Gnosticismo.
www.gnosisonline.org.br. Texto de
Samuel Aun Weor (1917-1977). O MUNDO DA MENTE. Claro que vocês estão aqui presentes para
escutar-me, e eu estou aqui para falar-lhes, mas é necessário que entre nós
haja uma verdadeira comunhão de almas e que nos proponhamos a inquirir a nós
mesmos, indagar, buscar, tratar de saber (…) com o objetivo evidente de conseguir
uma orientação no caminho da auto-realização Íntima do Ser. Saber escutar é
muito difícil; saber falar é mais fácil. Acontece que quando alguém escuta,
precisa estar aberto ao novo, com mente espontânea, livre de ideias
preconcebidas e de preconceitos. Mas acontece que o Ego, o Eu, o Mim Mesmo, não
sabe escutar, traduz tudo com base em seus preconceitos e interpreta tudo de
acordo com o que tem armazenado no centro formativo. Qual é o centro formativo?
A memória. Por que é chamado de centro formativo? Porque aí tem lugar a
formação intelectual dos conceitos. Entendido isto, faz-se urgente aprender a
escutar com mente nova, e não, repito, com o que temos armazenado na memória.
Depois deste preâmbulo, vamos tratar de nos pôr de acordo, vocês e eu, sobre
ideias, conceitos, etc. Antes de mais nada, é imprescindível saber se o
intelecto, por si mesmo, pode levar alguém, alguma vez, à experiência do Real.
Há intelectos brilhantes, não podemos negar, mas eles jamais experimentaram.
Isso que é a Verdade. Também não será demais saber que em nós existem três
mentes. Poderíamos denominar a primeira de Mente Sensual, a segunda podemos
considerar como a Mente Intermediária e a terceira é a Mente Interior. Mas pensemos
um pouco no que é esta mente sensual, que todos usamos diariamente. Eu diria
que ela elabora seus conceitos de conteúdo com os dados fornecidos pelos cinco
sentidos, e com o conteúdo desses conceitos forma seus raciocínios. Vendo as
coisas deste ângulo, é óbvio que a razão subjetiva ou sensual tem por base as
percepções sensoriais exteriores. Se como único recurso de seu funcionamento
estão exclusivamente os dados recolhidos pelos cinco sentidos, não há dúvida de
que tal mente não terá acesso a algo que escape do círculo vicioso das
percepções sensoriais externas e, obviamente, nada poderá saber de real sobre
os mistérios da vida e da morte, sobre a Verdade, sobre Deus etc. Pois de onde
poderá uma mente assim conseguir informações, se sua única fonte de nutrição
são os dados recolhidos pelos sentidos? Obviamente, não tem como poder conhecer
o Real. Nestes instantes, chega-nos à memória algo muito interessante. Certa
vez, houve um grande congresso na Babilônia, na época dos esplendores egípcios.
Veio muita gente, da Assíria, do Egito, da Fenícia etc., É claro que o tema era
interessante: procurar saber, à base de puras discussões analíticas, se o ser
humano tinha ou não tinha alma. É óbvio que então os cinco sentidos já estavam
bem degenerados; só assim podemos explicar que aquelas pessoas escolhessem este
tema como motivo de tal congresso. Em outros tempos, um congresso assim teria
sido ridículo. Os lemurianos nunca pensariam em celebrar um congresso assim,
porque as pessoas do continente Mu só precisariam sair do corpo para saber se
tinham ou não tinham alma, o que faziam com tremenda facilidade, pois não
estavam propriamente atrasados no manejo do mecanismo físico. Um tema desse
tipo só poderia ocorrer a uma humanidade degenerada, em involução. E aconteceu
que tanto a favor como contra houve muitas opiniões. Por fim, subiu à tribuna
da eloquência um grande sábio assírio. Aquele homem havia se aprimorado no
Egito, havia estudado nos Mistérios e falou em voz alta: A razão nada pode
saber sobre a Verdade, sobre o real, sobre a alma, sobre o imortal. A razão
serve tanto para sustentar uma teoria espiritualista como uma teoria
materialista. Poderia elaborar uma tese espiritual com uma lógica formidável e
poderia também estruturar, em oposição, uma tese materialista com uma lógica
similar. A razão subjetiva, sensual, nutrida pelos dados recolhidos pelos cinco
sentidos, serve para as duas coisas, pode fabricar teses espiritualistas ou
materialistas, logo não é algo em que se possa confiar. Existe um sentido diferente,
trata-se do sentido de percepção instintiva das verdades cósmicas; esta é uma
faculdade do Ser. Quanto à razão subjetiva, estar por si mesma não pode nos dar
verdadeiramente nenhum dado sobre a verdade, sobre o real. A razão sensual nada
pode saber dos mistérios da vida e da morte. E aquele sábio acrescentou: Vocês
me conhecem. Tenho prestígio diante de vocês. Sabem muito bem que venho do
Egito. Não há dúvida de que minha vida foi diferente e minha mente sensual não
conseguiria recolher dados sobre o Real. E continuou a falar ainda aquele homem
e explicou aos orgulhosos: Vocês, com seus raciocínios, não podem saber nada
sobre a Verdade, sobre a alma e sobre o espírito. A mente racional não pode
saber nada disso. Bem, aquele homem concluiu seu discurso com muita eloquência
e retirou-se, afastou-se definitivamente de todo academicismo. Preferiu deixar
de lado o raciocínio subjetivo e desenvolver em si aquela faculdade antes
citada por ele e que se conhecia com o nome de percepção instintiva das
verdades cósmicas, faculdade que outrora a humanidade em geral tivera, mas que
se atrofiou conforme o Eu Psicológico, o Mim Mesmo, o Si Mesmo, foi se
desenvolvendo. Dizem que aquele sábio assírio, egresso do Egito, afastado de
toda escola, foi cultivar a terra e confiar exclusivamente naquela prodigiosa
faculdade do Ser, conhecida como Percepção Instintiva das Verdades Cósmicas.
Porém, iremos um pouco mais longe. Há uma mente diferente da mente sensual.
Quero me referir, de forma enfática, à mente intermediária. Nesta mente
intermediária encontramos todo tipo de crenças religiosas. Obviamente, os dados
fornecidos pelas religiões são absorvidos pela mente intermediária. Por último,
existe ainda a mente interior, a qual, em si mesma e por si mesma, trabalha
exclusivamente com os fatos recolhidos pela consciência do Ser. A mente
interior jamais poderia funcionar sem os dados que a consciência interior do
Ser lhe proporciona. Eis aqui as três mentes. A mente sensual, com todas suas
teorias e excessos, é conhecida nos evangelhos como a levedura dos saduceus.
Jesus Cristo adverte dizendo: Cuidai-vos da levedura dos saduceus, isto é, das
doutrinas materialistas, ateístas, como a dialética marxista etc. Este tipo de
doutrina corresponde exatamente à doutrina dos saduceus, da qual falava o
Cristo. Mas o Senhor de Perfeição também adverte quanto à doutrina dos
fariseus, a qual corresponde à mente intermediária. E quem são os fariseus? São
aqueles que frequentam seus templos, suas escolas, religiões, seitas etc., a
fim de que todos os vejam. Escutam a palavra, mas não a executam em si
próprios. São como o homem que se olha num espelho e vai embora. Frequentam
unicamente para que os outros os vejam, mas jamais trabalham sobre si mesmos.
Isso é gravíssimo! Contentam-se com meras crenças. Não interessa-lhes a
transformação íntima total. Perdem seu tempo miseravelmente e fracassam.
Afastemo-nos, pois, da levedura dos saduceus e dos fariseus. Pensemos em abrir
a mente interior. Como a abriremos? Sabendo pensar de maneira psicológica; é assim
que se abre a mente interior. Como ela trabalha com os dados da consciência
superlativa do Ser, experimenta-se, graças a isso, a realidade dos diversos
fenômenos da natureza. Com a mente interior aberta, poderemos falar, por
exemplo, sobre a lei do Karma, não pelo que se disse ou pelo que se deixou de
dizer, mas por experiência direta. Com a mente interior aberta, ficamos também
suficientemente preparados para falar sobre a reencarnação, sobre a lei do
eterno retorno de todas as coisas, sobre a lei da transmigração das almas etc.
E o faremos, de fato, não baseados no que lemos de alguns autores ou no que
escutamos, mas no que nós mesmos experimentamos de forma real e direta.
Immanuel Kant, o filósofo, faz uma distinção entre a crítica da razão subjetiva
e a crítica da razão pura. Não há dúvida que a razão subjetiva, racional,
jamais poderia nos trazer nada que não pertencesse ao mundo dos cinco sentidos.
O intelecto, por si mesmo, é racional e subjetivo. Sempre que ouvir falar de
temas como reencarnação, karma, etc, exigirá provas, demonstrações. As verdades
que só podem ser percebidas pela mente interior, jamais poderiam ser
demonstradas à mente sensual. Exigir provas no mundo sensorial externo equivale
a exigir de um bacteriólogo que estude os micróbios com um telescópio ou exigir
a um astrônomo que estude os astros com um microscópio. Exigem provas que não
podem ser dadas à razão subjetiva porque esta não tem nada que ver com aquilo
que não pertence ao mundo dos cinco sentidos. Temas como reencarnação, karma,
vida após a morte, etc., são, de fato, exclusividade da mente interior, e nunca
da mente sensual. À mente interior pode-se demonstrar, mas antes, exige-se do
candidato que tenha aberto sua mente interior. Se não a abriu, como faríamos
para efetuar uma demonstração desse tipo? Impossível, não é verdade? Visto isto
com clareza, convém que agora nos aprofundemos um pouco na questão das
faculdades. O intelecto, por si mesmo, é uma das faculdades mais toscas dos
níveis do Ser. Se quisermos tornar tudo intelecto, jamais chegaremos à
compreensão das verdades cósmicas. Indubitavelmente, além do intelecto há outra
faculdade de cognição. Quero me referir de forma enfática à Imaginação. Muito
se subestimou esta faculdade e alguns até a chama pejorativamente de a louca da
casa, título injusto, porque se não fosse ela não haveria o automóvel, os
aparelhos gravadores, o trem etc. O sábio que quiser inventar alguma coisa,
primeiro terá de a imaginar e em seguida passar a imagem para o papel. O
arquiteto que quiser construir uma casa, primeiro terá de imaginá-la, depois
sim poderá traçar a planta. Portanto, a imaginação permitiu a criação de todos
os inventos, logo não é algo desprezível. Não podemos negar que há várias
categorias de imaginação. A primeira, poderíamos chamar de imaginação mecânica,
que seria a mesma fantasia, que obviamente é constituída pelos resíduos da
memória, sendo até prejudicial. Mas existe outro tipo de imaginação que é na
realidade a imaginação intencional ou imaginação consciente. A própria Natureza
possui imaginação, isso é óbvio! Se não fosse pela imaginação, as criaturas da
natureza seriam cegas. Mas graças a essa poderosa faculdade a percepção existe,
as imagens formam-se no centro perceptivo do Ser ou centro perceptivo das
sensações. A imaginação criadora da Natureza deu origem às múltiplas formas
existentes em tudo o que é. Na época dos hiperbóreos, ou dos lemurianos, não se
usava o intelecto, usava-se a imaginação. O ser humano era inocente, e o
Cosmos, em maravilhoso espetáculo, se refletia como num lago cristalino sobre
sua imaginação. Era um outro tipo de humanidade (…). Hoje, causa dor ver como as
pessoas perderam até a própria imaginação, isto é, esta faculdade degenerou-se
espantosamente. O desenvolvimento da imaginação é possível. Isto nos levaria
além da mente sensual, isto nos levaria a pensar psicologicamente. Somente com
o pensar psicológico podem ser abertas as portas da mente interior. Se alguém
desenvolve a imaginação, aprende a pensar psicologicamente. Imaginação,
inspiração e intuição são os três caminhos obrigatórios da Iniciação. Mas se
ficamos engarrafados exclusivamente no funcionamento sensorial do aparato
intelectual, não será possível. subir pelos degraus da imaginação, da
inspiração e da intuição Não quero dizer que o intelecto seja inútil. Longe
estou de fazer tão grande afirmação. Estou é esclarecendo conceitos. Toda
faculdade é útil dentro de sua órbita. Um planeta qualquer é útil em sua
órbita, fora dela é inútil e catastrófico. A mesma coisa acontece com as
faculdades do ser humano. Elas têm sua órbita. Querer tirar a razão de sua
órbita, a razão sensual, é absurdo, porque caímos no ceticismo materialista.
Muita gente, chamemo-los estudantes de pseudo esoterismo e pseudo ocultismo
(tão em voga por estes tempos), estão sempre lutando contra as suas dúvidas.
Por que muitos andam borboleteando de escola em escola, chegando pôr fim à
velhice sem ter realizado nada? Através da própria experiência, pude observar
que os que ficam engarrafados no intelecto, fracassam. Aqueles que querem
comprovar com o intelecto as verdades que não são do intelecto, fracassam.
Cometem o erro de querer estudar astronomia, falando simbolicamente, com o
microscópio ou o de estudar bacteriologia com o telescópio. Deixemos cada
faculdade em seu lugar, em sua órbita. Precisamos pensar psicologicamente. É
óbvio que devemos repelir com firmeza a doutrina chamada levedura dos saduceus
e dos fariseus e aprender a pensar psicologicamente, o que não seria possível
se continuássemos engarrafados no intelecto. Vale mais começar a subir pela
escada da imaginação, depois passaremos ao segundo escalão, da inspiração, para
colocar fim chegarmos à intuição. Como Despertar a Imaginação
Criadora, a Inspiração e a Intuição. Vejamos como a imaginação se
desenvolve. Muitos exercícios científicos podem ser realizados. Muitas vezes
falei sobre o exercício do copo com água; trata-se de um exercício fácil.
Colocamos um copo com água à nossa frente. No fundo do copo, pomos um pequeno
espelho. Acrescentamos azougue (mercúrio) à água, algumas gotas. A concentração
é feita no meio da água, isto é, sobre a água, de forma tal que a visão
atravesse o vidro. Assim teremos um esplêndido exercício para o desabrochar da
imaginação. Trataremos de ver nessa água a luz astral. Faremos um grande
esforço para vê-la. É óbvio que no princípio não veremos nada, porém, depois de
algum tempo de exercício, começa-se a ver a água colorida, começa-se a perceber
a luz astral; o sentido da auto-observação psicológica entre em atividade. Bem
mais tarde, se passar um carro pela rua, por exemplo, uma faixa de luz será
vista na água e o carro andando por ela. Isto indicará que já se começa a
perceber com a faculdade transcendental da imaginação. Por fim, chegará o dia
em que não mais se precisará do copo com água para ver, porque se estará vendo
o ar com diferentes cores, se estará vendo a aura das pessoas. Bem sabemos que
cada pessoa carrega uma aura de luz ao seu redor e que essa aura tem diversas
cores. O cético carrega sempre uma aura de cor verde brilhante, o devoto uma
aura de cor azul, o amarelo revela muito intelecto, o verde sujo ceticismo, o
cinza tristeza, o cinza-chumbo muito egoísmo, o negro representa o ódio, o
vermelho sujo a luxúria e a fornicação, o vermelho brilhante ou cintilante a
ira etc. Claro que para poder ver assim a aura das pessoas há que trabalhar
muito neste exercício. Por pelo menos uns três anos, dez minutos diários, sem
deixar de trabalhar um único dia. Se alguém tem essa firmeza para praticar tal
exercício por dez minutos diários, chegará o momento em que a faculdade da
imaginação, ou clarividência, ficará plenamente desenvolvida. Clarividência é
apenas outro termo que se aplica à imaginação. Mas este não seria o único
exercício para desenvolver esta faculdade. É necessário algo mais, é necessário
meditação. Sentados em uma cômoda poltrona, com o corpo bem relaxado, ou
deitados na cama com a cabeça para o norte, devemos imaginar alguma coisa, por
exemplo: a semente de uma roseira. Imaginemos que ela foi semeada
cuidadosamente em uma terra negra e fértil e que agora a regamos com a água
pura da vida. Continuamos com o processo imaginativo, transcendental e
transcendente ao mesmo tempo, visualizando como brotam espigas no talo no
processo do crescimento, como se desenvolvem maravilhosamente, como surgem as
espigas daquele talo e por fim os raminhos e as folhas. Imaginamos como por sua
vez aqueles raminhos cobrem-se se folhas completamente e aparece um botão que
se abre deliciosamente; é a rosa. No estado de Manteia, como diziam os
iniciados de Elêusis, falando dos gregos, chegamos até a sentir o próprio aroma
que escapa das pétalas vermelhas ou brancas da preciosa rosa. A segunda parte
do trabalho imaginativo consistiria em visualizar o processo do morrer de todas
as coisas. Poderia se imaginar como aquelas perfumadas pétalas vão caindo, como
pouco a pouco vão murchando, como aqueles ramos outrora tão fortes
convertem-se, depois de algum tempo, em um montão de lenha. Por fim, chega o
vendaval, o vento, e arrasta todas as folhas e toda a lenha. A meditação
profunda sobre o processo do nascer e do morrer de todas as coisas é um
exercício que deve ser praticado de forma assídua, diariamente. É claro que com
o tempo nos dará a percepção interior profunda daquilo que poderíamos denominar
de mundo astral. É bom ainda advertir a todo aspirante que qualquer exercício
esotérico, incluindo este, requer continuidade de propósito. Se praticamos hoje
e amanhã não, cometemos um erro gravíssimo. Havendo de verdade aplicação no
trabalho esotérico, o desenvolvimento dessas preciosas faculdades da imaginação
torna-se possível. Quando, durante a meditação, surgir em nossa imaginação algo
novo, algo diferente da rosa, será sinal evidente de que estamos progredindo.
No princípio, as imagens carecem de colorido, mas conforme formos trabalhando,
elas irão se revestindo de múltiplos encantos e cores. Progredindo no
desenvolvimento interior profundo, avançando um pouco mais nesta questão,
chegaremos à recordação de nossa vidas anteriores. Inquestionavelmente, quem
tiver desenvolvido em si mesmo a faculdade imaginativa, poderá tentar capturar
ou apreender, com este translúcido, o último instante de sua passada
existência. Esse espelho translúcido da imaginação o refletirá moribundo em seu
leito. Assim, alguém poderia ter morrido num campo de batalha, ou num acidente;
seria interessante ver o que nos acompanhou nos últimos instantes da existência
passada. Continuando com este processo tão maravilhoso relacionado com a imaginação,
poderia se tentar conhecer não só o último instante da vida anterior, mas o
penúltimo, o antepenúltimo, os últimos anos, os penúltimos, a juventude, a
adolescência, a infância, etc. Assim se recapitularia toda uma vida passada.
Indo mais longe, isso permitiria também que capturássemos cada uma de nossas
vidas anteriores. Assim chegaríamos, por experiência direta, a verificar a lei
do eterno retorno de todas as coisas. Não é precisamente o intelecto que pode
verificar esta lei. Com o intelecto, podemos talvez discutir, afirmar ou negar,
mas isso não é verificação. Assim, pois, convido todos à compreensão. A
imaginação abrirá as portas dos paraísos elementais da natureza, pois é com a
imaginação que tratamos de ver uma árvore. Se meditamos na mesma, veremos que é
composta de uma multidão de pequenas folhas; mas se conseguimos nos aprofundar
um pouco mais e ver a sua vida íntima, perceberemos sem dúvida alguma isso que
poderíamos denominar de essência ou alma; quando alguém está em estado de
êxtase, percebe a consciência do vegetal. E pode ver, com toda clareza, que
esta é uma criatura elemental, uma criatura que tem uma vida não perceptível
para os cinco sentidos, não perceptível para a capacidade intelectual, uma vida
excluída completamente do processo sensorial. É interessante saber que em
passos posteriores pode-se chegar a conversar, dialogar, com os elementais.
Obviamente, na quarta vertical, há surpresas insólitas. Indubitavelmente, a
Terra Prometida da qual nos fala a Bíblia é a própria quarta dimensão, a quarta
vertical da natureza; o paraíso terrestre é a quarta coordenada. Quando se diz:
A terra prometida onde os rios de água pura vertem leite e mel, faz-se
referência justamente à quarta dimensão do nosso planeta Terra. A imaginação
criadora constitui-se no espelho da alma. Quem a desenvolver mediante regras
esotéricas exatas, fora de dúvida, terá a comprovação do que estou afirmando
aqui de forma enfática. Convido-os claramente à análise psicológica, convido-os
a desenvolver essa qualidade cognoscitiva conhecida como imaginação; ela é uma
faculdade extraordinária. A imaginação criadora permite a alguém saber por si
mesmo que a Terra é um organismo vivo. Nestes momentos, chega-nos à memória
aquela afirmação neoplatônica de que a Alma do Mundo está crucificada na Terra.
Essa alma do mundo é um conjunto de almas, um conjunto de vidas que palpitam e
têm realidade. Para os povos hiperbóreos, os vulcões, os mares profundos, os
metais, as gargantas das montanhas, o furioso vento, o fogo flamejante, as pedras
rugidoras, as árvores etc., não eram senão o corpo dos Deuses. Aqueles
hiperbóreos não viam a Terra como algo morto. Para eles, o mundo estava vivo,
era um organismo que tinha vida e a tinha em abundância. Então, falava-se no
horto puríssimo da linguagem divina que, como um rio de ouro, corre sob a
espessa selva do sol. Sabia-se tocar a lira e dela arrancava-se as mais
extraordinárias sinfonias. A lira de Orfeu não tinha caído ainda no pavimento;
não se partira em pedaços. Esses eram outros tempos, essa era a época da antiga
Arcádia, quando se rendia culto aos Deuses da aurora, quando se festejava todo
nascimento com festas místicas transcendentais. Se vocês desenvolveram de forma
eficiente a faculdade da imaginação, não somente poderão recordar suas vidas
anteriores, como ainda comprovar de forma específica o que aqui estou
expressando didaticamente com completa clareza. Mas a imaginação, por si mesma
e em si mesma, não é mais do que o primeiro escalão. Há um segundo escalão mais
elevado que é a Inspiração. A faculdade da inspiração permite-nos dialogar,
frente a frente, com toda partícula de vida elemental. A faculdade da
inspiração permite que sintamos em nós mesmos o palpitar da cada coração.
