quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

II. Discernimento.



Filosofia Oriental. Jiddu Krishnamurti (1895-1986). Entre  o bem e o mal, o Ocultismo não admite compromissos. Custe o que custar, deves fazer o bem e nunca o mal. Diga ou pense o ignorante o que quiser. Estuda profundamente as leis ocultas da Natureza e organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom senso. Deves discernir entre o que é importante e o que não é. Firme como uma rocha em tudo que concerne ao bem e ao mal, cede invariavelmente aos outros nas coisas de somenos importância. Pois deves ser sempre amável, bondoso, razoável e condescendente, deixando aos outros a mesma plena liberdade que para ti necessitas. Procura verificar o que vale a pena ser feito e lembra-te que as coisas não devem ser julgadas pela sua grandeza aparente. Uma pequena coisa de utilidade imediata à obra do Mestre merece muito mais ser feita, do que uma grande coisa que o mundo considera boa. Precisas distinguir não somente o útil do inútil, mas ainda o mais útil do menos útil. Alimentar os pobres é uma boa obra, nobre e útil; porém, alimentar-lhes as almas é ainda mais nobre e mais útil. Por muito sábio que já sejas, muito terás ainda que aprender na Senda; tanto que nela mesma precisas discernir e meditar cuidadosamente o que deve ser aprendido. Todo o conhecimento é útil, e um dia o possuíras, integralmente; enquanto, porém, só possuíres parte dele, cuida em que essa seja a mais útil. Deus tanto é Sabedoria como Amor; e quanto mais sábio fores, mais Ele se manifestará por teu intermédio. Estuda, pois, mas estuda em primeiro lugar o que mais te habilite a auxiliar aos outros. Trabalha pacientemente em teus estudos, não para que os homens te julguem sábio, nem mesmo para gozares a felicidade de ser sábio, mas porque o sábio pode ser sabiamente útil. Por muito que desejes prestar auxílio, enquanto fores ignorante, poderás fazer mais mal do que bem. Precisas distinguir entre a verdade e a mentira; deves aprender a ser verdadeiro em tudo; no pensamento, na palavra e na ação. Primeiro no pensamento, e isto não é fácil, porque há no mundo muitos pensamentos falsos, muitas superstições insensatas e ninguém que a eles se escravize poderá progredir. Por conseguinte, não deves acolher um pensamento simplesmente porque muitas pessoas o acolhem, nem por ter merecido crédito durante séculos, nem por constar de algum livro que os homens julguem sagrado. Deves pensar por ti mesmo sobre a questão, e por ti mesmo ajuizar se ela é razoável. Lembra-te que, embora um milhar de homens concorde sobre um assunto, se nada conhecerem a respeito, a sua opinião não tem valor. Aquele que quiser caminhar na Senda tem que aprender a pensar por si mesmo, pois a superstição é um dos maiores males do mundo e um dos empecilhos de que, por ti próprio, te deves libertar inteiramente. O teu pensamento acerca dos outros deve ser verdadeiro; não penses a seu respeito aquilo que não saibas. Não suponhas que os outros estejam sempre pensando em ti. Se um homem faz alguma coisa que julgas poder prejudicar-te, ou diz algo que parece ser-te dirigido, não suponhas imediatamente: ele pretende ofender-me. O mais provável é que nunca pensasse em ti pois cada alma tem as suas próprias preocupações e os seus pensamentos não giram, as mais das vezes, em torno senão de si própria. Se um homem te falar colericamente, não penses: Ele me odeia e quer ferir-me. Provavelmente, alguém ou alguma coisa o encolerizou e, acontecendo encontrar-te, voltou a sua cólera sobre ti.  Procede insensatamente, pois toda a cólera é insensata, mas nem por isso deves pensar falsamente a seu respeito. Quando te tornares discípulo do Mestre, poderás sempre averiguar a veracidade do teu pensamento cotejando-o com o Seu. Pois o discípulo é um com seu Mestre e basta-lhe fazer retroceder o seu pensamento até ao do Mestre, para verificar se ambos estão de acordo. Se não estiver, o pensamento do discípulo é errôneo e ele deve modifica-lo instantaneamente, pois o pensamento do Mestre é perfeito, visto que Ele tudo sabe. Aqueles que por Ele ainda não foram aceitos, não podem fazer isto perfeitamente; porém serão grandemente ajudados se frequentemente se detiverem e perguntar: Que pensaria o Mestre a este respeito? Que faria ou diria Ele em tais circunstâncias? Pois nunca deves fazer, dizer ou pensar o que não possas imaginar que o Mestre faça, diga ou pense. Deves também ser verdadeiro no falar, exato e sem exageros. Nunca atribuas más intenções a outrem; somente o seu Mestre lhe conhece os pensamentos e bem pode estar agindo por motivos que nunca penetrassem em tua mente. Se ouvires uma narrativa contra alguém, não a repitas; pode não ser verdadeira; e, ainda que o seja, é mais bondoso nada dizer. Pensa bem antes de falar, a fim de não caíres em inexatidões. Sê verdadeiro na ação, nunca pretendas parecer senão aquilo que és, pois todo fingimento constitui um obstáculo à pura luz da verdade, que deve brilhar através de ti como a luz do Sol através de um vidro transparente. Precisas discernir entre o egoísmo e o altruísmo, pois o egoísmo reveste muitas formas e, quando pensas tê-lo morto, finalmente numa delas, surge noutra tão forte como sempre. Porém, gradualmente, o pensamento de auxiliar aos outros te encherá de tal modo, que não haverá lugar nem tempo para pensares em ti mesmo. De outra maneira, ainda deves utilizar o discernimento; aprende a distinguir a Deus que está em todos e em tudo, por pior que seja a sua aparência exterior. Podes ajudar teu irmão pelo que tens de comum com ele, a Vida Divina. Aprende a despertar nele essa Vida, aprende a invoca-la nele, assim o salvarás do mal. Livro Aos Pés do Mestre. Abraço. Davi.

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