Judaísmo. www.morasha.com.br. O
NOVO ANTISSEMITISMO. Há anos o vírus do antissemitismo vem-se proliferando na
Europa e nos últimos meses tem-se manifestado nos Estados Unidos. As lideranças
judaicas americanas, que, até então, haviam-se concentrado em combater o
antissemitismo na Europa e os movimentos contra Israel nas universidades e nas
Nações Unidas, foram surpreendidas pela onda antissemita que tomou conta do
país. Na Europa, um em cada cinco judeus já foi vítima de violência
verbal e/ou física. O Presidente do Congresso Judaico Europeu, Dr.
Viacheslav Kantor (1953 - ), afirmou em entrevista que “as comunidades judaicas na Europa
são alvo da extrema direita, da extrema esquerda, assim como de grupos radicais
islâmicos”. O resultado de um persistente clima de ódio contra os judeus é o encolhimento
da população judaica da Europa. Em 1991, dois milhões de judeus viviam na
Europa; em 2010 eram um milhão e 400 mil judeus e hoje mal chegam a um milhão.
Em setembro do ano passado, representantes de comunidades judaicas reuniram-se
no Parlamento Europeu para debater o antissemitismo e o futuro dos judeus na
Europa. Francis Kalifat (1952 - ), presidente do Conselho Representativo das Instituições
Judaicas da França disse: “Os judeus são confrontados com insultos,
discriminação e assédio, chegando às vezes à violência física ou ao
assassinato, como em Paris, Bruxelas ou Amsterdã”. O discurso mais enfático
sobre o antissemitismo na Europa foi do Rabino Lorde Jonathan Sacks (1948 - ), que
reproduzimos nesta edição. Desde o ano passado, uma onda de antissemitismo se
alastra pelos Estados Unidos. O Centro Simon Wiesenthal publica anualmente a
lista dos 10 incidentes antissemitas mais graves e, na do ano de 2016, o mais
grave envolveu o governo americano do então presidente Barack Obama (1961 - ) e a ONU.
Uma resolução do Conselho de Segurança condenou Israel pela construção de
assentamentos e identificou como “território palestino ocupado” os locais mais
sagrados do judaísmo, incluindo o Monte do Templo e o Muro das Lamentações, em
Jerusalém. O ataque contra Israel foi facilitado, ou como afirma Israel,
engendrado pela Casa Branca. Pois, os Estados Unidos permitiram que a Resolução
fosse aprovada mediante abstenção na votação, revertendo uma política de
décadas de vetos a tentativas diplomáticas contra o Estado Judeu. O objetivo da
Resolução é apagar o vínculo histórico entre o Povo Judeu e os lugares sagrados
do judaísmo. Como se não bastasse, desde o ano passado os judeus americanos
viram aumentar os abusos verbais e os crimes de ódio. No início deste ano, a
situação se tornou ainda mais grave. Até o fechamento desta edição, mais de 150
centros comunitários judaicos, colégios, escritórios da ADL nos Estados Unidos
e seis centros judaicos canadenses tinham recebido ligações ou e-mails com
ameaças de bomba. Até agora, felizmente, todas falsas. Os cemitérios judaicos
na Filadélfia e em Saint Louis foram vandalizados, túmulos profanados. Uma arma
de fogo foi disparada contra a Sinagoga de Evans ville. Multiplicou-se
o número de pichações antissemitas contendo símbolos nazistas, ou, como no
metrô de Nova York, que diziam que “os judeus deveriam estar nos fornos”. O
novo antissemitismo. O que é antissemitismo? Segundo o Rabino Jonathan
Sacks, é a negação aos judeus do direito de existir coletivamente como judeus
com os mesmos direitos que os demais cidadãos. Não vamos nos deter nesta
matéria nas manifestações históricas do antissemitismo, por todos conhecidas.
Mais urgente é tratar do antissemitismo de hoje, o “novo antissemitismo” como é
chamado, que se baseia principalmente na oposição à existência do Estado de
Israel. Se antes os judeus eram os responsáveis por todos os males, hoje o
culpado é Israel. Diferentemente do feroz antissemitismo do período antes e
durante a 2a Guerra Mundial, e do antissemitismo na ex-URSS e nos países do
antigo bloco soviético, sua atual vertente se manifesta sobretudo na sociedade
– não é uma política de estado. Apenas no mundo muçulmano os governantes têm
feito pronunciamentos públicos antissemitas, mas neste artigo não vamos
analisar o antissemitismo nos países muçulmanos, pois este tem vida própria e
características diferentes. As principais “ferramentas” do novo antissemitismo
são as campanhas de deslegitimação e demonização do Estado Judeu. A negação do
Holocausto e a associação de Israel aos símbolos nazistas são os temas
favoritos dos atuais antissemitas. O chamado negacionismo histórico, que se
iniciou na Europa, acabou sendo incorporado como estratégia política, inclusive
pelo radicalismo islâmico. Proliferam também analogias entre Israel e os
nazistas, apesar de contradizer o discurso “negacionista”, baseadas na
associação do Estado judeu com o nazismo, o “mal absoluto”. Essas analogias são
expressas verbalmente ou através de caricaturas, grafites, faixas e cartazes
apresentados em manifestações. Há vários motivos por trás da utilização dos
símbolos nazistas para caracterizar Israel, entre eles, deslegitimar o país
soberano associando-o ao “mal absoluto”; humilhar o Povo Judeu, igualando-o
moralmente a seus algozes; demonizar Israel imputando-lhe “qualidades” do “mal
absoluto” e, assim, legitimar qualquer tipo de incitamento violento contra
Israel e os judeus, de modo geral. Críticas e posicionamentos contra Israel têm
crescido nos últimos anos. Toda crítica contra Israel é antissemita? Não, mas
de modo geral as críticas a Israel apresentam características antissemitas.
Entre outros, utilizam-se, em muitos casos, de imagens ou acusações típicas do
antissemitismo clássico, como, por exemplo, acusações de conspiração ou de
controle da mídia e do sistema financeiro. E, é inegável que a maioria dos
antissemitas autodeclarados usam uma retórica anti Israel, escondendo-se atrás
dela. Hoje, criticar ou acusar Israel é socialmente aceitável, mas odiar
judeus, ainda não o é. Um exemplo típico de uso da narrativa antissemita
apresentada como crítica ao Estado de Israel pode ser visto nas palavras de
Mahmoud Abbas (1935 - ), que, durante um discurso perante o Parlamento Europeu, em
Bruxelas, em junho do ano passado, declarou que “Os rabinos em Israel
exigiram que o Governo israelense envenenasse as fontes de água para matar os
palestinos e forçá-los a emigrar”. Este argumento é uma reconstrução da
principal armação antissemita contra as comunidades judaicas na Europa, em
1349, durante o surto da Peste Negra. A infame acusação de Abbas está na 6ª
posição na lista do Centro Simon Wiesenthal dos incidentes antissemitas mais
graves de 2016. Ademais, mesmo quando o ativismo anti-israelense não é, supostamente,
motivado por antissemitismo, cria um ambiente que faz com que o ódio ao judeu
seja mais aceitável. Em 2002, Lawrence H. Summers (1954 - ), então presidente da
Universidade de Harvard, disse em relação a uma campanha contra Israel que ia
ser realizada na universidade, que tal atitude era “antissemita em seu efeito,
mesmo se não fosse em sua intenção”. O crescimento da oposição a Israel é,
em grande parte, fruto do trabalho do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções,
em inglês “Calls for Boycott, Divestment and Sanctions against Israel”).
Uma verdadeira guerra política está sendo travada. As pretensões do BDS
são boicotar Israel na arena acadêmica, cultural e econômica e atuar na arena
internacional para que, entre outros, Israel sofra sanções por parte de organismos
internacionais, se torne um pária internacional e tenha sua economia arruinada.
Os mais radicais almejam o desmantelamento de Israel. BDS não é uma organização
estruturada. É formado por dezenas de organizações não-governamentais (ONGs) e
ativistas radicais e suas campanhas são organizadas e coordenadas pelo Comitê
Nacional Palestino do BDS. Em termos práticos, as campanhas do BDS têm pouco
sucesso. As iniciativas de boicote acadêmico empreendidas em todo o mundo
ganharam o apoio de várias associações acadêmicas, mas praticamente
nenhum sucesso institucional, e o dano econômico causado a Israel tem sido
insignificante, até agora. A eficácia do BDS está em sua capacidade de se
infiltrar no discurso político e público internacional e de borrar as linhas
entre críticas legítimas em relação a Israel e as que implicam em sua
deslegitimação. A atuação do BDS está em 4º lugar na lista do Centro Simon
Wiesenthal. Israel – a única verdadeira democracia no Oriente Médio – com uma
imprensa livre e um judiciário independente, tem sido sistematicamente acusado
de cometer atos contra os direitos humanos: racismo, crimes contra a
humanidade, limpeza étnica. E, enquanto o país é acusado, ignora-se o
comportamento flagrante de países onde nãohá liberdade e respeito pelos
direitos humanos, e onde são verdadeiramente cometidos crimes contra a
humanidade. As ações do Estado Judeu são distorcidas por meio de insidiosas
comparações com os nazistas e com o regime apartheid da África do Sul. A
deslegitimação de Israel é o principal objetivo. E quando é negado a Israel o
direito de existir – caso único entre todas as nações do mundo - então isso
claramente é antissemitismo. União Europeia. As comunidades judaicas da
Europa estão sendo alvo tanto da extrema direita como da extrema esquerda e,
principalmente, do islamismo radical. Em muitos países da UE, os judeus sofrem
abusos verbais e físicos, ataques nos quais muitos deles foram feridos e
mortos, com suas sinagogas, escolas e propriedades atacadas, tanto particulares
quanto comunitárias, seus cemitérios vandalizados, muros pichados. E, mais uma
vez é socialmente aceitável fazer publicamente comentários antissemitas,
xenófobos e intolerantes, tudo isso sob o manto do patriotismo nacional. Os
incidentes antissemitas se multiplicaram em praticamente todos os países da
Europa: na Rússia e em países da antiga União Soviética, na Holanda, na
Grã-Bretanha, na Dinamarca e na Bélgica. Na França, além de sofrer abusos
verbais e físicos, a comunidade judaica foi alvo de vários atentados que
resultaram na morte de muitos judeus. Ao falar da situação dos judeus alemães,
Dieter Graumann (1950- ), presidente do
Conselho Central Judaico da Alemanha, disse ao jornal The Guardian.
“Estes são os piores tempos desde a era nazista. Nas ruas, você ouve coisas do
tipo ‘Os judeus devem ser envenenados com gás’, ‘os judeus devem ser
queimados’– não tínhamos nada assim na Alemanha há muitas décadas (...). E não
se trata apenas de um fenômeno alemão. É um irromper muito intenso de ódio
contra os judeus em toda a Europa”. É verdadeiramente perturbador que após a
era nazista e o Holocausto os partidos de extrema direita, alguns abertamente
racistas, estejam ganhando popularidade nos países do continente. Na França,
por exemplo, pesquisas eleitorais dão como certa a presença de Marine Le Pen (1968 - ),
candidata da Frente Nacional, partido xenofóbico e antissemita, no 2º turno das
eleições presidenciais de maio de 2017. É ainda mais perturbador o fato do
nazismo e Hitler terem voltado a ser uma referência. Hoje os partidos
neonazistas não são mais marginalizados. Na Grécia e na Ucrânia, por exemplo,
têm representação parlamentar e na Ucrânia estão no comando de ministérios...
Enquanto a extrema direita assume posições abertamente racistas, a extrema
esquerda europeia assumiu uma posição antissionista, anti Israel, e entoa o
lema “não temos nada contra os judeus, somente contra Israel”. O BDS tem
conseguido vitórias na Europa, enquanto governos de várias nações europeias têm
enviado dezenas de milhões de euros para ONGs que apoiam várias formas de BDS.
Na Grã-Bretanha, acadêmicos e organizações acadêmicas fizeram várias campanhas
em prol de um boicote de Israel. Apesar das universidades, como instituições,
não terem aderido ao boicote, mais de 300 acadêmicos britânicos anunciaram que
irão “boicotar Israel e as suas instituições educacionais” até o Estado Judeu
estar em conformidade com “o Direito Internacional”. Nas universidades
britânicas, a oposição a Israel e o antissemitismo são tão flagrantes – 40% dos
alunos britânicos apoiam o BDS, ao ponto de os alunos judeus sentirem-se
ameaçados e inseguros. Ainda na Inglaterra, sob a liderança de Jeremy Corbyn (1949 - ), o
Partido Trabalhista tem tomado sérias posições anti Israel. A atuação
anti-israelense e antissemita de Corby e de outros membros do partido
trabalhista estão no 2º lugar na lista do Centro Simon Wiesenthal dos
incidentes antissemitas mais graves de 2016. Em vários países o crescimento da
oposição a Israel fez com que seus governos decidissem tomar atitudes para
coibi-la. Na Inglaterra, por exemplo, o Ministro da Gabinete, Matthew Hancock (1978 - ),
anunciou uma medida para bloquear os conselhos municipais militantes
anti-Israel de lançar atividades do tipo BDS. Mas, a reação alemã foi a mais
contundente. O partido da Chanceler Ângela Merkel (1954 - ), União Democrática Cristã,
aprovou uma resolução em oposição ao BDS em virtude de suas ações anti-Israel.
Este partido comparou o BDS aos nazistas que boicotaram os judeus na década de
1930. “Quem, hoje, sob a bandeira do movimento BDS, clama pelo boicote aos
produtos e serviços israelenses, fala a mesma língua daqueles que pediam que as
pessoas não comprassem dos judeus. Isto nada mais é do que puro antissemitismo.
O BDS reveste o antissemitismo “com as novas roupagens do século 21” – o
antissionismo. E não surpreende que o movimento BDS seja apresentado em
websites neonazistas, de negação do Holocausto e outros abertamente
antissemitas e seja promovido por alguns dos mais notórios racistas do mundo,
como David Duke, da KKK”. Como vimos acima, no dia 27 de setembro
representantes das comunidades judaicas da Europa reuniram-se no Parlamento
Europeu para debater sobre o futuro dos judeus na Europa. Em seus discursos os
participantes judeus frisaram que o antissionismo era a nova face do
antissemitismo. Em suas observações finais, o Presidente do Parlamento
Europeu, Martin Schulz (1955 - ), disse: “Quando vemos que um judeu em cada cinco, na
Europa, já vivenciou violência verbal ou física, quando essas agressões estão
cada vez mais numerosas, e quando vemos que a população judaica na Europa
diminuiu de quase quatro milhões, em 1945, para pouco mais de um milhão, hoje,
nós então sabemos que está mais do que na hora não só de fazer uma
declaração política clara, mas de tomar medidas efetivas o mais rápido possível”,
disse Antônio Tajani (1953- ). Os
Estados Unidos. Estima-se que mais de 4 milhões de judeus vivam, hoje, nos
Estados Unidos. É a maior comunidade judaica da Diáspora. Jonathan Sarna,
professor da Universidade Brandeis e historiador especializado na história
do judaísmo americano melhor explicou o clima de preocupação e ansiedade
que tomou conta dos judeus americanos: “Eles deduziram que nos Estados
Unidos o antissemitismo, em grande parte, havia sido superado e, de
repente, inesperadamente, um tipo virulento de antissemitismo volta,
tonitruante”. Durante uma convenção nacional da ADL, Liga Anti difamação,
os presentes manifestaram-se extremamente chocados não apenas com o ódio
expresso contra os judeus como também com o alto nível de aceitação pelo restante
da população. Na realidade, como aponta o Prof. Sarna, o antissemitismo nunca
desapareceu nos Estados Unidos. De acordo com uma pesquisa de 2015 da mesma
ADL, 24 milhões de americanos adultos são antissemitas, e se incluirmos
os antissionistas e anti-israelenses, esse número aumenta. Nos anos 2014 e
2015, o FBI registrou mais de 1.270 crimes de ódio dirigidos a judeus, sendo
que os dados de 2016 ainda não foram divulgados. A tendência pode ser observada
nas seguintes estatísticas: em Nova York, entre 1 de janeiro a 12 de fevereiro
de 2017, os crimes antissemitas reportados pela polícia (NYPD Hate Crime
Task Force), constituem mais do que o dobro do número reportado
no mesmo período do ano passado. O antissemitismo atual provém tanto da extrema
direita, principalmente do “Alt-Right” (abreviatura de “Alternative
Right”, direita alternativa), como da esquerda anti-Israel e pró-palestina
que atua principalmente nas universidades americanas. Fontes do Centro Simon
Wiesenthal declararam que “O judaísmo americano está sendo alvo de extremistas
em nossas universidades, onde campanhas incessantes anti-Israel criaram um
clima de intimidação, e em Nova York, berço da maior comunidade judaica do
mundo, que reporta um súbito aumento nos incidentes antissemitas, e na mídia
social, onde estão sendo postadas, sem parar, palavras de ódio visando
demonizar os judeus”. Segundo a ADL, a onda antissemita começou no ano passado
durante a campanha eleitoral do atual Presidente Donald Trump cuja retórica
incendiária e xenofóbica promoveu a extrema direita e suas ideias. Durante a
campanha, proliferaram na Internet e na mídia social linguajar e imagens
antissemitas, voltando a circular as “clássicas” teorias de uma suposta
conspiração judaica e do domínio judaico sobre a mídia. Mais de 800 jornalistas
judeus sofreram algum tipo de assédio. Jane Eisner, editora-chefe do Foward,
influente jornal judaico, relatou que recebeu um e-mail com uma imagem de um
nazista apontando uma arma para sua cabeça. Na imagem, ela trajava o uniforme do
campo de concentração. Ainda de acordo com a ADL, entre agosto de 2015 e julho
de 2016, foram identificados 2,6 milhões de tweets “contendo
linguagem encontrada no discurso antissemita”. Além de intimidações on-line, a
polícia recebeu denúncias de vandalismo antissemita. Parte do discurso
antissemita originou-se da força que o grupo Alt-Right conquistou
neste último ano nos Estados Unidos. Membros do grupo atuaram na campanha
eleitoral de Donald Trump (1946 - ), e Steve Bannon (1953 - ), estrategista eleitoral da campanha e hoje assistente do presidente e
estrategista-chefe da Casa Branca, é considerado um dos porta-vozes do
movimento. Até o Presidente Trump o convidar para seu estrategista-chefe,
Bannon não era uma figura conhecida, e muitos não sabiam de suas estreitas ligações
com o “nacionalismo branco”. Tampouco sabiam que ele era o CEO do site
Breitbart – que ele próprio definiu como a “plataforma do Alt-Right”.
De acordo com uma declaração publicada no Breitbart, o objetivo do grupo é
“tornar a América um país para os brancos”. O site ganhou importância na
campanha presidencial ao apoiar ferozmente o então candidato Donald Trump.
O Alt-Right é um fenômeno relativamente recente. É altamente
descentralizado em termos de opiniões e, por ser um fenômeno da Internet, é
difícil saber quantas pessoas estão envolvidas. E, diferentemente de antigos
grupos de extrema-direita, como a Ku Klux Klan(KKK) e os
neonazistas, compostos principalmente por pessoas de classe baixa, os membros
da “direita alternativa” são, em sua maioria, homens brancos de classe média,
com ensino superior. O discurso do Alt-Right é antissemita,
sendo muitos deles negacionistas do Holocausto. Simpatizantes dos grupos de
extrema direita exultaram quando Trump nomeou Bannon para influentes cargos na
Casa Branca e também como membro permanente do Conselho de Segurança Nacional.
David Duke (1950 - ), ex-líder da Ku Klux Klan elogiou a escolha e disse
que o assessor cuidará do aspecto mais importante do governo: a ideologia. Já
os críticos de diferentes espectros ideológicos, inclusive da direita, dizem
que a nomeação deixará o governo americano sob a influência de um movimento
racista, antissemita e que acredita na superioridade dos brancos. Para Carole
Nuriel, diretora da ADL, “os antissemitas na direita americana nunca
desapareceram, só eram marginalizados. Os supremacistas brancos, simpatizantes
da KKK (Ku Klux Klan) e neonazistas sempre existiram, o que mudou foi o
impacto do nível do discurso que surgiu durante a campanha presidencial (...).
Esse é um caso clássico de abrir as comportas do antissemitismo, não apontando
para os judeus, mas legitimando e não lutando contra o discurso de ódio de todo
tipo. Isto cria um clima no qual aqueles que odeiam ganham coragem e se sentem
poderosos”. O Presidente Donald Trump e a comunidade judaica americana. Enquanto
as relações do governo Trump com Israel estão indo de vento em popa e o governo
de Benjamin Netanyahu sai em sua defesa, as relações com a comunidade americana
azedam a olhos vistos. Zalman Shoval (1930 - ), ex-Embaixador de Israel nos EUA, declarou
recentemente que Israel deve distinguir entre as relações com os EUA e a
firmeza na defesa dos judeus; 40% de seu total no mundo vivem nesse país. Ele
afirmou que “Diante de incidentes diários, a Casa Branca não deve limitar-se a
fazer declarações e bons gestos, mas deve mobilizar toda a força da lei e da
polícia contra grupos que realizam atos antissemitas ou racistas em geral”. Um
dos incidentes que chocou os judeus americanos, assim como do mundo todo, foi o
fato de que no costumeiro comunicado que o presidente dos Estados Unidos faz no
dia 27 de janeiro, Dia Internacional do Holocausto, Trump não ter feito nenhuma
referência aos judeus nem ao antissemitismo. Ficaram ainda mais chocados quando
autoridades do Governo disseram que o Presidente intencionalmente não
mencionara os judeus. A Casa Branca apoiou a declaração, defendendo que havia
sido uma mensagem “inclusiva” que não pretendia marginalizar vítimas judias do
Holocausto. Teria sido um deslize? O site Político revelou que enquanto a Casa
Branca alegava que não vira o rascunho da declaração preparada pelo
Departamento de Estado até depois da Casa Branca ter emitido sua própria
declaração, que deixara de fora qualquer menção às vítimas judias, o
Departamento de Estado afirma ter entregue à Casa Branca um release que
continha, como em anos anteriores no mandato de outros presidentes, menção aos
seis milhões de judeus exterminados pelos nazistas.Trump tem enviado mensagens
confusas ao país sobre o tópico dos ataques antissemitas. Em mais de uma
ocasião, Trump se esquivou de uma pergunta sobre os recentes acontecimentos
antissemitas. Durante semanas, nem uma palavra foi dita pelo Presidente
americano sobre os alertas de bombas nos centros comunitários judaicos e sobre
a profanação dos cemitérios judaicos, nem sobre as crianças judias que vão à
escola temendo por sua vida. Nem a mais ínfima declaração de como o governo vai
lidar com os bilhões de tweets e retweets que,
segundo a ADL, desde a eleição espalharam piadas amargas sobre câmaras de gás,
conclamando pela reabertura “dos fornos” para os judeus de Nova York e de Los
Angeles, e lançaram as mais doentias teorias da conspiração. E, apesar de que
em seu primeiro discurso presidencial ao Congresso Trump ter condenado o
antissemitismo e o racismo como uma forma de ódio e maldade, horas antes ele
havia sugerido que os ataques poderiam ser obra de seus oponentes ou, quem
sabe, dos próprios judeus (...). Universidades americanas. O crescimento
do antissemitismo e sentimento anti-Israel nas universidades do país tem sido
uma fonte de extrema preocupação para os judeus americanos. Apesar do ativismo
anti-judaico nas universidades se concentrar mais em denegrir Israel do que o
Povo Judeu como tal, realizam-se flagrantemente atividades antissemitas regulares.
Em 2015, um estudo detectou que uma porção substancial de universitários judeus
relataram haver sido expostos a antissemitismo e hostilidade contra Israel em
seus campi. Na maioria dos casos, os administradores das
universidades ignoram as ocorrências. Fecham os olhos às conferências
organizadas por alunos, às demonstrações e aos protestos que utilizam temas
antissemitas, mesmo quando alguns desses eventos chegaram à violência. Em
alguns campi, universitários judeus estão preocupados com sua segurança
física. Ao minimizar tais ofensas, os administradores estão silenciosamente
perdoando a violência dirigida aos judeus. A direção e a administração das
universidades parecem avessas a pôr um fim até mesmo aos mais ofensivos e
virulentos desses eventos, oferecendo desculpas esfarrapadas. Até recentemente,
ações de supremacistas brancos haviam sido relativamente raras nas
universidades. Mas, este ano, eles estão engajados em um empenho sem
precedentes para atrair e recrutar alunos nos campi das
faculdades americanas. Valem-se de uma variedade de táticas que incluem
volantes antissemitas, anti-muçulmanos e racistas, bem como visitas e palestras
nas universidades de ativistas racistas. Paul Goldenberg, diretor da Rede
Comunitária Segura revelou pela primeira vez que sua organização havia
indicado um funcionário em tempo integral para visitar todas as universidades
americanas de modo a garantir a segurança dos alunos judeus. “Estamos
trabalhando com três organizações – Hillel, Chabad e AEPI, a maior fraternidade
judaica do mundo. Estamos trabalhando bem de perto com as três instituições
visando a segurança nos campi, porque os alunos judeus têm que se
sentir seguros na universidade”. www.morasha.com.br. Abraço. Davi
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