Gnosticismo.www.gnosisonline.org. Texto de
Samael Aun Weor (1917-1977). Este tema está relacionado com a questão da
Transformação de Si Mesmo. Em nossos passados diálogos, muito dissemos sobre a
importância que a vida em si mesma tem. Dissemos também que um homem é o que é
sua vida e que esta é como um filme que, ao desencarnarmos, nós a levamos para
revivê-la (de forma retrospectiva) no Mundo Astral, e que ao retornarmos, a
trazemos para projetá-la outra vez sobre o tapete do Mundo Físico. É claro que
a Lei da Recorrência existe e que todos os acontecimentos se repetem, que tudo
volta realmente a ocorrer tal como aconteceu, mais as consequências boas e más,
e isso é óbvio. Bem, agora o importante é conseguirmos a transformação da vida,
e isso é possível se nos propomos, profundamente. “Transformação” significa que
uma coisa muda em outra coisa diferente. É lógico que tudo está submetido a
mudanças. Existem transformações muito conhecidas da matéria; ninguém poderia
negar, por exemplo, que o açúcar se transforma em álcool e que o álcool (por
sua vez) se converte em vinagre pela ação dos fermentos (esta é a transformação
de uma substância molecular em outra substância molecular). Sabe-se, pela nova
química dos átomos e elementos, que o Rádio, por exemplo, se transforma
lentamente em chumbo. Os alquimistas da Idade Média falavam da “Transmutação do
chumbo em ouro”. Sem embargo, não aludiam sempre à questão metálica meramente
física. Normalmente queriam indicar, com tais palavras, a transmutação do
Chumbo – o da Personalidade – no Ouro do Espírito. Assim, pois, convém que
reflitamos em todas essas coisas (…). Nos Evangelhos, a ideia do homem terreno,
comparado a uma semente capaz de crescimento, tem a mesma significação, como a
tem também a ideia do renascimento, de um homem que “nasce outra vez”. Sem
embargo, é óbvio que se o grão não morre, a planta não nasce; em toda
transformação existe morte e nascimento, ou morte e ressurreição. Já se sabe
que na Gnosis consideramos o homem como uma fábrica de três pisos que absorve,
normalmente, três alimentos. O alimento comum normalmente corresponde ao piso
inferior da fábrica (nessa questão do estômago). O ar, naturalmente, está no
segundo piso, pois está relacionado com os pulmões. E as impressões,
indubitavelmente, estão associadas ao cérebro, o terceiro piso (isso é questão
de “observação”, não é verdade, irmãos?). O alimento que comemos sofre
sucessivas transformações (isto é inquestionável). O processo da vida, em si
mesma, por si mesma, é a transformação. Cada criatura do Universo, meus
estimados irmãos, vive mediante a transformação de uma substância em outra. Um
vegetal, por exemplo, transforma o ar, a água e os sais da terra em novas
substâncias vitais, em elementos úteis para nós, como, por exemplo, as nozes,
as frutas, as batatas, ou os limões, os feijões, as ervilhas etc. Assim, pois,
tudo é TRANSFORMAÇÃO. Pela ação da luz solar, obtemos os variados fermentos da
natureza. É inquestionável que o sensível filme da vida, que normalmente se
estende sobre a face da terra, conduz toda a Força Universal rumo ao interior
do mundo planetário em que vivemos. Porém, cada planeta, cada inseto, cada
criatura (e o próprio animal intelectual equivocadamente chamado homem)
absorve, assimila, determinadas forças cósmicas e logo as transforma e
retransmite (inconscientemente) às camadas inferiores do organismo planetário.
Tais forças, transformadas, estão intimamente relacionadas com a economia deste
organismo planetário em que vivemos. Cada criatura, segundo sua espécie,
transforma determinadas que, logo, retransmite ao interior da terra, para
economia do mundo. Também as demais criaturas, as distintas espécies (as
plantas etc.) cumprem a mesma função. Sim, em tudo existe transformação. Assim,
pois, a epiderme da terra é um órgão em transformação… Quando comemos o
alimento, tão necessário para a nossa subsistência, este é transformado (é
claro, etapa após etapa) em todos esses elementos vitais, tão indispensáveis
para a nossa própria existência. Quem realiza dentro de nós esse processo de
transformação das substâncias? O Centro Instintivo! Quão sábio é esse Centro!
Realmente, nos assombramos com a sabedoria de dito Centro. A digestão em si
mesma, meus estimados irmãos, é transformação. Todos podem ver que o alimento
inferido pelo estômago (ou seja, a parte inferior dessa fábrica de três pisos,
que é o organismo humano) se transforma. Se um alimento, por exemplo, passasse
pelo estômago e não se transformasse, o organismo não poderia assimilar seus
princípios (suas vitaminas, suas proteínas). Isso seria, simplesmente, uma
indigestão. Assim, pois, conforme vamos refletindo nessa questão, chegamos a
compreender a necessidade de passar por uma Transformação. Está claro que os
alimentos físicos se transformam. Mas há algo que nos convida muito à reflexão:
não existe uma transformação, por exemplo, adequada das Impressões. Para o
propósito da Natureza propriamente dita, não há nenhuma necessidade de que o
animal intelectual, equivocadamente chamado homem, transforma realmente as
impressões. Porém, um homem pode transformar suas impressões por si mesmo, se
possui, naturalmente, o conhecimento de fundo, esotérico, e compreende o porquê
dessa necessidade (resultaria magnífico transformar as impressões). No terreno
da vida prática, a maioria das pessoas crê que este mundo físico vai lhe dar
exatamente o que anseia e busca, e eis aí, meus estimados irmãos, um tremendo
equívoco. A vida, em si mesma, entra em nós, em nosso organismo, na forma de
meras impressões. O primeiro que realmente devemos compreender é o significado
deste Trabalho Esotérico, relacionado intimamente com a questão das impressões.
Que necessitamos transformar a vida? É verdade! E não se poderia realmente
transformar sua vida se não se transformam as impressões que lhe chegam à
mente. É urgente, pois, que os que leiam esta cátedra reflitam no que aqui
estamos dizendo (…). Não existe, realmente, tal coisa como a “vida externa” – e
vejam vocês que estamos falando de algo muito revolucionário, pois todo mundo
crê que o físico é o real, porém se formos um pouquinho mais a fundo, o que
realmente estamos recebendo, a cada instante, a cada momento, são meramente
IMPRESSÕES. Vemos uma pessoa que nos agrada ou que nos desagrada, e o primeiro
que obtemos são impressões dessa natureza, não é verdade? Isso não o podemos
negar. A vida é, digamos, uma sucessão de impressões (e não como creem muitos
ignorantes ilustrados: uma coisa sólida, física, de tipo exclusivamente
material): a realidade da vida são suas impressões, claro está que a ideia que
estamos emitindo através desta gravação resulta certamente difícil de se
capturar, de se apreender. Constitui-se num trabalhoso ponto de intersecção. É
possível que você que me estejam lendo tenha a certeza de que vida que têm
exista como tal, e não como suas impressões. Estão tão sugestionados pelo mundo
físico que obviamente pensam assim.A pessoa que vemos sentada, por exemplo, em
uma cadeira, com tal ou qual traje de cor, aquele que nos sorri mais além, ou
aquele outro que está tão sério etc., são para nós coisas reais, não é verdade?
Porém se meditamos profundamente em tudo o que vemos chegaremos à conclusão de
que o real são as impressões. Estas, como já disse, chegam à mente através, é
claro, das “janelas” dos cinco sentidos. Se não tivéssemos, por exemplo, olhos
para ver ou ouvidos para ouvir, nem tato para tocar, nem olfato para cheirar,
ou nem sequer paladar para saborear os alimentos que entram em nosso organismo,
por acaso existiria para nós isso que se chama mundo físico? Claro que não,
absolutamente não! Então, pois, a vida nos chega na forma de impressões, e é aí
onde existe a possibilidade de trabalhar sobre nós mesmos. Ante tudo – se é
isso que queremos fazer –, pois, deve-se compreender o trabalho que devemos
fazer. Se não fizéssemos esse trabalho de forma correta, como poderíamos
conseguir uma transformação psicológica em nós mesmos? É óbvio que o trabalho
que iremos realizar sobre nós mesmos deve ser sobre as impressões que estamos
recebendo a cada instante, a cada momento. E a menos que o apreendamos, que o
capturemos etc., nunca ninguém compreenderia o significado do que no Trabalho é
chamado de PRIMEIRO CHOQUE CONSCIENTE. O Choque relaciona-se com essas
impressões que são tudo quanto conhecemos do mundo exterior, que estamos
recebendo, que tomamos como se fossem as verdadeiras coisas, as verdadeiras
pessoas. Necessitamos, então, transformar nossa vida, e esta é INTERNA. Ao
querer transformar esses aspectos psicológicos de nossa vida, obviamente
necessitamos trabalhar sobre as impressões – que entram em nós, é claro. Por
que nós chamamos ao trabalho sobre a transformação das impressões de Primeiro
Choque Consciente? Por um motivo, meus queridos irmãos gnósticos, por um só
motivo: porque, simplesmente, é algo que de nenhuma maneira poderíamos efetuar
de forma meramente mecânica! Isso jamais acontece mecanicamente. Necessita-se
de um esforço autoconsciente. Está claro que um aspirante gnóstico que comece a
compreender essa classe de trabalho, começa obviamente também a deixar de ser
um homem mecânico, que serve exclusivamente aos interesses da Natureza; uma
criatura absolutamente adormecida, que simplesmente não é mais que um
“empregado da Natureza”, para os fins econômicos da mesma, os quais não servem,
de modo algum, aos interesses de nossa própria Auto realização Íntima. Se vocês
começam, agora, a compreender o significado de tudo quanto lhes está sendo
ensinado neste texto (…) se pensam, agora, no significado de tudo quanto lhes é
ensinado a fazer, digamos pela vida do esforço próprio (começando com a
OBSERVAÇÃO DE SI MESMOS), sem dúvida verão, meus queridos irmãos gnósticos, que
no lado prático do Trabalho Esotérico tudo se relaciona com a transformação das
impressões e o resultado, naturalmente, das mesmas. O trabalho, por exemplo,
sobre as emoções negativas, sobre os estados de humor irritadiços, sobre a
questão da Identificação, sobre a Auto consideração, sobre os Eus sucessivos,
sobre as Auto justificativas, sobre as desculpas e sobre os estados
inconscientes em que nos encontramos (…) relacionam-se em tudo com a transformação
das impressões e o que resulta disso. Assim, convém, meus queridos irmãos gnósticos,
que de certo modo o trabalho sobre si mesmo se compara com a dissecação, no
sentido de que é uma transformação. Quero que vocês reflitam profundamente
nisso, que compreendam, pois, o que é o Primeiro Choque Consciente. É preciso
formar um “instrumento de mudança” no lugar de entrada da impressões; não
esqueçam isso. Se mediante a compreensão do trabalho você podem aceitar a vida
como um Trabalho (realmente esotérico), então estarão em um estado constante de
Recordação de Si Mesmos. Este estado de consciência de si mesmo os levará,
naturalmente, ao terreno vivente da transformação das impressões, e assim
normalmente (ou supra normalmente, melhor dizendo), ao de uma vida distinta, no
que a vocês naturalmente diz respeito. Ou seja, que a vida já não trabalhará
mais sobre todos vocês, meus queridos irmãos, como o fazia antes. Vocês
começarão a pensar e a compreender de uma nova maneira, e este é o começo,
naturalmente, de sua própria transformação. Porque enquanto vocês seguires
pensando da mesma maneira, tomando a vida da mesma maneira, é claro que não
haverá nenhuma mudança em vocês. Transformar as impressões da vida é
transformar-se a si mesmo, meus queridos irmãos gnósticos, e só uma maneira de
pensar inteiramente nova é que pode efetua-lo. Todo esse trabalho, pois,
dirige-se rumo a uma forma radical de transformação. Se não nos transformamos,
nada se consegue. Compreenderão vocês que a vida nos exige continuamente
reagir. Todas essas reações forma nossa vida, nossa vida pessoal. Cambiar a
vida não é cambiar as circunstâncias meramente externas. É cambiar realmente as
próprias reações. Porém, se não vemos que a vida exterior nos chega como meras
impressões que nos obrigam incessantemente a reagir – de uma forma, digamos,
mais ou menos estereotipada –, não veremos de onde começa o ponto que realmente
possibilite o câmbio, e de onde é possível trabalhar. As reações, que formam
nossa vida pessoal, são quase todas de tipo negativo. Então, também nossa vida
será negativa, não será mais que uma série sucessiva de reações negativas, que
se dão como resposta incessante às impressões que chegam à mente. Logo, nossa
tarefa consiste em transformar as impressões da vida, de modo que não provoquem
esse tipo de reações negativas a que estamos tão acostumados. Porém, para
consegui-lo, é necessário estarmos nos AUTO-OBSERVANDO de instante em instante,
de momento em momento. Assim, as impressões não chegam de um modo mecânico, e
isso equivale a começar a viver mais conscientemente. Um indivíduo pode
permitir, dar-se ao luxo, de que as impressões lhe cheguem mecanicamente, porém
se não se comete semelhante erro, se transforma suas impressões, então começa a
viver conscientemente. Por isso se diz que este é o Primeiro Choque Consciente.
O Primeiro Choque Consciente radica, precisamente, na transformação das
impressões que chegam à mente. Se se consegue transformar as impressões que
chegam À mente, no próprio momento de sua entrada, sempre se pode trabalhar no
resultado das mesmas. Está claro que ao transformá-las, evitamos que produzam
seus efeitos mecânicos que sempre resultam ser desastrosos no interior de nossa
psique. Isso exige um sentimento definido, uma vibração definida do trabalho,
uma valorização do ensinamento, o que significa que este trabalho esotérico
deve ser levado até o ponto, por assim dizer, por onde entram as impressões, e
desde onde são distribuídas – mecanicamente – a seu lugar de costume (pela
personalidade), para evocar as antigas reações. Quero que vocês vão entendendo
um pouco mais. Vou tratar, digamos, de simplificar, a fim de que vocês possam
entender. Porei um exemplo: se jogamos uma pedra a um lago cristalino, no lago
vemos que se produzem impressões, e é a resposta às impressões dadas pela pedra
(são as reações). Estas se manifestam em ondas que vão desde o centro até a
periferia, não é verdade? Bem, agora levem vocês, meus queridos irmãos
gnósticos, este exemplo à mente. Imaginem-se, por um momento, como um lago. De
pronto, aparece a imagem de uma pessoa e então a mente reage – as impressões
são as que produzem a imagem que chega à mente; as reações são a resposta a
tais impressões. Se vocês jogam uma bola contra um muro, o muro recebe a
impressão e vem a reação, que consiste em que, inconscientemente, a bola
regressa a quem a enviou. Bem, pode ser que não chegue diretamente, porém de
qualquer maneira a bola rebate e isso é reação, correto? Bem, há impressões que
não são muito agradáveis. Por exemplo, as palavras de um insultador não são,
por certo, muito boas que se diga, não? Claro que poderíamos, digamos,
transformar essas palavras do insultador. Porém, sim, as palavras são como são,
e então o que poderíamos fazer? Transformar as impressões que tais palavras nos
produzem? Sim, isso é possível, e o ensinamento gnóstico nos ensina a
cristalizar a Segunda Força (ou seja, o Cristo em nós), mediante um postulado
que diz: “Há que se receber com agrado as manifestações desagradáveis de nossos
semelhantes.” Eis aqui, pois, o modo de transformar as impressões que produzem
em nós as palavras de um insultador: “Receber com agrado as manifestações
desagradáveis de nossos semelhantes”. Este postulado nos levará, naturalmente,
à cristalização da Segunda Força (ou seja, o Cristo em nós), fará com que o
Cristo venha a tomar forma em nós. É um postulado sublime, esotérico em 100%.
Agora, se do mundo físico não conhecemos senão as impressões, então o mundo
físico propriamente não é tão externo como creem as pessoas. Como justa razão
Immanuel Kant disse: “O exterior é o interior”. Então, pois, se o interior é o
que conta, devemos transformar o interior: as impressões são interiores. Assim,
todos os objetos, as coisas, tudo o que vemos, existe em nosso interior na
forma de impressões. Se, por exemplo, não transformamos as impressões, nada
munda em nós. A luxúria, a cobiça, o ódio, o orgulho etc. existem na forma de
impressões – dentro de nossa psique – e vibram incessantemente. O resultado
mecânico de tais impressões são todos esses elementos inumanos que levamos
dentro e que normalmente os temos chamado de Eus (os eus, que em seu conjunto
constituem-se no mim mesmo, no si mesmo, não é?). Suponhamos que um indivíduo
vê uma mulher provocativa e não transforma suas impressões. O resultado será
que as mesmas – de tipo naturalmente luxurioso – exigem dele, pois, um desejo
de possuí-la. Tal desejo vem a ser o resultado mecânico da impressão recebida,
e se plasma, vem a cristalizar, a tomar uma forma em nossa psique, converte-se
em um agregado mais, ou sja, em um elemento inumano, em um novo eu de tipo
luxurioso que vem a se agregar à soma já existente de elementos inumanos que,
em sua totalidade constituem o Ego, o mim mesmo, o si mesmo. Porém, vamos
seguir refletindo: em nós existem a ira, a cobiça, a luxúria, a inveja, o
orgulho, a preguiça e a gula: ira por quê? Porque muitas impressões chegaram a
nós, a nosso interior, e nunca as transformamos. O resultado mecânico de tais
impressões, pois, foi a ira, foram os eus que ainda existem, que vivem em nossa
psique, e que constantemente, pois, nos fazem sentir coragem. A cobiça: indubitavelmente,
muitas coisas despertaram em nós a cobiça; o dinheiro, as joias, as coisas
materiais de todo tipo etc. Esses objetos chegaram a nós na forma de
impressões. Nós cometemos o erro de não haver transformado essas impressões,
por exemplo, em outra coisas diferente: em uma admiração pela beleza, ou em
altruísmo, ou em alegria pelo proprietário de tais ou quais coisas, enfim (…) e
aí? Pois que tais impressões não transformadas, naturalmente, se converteram em
eus de cobiça que agora carregamos em nosso interior. No caso da luxúria, já
disse que distintas formas de luxúria nos ferem na forma de impressões, e
surgem, no interior de nossa mente, imagens digamos de tipo erótico, cuja
reação foi a luxúria. Como queira que então não transformamos essas ondas luxuriosas,
essas vibrações luxuriosas, essas impressões, esse sentir luxurioso, esse
erotismo malsão, ou não bem entendido – porque bem entendido, eu já disse que o
erotismo é saudável –, naturalmente que o resultado não se faz esperar: foi
completamente mecânico, nasceram novos eus dentro de nossa psique, de tipo
mórbido, é claro. Assim, hoje em dia nos cabe trabalhar sobre as impressões de
ira, de luxúria, de inveja, de orgulho, de preguiças, de gula etc. (e outras
tantas coisas). Também temos, dentro, os resultados mecânicos de tais
impressões: feixes de eus briguentos e gritões que agora necessitamos
compreender e ELIMINAR. Todo o trabalho de nossa vida versa, pois, em saber
transformar as impressões e também em saber eliminar, digamos, os resultados mecânicos
das impressões não transformadas no passado. O mundo exterior, propriamente,
não existe; o que existe é o interno. As impressões são interiores e as reações
– com tais impressões – são de tipo completamente interior. Quem irá dizer que
está vendo uma árvore em si mesma? Não; estará vendo a “imagem da árvore”,
porém não “a” árvore. A “coisa em si”, como dizia Immanuel Kant, ninguém a vê;
vê-se a imagem da coisa, ou seja, surgem em nós as impressões sobre uma árvore,
sobre uma coisa. Estas são internas, são de dentro, são da mente. Se alguém,
por exemplo, não faz uma modificação de suas próprias impressões internas, o
resultado mecânico não se deixa esperar: é o “nascimento de novos eus” que vêm
escravizar ainda mais nossa Essência, nossa Consciência; que vêm intensificar o
sono em que vivemos. Quando se compreende que realmente tudo o que existe
dentro de si mesmo (com relação ao mundo físico), não são mais que impressões,
compreende também a necessidade de transformar essas impressões, e ao fazê-lo,
produz-se uma transformação total de si mesmo. Não há coisa mais doa, por
exemplo, do que a calúnia, ou as palavras de um insultador. Porém, se a pessoa
for capaz de transformar as impressões que são produzidas em alguém tais
palavras, estas ficam então como um cheque sem fundo. Certamente, as palavras
de um insultador não têm mais valor que o que lhe dá o insultado. Se o
insultado não dá valor a essas palavras, as mesmas ficam se valor (repito:
ainda que me seja cansativo, ficam como um cheque sem fundo). Quando se
compreende isso, transforma então as impressões de tais palavras, por exemplo,
em algo distinto: em amor, em compaixão pelo insultador, e isso naturalmente
significa TRANSFORMAÇÃO. Assim, então, necessitamos estar transformando
incessantemente as impressões, não só as presentes, mas também as passadas.
Dentro de nós existem muitas impressões – que cometemos o erro, no passado, de
não haver transformado – e muitos resultados mecânicos das mesmas, que são os
tais eus que agora há que se desintegrar, aniquilar, a fim de que a Consciência
fique livre e desperta. Quero que vocês reflitam profundamente no que estou
dizendo: as coisas, as pessoas, não são mais que impressões dentro de vocês,
dentro de sua mente. Se transformam essas impressões, transforma-se a vida de
vocês. Quando há, por exemplo, orgulho, isso tem por base a ignorância. De que
se pode sentir orgulho uma pessoa? De sua posição social, de seu dinheiro ou do
quê? Porém, se a pessoa, por exemplo, pensa que sua posição social é uma
questão meramente mental, é uma série de impressões que chegaram à sua mente,
impressões sobre seu estado social ou seu dinheiro. Quando pensa que tal estado
não é mais que uma questão mental, ou quando analisa a questão do dinheiro e se
dá conta de que isso só existe na mente, na forma de impressões, as impressões
que o dinheiro produz, é claro. Se analisamos isso a fundo, se compreendemos
realmente que o dinheiro e a posição social, e ademais não são mais que
impressões internas da mente, pelo fato de compreeder que são somente
impressões da mente, há transformação das mesmas. Então, o orgulho por si mesmo
cai, se colapsa, e nasce de forma natural, em nós, a humildade. Continuando com
esses processos de transformação das impressões, direi algo mais. Por exemplo,
a imagem de uma mulher luxuriosa chega à mente, surge na mente. Tal imagem é
uma impressão, obviamente. Poderíamos transformar essa impressão luxuriosa
mediante a compreensão. Bastaria com que pensássemos em que a citada imagem é
perecível, em que essa beleza é, portanto, ilusória. Se nos lembrarmos por
alguns instantes de que essa mulher vai morrer e que seu corpo se tornará pó no
cemitério; se com a imaginação víssemos seu corpo em estado de desintegração,
dentro da sepultura, isso seria mais que suficiente como para transformar essa
impressão luxuriosa em Castidade. Assim, transformando-a, não surgiriam na
psique mais eus de luxúria. Então, convém que mediante a compreensão
transformemos as impressões que surgem na mente. Creio que os estimados irmãos
estão compreendendo que o mundo exterior não é tão exterior como normalmente se
crê. É interior, pois, tudo o que nos chega do mundo; não são mais que
impressões internas. Ninguém poderia enfiar uma árvore dentro de sua mente, ou
uma cadeira, uma casa, ou um palácio ou uma pedra. Ali, tudo, em nossa mente,
não é mais que impressão, e isso é tudo. Impressões de um mundo que chamamos
“exterior”, porém, realmente não é tão exterior como se pensa. Convém, então,
que todos nós transformemos as impressões mediante a compreensão. Outro
exemplo: se alguém nos adula. Como transformaríamos as Vaidade que tal adulador
poderia provocar em nós? Obviamente, os louvores, as adulações, não são mais
que impressões que chegam à mente, e esta reage na forma de vaidade, porém se
se transformam tais impressões, a vaidade se faz impossível. Como se
transformariam, pois, as palavras de um adulador, essas impressões de louvores,
de que forma? Mediante a Compreensão! Quando se compreende realmente que não se
é mais que uma infinitesimal criatura em um rincão do universo, de fato
transforma, pois, tais impressões de louvor, ou de lisonja, em algo distinto.
Converte tais impressões, digamos, no que são: pó, poeira cósmica, porque
compreende sua própria posição. Já sabemos que nosso planeta Terra é um grão de
areia no espaço. Pensemos na galáxia em que vivemos, composta de bilhões de
mundos… O que é a Terra? É uma mísera partícula de pó neste Infinito… E nós,
somos o quê? Micro-organismos dentro dessa partícula… E aí? O que
conseguiríamos com essas reflexões? MUDAR, é claro, e isso obviamente
produziria uma transformação das impressões que se relacionam com a lisonja,
com a adulação, com o louvor, e não reagiríamos, como resultado, na forma de
orgulho, não é verdade? Tanto mais refletimos nisso, veremos mais e mais a
necessidade de uma transformação completa das impressões… Tudo que vemos no
externo é interior! Logo, se não trabalhamos sobre o interior, iremos pelo
caminho do erro, porque não modificaríamos então nossa vida. Se quisermos ser
distintos, necessitamos nos transformar integralmente, e se quisermos nos
transformar, devemos começar por transformar as impressões. AÍ ESTÁ A CHAVE PARA A TRANSMUTAÇÃO RADICAL DO
INDIVÍDUO! Na própria
Transmutação Sexual há transformação das impressões. Transformando as
impressões animais, bestiais, em elementos de devoção, então surge em nós a
transformação sexual: a Transmutação. Creio que vocês me compreenderam. Por
hoje chegaremos até esta parte de nosso discurso. Espero que os que leiam este
texto tenham a amabilidade de analisá-lo, de compreendê-lo!!! www.gnosisonline.org. Abraço. Davi
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