Voltemos novamente, por um momento, ao exercício da roseira. Se depois de tudo,
se concluído o meditar no nascer e no morrer da mesma, desaparecidas a lenha e
as pétalas da rosa, queremos ainda saber de mais alguma coisa, precisamos de
inspiração. A planta nasceu, deu frutos, morreu e depois de tudo o que vem?
Necessitamos da inspiração para saber qual é o significado desse nascer e
morrer de todas as coisas. A faculdade da inspiração é ainda mais
transcendental e precisa de um gasto maior de energia. Trata-se de deixar de
lado o símbolo sobre o qual estivemos meditando, trata-se agora de capturar o
seu significado interior. Para isso, precisa-se da faculdade da emoção. O
centro emocional vem, pois, valorizar o trabalho esotérico da meditação, ele
permite que nos sintamos inspirados. E então, inspirados, conheceremos o
significado do nascer e do morrer de todas as coisas. Com a imaginação,
poderemos verificar a realidade da existência interior, com a inspiração
poderemos capturar o significado dessa existência, seu motivo, sua causa, seu
porquê etc. A inspiração está um passo além da faculdade da imaginação
criadora. Com a imaginação, podemos verificar a realidade da quarta vertical,
porém a inspiração permitirá que capturemos seu significado profundo. Por
último, além da faculdade da imaginação e da inspiração, teremos de chegar às
alturas da intuição. Assim, imaginação, inspiração e intuição são os três
degraus da Iniciação. A intuição é algo diferente. Voltemos à roseira do nosso
exemplo. Indubitavelmente, com o processo da imaginação, durante o exercício
esotérico transcendental e transcendente, vimos os processos: vimos como a
roseira cresceu, como floriu suas rosas e por último como morreu e se converteu
num monte de lenha. A inspiração permite que saibamos o significado de tudo
isso, mas a intuição nos levará à realidade espiritual disso. Através dessa
preciosa faculdade superlativa, entraremos num mundo de uma espiritualidade
singular e nos encontraremos face a face com o elemental visto com a
imaginação, o elemental da roseira. Ainda mais, nos encontraremos com a chispa
virginal, com a Mônada divina, com a suprema partícula divina da roseira.
Entraremos num mundo onde estão os Elohim criadores citados na Bíblia hebraica
ou mosaica. Veremos todas as hostes criadoras do Exército da Palavra, isto é,
teremos achado o Demiurgo criador do universo. É a intuição que permite
conversar frente a frente com os Elohim, com os Tronos, os quais já não serão
para nós mera especulação ou crença; doravante serão uma realidade palpável,
manifestada. A intuição permitirá o nosso acesso às seções superiores do
universo e do cosmos. Através da intuição, poderemos estudar a cosmo gênese, a
antropo-gênese etc. Ela permitirá que entremos nos templos da Fraternidade
Universal Branca, onde estão os Elohim, Kummaras ou Tronos. Ela permitirá que nós
conheçamos a gênese de nosso mundo e poderemos até assistir a própria aurora da
criação; saber, não porque alguém tenha dito, mas por via direta, como surgiu
este mundo que habitamos, de que forma foi criado, de que maneira fez sua
aparição no concerto dos mundos. A intuição permitirá que saibamos, de forma
específica e direta, aquilo que os brilhantes intelectuais da época não sabem.
Há muitas teorias a respeito do mundo, do universo e do cosmos, as quais passam
constantemente de moda como os remédios de farmácia, como a moda das senhoras e
dos cavalheiros. A uma teoria, segue outra e outra; por fim, o intelecto não
consegue senão fantasiar graciosamente e especular, sem poder jamais
experimentar a realidade. No entanto, a intuição permite que se conheça o real;
ela é uma faculdade cognoscitiva transcendental. Quão grandioso é poder
assistir ao espetáculo da criação! Sentir-se por uma momento fora da criação e
olhar o mundo como se ele fosse um teatro e nós os espectadores. Perceber como
um cometa sai do caos e o Real Ser dá origem a uma unidade cósmica. Isto é
intuição; aquilo que nos permite saber que a Terra existe devido ao Karma dos
Deuses. Se não fosse por isto, não existiria; é a intuição que permite a alguém
verificar o cru realismo desse Karma. Certamente, aqueles Elohim, cujo conjunto
vem a constituir o divino, atuaram num passado ciclo de manifestação muito
antes de a Terra e o sistema solar terem surgido à existência. Vejamos um caso
bastante simpático. Muito se discute sobre a Lua. Muita gente pensa que ela é
um pedaço da Terra que foi lançado ao espaço pela força centrífuga, algo assim
como o disparo de um foguete atômico. A intuição permite que se vislumbre que
as coisas aconteceram de forma completamente diferente. Através da intuição,
vimos a saber que a Lua é muito mais antiga do que a Terra. Por isso, nossos
antepassados de Anahuac diziam: a avó Lua. Ela é obviamente nossa avó, pois, se
ela é a mãe da Terra e a Terra é a nossa mãe… Nossa avó; conceitos sábios de
Anahuac. A Terra surgiu realmente muito mais tarde no correr dos séculos. A Lua
foi um mundo rico no passado; teve vida mineral, vegetal, animal e humana,
mares profundos, vulcões em erupção, etc. Os próprios cientistas atuais tiveram
de se render diante da evidência concreta de que a Lua é mais antiga do que a
Terra. Aqueles Iniciados que cometeram o erro de afirmar que a Lua era um
pedaço que se desprendeu da Terra, agora ficaram mal, já que se verificou no
estudo com aparelhos especiais dos metais trazidos da Lua que esta é mais antiga
que a Terra. Ela teve humanidade, teve vida vegetal, foi um mundo rico. Por que
a Lua se transformou assim? A intuição permite a qualquer um saber que tudo que
nasce tem de morrer. Todo mundo do espaço estrelado, com o tempo converte-se em
uma Lua. Esta Terra que habitamos um dia envelhecerá e morrerá, converter-se-á
em outra Lua. Há Luas pesadas, como a que gira ao redor do sol Sírio, que
chegam a ter uma densidade 5 mil vezes maior que a do chumbo. Assim, voltando à
nossa Lua, diremos que é a mãe da Terra. Por que faço tão tremenda afirmação?
Mediante a mesma intuição, vemos como aquela velha Lua, nossa avó, a anima mundi luna
crucificada naquele satélite, depois de ter submergido no seio do Eterno Pai
Cósmico Comum, o Absoluto, quando chegou uma nova época de manifestação, depois
de um longo intervalo, quando chegou de novo outro Grande Dia de atividade,
aquela mãe Lua, aquela anima mundi, reconstruiu um novo corpo,
formou seu novo corpo que é esta Terra e se reencarnou. Todas as criaturas que
outrora existiram na Lua morreram, mas os germes da vida, os germes de toda
vida animal, vegetal ou humana não morreram. Esses germes projetados pelos
raios cósmicos ficaram depositados aqui neste novo planeta, até os germes de
nossos próprios corpos. Por tal motivo, somos filhos da Lua. Ela é a mãe de
todo ser vivo. Ela é a mãe da Terra. Quando alguém faz uma afirmação destas
diante de um grupo de pessoas instruídas, diante dos eruditos do intelecto,
diante daqueles que estão acostumados a fazer malabarismos com a mente, diante
dos fanáticos dos silogismos, dos prossilogismos e dos eussilogismos do
raciocínio subjetivo, obviamente expõe-se à ironia, ao vexame, à zombaria, ao
sarcasmo, à sátira, porque isto não pode ser admitido jamais pelo raciocínio
subjetivo do intelecto. Isto que estou afirmando só é acessível à intuição.
Completo dos Mistérios da Vida e da Morte, terão inquestionavelmente que subir
pela maravilhosa escadaria da imaginação, da inspiração e da intuição. O mero
raciocínio jamais poderia levar alguém até estas experiências íntimas e
profundas. De modo algum nos pronunciaríamos contra o intelecto. O que queremos
é especificar funções e isto não é um delito. Fora de dúvida, o intelecto é
útil dentro de sua órbita. Fora de sua órbita, como já dissemos, torna-se
inútil. Porém, se nos fanatizamos com o intelecto e negamos de princípio a
subir pelos degraus da imaginação, jamais conseguiremos pensar
psicologicamente. Quem não sabe pensar psicologicamente, fica preso
exclusivamente ao rústico sensorial e pode até se converter num fanático da
dialética marxista. Só o pensar psicológico abrirá a mente interior, isto é
óbvio, e nos fará subir pelos degraus da inspiração e da intuição.
Indubitavelmente, de fato, abertas as maravilhosas portas da mente interior, surgem
os intuitos de dentro, que se expressam através da mente interior, isto é, a
mente interior serve de veículo aos intuitos. Esta mente interior é a própria
razão objetiva, a qual foi claramente explicada por Gurdjieff, Ouspensky e
Nicoll. Possuir a razão objetiva é ter aberto a mente interior, e está
funcionará exclusivamente com os dados do Ser, com os intuitos da consciência,
do superlativo, do ético, daquilo que é transcendental e transcendente em nós e
não de outro modo. Exposto este tema, fica aberto e diálogo. Quem quiser
perguntar alguma coisa que o faça com a mais inteira liberdade. Pergunta: Mestre, gostaria de
saber se existe alguma diferença entre intelecto e mente? Samael Aun Weor: O
intelecto e a mente no fundo são a mesma coisa. Porém, a mente não cultivada
não é intelecto. A mente cultivada é intelecto. Alguém poderia ser muito
inteligente e não possuir intelecto. Assim, não há uma diferença substancial e
sim acidental. Distinga-se potência e acidente de acordo com a lógica formal. P: Que representa a
esfinge com a metade do corpo com a forma de animal e rosto de homem? SAW: O rosto de
homem representa o mercúrio da filosofia secreta, o esperma sagrado de onde sai
o verdadeiro homem. Quanto às asas, obviamente representam o espírito. A esfinge
é importantíssima, foi tirada da Atlântida. Os membros da Sociedade de Akaldan
a usavam na universidade da Atlântida. Essa sociedade mantinha a esfinge sempre
ali para representar o homem, para representar o caminho que conduz à
libertação final. Originalmente, a cabeça da esfinge tinha uma coroa de nove
pontas de aço que representava a Nona Esfera, um báculo em sua garra direita e
a espada flamejante na outra. Claro que atualmente está despojada de tudo isto,
porém originalmente tinha. Ela significa o caminho esotérico, o caminho sagrado
a seguir; os mistérios da Nona Esfera, o sexo, o trabalho com os quatro
elementos da natureza dentro de nós mesmos, aqui e agora, para fabricar os
corpos existenciais superiores do Ser e converter-se em um verdadeiro homem. No
entanto, há que se fazer uma distinção entre a roda do Arcano 10 do Taro, que
gira incessantemente (a roda do samsara) e a esfinge. A roda do samsara
significa a evolução e sua irmã gêmea a involução. Pela direita sobe Hermanúbis
evoluindo e pela esquerda desce Tifão involuindo. A esfinge está sobre a roda,
ela é o caminho da revolução da consciência. Precisamos nos meter pelo caminho
da revolução em marcha, da rebeldia psicológica. Este é o caminho que leva à
libertação final. Temos de nos afastar da evolução e da involução e nos meter
pela senda da revolução em marcha,. ser rebeldes, ser revolucionários… Se é que
realmente queremos chegar à libertação, precisamos de grande rebeldia
psicológica! P: Mestre, creio que
todos já ouviram falar, até aparece nos jornais, sobre o cinturão da morte que
se encontra no Atlântico. Poderia nos explicar que fenômenos ocorrem por lá? SAW: Aquele
triângulo que há ali nas Antilhas, no Atlântico, é uma zona onde muitos aviões
se perderam porque entraram com facilidade na quarta vertical. Em tais casos,
ocorre uma perfuração muito natural por onde em muitas épocas passa-se para a
quarta vertical. Ela está perfurada e isso é muito normal. Naquela zona há
perfurações, por isso muita gente, navios etc. perderam-se por lá; submergem na
quarta vertical e continuam vivendo na quarta vertical. P: Não há maneira de sair?
SAW: Pois
melhor nem sair; para quê? P: Com corpo físico? SAW: Com
o corpo de carne, osso e tudo, mas não vás te meter por ali. Se tu queres ir
viver na quarta vertical, não te aconselho a ir. P: O senhor não disse que é melhor nem
sair? SAW: Bom, é difícil (…) porque
depois que a quarta vertical engole alguém, é melhor que fique vivendo ali e
quem vive na quarta vertical vive bem. Lá ele pode comer, pode dormir, pode
viver da mesma forma, normal, iluminado pela luz do Sol. Lá há raças humanas
etc. Não se vive somente aqui, há muita gente que vive na quarta vertical.
Existe uma raça humana muito bela, da qual gostei muito (…) P: Como se sacrifica a dor?
SAW: Vou
lhes dizer uma grande verdade. Somente se sacrifica a dor com auto exploração,
fazendo-se a sua dissecação. Citemos um caso concreto, imaginemos um homem que
de repente encontra a sua mulher em pleno delito num quarto com outro homem.
Realmente, isto pode provocar certos ciúmes, é natural… Se encontra a mulher em
demasiada intimidade com outro homem, pode ocorrer uma explosão de ciúmes e
isso produz uma dor espantosa ao marido ofendido, o que pode dar origem até a
uma ação de divórcio, um problema moral horripilante. No entanto, a encontrou
conversando muito tranquilamente e nada lhe consta de mau; somente podem ser
feitas muitas conjecturas. Ainda que a mulher negue e negue, a mente tem muitos
ardis, muitos esconderijos e formam-se muitas conjecturas. Que fazer para se
salvar desta dor? Como aproveitá-la? Como renunciar à dor que lhe causou tudo
isto? Existe alguma maneira de resolver, de sacrificar esta dor? Qual? A
autorreflexão evidente do Ser, a auto exploração de si mesmo. Vocês estão
seguros de que nunca se deitaram com outra mulher, com outra fêmea? Estão
seguros de que jamais foram adúlteros? Nem nesta nem em passadas reencarnações?
Todos nós no passado fomos adúlteros, fornicários (…) isso é óbvio. Se alguém
chega à conclusão de que também foi fornicário e adúltero, com que autoridade
está julgando a sua mulher? Por que o faz? Ao julgá-la, o faz sem autoridade.
Cristo já disse na parábola da mulher adúltera, a mulher dos evangelhos
cristãos: “Aquele que estiver livre de pecado que atire a primeira pedra”. Ninguém
jogou, nem mesmo Jesus se atreveu a jogar. E exclamou: “Onde estão os que te
acusavam? Nem eu mesmo te acuso. Vai e não peques mais”. Nem Ele mesmo, que era
tão perfeito, se atreveu. Tendo Ele agido assim, com que autoridade agora o
faríamos nós? Quem é que nos está proporcionando o sentimento? A dor suprema?
Não é por acaso o demônio dos ciúmes? É óbvio! E qual outro demônio? O eu do
amor próprio que foi ferido mortalmente e que é cem por cento egoísta. Qual
outro? O eu da auto importância, o que se julga o importante senhor Fulano de
Tal, e “que esta mulher venha aqui agir com este tipo de conduta” (…). Que orgulho
terrível o do senhor da auto importância! E aquele outro demônio, o da
intolerância, que grita: Fora adúltera! Condenada! Malvada, te expulso! Eu sou
virtuoso, intocável… Eis aqui, pois, o delito dentro de nós mesmos. Esses são
os eus que vêm a causar dor. Quando alguém chegou à conclusão de que foram os
eus que produziram a dor, deve se concentrar na sua Divina Mãe Kundalini, pois
é Ela que desintegra esses eus. Se
o eu for desintegrado, a dor termina. Terminada a dor, faz-se
a consciência. Portanto, através do sacrifício da dor, aumenta-se a consciência
e adquire-se fortaleza. Ponhamos que não tenham sido simples ciúmes e sim que
houve adultério de verdade. O divórcio terá de acontecer, porque isso autoriza
a lei divina. Neste caso, também se pode dizer com absoluta segurança que essa
dor poderá ser sacrificada. Bom, houve adultério… Agora, eu estou seguro de
jamais ter adulterado? Então, por que condeno? Não tenho o direito de condenar
ninguém porque, quem se sinta livre de pecado que atire a primeira pedra. Quem
é que está me causando esta dor? Os eus do ciúme, da auto importância, do
amor-próprio etc. Temos de chegar à conclusão de que são esses eus que nos
estão provocando a dor e passar a trabalhar para desintegrá-los. Eliminando o
eu, a dor desaparecerá. Por que? Por que foi sacrificado. Isso traz um aumento
de consciência, porque aquela energia que estava condicionada pela dor foi
liberada. Resta não só a paz do coração tranquilo como há ainda um aumento de
consciência, um acréscimo de consciência. Mas, as pessoas são capazes de tudo,
menos de sacrificar a dor, porque querem muito as suas dores. No entanto,
resulta que as dores máximas são as que brindam as melhores oportunidades para
o despertar; há que sacrificar a dor. Há muitas espécies de dor. Um insultador
com seus insultos provoca imediatamente em nós desejos de vingança pelas
palavras ditas. Porém, se não nos deixamos identificar pelos eus da vingança,
claro está que não responderemos instintivamente naquela hora. No entanto, se
alguém se relaciona com o eu da vingança, este eu se relaciona com outros eus
mais perversos e esse alguém termina nas mãos de eus terrivelmente perversos,
fazendo disparates. Assim como existe a cidade do México ou qualquer outra
cidade do mundo, é claro que assim como nesta cidade de vida urbana há gente de
todo tipo, bairros de gente ruim e bairros de gente boa, em nossa cidade
psicológica ocorre a mesma coisa: há bairros de gente decididamente perversa,
gente de classe média e gente mais ou menos selecionada. Não é assim? Se alguém
se identifica, por exemplo, com um eu vingativo, isso o relacionará com outros
eus mais perversos. O importante é não se identificar com os insultos. Há eus
dentro de nós que ditam as normas: Responde! Vinga-te! Arranca o cravo!
Desforra-te! Se alguém se identifica com eles, termina se identificando com o
insultador. Mas, se não ocorrer a identificação com o eu que está ditando normas,
não fará nada daquilo. Em todo caso, o insultador deixa tudo no fundo do
insultado. O interessante seria que os ofendidos conseguissem sacrificar essa
dor, o que podem fazer através da meditação. Compreender que o insultador é uma
máquina mal controlada por determinado eu; compreender que ele é uma máquina e
que também tem seus eus. Se alguém compreende e compara que dentro de si também
está o eu do insulto, não tem porque condenar o outro. Além do mais, o que é
que ficou ferido em mim? Possivelmente, o amor próprio, possivelmente o
orgulho… O que tenho de descobrir é quem foi que se feriu; o amor próprio ou o
que? Ao descobrir que foi o amor próprio quem se magoou, procede-se a sua
eliminação. Ao sacrificar a dor, ficamos livres dela e nasce uma virtude: a
serenidade. E despertamos ainda mais… Há que se ter em conta todos os atores.
Temos de aprender a sacrificar a dor. As pessoas são capazes de sacrificar
tudo, menos a sua próprio dor. Querem muito os seus próprios sofrimentos, os
idolatram. Eis aqui o erro. Capturar seus próprios erros é o que importa para
se aprender a despertar a consciência. Claro, não é coisa fácil. O trabalho
contra si mesmo é muito duro, porém vale a pena investir contra si mesmo pelo
resultado que se vai obter com o despertar. P: O que foi que deu ao senhor essa
capacidade de análise? SAW: No
princípio, a capacidade de análise que eu tinha, ainda que pensasse que fosse
extraordinária, era ainda incipiente em relação com a atual capacidade de
análise que possuo. A atual capacidade de análise não devo a outra coisa senão
à desintegração do Ego. Acontece que quando alguém tem Ego, é muito estúpido,
mas quando o desintegra, sua essência fica livre e a essência livre confere-lhe
inteligência. Aquele que tem egos, pensa que é inteligente, mas não é. Poderá
ser um intelectual, mas uma coisa é ser intelectual e outra ser inteligente. Há
que fazer uma plena diferença entre esses dois aspectos. Quando alguém aniquila
o Ego, a inteligência aflora de forma natural, espontânea. Quando alguém não tem
Ego, é inteligente, mas quando tem egos, ainda que se julgue inteligente, pelo
fato de ter lido muito, de haver pertencido a tal escola, não é, não é
inteligente. Esta é a realidade dos fatos… Quando eu possuía egos, pensava que
tinha uma grande capacidade de análise. Depois que destruí o Ego, vim a
compreender que naquela época minha capacidade de análise era incipiente, mas
eu julgava que era gigantesca pelo fato de ter lido. Somente o tempo é que veio
me demonstrar que não era tão grandiosa como eu supunha. Assim, o importante da
vida é ter a capacidade de autorreflexão evidente do Ser, a qual aflora com a
aniquilação do eu e permite que se veja as coisas mais claras. www.gnosisonline.org.br. Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário