntios 11,1 “Sede meus imitadores como eu sou de
Cristo”. Desse modo, sinto que o “olhar” do fiel para uma imagem o reporta ao
universo da tipologia incrustado em nosso inconsciente, como lembrança e
representação dum ideal, que nós viventes devemos almejar e procurar pela
experiência cristã praticar. A Santíssima Virgem – Nossa Senhora, não só, tem
todos esses atributos e exemplos como é na essência o maior arquétipo
espiritual do cristianismo juntamente com o Filho de Deus Jesus Cristo. Penso que a Divina Mãe
está dentro dessa esfera (acolhimento e cooperação) que envolve nosso planeta
Terra e o sistema solar onde estamos inseridos. Ela roga diante do Pai, não só
pelos habitantes da Terra, como também por todos os seres dos reinos: mineral,
vegetal e animal. Além de ter completa autoridade sobre os anjos, demônios e
demais hostes celeste. Seja louvada e glorificada Ó Santíssima Virgem Maria.
Abraço. Davi.
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