Budismo Nitiren Daishonin. Tradução
Ariel Ricci. Escrito por Jeanny Chen. Para mim, frequentar gente jovem é
revigorante e divertido. Realmente desfruto o privilégio de tê-los no meu
ambiente e intercambiar (trocar) pensamentos práticos com eles. Além de
discutir temas e de compartilhar experiências da vida e da nossa prática
budista, também nos inspiramos e incentivamos mutuamente. Num
dos nossos encontros, o tema foi: O quê podemos fazer quando enfrentamos um
problema? As jovens senhoras (Young Misses) confeccionaram a seguinte lista:
- Recitar Daimoku.
- Pensar antes de falar ou reagir. Dar um tempo.
- Examinar todas as opções. Contemplar o possível resultado de cada opção.
- Falar com alguém em quem confiemos.
- Ler o Gosho.
- Buscar a orientação ou a ajuda profissional mais apropriada.
- Recorrer ao Gohonzon, aos amigos e aos livros.
- Chorar, deixar aflorar nossas emoções.
- Descansar, tirar um cochilo, caminhar, tomar um banho, levar o cachorro para passear.
- Analisar situações similares que tenhamos experimentado no passado e aprender com elas.
- Pensar o que faria o presidente Ikeda nessa situação.
- Ir pra frente do Gohonzon.
- Recitar Daimoku para fazer surgir a sabedoria. Refletir qual foi nossa expectativa e atitude mental original quando traçamos o objetivo que nos acarreta este problema.
- Analisá-lo por um ângulo diferente do que tivemos até agora.
- Decidir e determinar como conduzir o problema e realizar as ações apropriadas.
O objetivo de fazer esta lista era
encontrar a solução efetiva para resolver o problema, sem incorrer em mais
negatividade ou calúnias. Ninguém queria culpar os outros. Todas estavam
preparadas para assumir a completa responsabilidade. Com tal atitude, o
problema já estava resolvido pela metade. (Pelo jeito, graças à constante
inspiração e às repetidas orientações dos nossos veteranos da Soka Gakkai, as
puras e sinceras mentes das jovens senhoras tinham aprendido a focalizar-se
numa direção positiva e a refletir a respeito de si mesmas). Uma
vez li uma dissertação dada por um antecessor na fé, Greg Martin (Sobre a
Oração, isso no Centro Cultural de Seattle - USA em 9 de junho de 1995). Meu coração
prático apaixonou-se por completo por esses parágrafos. A partir desse momento,
me converti numa leal e frequente divulgadora dos mesmos, utilizando-os para
ajudar os outros. No
Gosho sobre atingir o Estado de Budha, lê-se:
Contudo, mesmo que recite e conserve o
Nam myoho rengue kyo, se pensa que o Estado de Budha existe fora do seu
coração, isto já não é mais Lei Mística; é um ensino provisório. (END, vol. 1,
págs. 107-108). Assim,
ilustrando este ensinamento de Daishonin, Greg Martin diz: Se
pensa que a causa do seu problema está fora de você mesmo, ou se pensa que a
solução dos seus problemas está fora de você mesmo, você não está abraçando a
Lei Mística. O rigoroso ponto de Daishonin aqui, é que se vai recitar Daimoku,
não perca seu tempo tentando consertar as coisas fora de você mesmo. O Gohonzon
quase não tem poder no âmbito externo, mas sim possui um universo de ilimitado
poder para mudá-lo a transformar sua vida. Abra sua vida e veja sua verdadeira
natureza. Defronte-se com ela. Sem dúvida estará caracterizada por algum dos
três venenos: avareza, ira ou estupidez. Para averiguar qual é, pergunte-se
estou sendo avaro, estou irado ou sou estúpido? É um desses três!. Estou
tão fascinada com os ensinamentos de Daishonin! Eles mostram o caminho para
todos os seres humanos. Nos guiam para achar a solução dos problemas em nós
mesmos, através da recitação de Nam myoho rengue kyo, utilizando nosso poder
inato. Que maneira tão precisa e clara de solucionar os problemas! E que jeito
tão infalível de conquistar resultados positivos! Esta assombrosamente poderosa
filosofia budista é tão clara e prática, que merece toda nossa atenção e
esforço para extrair todo seu profundo significado e seu imenso valor. Sei
que muita gente guarda ressentimentos e ódio para com seus pais,
fundamentalmente devido a acontecimentos ocorridos na sua infância. Neste
ensaio, gostaria de ilustrar sobre como ter um controle positivo e resolver os
sentimentos negativos mediante a perspectiva budista, ou seja baseando-se nos
ensinamentos de Nitiren Daishonin (1222-1282). Por favor não esqueçam nunca de
perguntar-se: O que posso fazer a respeito? Devido a que somos nós a causa dos
nossos próprios problemas, as soluções também residem dentro de nossas vidas.
Por isso, temos o poder de mudar a situação e sem ajuda externa (...). A
seguinte história nos mostra o enfoque colocado em prática por uma filha na sua
busca para melhorar a situação de conflito com sua mãe: Antes
de mais nada, ativo minha sabedoria mediante meu Daimoku sincero. Severamente
reflito a respeito dos três venenos: Qual é o problema que faz com que me
desagrade a mulher que me trouxe ao mundo e me educou? Estou sendo avarenta,
estou irada ou sou estúpida?. Minha mãe, sem ajuda de ninguém, criou a mim e a
meus seis irmãos, para isso mantendo dois empregos durante a maior parte da sua
vida. Apesar dos seus esforços, eu nunca estava satisfeita com o ambiente
humilde que ela, com tanto esforço, nos proveu. Olho para a mim mesma. Sou capaz
de criar uma ou duas crianças sem muito esforço? Já
experimentei a dificuldade de morar sozinha, sem sequer ter que manter a mais
ninguém. Por quê não posso apreciar a boa sorte de ter recebido a proteção de
uma mãe forte? Não peço demasiado dela? Estou impregnada com o veneno da
avareza? (Sempre tratou-me como um lixo. Foi irascível e dominante, nunca
demonstrou-me seu amor. Não foi a mãe ideal que ansiava ter. A odiava). Bom,
do ponto de vista budista, tudo o que enfrento nesta vida é a manifestação do
meu carma, positivo ou negativo, que eu criei no passado. Não
devo atribuir-lhe minha frustração por não ser capaz de ter o controle total da
minha própria vida. Porém, tenho enganado a mim mesma: a causa e a
responsabilidade residem totalmente em mim. Ela não é culpada. Além disso, na
realidade, simplesmente tinha demasiada carga sobre seus ombros. Por quê estou
chateada com ela? Isto não é um toque do veneno da ira? Tenho estado tão
confusa pelo veneno da estupidez! Nunca reparei que a causa do meu sofrimento
era meu próprio carma. Tampouco tenho procurado a verdade fundamental das
caóticas desventuras que sofri durante minha infância. Não era culpa da minha
mãe. Meu pai tinha fugido de casa tentando escapar das suas responsabilidades.
Mamãe foi a única a enfrentar a crua realidade com coragem. Apesar da sua
incapacidade para manter um lar harmonioso, fez o melhor que pôde. Tenho uma
infeliz e obscura lembrança gravada na minha vida. Agora que penso nisso, do
ângulo de uma budista e de um adulto, possivelmente tenha exagerado. Andei
unicamente perseguindo meus desejos egoístas, sem mostrar nenhuma consideração
ou benevolência. Provavelmente tenha que analisar minha maneira de pensar e de
ver as coisas. Falando com toda sinceridade, facilmente posso encontrar pessoas
que tiveram que atravessar por muitas mais adversidades do que eu. Comparada
com eles deveria estar agradecida de que minha situação não fosse tão ruim. Por
exemplo, a mãe da minha amiga Amy era alcoólatra. Batia nos seus filhos quando
estava bêbada. Tinha problemas com homens. Muitos deles, um após outro, tinham
abusado sexualmente de Amy durante sua infância. Quando Amy tinha 12 anos, teve
que abandonar a escola para trabalhar e manter a família. Três anos depois, Amy
sentia que a única maneira de sobreviver era fugir da sua casa. E assim o fez
(...). Todos
os sofrimentos indescritíveis pelos que Amy passou levaram-me a lembrar do lado
bom da minha mãe. Fui demasiado tonta como para dar valor à sua integridade,
diligência e coragem para manter a família unida a qualquer custo, apesar de
não ter conseguido que fosse um refúgio muito sólido. O que há na minha vida
para sentir-me infeliz a respeito da minha mãe? Tenho sido enganada pelo meu
pequeno "eu", e por isso sofro?
Uma pessoa costumava reclamar porque
não tinha sapatos, até que um dia viu alguém sem pernas. Infinidade de pessoas
debatem-se e sofrem sem ter sequer o conhecimento nem a coragem necessários
para combater seus sofrimentos. Não gostaria trocar minha vida com nenhum
deles. Como
minhas reações e comportamentos para com o carma da minha infância determinavam
meu futuro e meu destino, optei por superá-los, em vez de viver sempre
escravizada e torturada por eles.
O Budismo ensina que o bem contém o mal
em si mesmo, e o mal contém o bem em si mesmo. Devido a isso, até o que é
percebido como mal pode ser transformado em bem através da nossa reação e
resposta. (Daisaku
Ikeda (1928- ), Em prol da Paz, pág. 115).
Com esta compreensão fundamental, posso
trocar o veneno em remédio e extrair valor de qualquer circunstância. Se as
pessoas que me rodeiam são bons amigos ou más relações, somente depende de como
as enxergo ou como as conduzo. Nem sequer tenho que mudá-los. Tudo o que tenho
a fazer é olhá-las de um ângulo diferente. Agora, depois de toda esta procura
interior, estou próxima a dissolver os sentimentos negativos para com minha mãe
e permitir que emerja a necessidade de comunicar-me com ela. Estou ansiosa de
fazê-lo saber que desejo reconstruir uma relação normal e natural de mãe e
filha. Se não o fizer, sinto que posso ter que carregar o estado de vida de
inferno pelo resto da minha vida por ter sido mesquinha com minha própria vida
com ela. Estaria arrasada, arrependida, e sem um dia de descanso na minha
mente, depois que esteja morta.
Sim! Recuperar o perdido e começar de
novo uma relação próxima é o caminho a seguir. Para alcançar este objetivo, sei
seriamente que tenho que empreender medidas positivas e não deixar nenhum dos
meus pontos negativos sem mudar. Será duro, mas vou tentá-lo. Nos
últimos trinta anos, desde que deixei meu lar materno, só tenho falado com ela
pelo telefone umas poucas vezes. Sempre resultou-me embaraçoso telefonar-lhe
sem nenhum motivo em particular, só para quebrar o gelo. E se me rejeitar?. Não,
não me sinto tão cômoda demonstrando-lhe meus verdadeiros sentimentos tão
abrupta e diretamente. Não estou acostumada. Necessito de um intermediário. Um
membro compartilhou comigo a cópia de um ensaio que ilustra como mudar,
mediante a sincera recitação de Daimoku, uma relação difícil. Deveria
fazer uma cópia e ver o que posso aprender dele. Chama-se Ativando, usando e
exercitando nossa natureza de Budha. (próximo ensaio de Jeanny). Bravo!
A resposta a sua oração foi uma mudança pessoal no seu comportamento, um câmbio
que lhe fez buscar sinceramente uma solução e manifestar uma oração benevolente
pela sua chefe perante o Gohonzon.
Agora sinto-me profundamente inspirada.
Minha mãe tem pouco mais de 70 anos. Afortunadamente, não é demasiado tarde.
Ainda é saudável. O tempo é propício para que ela desfrute do amor familiar, do
cuidado que merece e nunca teve.
Vou comunicar-me com ela através da
minha oração e lhe enviarei meu Daimoku para fazê-la saber que a amo,
agradeço-lhe e a admiro. Quero que perdoe minhas besteiras do passado e que
saiba que a farei a mãe mais feliz e mais afortunada do mundo. Mudarei para
melhor e me desenvolverei para realizar coisas que a façam sentir-se orgulhosa.
Mas principalmente, quero retribuir minha dívida de gratidão enviando-lhe Nam
myoho rengue kyo, para ajudá-la a iluminar sua vida, imperfeita mas forte como
um diamante. Depois,
compartilharei isto com meus seis irmãos, lhes farei ver tudo o que devemos à
minha mãe, que pelo menos deveríamos devolver-lhe algo em troca enquanto ainda
estiver viva para não sentir arrependimentos quando for tarde demais. http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br.
Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário