domingo, 27 de setembro de 2020

OS ANALECTOS - LIVRO XVII

 

Confucionismo. www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO XVII. 1. Yang Huo queria ver Confúcio e, quando Confúcio recusou-se a ir vê-lo, ele mandou a Confúcio um leitão de presente. [180] Confúcio mandou alguém vigiar a casa de Yang Huo e foi agradecer o presente durante a ausência dele. No caminho, calhou de ele encontrar Yang Huo, que lhe disse: “Venha, agora. Preciso falar com você”. Então ele continuou: “Pode ser chamado de benevolente o homem que, enquanto esconde seus tesouros, permite que o reino se extravie? Eu diria que não. Pode ser chamado de sábio o homem que, ao mesmo tempo que é ávido por participar da vida pública, constantemente deixa passar a oportunidade? Eu diria que não. Os dias e os meses passam. O tempo não está do nosso lado”. Confúcio disse: “Muito bem. Aceitarei um cargo”. 2. O Mestre disse: “Os homens são próximos por natureza. É o hábito que os separa”. 3. O Mestre disse: “Apenas os mais sábios e os mais estúpidos não mudam”. 4. O Mestre foi até Wu Ch’eng. Lá ele ouviu o som de instrumentos de cordas e de cantoria. O Mestre abriu um sorriso e disse: “Para que usar um cutelo de boi para matar uma galinha?”. Tzu-yu respondeu: “Há algum tempo ouvi do senhor, Mestre, que o cavalheiro instruído no Caminho ama seus semelhantes e que os homens vulgares instruídos no Caminho são fáceis de serem comandados”. O Mestre disse: “Meus amigos, o que Yen diz é correto. Minha observação de ainda há pouco foi apenas uma brincadeira”. 5. Kung-shan Fu-jao, usando Pi como baluarte, iniciou uma revolta. [181] Ele chamou o Mestre para juntar-se a ele, e o Mestre quis ir. Tzu-lu não gostou e disse: “Pode ser que não tenhamos nenhum lugar para ir, mas por que devemos ir a Kung-shan?”. O Mestre disse: “O homem que me chama deve ter algo a dizer. Se se trata de uma oferta de emprego, não poderia eu, talvez, criar outra dinastia Chou no leste?”. 6. Tzu-chang perguntou a Confúcio sobre benevolência. Confúcio disse: “Há cinco coisas, e qualquer um que seja capaz de colocá-las em prática no Império é, com certeza, ‘benevolente’”. “Posso perguntar que coisas são essas?” “Elas são o respeito, a tolerância, a coerência com as próprias palavras, a rapidez e a generosidade. Se um homem é respeitoso, ele não será tratado com insolência. Se é tolerante, ele conquistará o povo. Se é coerente com as próprias palavras, seus semelhantes confiarão nele. Se é rápido, atingirá resultados. Se é generoso, ele será bom o suficiente a ponto de ser colocado em uma posição acima de seus semelhantes.” 7. Pi Hsi mandou chamar o Mestre, e o Mestre ficou tentado a ir. Tzu-lu disse: “Há algum tempo ouvi do senhor, Mestre, que o cavalheiro não entra nos domínios daquele que não pratica o bem. Agora Pi Hsi está usando Chung Mou como baluarte para iniciar uma revolta. Como o Mestre pode querer ir até lá?”. O Mestre disse: “É verdade, falei isso. Mas não foi dito ‘Duro, de fato, é aquilo que pode suportar a opressão’? Não foi dito ‘Branco, de fato, é aquilo que pode resistir ao tingimento preto’? Além disso, como posso admitir que eu seja tratado como um melão que, em vez de ser comido, serve de ornamento?”. 8. O Mestre disse: “Yu, você ouviu sobre as seis qualidades e sobre os seis erros dos quais devemos nos resguardar?”. “Não.” “Sente-se e eu vou dizê-lo. Amar a benevolência sem amar o aprendizado pode levar à tolice. Amar a esperteza sem amar o aprendizado pode levar ao desvio do caminho correto. Amar a coerência com as próprias palavras sem amar o aprendizado pode levar a um comportamento destrutivo. Amar a determinação sem amar o aprendizado pode levar à intolerância. Amar a coragem sem amar o aprendizado pode levar à insubordinação. Amar a força sem amar o aprendizado pode levar à indisciplina.” [182] 9. O Mestre disse: “Por que nenhum de vocês, meus jovens amigos, estuda as Odes? Uma correta citação das Odes pode servir para estimular a imaginação, para demonstrar cultura, para superar dificuldades dentro de um grupo e para dar vazão a reclamações. “Dentro da família, permitem que sirva-se ao próprio pai; fora da família permitem que sirva-se ao senhor; proporcionam também a aquisição de um amplo conhecimento sobre nomes de pássaros e animais, plantas e árvores”. [183] 10. O Mestre disse para Po-yü: “Você estudou o Chou nan e o Shao nan? [184] Ser um homem e não estudá-los é, eu diria, como ficar com a cara colada na parede”. [185] 11. O Mestre disse: “Diz-se ‘Os ritos, os ritos’, mas o ritos não significam apenas presentes de jade e seda. Diz-se ‘Música, música’, mas música não é apenas sinos e tambores”. [186] 12. O Mestre disse: “Um homem covarde que veste uma máscara de braveza é como o ladrão que invade uma casa ou que trepa pelos muros”. 13. O Mestre disse: “Os respeitáveis de um vilarejo são a ruína da virtude”. [187] 14. O Mestre disse: “Os fofoqueiros são párias da virtude”. 15. O Mestre disse: “É realmente possível trabalhar lado a lado com um homem mau ao serviço de um senhor? Antes que ele consiga o que quer, ele se preocupa com a possibilidade de não consegui-lo. Depois de consegui-lo, ele se preocupa com a possibilidade de perdê-lo, e quando isso acontecer, nada o deterá”. 16. O Mestre disse: “Na Antiguidade, as pessoas comuns tinham três defeitos, mas hoje nem mesmo esses elas têm. Na Antiguidade, ao serem selvagens os homens eram incontroláveis; hoje, eles simplesmente desviam-se do bom caminho. Na Antiguidade, por serem orgulhosos, os homens eram inconfiáveis; hoje, ao serem orgulhosos, eles são apenas temperamentais. Na Antiguidade, mesmo ao serem tolos, eles eram sinceros; hoje, a tolice é apenas uma impostura”. 17. O Mestre disse: “É raro, de fato, que um homem com palavras ardilosas e um rosto bajulador seja benevolente”. [188] 18. O Mestre disse: “Detesto o púrpura por deslocar o vermelho. Detesto as melodias de Cheng por corromperem a música clássica. [189] Detesto homens de fala esperta que derrubam reinos e famílias nobres”. 19. O Mestre disse: “Estou pensando em desistir da fala”. Tzu-kung disse: “Se o senhor não falasse, o que haveria para nós, seus discípulos, transmitirmos?”. O Mestre disse: “O que fala o Céu? E, no entanto, quatro estações se sucedem e centenas de criaturas continuam a nascer. O que fala o Céu?”. 20. Ju Pei queria ver Confúcio. Confúcio recusou-se a vê-lo, dizendo que estava doente. Assim que o mensageiro pôs os pés do lado de fora da porta do Mestre, este tomou seu alaúde e cantou, certificando-se de que o homem estava ouvindo. 21. Tsai Wo perguntou sobre o luto de três anos, dizendo: “Até mesmo um ano é demais. Se o cavalheiro desiste da prática dos ritos durante três anos, os ritos com certeza ficarão em ruínas; se ele abandonar a prática da música durante três anos, a música com certeza entrará em colapso. Um ano inteiro de luto é o suficiente. Afinal de contas, ao longo de um ano, tendo-se usado o grão velho, o grão novo germina, e nova madeira é utilizada para o fogo”. [190] O Mestre disse: “Você, então, seria capaz de saborear seu arroz [191] e vestir suas melhores roupas?”. “Sim, eu seria.” “Se você se sente confortável com isso, então faça-o. O cavalheiro de luto não vê sabor na comida, prazer na música nem conforto em sua própria casa. É por isso que ele não come seu arroz nem veste suas melhores roupas. Já que você se sente confortável com isso, faça-o, por favor.” Depois que Tsai Wo foi embora, o Mestre disse: “Quão insensível é Yü. Uma criança deixa o colo dos pais apenas quando tem três anos de idade. O luto de três anos é observado em todo o Império. Os pais de Yü não lhe deram três anos de amor?”. 22. O Mestre disse: “Não é fácil para um homem que está sempre de barriga cheia usar a cabeça em algo útil. Não existem coisas como po e yi [192]? Até mesmo jogar esses jogos é melhor do que não fazer nada”. 23. Tzu-lu disse: “O cavalheiro considera a coragem uma qualidade suprema?”. O Mestre disse: “Para o cavalheiro, é a moralidade que é suprema. Com coragem mas desprovido de moralidade, um cavalheiro causará problemas, ao passo que um homem vulgar sem moralidade se tornará um bandido”. 24. Tzu-kung disse: “Até mesmo o cavalheiro tem seus desafetos?”. O Mestre disse: “Sim. O cavalheiro tem seus desafetos. Ele detesta aqueles que chamam a atenção para o mal em outros. Ele detesta aqueles que difamam seus superiores. Ele detesta aqueles a quem, embora possuam coragem, falta o espírito dos ritos. Ele detesta aqueles cuja determinação não é temperada pela compreensão”. O Mestre acrescentou: “Você, Ssu, também tem os seus desafetos?”. “Detesto aqueles cujo plágio passa por sabedoria. Detesto aqueles cuja insolência passa por coragem. Detesto aqueles cuja crítica aos outros passa por retidão.” 25. O Mestre disse: “Em casa, é com as mulheres e com os homens vulgares que é difícil de se lidar. Se permitir que se aproximem demais, eles se tornarão insolentes. Se os mantiver à distância, eles reclamarão”. 26. O Mestre disse: “Se, à idade de quarenta anos, um homem ainda tem inimigos, então não resta esperança para ele: continuará assim até o fim”. www.https//rt.br. Abraço. Davi

Nenhum comentário:

Postar um comentário