Espiritualidade. www.jardimdosmestres.com.br.
A ESSÊNCIA DO BHAGAVAD GITA. O Bhagavad Gita, quinto livro do grande épico
hinduísta Mahabarata, narra os ensinamentos que Krishna dá para Arjuna. Estes
ensinamentos começam a ser transmitidos no campo de batalha, quando a guerra
entre Pandavas e Kauravas está para iniciar e Arjuna sente-se oprimido e
incapaz de lutar contra seus parentes e amigos. Nestes ensinamentos Krishna
revela verdades transcendentais a Arjuna. O primeiro ponto importante do
Bhagavad Gita é exatamente o momento inicial. Arjuna diz que não lutaria, diz
preferir renunciar ao reinado a ver todos mortos, e questiona se seria correto
matar. Assim, angustiado, Arjuna pede que Krishna oriente-o. Arjuna representa
o caminhante e seu vacilo é o de todos nós diante da guerra contra nossos
inimigos internos, contra o desejo, os maus hábitos, os prazeres dos sentidos.
Esta hesitação está em nosso derrotismo, em nossas justificativas, em nossas
debilidades. As primeiras palavras de Krishna são: “Não cedas a fraqueza que de
nada serve. Enche-te de coragem contra teus inimigos e sê o que realmente és!”.
E então o Senhor Supremo fala da imortalidade a alma, da impermanência do mundo
material, do dharma. Mostra que o não agir de Arjuna era covarde e somente quem
tem o poder, a capacidade de fazer algo é que pode realmente renunciar, quem
ainda não tem, deve primeiro conquistá-lo, deve primeiro aprender a resistir ao
mal e, neste caso, resistir ao mal era seu dever. Explica que Arjuna deveria
agir sem desejar ou repudiar os frutos da ação, sempre com perfeição,
entusiasmo e alegria e que só aquele que permanece sereno e imperturbável
diante do prazer e da dor alcança a libertação. Diz Krishna: “Aceitando prazer
e dor, ganho e perda, vitória e derrota com a mesma serenidade de espírito,
entra na peleja e não perderás!” Logo adiante o Senhor Supremo diz: “Agir é teu
dever; mas não deves visar aos frutos de tua ação. Não permitas que tua ação
seja inspirada pelo desejo dos frutos, mas também não caias na inatividade!” Deste
modo, a essência do Bhagavad Gita é o reto agir, o dharma, o karma-yoga, o
serviço desinteressado. Mais adiante no diálogo, Arjuna pergunta sobre como é
aquele que atingiu a sabedoria perfeita e então Krishna fala da importância do
autoconhecimento e de controlar os sentidos e mente, diz Ele: “Os sentidos
descontrolados, ó Arjuna, arrebatam com violência até mesmo a mente daquele que
tem discernimento e se esforça em controlá-los.”. Em seguida o Senhor Supremo
explica que aquele que dominou os sentidos e a mente, que é capaz de não
rejeitar e nem se apegar a nada, alcançou a sabedoria perfeita. Mais adiante
Krishna fala das várias formas de salvação e indica a devoção, o serviço
devocional como a forma mais elevada. O Bhagavad Gita é o primeiro livro a
falar da devoção como caminho para libertação. No Bhagavad Gita, Krishna diz
que se alguém conseguir manter sua mente nele no momento da morte, então vai
ter com Ele. Mas isso só pode acontecer se nossas mentes estiverem acostumadas
a lembrar dos Santos nomes de Deus, se todas as nossas ações forem atos de adoração.
Pois, no momento da morte, nossos corações e mentes vão para onde estão
acostumados, para onde as paixões os atraem. Quanto aos atos de devoção, diz
Sri Krishna: “Se alguém, com fé e amor, oferecer-me algo, por menor que seja –
uma folha, uma flor, uma fruta, um gole de água –, eu aceitarei com prazer. O
que quer que fizeres ou deres, ó príncipe – sejam austeridades, doações ou atos
comuns –, oferece-me sempre com o coração cheio de devotamento.” É no Bhagavad
Gita que Krishna se revela e fala de suas qualidades, atributos e sua
transcendência como Deus Supremo. Diz Sri Krishna: “Eu sou a Essência
Espiritual que habita nas profundezas da alma e no íntimo de cada criatura. Sou
o príncipio, o meio e fim de tudo. Entre os sábios sou a sabedoria; entre as
palavras sagradas sou o AUM; entre as montanhas sou o Himalaia; das preces dos
santos sou o êxtase. Eu sou a força dos fortes, a beleza dos belos, a astúcia
dos astutos, o saber da inteligência dos sábios; dos mistério sou o silêncio. Ó
Arjuna! Sem limites é a plenitude de meu ser, imensa é minha grandeza. O que te
disse não passa de pequenina parcela. Em todo universo, onde quer que haja algo
glorioso ou belo, bom ou poderoso, saiba, ó principe, que emana de uma pequena
centelha de Meu esplendor.” Contudo, Arjuna diz que deseja conhecer o Senhor
Supremo em sua forma Cósmica e então Sri Krishna, o Senhor Supremo, o Todo
Misericordioso, diz: “Contempla-me, ó Arjuna!” e revela-se a ele. E Arjuna viu
ilimitadas visões maravilhosas; viu que a Forma estava decorada de muitos
ornamentos celestiais e armar divinas; viu que Ela usava guirlandas e vestes
celestiais; viu o resplendor de centenas de milhares de sóis; tudo era
maravilhoso, brilhante, ilimitado e não parava de expandir-se. Perplexo e
atônito, Arjuna prosterna-se em reverência, adora o Senhor e canta Suas
glórias. Deste modo, a essência do Bhagavad Gita é a devoção, o bakti-yoga, a
entrega, é, antes de tudo, o próprio Krishna, o Senhor Supremo. Depois Krishna
fala dos diferentes tipos de devotos e das diferentes formas de devoção. Mais
adiante fala das qualidades daquele que alcançou a libertação. E um pouco mais
adiante fala das qualidades daqueles que andam pelo caminho, diz o Senhor
Supremo: “Destemor, purificação da própria existência; cultivo de conhecimento
espiritual; caridade; autocontrole; execução de sacrifícios; estudo dos Livros
Sagrados; austeridade; simplicidade; não violência; veracidade; estar livre da
ira; renúncia; tranquilidade; não gostar de achar defeitos; compaixão para com
todas as entidades vivas; estar livre da cobiça; gentileza; modéstia; firme
determinação; vigor; clemência; fortaleza; limpeza, estar livre da inveja e da
paixão pela honra.” No último capítulo, Krishna fala da renúncia aos objetos
dos sentidos, diz o Senhor Supremo: “Aquilo que no começo pode parecer veneno,
mas que no final é tal qual néctar e que causa o despertar da auto realização,
diz-se que é bem-aventurança. A felicidade que deriva do contato dos sentidos
com seus objetos e que parece néctar no começo, mas no final é um veneno,
diz-se que é da natureza da paixão.” Depois diz: “Assim, Eu lhe expliquei o
conhecimento bem mais confidencial. Delibere sobre isto detidamente, e então
faça o que você deseja fazer. Porque você é Meu queridíssimo amigo, estou
falando para você Minha instrução suprema, o mais confidencial de todos os
conhecimentos. Ouça enquanto falo isto, pois é para seu benefício. Pense sempre
em Mim e converta-se em Meu devoto. Adore-Me e ofereça-Me suas homenagens.
Assim, você virá a Mim impreterivelmente. Eu lhe prometo isto porque você é Meu
amigo muito querido.” No final do Bhagavad Gita diz o narrador: “Quando me
recordo deste magnífico e santo diálogo transcorrido entre Krishna e Arjuna,
sinto-me em júbilo; grande é minha alegria, indizível a beatitude que enche de
entusiasmo minha alma. Onde quer que esteja Krishna, o Senhor de todos os
místicos, e onde quer que esteja Arjuna, o arqueiro supremo, com certeza também
haverá opulência, vitória, poder extraordinário e moralidade.” Deste modo, a
essência do Bhagavad Gita é a inspiração, a amor ao Divino, a devoção. A
essência do Bhagavad Gita é antes de tudo, o próprio Krishna, o Senhor Supremo.
www.jardimdosmestres.com.br.
Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário