Nesse último dia do ano, quero agradecer a presença dos leitores que visitaram o Mosaico lendo os textos postados. Tivemos um ano difícil no mundo, e tudo indica que essa nuvem escura continuará sua projeção pelo planeta Terra. Vários problemas causaram preocupação e medo - a tensão entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos na questão nuclear. Ameaças do ditador Kim que apresentou teste com míssil intercontinental capaz de atingir o território americano - Ilhas Virgens. Causou fúria e ira no presidente americano Trump, que deslocação uma frota de navios nucleares para a costa da península coreana. A decisão unilateral de Trump de não retificar o Acordo do Clima, já decidido pelos então ex-presidentes Clinton, Bush e Obama decepcionou a Comunidade Internacional. Os americanos são os maiores poluidores do Planeta na emissão de gases tóxicos e metais pesados na atmosfera. Trump também protagoniza uma decisão controversa e sem base jurídica ou consenso das nações. Seu suposto arbitramento em tornar Jerusalém a capital política de Israel. Mais de cem países na ONU protestaram com seus representes contra essa deliberação forçada e sem legitimidade. Nosso país, o Brasil, agora, dá sinais de recuperação econômica com a inflação em seu menor nível nos últimos 30 anos, menos de 3% em 2017. Nossa vizinha Venezuela fechará esse ano com 2.700% de inflação; o país atravessa um inferno astral. O desabastecimento é generalizado. Entretanto, nossa nação ainda amarga números negativos com 13% da população ativa desempregada. Isso representa mais de 30 milhões de pessoas sem receber salário. A informalidade do sub emprego é a saída de milhares de brasileiros. Nossa política continua esclerosada, velha, corrupta e desesperançosa. O ano eleitoral de 2018 é uma das maiores incógnitas já vista em nossa história. Não temos líderes capazes que conduzir a nossa, e talvez um nome populista e "salvador da pátria" poderá encarnar esse vácuo social. A onda dos governos nacionalistas como tendência global chega ao Brasil. Isso em nosso atual contexto tem muita representatividade. As mudanças advindas deste modelo - reforma da Previdência, nova relação trabalho e emprego, maior influência empresarial no Estado, micro empreendedorismo nos vários setores econômicos, volatilidade nas relações trabalhistas serão implantadas; mesmo com os protestos das centrais sindicais. Servidores públicos em sua maioria farão optarão pelo Tele Trabalho, abrindo postos às empresas que alocarão os terceirizados. MEDITAÇÃO CRISTÃ. A
Meditação foi praticada nos primórdios do cristianismo até o século V
aproximadamente com o nome de Oração do Silêncio. Nesse tempo não havia o
rígido controle que a igreja posteriormente usaria para uniformizar os rituais
e cerimoniais dando configuração eclesiástica ao catolicismo. Nos mosteiros e
comunidade isoladas de eremitas os exercícios espirituais continuavam
ativos. A meditação tem o propósito de interagir com o ser humano de
maneira (mente, alma e corpo) integral. Na perspectiva hindu o homem é
constituído de duas partes básicas chamadas de Rupa (forma) e Arupa (não
forma). A teosofia chama essa composição de setenária, pois o aspecto inferior
tem os componentes: corpo físico, etérico, astral ou emocional e mental
(concreto e abstrato). Essa parte é representada por um quadrado. O aspecto
superior tem os componentes: Atma, Budhy e Manas. Essa parte é representada por
um triângulo. Não detalharei esses elementos, agora, pois fugiria da nossa
intenção original, mas o primeiro Atma é considerado a Consciência Cósmica, o
originador de todas as mônadas, chispas divinas incluídas em nossa atual Raça
Raiz. Pormenorizarei um pouco o conceito de Monada, usado pela Teosofia vindo
da filosofia de Gottfried Leibniz (1646-1716). "As Monadas são consideradas
Átomos da natureza, isto é, são elementos simples que compõem todas as coisas.
Cada Monada é, no entanto, distinguível das outras, possuindo qualidades que
variam unicamente por princípio interno, visto que, enquanto substância pura,
nenhuma causa exterior pode influir em seu interior. Não havendo partes em uma
monade, ela possui um detalhe múltiplo, isto é, envolve uma multiplicidade na
unidade. Expressando o universo sobre um determinado ponto de vista ou seja é
dotada de percepção. Uma Monada não pode exercer qualquer efeito sobre a outra,
ocorrendo entre elas uma acomodação, através de Deus, que ao fazer cada uma,
teve em conta todas as outras. Dado que cada monade tem em si a representação
do Universo e da relação entre todas as monades. Um espírito Absoluto, Deus,
pode segundo Leibniz, a partir do que se passa em cada uma, inferir por mero
cálculo o que se passa, o que se passou e o que se passará em todo o
Universo". Manas associa nossa mente abstrata, defluindo-a da
concreta, sendo ela ligada ao inferior cogita das coisas terrenais e mundanas.
A mente abstrata eleva nossos pensamentos à individualização profusa com o
divino, bem tipificado na prática meditativa. Budhy é o envoltório de Atma
formador da centelha divina (Monada) em todos os seres humanos e não humano.
Nosso verdadeiro ser é o Eu Superior localizado na tríade superior e não na
quadratura inferior. Mas o indivíduo acredita ser o Eu Superior. O processo de
desenvolvimento do Eu Superior está ligado a evolução de nossa consciência que
expande-se rumo a evolução. Ir além do que é humano é entrar no reino dos céus.
Mateus 25:34 "(...), vinde benditos de meu Pai, possui por herança o reino
que vos está preparado desde a fundação do mundo". O corpo causal, aquele
que está sob o domínio do carma, é nossa alma que se expressa na unidade de
consciência. Aqui pensamos uma consciência completa e funcionando em sua
normalidade, pois os indivíduos patologicamente afetados por transtornos
psíquicos como a esquizofrenia e psicose terão suas consciência fragmentadas,
impedindo um comportamento neurológico saudável. A alma nomeia o Eu como
embaixador enquanto estamos encarnados, processo que acontece em todos os
nossos renascimentos. Acreditamos estar a unidade de consciência no mental
concreto e devemos ultrapassar essa muralha que nos limite como prisioneiro de
nossos pensamentos. Eles nos distraem forçando-nos a viver apegados aos desejos
e submissos a vontade terrena. A mente superior é a entrada na vida espiritual
como vivência que nos transforma, a gnose que é o conhecimento esotérico da
verdade espiritual. “A gnose combina mística, sincretismo religioso e
especulação filosófica que diversas comunidades do primeiro século da era
cristã, consideradas heréticas pela igreja, acreditavam ser essencial à salvação
da alma”. A função da mente concreta é olhar para fora do mundo diferenciando
os objetos. Isso acaba produzindo a separatividade alheia ao conhecimento do
todo e discernimento das partes, levando-nos a ignorância e induzindo-nos ao
erro. Desse modo tratamos os outros como outros e não nosso irmão. Deus é
cognoscível, que se conhece, e incompreensível ao mesmo tempo, um paradoxo que
não conseguimos explicar logicamente. Deus não se concebe com a mente concreta,
o cogito erga sun, penso logo existo de René Descartes (1596-1650), ainda é
insuficiente à compreensão do Logos Divino. A mente abstrata que acessa Manas
através duma ponte ou fio dourado chamado Antakarana, saindo de nossa terrena
personalidade e entrando em nossa superior individualidade conhece os mundos
espirituais invisíveis. João 14:6 "Disse-lhes Jesus: Eu Sou o caminho a
verdade, e a vida. ninguém vem ao Pai senão por mim". A bíblia deve ser
interpretada na linguagem alegórica. Eu Sou, representa o divino em cada um de
nós manifestado no caminho, verdade e vida. Conhecemos a verdade pela vida que
é Atma, o Espírito Puro. A mente esclarecida, colocada na parte superior de
nosso ser, como diz Romanos 8:6 " (...) a mente posto no espírito é vida e
paz". Assim percebemos como todas as coisas convergem para o centro do
Universo. Meditação tem haver com o esvaziar da mente de todo o pensamento. As
rotas e pegadas que devemos seguir dos grandes seres que atingiram essa meta da
comunhão mística meditativa com o Divino. A meditação é um exercício ou prática
que deve ser periódica onde nos acalmamos, não nos preocupamos e tentamos ouvir
nossa respiração e as batidas de nosso coração. Quando a pessoa corre, o
cérebro entra no sistema de hiperatividade para oxigenar os pulmões. A
meditação, comparativamente, realizada conforme as instruções corretas dispara
um mecanismo de aproximação e vivência espiritual que produz paz e felicidade.
A meditação cristã foi ensinada por Jesus no sermão da montanha. Mateus 6:6
"Mas tu quando orares, entra no teu aposento, quarto, e fechando a tua
porta, ora a teu Pai que está em secreto. E teu Pai que vê em secreto, te
recompensará publicamente". Pesquisas antropológicas culturais mostram que
nos tempos de Jesus as casas na palestina eram modestas e de apenas um cômodo.
Orar ao Pai em secreto num aposento denota a câmara interna do nosso coração. O
Pai que vê em segredo te recompensará; esse galardão é a próprio presença
divina. Aqui fazemos um paralelo com o que diz o Bhagavad Gita "fazer a
ação renunciando aos seus frutos". Algo que como cristãos ainda precisamos
aprender a fazer. A oração do silêncio está incluída na bíblia, mas como seus
argumentos são sintéticos precisamos expandir e entender a sua implicação. A
vida típica de um judeu abrangia dentre outros elementos a família, honra e
riquezas. Aqueles buscadores do divino e compromissados em encontrar a paz,
serenidade e quietude iam para o deserto em busca de "solidão". Eles
são chamados pela literatura cristã (Coleção Filocalia) de padres do deserto.
Temos nesse fato uma lição de vida, não basta mudar de lugar para nos
santificarmos devemos dar novo direcionamento à nossa alma. Não adianta fugir
pra caverna pois leva-se os problemas pra dentro dela. O apóstolo Paulo diz em
I Tessalonicenses 5:17 "Orai sem cessar". Isso não é no sentido
literal, mas uma prontidão para termos constantemente atenção para o divino.
Esses padres do deserto buscavam orientação com os Essênios, uma comunidade
espiritual do primeiro século que tinha na gnose a compreensão da sabedoria
divina. Ao olhamos para nós conhecemos a Deus. Essa tradição quando algum
candidato (neófito) se dispunha a entrar na ordem mística, era levado à um poço
d'água pra ver seu rosto. O procedimento continuava quando um dos discípulos
jogava uma pedra dentro do poço impedindo que ele consegui enxergar-se. Após o
discípulo o aquietava falando-lhe que sua mente devia sossegar-se. Os antigos
manuais cristão orientavam que para praticarmos a oração do silêncio
(Meditação) um dos requisitos principais era sentarmos com a coluna reta e
enrolarmos a barba. Aqui uma menção jocosa porque nesse tempo as mulheres não
meditavam, mas hoje todos podemos exercitar essa prática saudável. Infelizmente
as comunidades gnósticas que antes conviviam pacificamente com os cristãos até
o século V, com as mudanças realizadas pelo Concílio de Constantinopla II foram
execradas (abominadas, odiadas) pela igreja, perdendo-se essa salutar prática
restrita apenas aos mosteiro como exercício espiritual de ordens menores
mendicantes. O absurdo da proibição da leitura bíblica nos templos e catedrais
nas língua nacionais, foi uma das medidas adotadas nesse tempo. apenas
franqueada nos conventos e abadias aos clérigos, cônego e demais eclesiásticos.
Além do problema de falar uma língua e a bíblia escrita em outra, na época a
Vulgata, tradução do hebraico Septuaginta para o latim. Como sabemos com a
conversão de Martinho Lutero (1483-1546) ao cristianismo e a invenção de tipos
mecânicos móveis para impressão por Johannes Gutenberg (1398-1468), a versão da
bíblia cristã espalhou-se nas línguas nacionais da Europa. Uma famosa obra
escrita no século IV por um monge desconhecido da ordem dos Catuchinos chamada
A Nuvem do Não Saber, falava de um Deus envolto numa nuvem, encoberto pela
ignorância e ostentação eclesiástica. São mostrados nos seus 75 capítulo do
livro a maneira de viver uma vida contemplativa e meditativa. Esses
conceitos de vida profunda com Deus, espalharam-se pelos mosteiros
influenciando santos e místicos como Santa Teresa de Ávila (1515-1582) e São João
da Cruz (1542-1491). Duas correntes no catolicismo assumiram essa posição de
exercícios espirituais meditativos os monges Trapistas e os Beneditinos. Os
monges trapistas tem oração na posição centrada. Sentavam-se com a coluna ereta
com o propósito de fazer com que a energia que circula nas costas seja ativada
pelos chackas (centros energéticos no corpo humano). Eles escolhem uma palavra
monossilábica exemplo: luz, paz, amor para que nossa mente seja limpa. Devemos
no mantra invocativo falar a palavra em voz calma só no pensamento. Os monges
beneditinos na invocação mântrica usam uma palavra com quatro sílabas, como
exemplo Mahanata (do grego Vem Senhor!). Esclarecendo essa palavra é traduzida
erradamente por muitos grupos cristãos como Vem Senhor Jesus; no original não
consta o vocábulo Jesus. A repetição do termo escolhido deve ser feita
pausadamente com intervalos periódicos. As duas escolas meditativas sugerem aos
praticante persistência, pontualidade (se possível) e comprometimento com o
exercício espiritual. Atualmente existe a Comunidade Mundial de Meditação
Cristã sob a liderança do monge beneditino Dom Laurence Freemann (1951- )
que faz um belíssimo trabalho inter religioso com as tradições orientais de
meditação, incluindo a yoga. É organizado retiro meditativos em vários países
ocidentais com boa assistência e interesse do público cristão, não cristão,
leigos e clérigos. Freemann se encontrou com o Dalai Lama, Tenzin Gyatso
(1935- ) em Belfast, Irlanda do Norte,
num evento patrocinado pela Comunidade Mundial Cristã Meditativa recebendo
preciosa orientação do Bodhissatwa (encarnação atual do Budha). A meditação é
difícil em níveis, pois estamos voltados para o mundo exterior; isso produz
culpa, crença, trauma, mágoa, ressentimento e baixa alto estima. Isso nos
impede de olhar para dentro, vendo profundo para alcançar nossa luz interior.
Se um cabalista, yogue ou místico consegue adentrar ao portal da comunhão
íntima com o divino, nós também podemos. O mestre Jesus disse que não somos do
mundo em João 17:14,15 "(...) porque não são do mundo, assim como eu não
sou do mundo. Não peço que os tire do mundo, mas sim que os livre do mau".
Algumas sugestões práticas para a vida espiritual. 1. Compaixão pra consigo
mesmo, amar o próximo de todo coração. 2. Termos consciência dos erros do
passado, sendo perdoados e responsabilizando-nos de não comete-los novamente.
Mas cientes que isso não significa o cancelamento do efeito cármico. 3. Ver a
face de Cristo em todas as pessoas, sejam elas quem for. Somos uma expressão
divina de luz, amor, paz, alegria. Não temos a incumbência de mudar o mundo
diretamente, mas sim, mudar a nós mesmos. No hinduísmo temos a meditação Raja
Yoga que contem oito estágios para que alcancemos a iluminação ou Samadhy.
Concluo com a proposta de leitura do livro Relato de Um Peregrino Russo; está
disponível na Web (rede mundial de computadores na internet) em várias língua.
É uma obra fundamental da mística cristã. O autor é um russo anônimo do século
XIX, que narra sua jornada geográfica e espiritual pelo interior da Rússia,
enquanto descobre e pratica a oração de Jesus. Como auxílio à concentração ele
se vale de um rosário cristão oriental e da leitura da Filocalia (palavra que
significa amor e beleza. É um livro clássico da literatura católica ortodoxa,
como uma coletânea de textos de autores diversos sobre a oração do coração e a
oração de Jesus). O peregrino russo conta a história de um homem que queria
aprender a rezar. Ele ouviu certa vez na bíblia que deveríamos "orar sem
cessar". Ele procurou muitos mestres, e nenhum o satisfez, até que
encontrou um monge que lhe ensinou a oração de Jesus (...). O homem então
começou a repetir o nome de Jesus, até que a oração tomou conta de sua mente e
de seu coração. O Peregrino Russo é um dos grandes clássicos da espiritualidade
universal, expondo a convergência de fundo da oração do peregrino com métodos
espirituais análogos em outras tradições, como o mantra indiano. Abraço. Davi.
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