Budismo
Nitiren Daishonin. Daisaku Ikeda (1928-
). No decorrer da vida, nós desfrutamos a
companhia de diferentes tipos de amigos. Os amigos de nossa infância que nós
podemos lembrar vagamente. Os amigos da escola primária. O melhor amigo da
adolescência. Colegas que encontramos no serviço. Amigos que compartilhamos
bons momentos. Companheiros de farra. E na medida que envelhecemos, um amigo no
qual podemos tomar um chá juntos enquanto conversamos. Não importa em que
estágio da vida ou que tipo de amizade. Esta é uma pura conexão entre duas
pessoas, um elo de sinceridade mútua, imune aos cálculos de perdas e lucros. Nas amizades da
infância, a criança não é madura o suficiente para valorizar o outro indivíduo
com profundidade. Mas, na adolescência aprendemos através do ato de se ter um
amigo, acreditar nele e corresponder a sua confiança quer seja por uma
promessa, que temos a primeira experiência em desafiar a si mesmo e a prezar
outras pessoas. Mesmo entre os quase 7 bilhões de habitantes neste planeta, é
muito raro encontrar amigos genuínos e incondicionais nos quais podemos expor o
nosso Eu de modo integral e que serão capazes de compreender os nossos
sentimentos e pensamentos sem a necessidade de palavras. Tal preciosa amizade
pode ser mantida no decorrer de anos. Eu
sinto que é especialmente importante para as mulheres não cresceram longe de
seus amigos próximos quando casam ou quando ocorrem grandes mudanças em suas
vidas. A medida que envelhecerem, seus pais poderão falecer, poderá ocorrer um
divórcio ou mesmo a morte do cônjuge. Este é o inevitável ritmo da vida. Os
filhos se tornam independentes e deixam o lar. E no decorrer dos anos, o senso
de isolamento na mulher pode aumentar. Assim, eu penso que a chave para se viver
uma vida plena reside no ato de termos ao menos um amigo verdadeiro no qual
podemos conversar sobre tudo. Nós choramos por sua dor e dançamos com alegria
por sua felicidade. E esta troca de emoções nos torna abertos para o mundo e
outras pessoas. Ser uma pessoa de espírito generoso que respeita o caráter e
personalidade daqueles ao seu redor, mesmo que estes sejam diferentes, é a base
da amizade. Especialmente
valiosas são as amizades que transcendem as barreiras de raça, nacionalidade e
outras barreiras. Eu me lembro claramente quando li o livro de Romain Rolland
sobre a amizade de duas pessoas. Christophe e Olivier que tinham
características contrastantes. Christophe era alemão, Olivier era francês.
Enquanto Christophe era forte e cheio de vida, Olivier era fisicamente fraco
mas de extrema sensibilidade. A medida que a amizade entre os dois crescia, os
dois "se vislumbravam com o que descobriam no convívio mútuo. Havia tanto
o que compartilhar (...)." Christophe e Olivier debatiam vigorosamente sobre as diferenças
entre seu povo, arte, liberdade e humanidade e no decorrer das conversas acabaram
descobrindo um novo mundo. Algumas vezes, eles se exaltavam, nos momentos em
que não conseguiam entender um ao outro, mas esta amizade foi capaz de
sobreviver mesmo quando a França e a Alemanha estava prestes a entrar em guerra
uma contra a outra. Eu
tenho a absoluta convicção de que quando construímos redes de amizade que
atravessam as fronteiras nacionais, compreendendo que todos somos partes de
família humana, nós seremos capazes de sobrepujar todas as barreiras étnicas e
religiosas. Por fim, serão estes laços de amizade que irão criar um mundo
pacífico. Desta
forma, como podemos dar início a este processo no âmbito pessoal? Muito
simples, basta nos munirmos de coragem, sermos capazes de abrir o coração e
começarmos verdadeiros diálogos. Assim, novas e inesperadas amizades poderão
surgir. Fazer e
desenvolver amizades depende de cada um, não de outra pessoa. Tudo provém da
sua própria atitude e iniciativa. As relações humanas são como um espelho.
Logo, se pensa de si mesmo: Caso ele fosse um pouco mais gentil comigo, eu
poderia me abrir com ele, em compensação, a outra pessoa poderia pensar: Caso
ela fosse mais franca comigo, eu poderia ser mais gentil. Caso haja sinceridade
por sua parte, naturalmente, estará cercado de bons amigos algum dia. As pessoas
que não temem ser autênticas são capazes de fazer amigos de confiança. Um
verdadeira amizade conecta indivíduos autoconfiante que compartilham um laço em
comum. Da mesma forma que um bambuzal, cada bambu se impõe ereto e independente
em direção aos céus. Mas, abaixo do nível do solo, aonde ninguém observa, as
suas raízes são todas entrelaçadas. Em contrapartida, a amizade entre pessoas que isentas de uma
clara direção na vida pode se tornar estagnada ou dependente. A amizade deve
ser mais do que um simples elo com pessoas que passam a maior parte do tempo ao
seu lado, o que lhe emprestam dinheiro ou simplesmente são gentis. A verdadeira
amizade envolve um comprometimento real e nos impulsiona a cuidar da outra
pessoa, mesmo que possamos arriscar o nosso próprio bem-estar em alguma
ocasião. É fácil
encontrar maus amigos que irão encorajar as nossas fraquezas. Em contraste, um
bom amigo é realmente difícil de se encontrar. O sr. Makiguti, o professor
primário que fundou a Soka Gakkai, dizia que a amizade pode ser dividida em
três tipos. Por exemplo: um amigo precisa de dinheiro emprestado. O ato de
emprestar o dinheiro é considerado um ato de pequeno bem, enquanto que,
ajudá-lo a encontrar um emprego é classificado como um ato médio. Entretanto,
caso seu amigo tenha o caráter de ser preguiçoso, então ajudá-lo desta forma
somente irá perpetuar seus hábitos negativos. Neste caso, a verdadeira
amizade está em ajudar esta pessoa a mudar sua natureza preguiçosa que é a
causa fundamental do seu sofrimento. Um verdadeiro amigo geralmente diz o que
algumas vezes não queremos ouvir, mas que é de extrema necessidade para que
possamos nos manter na linha e que cresçamos integralmente como seres humanos. Somente um verdadeiro
amigo pode tornar nossas vidas duas ou três vezes mais rica. Uma pessoa com tal
amigo nunca irá se sentir perdida. http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br. Abraço. Davi.
Fonte: Mirror Weekly – Semanário publicado
na República das Filipinas – 14/09/1998
Preciosa
Colaboração de Charles Chigusa
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