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SOLSTÍCIOS E OS EQUINÓCIOS. Livreto
Introdutório dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Por Antônio de Macedo.
SOLSTÍCIOS E OS EQUINÓCIOS. A redenção da Terra, o seu estatuto e a sua função
no futuro fazem parte da Obra alquímica que compete ao 9.º grau dos Mistérios
Menores, 9.ª Iniciação Menor. Este grau é celebrado nas noites de Solstício de
Inverno e de Solstício de Verão, meia-noite, pois este ritual não pode ser
realizado em nenhum outro tempo. Os solstícios marcam o momento em que a
vibração terrestre é mais elevada, em que os Raios Cósmicos da Vida Crística
estão a entrar profundamente – Solstício de Inverno – ou a sair definitivamente
– Solstício de Verão, Corinne Heline (1882-1975), New Age Bible Interpretation,
vol. V, 5th ed. revised, New Age Press, 1984,. pp. 87-88). Esta tradição
esotérica é confirmada pelos antigos rituais dos Mistérios pagãos, que os Novos
Mistérios Cristãos vieram substituir e elevar de grau vibratório. Os
historiadores costumam invocar um velho almanaque romano chamado Cronógrafo, do
ano 354, da autoria de Philocalus (autor incerto), também conhecido como
Calendário Philocaliano , e que cita o ano 336 como o primeiro em que a Igreja
festejou a celebração do Natal em 25 de dezembro. Na Igreja arménia o dia 25 dezembro
nunca foi aceito para data do Natal, mantendo-se a antiga tradição Iniciática
de celebrar o dia 6 de janeiro (Dia de Reis), considerado o 12.º Dia sagrado da
tradição mistérica cristã. De acordo com a autora rosacruciana Corinne Heline,
o período de 12 dias que decorre, após a festividade solsticial do Natal, entre
o dia 26 de Dezembro e o dia 6 de Janeiro é um período de profundo significado
esotérico e constitui o coração espiritual do ano que vai seguir-se: é o lugar tempo
mais sagrado de cada ano que entra, designa-se por Os Doze Dias Sagrados e está
sob a influência direta das Doze Hierarquias Zodiacais, que projetam sobre o
planeta Terra, sucessivamente e durante cada um desses 12 dias, um modelo de
perfeição tal como o mundo será quando a obra conjugada das Doze Hierarquias por
fim se completar (Corinne Heline, New Age Bible Interpretation, vol. VII: Mystery of the
Christos, 6h printing., New Age Press, 1988,. pp. 8-19). Segundo alguns historiadores, estaria na associação de
Cristo com o Sol de Justiça a escolha do Solstício de Inverno para celebrar o nascimento
do Sol invencível, Natalis Solis Invicti, um ritual pagão (Saturnalia) que
festejava, com ritos de alegria e troca de prendas, desde o dia 17 de dezembro até
ao dia 25, o momento em que o Sol cresce, ou renasce, após o dia ter atingido a
sua duração mais curta (21-22 de dezembro). Com efeito, nessa data o Sol atinge
a sua declinação Sul máxima, cerca de 23º 26’, estacionando nela durante três
dias e retomando o caminho do Norte a partir do dia 24 ou 25. A data de 25 de dezembro
era igualmente a data do nascimento do deus Mithra, dos Mistérios Iranianos.
Mithra era designado por Sol de Justiça — ou melhor – Sol de Justeza —,
provavelmente por alguma influência do antigo Egito. Reza uma antiga lenda que
Moisés foi instruído e iniciado na grande Escola de Mistérios de Heliópolis, a
cidade sagrada perto de Mênfis a que os Egícios chamavam On ou Annu. Não
surpreende, portanto, que o símbolo solar de Râ, o Esplendor Alado, se tenha
mantido na tradição hebraica e nas áreas afins do Médio Oriente, como nos
testemunha o profeta Malaquias, ao afirmar que “o Sol de Justeza se erguerá com
a salvação nas suas asas” ou: nos seus raios Malaquias 3, 20. Assim, o percurso
solar ao longo do ano marca os passos iniciáticos do percurso de Cristo e, ao
mesmo tempo, marca os pontos fulcrais da liturgia ao longo do ano, em
referência às provas cíclicas por que tem de passar todo o ser humano na sua
via evolutiva: Quando o Sol em 21 de dezembro entra em Capricórnio (signo
regido por Saturno, daí os Saturnália), os poderes das trevas de certo modo
tomam conta do Dador da Vida, mas dá-se o renascimento após os três dias de paragem
(sol-stitium = sol + sistere, suster, parar), ou seja, o dia 25 marca o termo
do ciclo solsticial. A partir do dia 26 de dezembro inicia-se um segundo ciclo
de especial significado iniciático: entre o dia 26 de dezembro (1.º Dia
Sagrado) e o dia 6 de janeiro (12.º Dia Sagrado) ocorria a preparação ritual
dos catecúmenos que eram batizados no Dia de Reis (Primeira Iniciação). Estes Doze
Dias Sagrados, que acompanham a fase inicial do renascimento do Sol Invencível,
eram como que um resumo do ano zodiacal seguinte, e, tal como já se referiu,
estavam sob a proteção das Hierarquias Celestes que tradicionalmente regem os
12 Signos do Zodíaco. Aproveitemos para mencionar, antes de prosseguirmos, a
razão cosmográfica por que fica o Sol parado aparentemente, durante três dias
por ocasião dos Solstícios. Tem a ver com as declinações, e não com as
longitudes celestes. Se consultarmos as efemérides planetárias verificaremos
que de uma forma geral e com pequenas variações de ano para ano, o Sol atinge a
sua declinação-Norte, máxima (cerca de 23º 26'-Norte) no mês de junho entre os
dias 20-24, e a sua declinação Sul, máxima (cerca de 23º 26'-Sul) no mês de dezembro
entre os dias 20- 24. Como sabemos, a Astrologia funciona em projeção
geocêntrica, e a declinação dá-nos a maior ou menor angulação que o astro
considerado faz com o Equador, tal como visto da Terra. Assim, à medida que os
dias se vão aproximando de junho, a declinação do Sol vai aumentando: passa de
0º em 21-22 de Março até atingir um máximo de 23º 26' em 20-21 de Junho: então
parece que fica «parado» cerca de três dias nos 23º 26' (daí o verbo sistere,
que compõe solstício), uma vez que estamos a vê-lo em projeção geocêntrica
contra o fundo da Esfera Celeste, e a partir do dia 24-25 volta «para trás» e
os dias começam a diminuir. Em agosto, por exemplo, já está nos 17º e depois
decresce para 16º, 15º, etc, até que chega novamente aos 0º, ou seja, o momento
em que «cruza» o Equador para passar do Norte para o sul. Nesta descida , os 0º
ocorrem por volta de 22-23 de setembro, e neste caso o dia é igual à noite
(Equinócio). Em dezembro ocorre o mesmo fenômeno mas em sentido inverso: quando
chegamos ao dia 21 o Sol atinge a declinação Sul máxima, e fica cerca de três
dias parado nos 23º 26', até que depois começa a subir e os dias vão
aumentando a pouco e pouco. Ou seja, no momento do Solstício atinge-se o
máximo de noturnidade, que dura (em projeção aparente) três dias, iniciando -se
o renascimento da Luz a partir de 24-25 de dezembro. Em seguida o Sol passa por
Aquário, ou Aguadeiro (chuvas; saturnino mas também urânico). Quando chega a
Peixes (regido por Júpiter), por altura sensivelmente do Carnaval, é o adeus à
carne (caro, carnis, vale!), a Quaresma, o jejum, a alimentação a peixe: é um
período jupiteriano, ou jovial, mas também neptuniano ou de elevação
espiritual, pois, segundo a Astrologia clássica Netuno, regente do signo
Peixes, é o planeta da Divindade, da consciência cósmica, das influências de
entidades supra físicas; é a oitava superior de Mercúrio e o seu raio espiritual
é o Azoth (termo técnico designativo do 4.º princípio alquímico, o Espírito
Todo Abrangente), e representa todos os Seres Superiores que ajudam a
humanidade desde os planos invisíveis. A passagem do Sol por Carneiro (regido
por Marte) simboliza o cordeiro Pascal, marcial, morte na cruz, o ferro da
lança de Longinus, é o momento do Equinócio da Primavera (21-22 de Março:
declinação de 0º) quando o Sol cruza o Equador celeste de Sul para Norte,
voltando a alumiar os céus setentrionais, dando-se assim a passagem para Touro
(regido por Vénus), símbolo do amor e da subida ao Reino dos Céus, ou regresso
à Casa do Pai. Toda esta liturgia culmina em pleno no Ritual do Solstício de
Verão (21-22 de junho), que já era celebrado nos antigos Mistérios como festa
das messes e das colheitas, e cujo exemplo literário mais conhecido é o
clássico de William Shakespeare (1564-1616), A Midsummer Night’s Dream (Sonho de uma Noite de Verão), um
grande festival esotérico das fadas e dos silfos, em que intervêm o rei das
fadas, Oberon, e a rainha das fadas, Titânia. A liturgia cristã associa este
tempo ao festejo de São João o Batista, o Precursor (24 de junho), que
antecede e anuncia o Solstício seguinte, o de Inverno, ou o Natal do Cristo:
daí as palavras de João o Baptista: Fui enviado adiante d’Ele, em João 3, 28 e Ele há de crescer, e eu diminuir em João 3, 30. Por sua vez a Páscoa cristã
acabou por ficar definida, pela Igreja, de acordo com a data adotada pelas
primitivas comunidades iniciáticas cristãs, e que envolve uma relação
Soli-Lunar: celebra-se no primeiro Domingo após a primeira Lua cheia após o
Equinócio da Primavera. Esta relação, de um ponto de vista esotérico, era
importante para simbolizar o significado cósmico desse evento: o Sol e a Lua
são igualmente indispensáveis, pois não se trata apenas dum festival solar. O
Sol tem de cruzar o Equador (Crucificação), como o faz no Equinócio Vernal, mas
a sua luz tem de se refletir na terra através da Lua cheia, antes que a
Ressurreição (iniciática) possa ocorrer. Isto significa que a humanidade ainda
não atingiu o grau de evolução suficiente para receber em pleno a Religião do
Sol, do Cristo Logos (Cristo Cósmico), ou seja, da Irmandade Universal, e que
ainda precisa das Leis dadas pelas Religiões Lunares, diversificadas consoante
as raças, nações, etc. Outras comunidades, que haviam perdido o simbolismo
oculto deste facto, adotaram outras datas, como por exemplo o regresso à verdadeira
Páscoa histórica ou Páscoa judaica, Pessach, no dia 14 do mês de Nisan. Isto
gerou controvérsias que chegaram a durar até ao século VIII. A Igreja Ortodoxa
oriental adoptou uma data diferente da das Igrejas ocidentais, de modo que a
Páscoa ortodoxa pode umas vezes coincidir com a Páscoa católica e protestante e
outras vez ocorrer uma e até quatro ou cinco semanas depois. Antes de concluir,
talvez valha a pena refletir um pouco sobre alguma dúvidas que podem assaltar
as pessoas que vivem no hemisfério sul do planeta Terra, sobre se os influxos
ensinados por Max Heindel (1865-1919) para o hemisfério norte também se lhes
aplicam, ou não, e em que medida. Aparentemente, o hemisfério sul do planeta
Terra não é contemplado nas alegorias associadas ao Rosacrucismo e à Astrologia
— e não só: o Hermetismo e a Cabala também estão vocacionados, praticamente,
para os céus do hemisfério norte. Dois aspectos têm de ser considerados: o
aspecto diacrónico, ou o que se passou historicamente , e o aspecto sincrónico
, ou o que se passa na actualidade. 1. Historicamente: — Os diversos
esoterismos que surgiram e se desenvolveram ao longo da história, assentam nos
seguintes corpos disciplinares: Astrologia, Alquimia (Hermetismo), Magia e
Cabala. O Sol e a Lua, os sete planetas e as 12 signos zodiacais constituem,
naturalmente, uma antiquíssima matriz sobre a qual se construiu todo um sistema
vital para os seres humanos, atendendo à importância que tinha (e ainda tem!) o
conhecimento das estações, das chuvas, dos degelos, dos calores estivais, dos
eclipses, das hibernações, etc. etc., enfim, todos os fenômenos que se repetem
ao longo do ano e que afetam o «calendário», que importa conhecer para controlar
a continuidade de vida, quer vegetal quer animal. Ora as grandes civilizações
da história da humanidade desenvolveram-se no hemisfério norte: China, Índia,
Japão, Pérsia, Suméria, Assíria, Babilónia, Egito, Frígia, Grécia, Roma, Islão,
etc., e até, além-Atlântico, os Maias, os Quichés, os Aztecas, etc. A única
exceção é o império Inca, a sul do equador, destruído no século XVI pelos
Espanhóis. As Astrologias daqueles povos eram naturalmente muito semelhantes, e
acabaram por ser unificadas, de certo modo, depois das conquistas de Alexandre
Magno (356 AC 323) menos, claro, as do continente americano que ainda não era
conhecido (...), passando para o Ocidente por obra do famoso livro de Ptolomeu
intitulado Tetrabiblos, século II. Não surpreende, portanto, que tenha surgido
toda uma ritualização dos fenómenos celestes associada à religião e ao
esoterismo: o Natal / Solstício de Inverno, Páscoa / Equinócio de Primavera,
etc, bem como os festivais de fertilidade, das sementeiras, das colheitas, etc.
associados aos fenômenos celestes, soli-lunares, zodiacais, etc. A associação
do Cristo ao Sol de Glória, ainda hoje corrente na Igreja católica, como vimos
atrás, continua a ser um testemunho disso, para além de muitas outras
ocorrências que se encontram tanto nas religiões de Mistérios como nos atuais
esoterismos — rosacrucistas ou outros. 2. atualmente: — Antes da saga dos
Descobrimentos séculos XV e XVI, as regiões do hemisfério sul, constituídas por
pouco mais do que uma parte da América do Sul, a metade inferior da África, e a
Oceania, eram habitadas por povos proto históricos com pouco ou nenhum impacto
civilizacional nas nossas culturas. Com a colonização dessas regiões pelos
povos do Norte, os mitos civilizacionais destes povos foram naturalmente
implantados no Sul, incluindo os ritos e as festividades associados não só à
religião, mas também aos mitos e aos ciclos astrológicos correlativos.
Entretanto, as regiões do Sul que de início eram apenas extensões civilizacionais do Norte, foram assumindo progressivamente uma grande
importância, com as sucessivas independências e autonomização cultural de
países como a Argentina, o Brasil, o Chile, a África do Sul, Angola,
Moçambique, Austrália, etc. etc. — Como as estações se apresentam invertidas em
ambos os hemisférios — quando no Norte é Verão no Sul é Inverno, quando no
Norte é Primavera no Sul é Outono — cria-se uma situação relativamente estranha
nesses novos países do Sul, que naturalmente importaram os mitos do Norte onde
provieram, mantendo as datas, mas com aspectos contrários: o Natal, por
exemplo, é igualmente festejado no Norte e no Sul na mesma data, mas as
estações são diferentes. Existe, no entanto, uma coisa que se mantém idêntica
no Norte e no Sul, independentemente da inversão das estações: é a DISTÂNCIA,
maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. A Terra percorre uma elipse
em torno do Sol, ao longo do ano, e não uma circunferência perfeita, e o Sol
ocupa um dos focos dessa elipse. Por altura do Solstício de Dezembro, o foco em
que o Sol se encontra está mais PRÓXIMO da Terra, fazendo com que a ela seja
permeada mais fortemente pela aura do Sol Espiritual, com o correlativo aumento
do Fogo Sagrado inspirador de crescimento anímico nos seres humanos.
Inversamente, no Solstício de Junho, a Terra está no máximo AFASTAMENTO do Sol,
o que provoca uma diminuição de espiritualidade com o correlativa
intensificação e pujança de vitalidade física. Portanto, é perfeitamente
natural que a partir do Equinócio de Setembro, quando a espiritualidade áurica
do Sol começa a aproximar-se e a vitalidade física começa a esbater-se, as
pessoas sintam, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, um certo
afrouxamento do ponto de vista físico, e, em contrapartida, uma maior propensão
para o recolhimento interno, à visão interior e atração pelo estudo dos mais
profundos mistérios da vida. Em resumo, tanto no Norte como no Sul, ainda que
as estações sejam opostas, os influxos quer físicos quer espirituais,
decorrentes da distância focal da Terra ao Sol, são idênticos. www.fraternidaderosacruz.org. Fraternidade Rosacruz. Livreto Introdutório dos Ensinamentos da Sabedoria
Ocidental. Abraço. Davi.
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