Islamismo. III. OS PILARES DA FÉ ISLÂMICA.
CRENÇA NOS PROFETAS. Rassul é o singular de Russul palavra derivada
de Rissalah que significa mensagem, quem transmite a mensagem é chamado Rassul,
Nabi é o singular de Ambiya, que vem de Nabuwat que é derivada de Naba que
significa ‘’noticia importante’’. Nos termos da Chari'ah quer dizer
noticia importante que deus revelou aos Seus servos favorecidos para eles
transmitirem às pessoas, estes servos chamam-se Ambiya. Russul e Ambiya
(plural de Rassul e Nabi) são seres humanos e servos piedoso de Deus,
escolhidos por Deus para transmitir as Suas palavras, explicarem as pessoas
porque é que existem para onde irão após a morte, para conduzirem a humanidade
ao caminho da salvação a fim de viver em harmonia e paz aqui neste mundo e no
outro. Eles são seres humanos, possuem todas as tendências e qualidades
humanas, pois só assim serviriam de modelo para nós, o número exato dos
Profetas e Mensageiros, só Deus é quem sabe. O Islam ordena aos
muçulmanos, para crerem em todos os Enviados de Deus sem qualquer
discriminação; afirmamos a nossa fé na piedade e veracidade deles. É inútil e
sem nenhum benefício acreditar sé em deus e não nos seus Mensageiros, tal o
homem não pode ser considerado muçulmano e, por conseguinte não terá salvação,
todos os Ambiyia e Russul são verdadeiros, e seres devotados a Deus. Deus
protegeu-os da prática do pecado, portanto devemos acreditar na sua inocência,
pois é, a razão pela qual Deus nos ordena tê-los como modelo exemplar a ser
seguido. Apesar da grande diferença espiritual, moral e intelectual entre eles
e nós, e apesar da sua relação especial com Deus, eles sempre foram seres
humanos, servos de Deus, pois procriam e são procriados, eles comem, bebem e
andam pelas praças, eles dormem e morrem. ‘’Antes de ti jamais enviamos
mensageiros que não comessem os mesmos alimentos e caminhassem pelas ruas, e
fizemos alguns, dentre vós, tentarem os outros. Acaso (ó fiéis), sereis
perseverantes? Eis que o teu Senhor é Onividente.’’ (Alcorão Sagrado 25:20).
‘’Jamais concedemos a imortalidade a ser humano algum anterior a ti.
Porventura, se tu morresses, seriam eles imortais?’’ (Alcorão Sagrado 21:34). A
missão deles foi apenas a de transmitir as pessoas à palavra de Deus, e nem são
de forma alguma responsável pelas ações praticadas pelas pessoas, depois deles
as terem transmitido claramente a mensagem. Deus deu ao ser humano o poder de
compreender a diferença entre a verdade e a falsidade e deu-lhe também a
habilidade e inteligência para aceitar ou rejeitar a verdade por livre
vontade. Será nessa base que o Homem vai ser recompensado ou castigado,
embora o Profeta Muhammad (saws) ) ardentemente desejasse, que todos no mundo
aceitassem e aderissem a verdade adquirindo assim a salvação, contudo o Alcorão
Sagrado; diz que isso não estava nas suas mãos, ele nem podia guiar a quem ele
amasse. O primeiro Profeta foi Adão e o último foi Muhammad (saws) Os
Profetas antes de Muhammad (saws) eram enviados para uma comunidade definida.
Inclusivamente Jesus (que a Paz esteja sobre ele) foi enviado somente para os
judeus (às ovelhas perdidas de Israel). Como consta na Bíblia. ‘’E ele
respondendo disse: eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de
Israel.’’ (Mateus 15:24). O Profeta Muhammad (saws) foi enviado para toda a humanidade,
assim como Deus diz no Alcorão: ‘’Dize: Ó humanos, sou o Mensageiro de Deus,
para todos vós; Seu é o reino dos céus e da terra. Não há mais divindades além
d’Ele. Ele é Quem dá a vida e a morte! Crede, pois, em Deus e em Seu
Mensageiro, o Profeta iletrado, que crê em Deus e nas Suas palavras; segui-o,
para que vos encaminhes.’’ (Alcorão Sagrado 7:158). ‘’Bendito seja Aquele
que revelou o Discernimento ao Seu servo – para que fosse um admoestador da
humanidade, o Qual possui o reino dos céus e da terra. Não teve filho algum,
nem tampouco teve parceiro algum no reinado. E criou todas as coisas, e
deu-lhes a devida proporção. Não obstante, eles adoram, em vez d’Ele,
divindades que nada podem criar, posto que elas mesmas foram criadas. E não
podem prejudicar nem beneficiar a si mesmas, e não dispõem da morte, nem da
vida, nem da ressurreição. ‘’ (Alcorão Sagrado 25, 1 ao 3). O Profeta
Muhammad (saws) trouxe uma orientação completa o chegou numa altura em que a
mensagem, verdadeira de Deus transmitida pelos Profetas que o antecederam
estava alterada e esquecida. Ele sofreu para que a verdade fosse
conhecida, para o homem viver a vida de paz e obediência a Deus e conseguir a
vitória na outra vida, após a morte. Ele veio como, uma benção para todos. O
exemplo da sua vida é muito conhecido; e com muitos pormenores, e servirão para
sempre de guia para a humanidade. O Nubuwah e Rissalah são dádivas de
Deus, Ele escolhe a quem Ele quer para esse grande cargo, não podem ser
adquiridos através de esforço, devoção e nem de sacrifício de
alguém. ‘’Deus escolhe os mensageiros, entre os anjos e entre os humanos,
porque é Oniouvinte, Onividente.’’ (Alcorão Sagrado 22:75). Deus nunca retira
esse cargo depois de o ter atribuído a alguém, pois o Seu conhecimento é Eterno,
a Ele nada está oculto, e Ele conhece o futuro, o presente e o passado de cada
um de nós. Por isso não é possível alguém ser escolhido para esse cargo e
depois mais tardo vir a revelar-se ineficiente o incapaz. Deus realiza
milagres, pelas mãos dos Profetas, para lhes servirem de apoio contra
descrentes, o milagre realizado por um Profeta chama-se ‘’Mujizah’’, palavra
derivada de ‘’Ijaz’’ que significa tornar alguém impotente, isto é, fora de
poder de qualquer pessoa. Ao vê-lo uma pessoa fica convencida que é o fenômeno
realizado através do poder Divino. Assim Mujizah são atos que ninguém os
pode realizar. Por exemplo, Jesus ressuscitou os mortos pela ordem de Deus, O
fenômeno da abertura do Mar Vermelho, por Moisés foi outro milagre e o Profeta
Muhammad (saws) o seu maior milagre, que será eterno; o Alcorão Sagrado, dentre
muitos outros. Cada Profeta teve o seu Mujizah para assim as pessoas os
aceitassem como enviados de Deus, e o milagre realizado por um piedoso (Wali,
plural Auliya) pela ordem de Deus chama-se Karámah. Wali é o muçulmano piedoso
e justo, que evita o máximo possível o pecado e se por acaso comete algum
pecado imediatamente volta-se para Deus e pede perdão com sinceridade. O
Wali tem um grande amor por Deus e Seu Mensageiro, é pontual e sincero na sua
adoração a Deus. Contudo um piedoso ‘’Wali’’, por mais devoto que seja nunca
poderá atingir o grau deu m Profeta e nem mesmo de um Sahabi, (companheiro do
Profeta). Se um ato sobrenatural (milagre) for demonstrado por um Káfir ou
por um muçulmano malvado, cuja vida não está em conformidade ao Chari'ah e a
Sunnah, é chamado Istidraj, que vem da parte de Shaytan (Satã) designada para
confundir as pessoas. O critério através do qual as pessoas podem com toda a
facilidade distinguir o Karámah do Istidraj é o Chari'ah. Consta no Alcorão
Sagrado que Deus enviou para cada nação um guia; Profeta. O número e os nomes
de todos os Profetas, só Deus é que sabe, o Alcorão mencionou alguns, muitos
deles inclusive mencionados na Bíblia. Para se ser crente é obrigatório
acreditar em todos eles; acreditar em alguns o rejeitar outros é considerado
descrença. Nenhum dentre os Profetas é considerado Deus nem eles reivindicaram
a divindade, pois todos eles foram seres criados, enviados como modelo para
nós. O Alcorão menciona os nomes de alguns DESTES PROFETAS: 1-
Adam (Adão); 2- Idris (Enoc); 3-Nuh (Noé); 4- Hud
(Heber); 5- Salih (Saleh); 6- Ibrahim (Abraão); 7- Lut
(Lot); 8- Ismail (Ismael); 9- Ishaq (Isaac); 10- Yaqub
(Jacó); 11- Yussif (José); 12- Xuaib (Jetro); 13- Ayiub
(Jó); 14- Zul-Kafil (Ezequiel); 15- Mussa (Moisés); 16- Harun
(Araão); 17- Daud (Davi); 18- Sulaiman (Salomão); 19- Ilias
(Elias); 20- Aliassa (Eliseu); 21- Yunus (Jonas); 22- Zakaria
(Zacarias); 23- Yáhia (João Batista); 24- Issa (Jesus); 25- Muhammad. Citaremos
alguns versículos em que eles são mencionados: "Tal foi o Nosso
argumento, que proporcionamos a Abraão (para usarmos) contra seu povo, porque
Nós elevamos a dignidade de quem Nos apraz. Teu Senhor (Ó Muhammad) é Prudente,
Sapientíssimo. Agraciamo-lo com Isaac e Jacó, que iluminamos, como havíamos
iluminado anteriormente Noé e sua descendência, Davi e Salomão, Jó e José,
Moisés e Aarão. Assim, recompensamos os benfeitores. E Zacarias, Yáhia(João),
Jesus e Elias, pois todos eles se contavam entre os virtuosos. E Ismael,
Eliseu, Jonas e Lot, cada um dos quais preferimos sobre os seus
contemporâneos." (Alcorão Sagrado 6:83 ao 86). "Sem dúvida que Deus
preferiu Adão, Noé, a família de Abraão e a de Imran, aos seus
contemporâneos." (Alcorão Sagrado 3:33). "E enviamos ao povo de Ad
seu irmão Hud..." (Alcorão Sagrado 11:50). "E (recorda-te) de
Ismael, de Idris (Enoc) e de Dulkif (...)” (Alcorão Sagrado 21:85). "E ao
povo de Samud enviamos seu irmão Sáleh (...)" (Alcorão Sagrado
11:61). "E enviamos ao povo de Madian seu irmão Xuaib
(Jetro)..." (Alcorão Sagrado 11:84). Destes, alguns profetas como
Idris e Ezequiel, o Alcorão limita-se a mencionar os seus nomes. De outros,
como Ismael, Isaac e Jonas, relata-se um resumo de sua história. Entre eles, há
também aqueles cuja história veio detalhada, como ocorre com Abraão, Moisés,
José e Jesus; sendo que o último foi Muhammad (saws). Inspiramos-te (Muhammad),
assim como inspiramos Noé e os profetas que o sucederam: (...)" (Alcorão
Sagrado 4:163). "Em verdade, Muhammad não é o pai de nenhum de vossos
homens, mas sim o Mensageiro de Deus e o principal dos profetas; sabei que Deus
é Onisciente." (Alcorão Sagrado 33:40). Aparece nos ditos do profeta,
que o número total de profetas enviados para os diferentes povos, em épocas
diversas, é de 124.000 e o Alcorão nos relata que Deus nos informou os nomes de
alguns deles apenas: "E enviamos alguns mensageiros, que te
mencionamos, e outros, que não te mencionamos; e Deus falou a Moisés
diretamente."( Alcorão Sagrado 4:164). Há no Alcorão 6 capítulos que
levam o nome de profetas, que são: Yunus (Jonas), Hud, Yussef (José), Ibrahim
(Abraão), Nuh (Noé) e Muhammad (saws). No Alcorão, 5 profetas foram
qualificados como fortes, pelo que suportaram da maldade de seus povos, e pelo
que legaram de grandes feitos no campo da pregação. E eles estão citados neste
versículo: "Recorda-te de quando instituímos o pacto com os profetas:
contigo, com Noé, com Abraão, com Moisés, com Jesus, filho de Maria, e
obtivemos deles um solene compromisso." (Alcorão Sagrado 33:7). Nem sempre
Deus enviou apenas um profeta para um povo. A certa altura, Deus enviou, ao
mesmo tempo, dois profetas ou mais. "E lembra-lhes a parábola dos
moradores da cidade, quando se lhes apresentaram os mensageiros. Enviamos-lhes
dois (mensageiros), e os desmentiram; e, então, foram reforçados com o envio de
um terceiro; (os mensageiros) disseram-lhes: ficai sabendo que fomos enviados a
vós."( Alcorão Sagrado 36:13-14). Consta no Alcorão o seguinte
versículo: "Em verdade, Muhammad não é o pai de nenhum de vossos
homens, mas sim o Mensageiro de Deus e o póstermo dos profetas; sabei que Deus
é Onisciente."(Alcorão Sagrado 33:40). E o próprio Muhammad (saws)
confirmou ser o último Profeta o disse que já não viria outro Profeta depois
dele. Nenhum dos Profetas antes do Profeta Muhammad (saws) dissera que era, o
último. Pelo contrário Jesus e Moisés disseram que depois deles viria
outro Profeta. O Profeta Ibrahim também tinha pedido que Deus enviasse outro
Profeta depois dele. Portanto quem hoje declarar que é Profeta é um mentiroso,
é um falso, deve ser rejeitado, aqueles que aceitam estes falsos profetas são
considerados Káfir. A humanidade não precisa de outros Profetas depois de
Muhammad (saws) porque os seus ensinamentos estão vivos, intactos e
completos. A Revelação que Muhammad (saws) recebeu está viva, completa,
perfeita e intacta. É dirigida a todos em todas, as eras o em todos os locais.
É suficientemente flexível o que faz com que seja aplicável, em todos os tempos
e acima de tudo Deus prometeu conservá-la eternamente na sua forma original,
assim como Ele diz no Alcorão Sagrado: ‘’Nós revelamos a Mensagem e somos
o Seu Preservador.’’ (Alcorão Sagrado 15:9). Por isso Muhammad (saws) é
considerado o último Profeta e o selo dos Profetas. OS
SAHABAS - (OS COMPANHEIROS DO PROFETA). Um Sahabi é a pessoa que no estado
de Iman (crença) viu ou esteve na presença do Profeta Muhammad (saws) como no
caso de Abdallah Ibn Ummi Maktum que era um cego; e faleceu nesse mesmo estado
de Iman. O Alcorão e o Hadith estão repletos de testemunhos de que o Sahabas
são virtuosos, e são os critérios da verdade. Eles são os mais ilustres no
Islam. A dignidade e honra reservada a eles é tão grande que até Deus os
escolheu para fazerem companhia ao Seu último Profeta e escutarem o Alcorão
diretamente do Profeta Muhammad (saws). Foi também a firmeza dos Sahabas
que engrandeceu o Islam, eles apoiaram o Profeta Muhammad (saws) nos momentos
difíceis do Islam, sacrificaram as suas vidas para contentarem a Deus e o seu
Mensageiro. A história não pode mostrar outro grupo de pessoas que se
sacrificou tanto para glorificar o nome de Deus. Há aproximadamente cem
Ayats (versículos) no Alcorão que coloca o selo da santidade a elevada posição
dos Sahabas. Amor pelos Sahabas é um constituinte importante do Imam. Quem
tem o mínimo de Imam nunca se atreverá ir contra os Sahabas. O Profeta
Muhammad (saws) ) disse: “Que nenhum de vós fale mal dos meus Sahabas,
pois se alguém de vós gastar (em caridade) ouro do tamanho da montanha de Uhud,
jamais chegará a uma mão cheia de tâmaras gastas pelos Sahabas no caminho de
Deus”. Deus diz no Alcorão que Ele está satisfeito com os Sahabas e os
Sahabas estão satisfeitos com Ele. O Profeta Muhammad (saws) disse: ‘’Os
meus companheiros são como os Astros, a qualquer um deles que seguirdes
estareis bem encaminhados (guiados)”. Eis aqui alguns Ayats relacionados
com os Sahabas: ‘’Quanto aos primeiros muçulmanos, dentre os muhajirin e
os ansar, que imitaram o glorioso exemplo daqueles, Deus se comprazerá com eles
e eles se comprazerão n’Ele; e lhes destinou jardins, abaixo dos quais correm
os rios, onde morarão eternamente. Tal é o magnífico benefício.’’ (Alcorão
Sagrado 9:100). ‘’Porém, o Mensageiro e os fiéis que com ele sacrificaram
seus bens e pessoas obterão as melhores dádivas e serão bem-aventurados. Deus
lhes destinou jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão
eternamente. Tal é a magnífica recompensa.’’ (Alcorão Sagrado 9:88 e 89). Foi
através dos Sahabas que o mundo aprendeu o Din, estabeleceu a verdadeira
Chari’ah e obteve a Sunnah do Profeta Muhammad (saws). Pois, eles foram os
primeiros narradores do Din trazido por Muhammad (saws) a
humanidade. Dentre os Sahabas os mais ilustres e célebres são os quatro
Khulafá Rashidun (sucessores bem guiados); Abu Bakr, o primeiro Khalifa,
seguido de Umar, o segundo Khalifa, depois o Uthman, o terceiro Khalifa e é
‘Ali, o quarto Khalifa. OS
CALIFAS PROBOS. ABU BAKR. Abu Bakr, o primeiro Califa (632-634). "Se
eu tivesse que ter um amigo além de meu Senhor, eu teria Abu Bakr com meu
amigo." (hadith). A ELEIÇÃO PARA O CALIFADO. Abu Bakr, o Companheiro mais
próximo do Profeta (saws) não estava presente quando ele deu seu último suspiro
na casa de sua amada esposa dos últimos anos, Aisha, filha de Abu Bakr. Quando
ele soube da morte do Profeta, correu para a casa da filha, com tristeza,
"Quão abençoada foi sua vida e quão beatificada é sua morte,"
sussurou, enquanto beijava o rosto de seu amado amigo e mestre que agora já não
mais estava presente. Quando Abu Bakr saiu da casa do Profeta e trouxe a
notícia, a descrença e a consternação espalharam-se pela comunidade dos
muçulmanos de Medina. Mohammad (saws) tinha sido o líder, o guia e o portador
da Divina revelação. Através dele, eles tinham sido afastados da idolatria e da
barbárie e entrado no caminho de Deus. Como ele podia ter morrido? Até Omar, um
dos mais bravos e dos mais fortes entre os Companheiros do Profeta, perdeu a
compostura, sacou de sua espada e ameaçou matar quem quer que dissesse que o
Profeta estava morto. Abu Bakr gentilmente o afastou, subiu os degraus do
púlpito da mesquita e se dirigiu ao povo, dizendo: "Ó gentes, aquele que
adora a Mohammad, eis que Mohammad está morto. Mas aquele que adora a Deus, eis
que Deus está vivo e nunca morrerá”. E concluiu com um versículo do Alcorão:
"E Mohammad não é senão um mensageiro. Muitos mensageiros o precederam; se
ele morresse ou fosse morto, voltaríeis à incredulidade?" (3:144). Ao
ouvirem estas palavras, as pessoas se consolaram. O abatimento cedeu lugar à
confiança e tranquilidade. O momento crítico tinha passado, mas a comunidade
muçulmana agora enfrentava um problema extremamente grave, que era a escolha de
um líder. Após algumas discussões entre os Companheiros do Profeta, que estavam
reunidos com o objetivo de escolher um substituto, ficou evidente que não havia
outro mais adequado para a responsabilidade do que Abu Bakr. Uma parte de seu
discurso, logo após sua eleição, já foi citada na introdução. A VIDA DE ABU BAKR. Abu Bakr
('O proprietário de camelos') não era seu nome verdadeiro. Ele passou a usar
esse nome mais tarde, por causa de seu grande interesse na criação de camelos.
Seu nome verdadeiro era Abdul Ka'aba (Servo da Caaba), que depois foi mudado
pelo Profeta para Abdullah ('Servo de Deus'). O Profeta (saws) também lhe deu o
nome de 'Siddiq', o Testemunhador da Verdade'. Abu Bakr era de uma rica família
de mercadores e, ainda antes de abraçar o Islam, era um cidadão respeitado de
Mecca. Ele era três anos mais jovem do Mohammad (saws) e uma natural afinidade
surgiu entre eles desde a infância. Foi o mais próximo Companheiro do Profeta
durante toda a vida dele. Quando Mohammad convidou seus amigos mais íntimos e
parentes para o Islam, Abu Bakr estava entre os primeiros a aceitar. Ele também
persuadiu Osman e Bilal a aceitarem o Islam. No início da missão do Profeta,
quando um punhado de muçulmanos foram submetidos a perseguição e tortura
implacáveis, Abu Bakr teve a sua parcela de sofrimento. Finalmente, quando a
permissão de Deus chegou para migrar de Mecca, ele foi o único escolhido pelo
Profeta para acompanhá-lo numa perigosa viagem para Medina. Abu Bakr sempre
esteve ao lado do Profeta nas inúmeras batalhas que aconteceram durante a
existência dele. Certa vez, ele trouxe todos os seus pertences para o Profeta,
que estava levantando fundos para defender Medina. O Profeta perguntou
"Abu Bakr, o que você deixou para a sua família?" A resposta veio
imediata: "Deus e Seu Profeta”. Mesmo antes do Islam, Abu Bakr era
conhecido como um homem de caráter honrado e amável e de natureza compassiva.
Por toda sua vida ele foi sensível ao sofrimento humano e gentil com os pobres
e necessitados. Muito embora fosse rico, viveu modestamente e gastava seu
dinheiro na caridade, na libertação dos escravos e pela causa do Islam. Muitas
vezes ela passava parte da noite em súplicas e orações. Ele partilhou com sua
família uma vida afetuosa e alegre. O CALIFADO DE ABU BAKR. Este era o homem sobre quem o peso
da liderança recaiu, no período mais delicado da história dos muçulmanos.
Quando a notícia da morte do Profeta se espalhou, várias tribos se rebelaram e
se recusaram a pagar o zakat (o imposto do pobre), dizendo que ele era devido
somente ao Profeta (saws) Ao mesmo tempo, começaram a surgir inúmeros impostores,
alegando que a missão de profeta tinha passado para eles, e começaram a surgir
revoltas. Além do mais, dois poderosos impérios, o Romano do Oriente e o Persa,
também ameaçavam o recém-nascido estado de Medina. Sob tais circunstâncias,
muitos Companheiros do Profeta, inclusive Omar, aconselharam Abu Bakr a fazer
concessões aos sonegadores do zakat, pelo menos por um tempo. O novo Califa não
concordou. Ele insistia que era uma Lei Divina e que não podia ser
desrespeitada, que não havia diferença entre as obrigações do zakat e do salat
(oração) e que qualquer transigência com as injunções de Deus fatalmente
minariam as fundações do Islam. Omar e os outros rapidamente perceberam seu
erro de julgamento. As tribos revoltosas atacaram Medina mas os muçulmanos
estavam preparados. O próprio Abu Bakr liderou a defesa, forçando-os a se
retirarem. Ele também declarou uma guerra implacável contra aqueles que se
diziam profetas, muitos dos quais se submeteram e voltaram a professar o Islam.
A ameaça do Império Romano, na verdade, tinha surgido mais cedo, durante a
existência do Profeta. O Profeta tinha organizado um exército, sob comando de
Usama, o filho de um escravo liberto. O exército não tinha ido muito longe
quando o Profeta caiu doente e eles interromperam o avanço. Após a morte do
Profeta, a questão surgida foi se o exército deveria ser enviado de novo ou se
deveria permanecer em Medina, para defender a cidade. Mais uma vez Abu Bakr
mostrou uma firme determinação. Ele disse: "Mandarei o exército de Usama da
mesma forma que foi ordenada pelo Profeta, ainda que eu esteja sozinho”. As
instruções finais que ele transmitiu a Usama prescreviam um código de conduta
na guerra que permanece até os dias de hoje. Parte de suas instruções para o
exército muçulmano foram: "Não desertem nem sejam culpados de
desobediência. Não matem o velho, a mulher ou a criança. Não destruam as
tamareiras e nem cortem as árvores frutíferas. Não matem carneiros, ou vacas,
ou camelos, a não ser que seja para comer. Vocês encontrarão pessoas que passam
suas vidas em monastérios. Deixem-nas em paz e não as molestem”. Em muitas
ocasiões, Khalid bin Walid foi escolhido pelo Profeta (saws) para chefiar os
exércitos muçulmanos. Um homem de enorme coragem e um líder nato, seu gênio
militar desabrochou em plenitude durante o Califado de Abu Bakr. Durante o
governo de Abu Bakr, Khalid levou seus homens de vitória em vitória contra o
ataque dos romanos. Uma outra contribuição de Abu Bakr para a causa do Islam
foi a coleta e compilação dos versículos do Alcorão. Abu Bakr morreu no dia 21
de jamadi-al Akhir, do ano 13 d.H. (23 de agosto de 634), com a idade de 63
anos e foi enterrado ao lado do Profeta (saws) Seu Califado teve a duração de
27 meses. Neste curto período, no entanto, Abu Bakr foi importante, com a graça
de Deus, para o fortalecimento e consolidação de sua comunidade e do estado e
protegeu os muçulmanos dos perigos que ameaçavam sua existência. www.ccib.org.br. Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário