Espiritualidade. www.oshobrasil.com.br Texto de Osho (1931-1990).
Tradução de Sw Bodhi Champak. O CICLO DOS SETE ANOS. "A vida tem círculos de sete anos, ela
se move em círculos de sete anos exatamente como a terra faz uma rotação em seu
eixo em vinte e quatro horas. Ninguém sabe porque não são nem vinte e cinco nem
vinte e três horas. Não há nenhum jeito de se responder isso. É simplesmente um
fato. Assim, não me pergunte porque a vida se move em círculos de sete anos. Eu
não sei. O máximo que eu sei é que ela se move em círculos de sete anos. E se
você compreender esses círculos de sete anos, você compreenderá uma grande coisa
sobre o crescimento humano. Os primeiros sete
anos são os mais importantes porque os alicerces
da vida estão sendo assentados. É por isso que todas as religiões estão
muito preocupadas em agarrar as crianças o mais rápido possível. Os judeus
circuncidam as crianças. Que bobagem! Mas eles estão carimbando a criança como
uma judia. Essa é uma maneira primitiva de carimbar. Ainda se faz isso com o
gado aqui nas redondezas. Aqueles primeiros sete anos são os anos em que
você é condicionado, é preenchido com todos os tipos de ideias que irão
atormentá-lo ao longo de toda a sua vida, que irão distraí-lo de sua
potencialidade, que irão corrompê-lo, que nunca irão lhe permitir ver
claramente. Elas sempre virão como nuvens diante de seus olhos e irão fazer com
que tudo fique confuso. As coisas são claras, muito claras. A existência é
absolutamente clara. Mas os seus olhos têm camadas e mais camadas de
poeira. E toda essa poeira foi arranjada nos primeiros sete anos de sua
vida, quando você era tão inocente, tão confiante, que qualquer coisa que lhe
fosse dita você aceitava como sendo verdadeira. E mais tarde, será muito
difícil você descobrir tudo aquilo que entrou em seus alicerces. Terá se
tornado quase parte de seu sangue, ossos, de sua própria medula. Você
perguntará mil outras questões, mas você nunca perguntará a respeito dos
alicerces básicos de suas crenças. A primeira expressão de amor para com a
criança é deixá-la absolutamente inocente em seus primeiros sete anos, sem
condicionamento, deixá-la por sete anos completamente selvagem, uma pagã. Ela
não deveria ser convertida ao hinduísmo, ao islamismo, ao cristianismo.
Qualquer um que esteja tentando converter a criança, não tem compaixão, é
cruel, está contaminando a própria alma de um viçoso recém-chegado. Antes mesmo
que a criança tenha formulado perguntas, ela já terá recebido respostas com
filosofias, dogmas e ideologias pré-fabricadas. Essa é uma situação muito
estranha. A criança não perguntou a respeito de Deus e você já está lhe
ensinando. Por que tanta impaciência? Espere! Se algum dia a criança
demonstrar interesse por Deus e começar a perguntar a respeito, então tente
dizer a ela não apenas a sua ideia sobre Deus, porque ninguém tem qualquer
monopólio. Coloque diante dela todas as ideias de Deus que estiveram presentes
em diferentes povos, em épocas diferentes, por religiões, culturas e
civilizações diferentes. E lhe diga: 'Você pode escolher dentre essas aquela
que mais lhe atrai. Ou você pode inventar a sua própria, se nenhuma estiver
adequada. Se todas lhe parecerem defeituosas, e você achar que pode ter uma ideia
melhor, então invente a sua própria. Ou se você achar que não há jeito de
inventar uma ideia sem falhas, então abandone toda essa história, ela não é
necessária. Um homem pode viver sem Deus.' Não há qualquer necessidade de
que o filho tenha que concordar com o pai. Na verdade, parece muito melhor que
ele não tenha que concordar. É assim que a evolução acontece. Se toda criança
concordar com o pai, então não haverá qualquer evolução, porque o pai terá
concordado com seu próprio pai, e todo mundo estará no ponto em que Deus deixou
Adão e Eva: nus e expulsos do jardim do Éden. Todo mundo estará lá. O homem tem
evoluído porque os filhos têm discordado de seus pais, dos pais de seus pais e
de todas as tradições. Toda essa evolução é uma tremenda divergência com o
passado. Quanto mais inteligente você for, mais você irá discordar. Mas os pais
valorizam as crianças que concordam e condenam as que discordam. Até os sete
anos, se a criança puder ser deixada inocente, não corrompida pelas ideias dos
outros, assim tornar-se-á impossível distraí-la de seu crescimento potencial. Os
primeiros sete anos da criança são os mais vulneráveis. E elas estão nas mãos
dos pais, dos professores, dos padres (...). Como defender as crianças dos
pais, dos padres e dos professores é uma questão de tamanha proporção que
parece quase impossível de se fazer. Não é uma questão de ajudar a criança. A
questão é proteger a criança. Se você tiver uma criança, proteja-a de si mesmo.
Proteja a criança dos outros que possam influenciá-la, pelo menos até os sete
anos, proteja-a. A criança é como uma pequena plantinha, fraca e suave. Um
simples vento forte pode destruí-la, qualquer animal pode comê-la. Você
põe um fio protetor ao redor dela, mas não a aprisiona, você está simplesmente
protegendo-a. Quando a planta estiver maior, o fio será removido. Proteja a
criança de todo tipo de influência de modo que ela possa permanecer ela mesma.
E isso é só uma questão de sete anos, porque então o primeiro círculo estará
completo. Aos sete anos ele estará bem enraizado, centrado, forte o suficiente.
Você não sabe o quanto uma criança de sete anos pode ser forte porque você só
tem visto crianças corrompidas. Elas carregam os medos e a covardia de seus
pais, mães e familiares. Elas não são elas mesmas. Se uma criança permanecer
sem ser corrompida por sete anos (...). Você ficará surpreso ao encontrar tal
criança. Ela será tão afiada como uma espada. Seus olhos serão claros, seus
insights serão claros. E você verá nela uma tremenda força que você não poderá
encontrar nem mesmo num adulto de setenta anos. Se você é um pai (ou mãe), você
precisará muito dessa coragem para não interferir. Abra portas para direções
desconhecidas de modo que a criança possa explorá-las. Ela não conhece o que
ela tem dentro dela, ninguém sabe. Ela terá que tatear no escuro. Não faça com
que ela tenha medo do escuro, não faça com que ela tenha medo do fracasso, não
faça com que ela tenha medo do desconhecido. Dê a ela suporte. Quando ela
estiver indo para uma jornada desconhecida, ofereça a ela todo o seu suporte,
com todo o seu amor, com todas as suas bênçãos. Não deixe que ela seja
afetada pelos seus medos. Você pode ter medos, mas mantenha-os consigo mesmo.
Não descarregue esses medos em cima da criança, porque isso será interferência. Depois
dos sete anos, no próximo círculo de sete anos, dos sete aos quatorze, algo novo é
acrescentado à vida: os primeiros alvoroços da energia sexual da criança. Mas
elas são apenas uma espécie de ensaio. Ser pai é uma tarefa difícil. Assim, a
não ser que você esteja pronto para assumir tal tarefa difícil, não se torne um
pai. As pessoas simplesmente seguem se tornando pais e mães sem saber o que
estão fazendo. Você está trazendo uma vida à existência e todo o cuidado do
mundo será necessário. Agora, quando a criança começa a brincar com seus
ensaios sexuais, é o tempo em que os pais mais interferem, porque foi assim que
fizeram com eles. Tudo o que eles sabem é o que foi feito com eles, assim eles
seguem fazendo o mesmo com as suas crianças. As sociedades não permitem ensaio
sexual, pelo menos não permitiram até o século XX, exceto nas duas e três
últimas décadas em alguns países muito avançados. Agora já existem escolas
mistas para as crianças, mas em um país como a Índia, mesmo agora, a educação
mista começa a surgir apenas no nível universitário. O menino de sete anos e a
menina de sete anos não podem estar no mesmo internato. E este é o momento para
eles, sem qualquer risco, sem perigo de gravidez, sem que quaisquer problemas
surjam para suas famílias; este é o momento em que lhes deveriam ser permitidas
todas as brincadeiras. Sim, isso terá uma conotação sexual, mas será só um
ensaio, não se trata de um drama teatral verdadeiro. E se você não permitir a
eles nem mesmo esse ensaio, de repente então, um dia a cortina se abrirá e o
verdadeiro drama começará (...). E eles não saberão o que está acontecendo e
não haverá nem mesmo aquela pessoa escondida no palco para lhes soprar o que
devem fazer. Você terá bagunçado a vida deles completamente. Esses sete anos, o segundo círculo da vida, são significantes como um ensaio.
Eles se encontrarão, se misturarão, brincarão e se conhecerão. E isso ajudará à
humanidade a se livrar de quase noventa por cento das perversões. Se às
crianças dos sete aos quatorze for permitido estarem juntas, nadarem juntas,
estarem nuas juntas, noventa por cento das perversões e noventa por cento das
pornografias irão simplesmente desaparecer. Quem irá dar atenção a essas
coisas? Quando um garoto conheceu tantas garotas nuas, que interesse uma
revista tipo Playboy poderá ter para ele? Quando uma garota tiver visto tantos
garotos nus, eu não vejo qualquer possibilidade de existir curiosidade a
respeito do outro. Isso simplesmente desaparecerá. Eles irão crescer juntos
naturalmente, não como duas espécies diferentes de animais. É assim que eles
crescem agora, como duas espécies diferentes de animais. Eles não pertencem à
mesma espécie humana, eles são mantidos separados. Mil e uma barreiras são
criadas entre eles, e não lhes permitem qualquer ensaio de sua vida sexual que
está chegando (...). Se você tiver feito o dever de casa direitinho, se você
tiver brincado com sua energia sexual exatamente com o espírito de um
desportista (e naquela idade este é o único espírito que você poderia ter),
você não se tornará um pervertido, um homossexual. Todo tipo de coisas
estranhas não virão à sua cabeça, porque você está se movendo naturalmente com
o outro sexo e o outro sexo está se movendo com você. Não haverá qualquer
bloqueio e você não estará fazendo nada errado com quem quer que seja. Sua
consciência estará clara porque ninguém pôs nela idéias do que é certo e do que
é errado. Você simplesmente está sendo o que você é. Dos quatorze aos
vinte e um o seu sexo amadurece. E isso é significante para se
entender: se o ensaio tiver sido bom no período dos sete aos quatorze quando o
sexo amadurece, acontece uma coisa muito estranha que você nem mesmo deve ter
pensado a respeito, porque não lhe foi dada a oportunidade. Eu disse a você que
o segundo círculo de sete anos, dos sete aos quatorze, deu a você um vislumbre
de antes da peça teatral. O terceiro círculo de sete anos da a você um
vislumbre do que vem depois. Você está ainda com garotas ou garotos, mas agora
uma nova fase começa em seu ser: você começa a se apaixonar. Não é ainda um
interesse biológico. Você não está interessado em procriar, você não está
interessado em se tornar marido ou esposa. Esses são os anos dos jogos
românticos. Você está mais interessado na beleza, no amor, na poesia, na
escultura, que são fases diferentes de romantismo. Dos vinte e um
aos vinte e oito é um tempo em que eles podem se acertar. Eles
podem escolher um companheiro. E eles são capazes de escolher agora, através de
toda a experiência dos dois círculos passados eles podem escolher o companheiro
certo. Não há mais ninguém que possa fazer isso por você. Isso é algo como um pressentimento.
Nenhuma aritmética, nenhuma astrologia, nenhuma quiromancia, nenhum I-Ching
poderão fazer isso. Isso é um pressentimento: entrando em contato com muitas, muitas pessoas, de
repente alguma coisa dá um clique que nunca deu com qualquer outra pessoa. E
isso clica com tanta certeza e tão absolutamente, que você não pode nem mesmo
duvidar. Mesmo se você tentar duvidar, você não conseguirá. A certeza é tão
tremenda. Com esse clique vocês se acertam. Entre os vinte e um e os vinte
e oito, em algum lugar, se tudo correr bem do jeito que eu estou dizendo, sem
interferência de outros, então vocês se acertam. E o período mais agradável da
vida vem dos vinte e oito aos trinta e cinco: o mais alegre,
o mais pacífico e harmonioso, porque duas pessoas começam a se derreter e a se
fundir uma com a outra. Dos trinta e cinco aos quarenta e dois,
um novo passo, uma nova porta se abre. Se até os trinta e cinco você sentiu
profunda harmonia, uma sensação orgástica e tiver descoberto a meditação
através disso, então, dos trinta e cinco aos quarenta e dois vocês ajudarão um
ao outro a ir mais e mais fundo na meditação sem sexo, porque o sexo neste
ponto começa a parecer infantil, juvenil. Quarenta e dois anos é o tempo certo
quando a pessoa deveria ser capaz de saber exatamente quem ela é. Dos quarenta e dois
aos quarenta e nove, ela vai mais fundo e mais fundo na meditação,
mais e mais para dentro de si mesmo, e ajuda o companheiro no mesmo caminho.
Eles se tornam amigos. Não mais existe marido e não mais há esposa. Esse tempo
já passou. Isso já deu a sua riqueza para a sua vida. Agora existe alguma coisa
mais alta, mais alta que o amor. Isso é amizade, um relacionamento de compaixão
para ajudar o outro a ir mais fundo dentro de si mesmo, a se tornar mais
independente, a se tornar mais só, como duas árvores altas, separadas, mas
ainda próximas uma da outra, ou dois pilares num templo suportando o mesmo
teto, estando tão próximos e tão separados, tão independentes e tão sós. Dos
quarenta e nove aos cinquenta e seis, essa solitude (só) se torna o
foco de seu ser. Tudo no mundo perde o significado. A única coisa significante
que permanece é essa solitude (só). Dos cinquenta e seis aos sessenta e três, você se torna
totalmente o que você está para ser: o florescimento potencial. Dos
sessenta e três aos setenta, você começa a ficar pronto para
deixar o corpo. Agora você sabe que não é o corpo, você sabe que também não é a
mente. O corpo era conhecido como separado de você em algum lugar quando você
tinha trinta e cinco anos. Que a mente está separada de você foi conhecido em
algum lugar quando você tinha quarenta e nove anos. Agora, tudo mais foi
deixado de lado exceto a auto-observação. Só a pura consciência, a chama da
consciência permanece com você, e isso é a preparação para a morte. Setenta é a duração de
vida natural para o homem. E se as coisas se moverem em seu curso natural,
então ele morre com tremenda alegria, em grande êxtase, sentindo-se imensamente
abençoado porque a sua vida não foi sem significado e que, pelo menos, ele
encontrou o seu lar. E por causa dessa riqueza, dessa realização, ele é capaz
de abençoar toda a existência. Só por estar perto de tal pessoa, quando
ela está morrendo, é uma grande oportunidade. Você sentirá, na medida em que
ele deixa o corpo, algumas flores invisíveis caindo sobre você. Embora você não
possa vê-las, você poderá senti-las." Osho – From Darkness to light.
www.oshobrasil.com.br. Abraço. Davi
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