Gnosticismo. Texto de Samael Aun Weor (1917-1977).
Paz Inverencial! Torna-se urgente que se compreendam a fundo as técnicas
da meditação. Hoje falaremos sobre o Vazio Iluminador. Ao iniciar este tema,
vejo-me obrigado a narrar de forma direta aquilo que sobre o particular pude
verificar experimentalmente. Creio que os que me escutam estão informados sobre
a maravilhosa Lei da Reencarnação. Pois, nela, eu fundamento o relato seguinte:
Quando a Segunda Sub-Raça da nossa atual raça ariana floresceu na antiga China,
estive ali reencarnado e me chamei Chou Li. Obviamente, fui membro da
dinastia Chou. Naquela existência, fiz-me membro ativo da Ordem do Dragão
Amarelo. Claro que em tal ordem pude aprender claramente a ciência da
meditação. Ainda mantenho na memória aquele maravilhoso instrumento denominado Aya-Atapan,
o qual tinha 49 notas. Bem sabemos o que é a sagrada Lei do
Eterno Heptaparaparshinok, ou seja, a Lei do Sete. Indubitavelmente, sete
são as notas das escalas musicais, e se multiplicarmos sete por sete obteremos
49 notas colocadas em sete oitavas. Nós, os irmãos, reuníamo-nos na sala da
meditação, sentávamos ao estilo oriental com as pernas cruzadas e púnhamos as
palmas das mãos de forma que a direita ficava sobre a esquerda. Sentávamos em
círculo no centro da sala, fechávamos os olhos e em seguida púnhamos toda a
atenção na música que certo irmão brindava ao Cosmo e a nós. Quando o artista
fazia vibrar a primeira nota, estava em dó, todos se concentravam. Quando fazia
vibrar a nota seguinte, em ré, a concentração tornava-se mais profunda. Lutávamos
com os diversos elementos subjetivos que carregávamos no interior, podíamos
recriminá-los e fazê-los ver a necessidade de guardarem silêncio absoluto. Não
será demais, queridos irmãos, lembrá-los de que esses elementos indesejáveis
constituem o eu, o Ego, o mim mesmo, o si mesmo … são a seu modo entidades
diversas personificando erros. Quando vibrava a nota mi, entrávamos na terceira
zona do subconsciente e enfrentávamos toda essa multiplicidade de agregados
psíquicos que em desordem fervilham em nosso interior, que impedem a quietude e
o silêncio da mente; nós os recriminávamos e tratávamos de compreendê-los.
Quando o conseguíamos, entrávamos ainda mais fundo com a nota fá. É óbvio que
novas lutas nos esperavam, pois amordaçar todos esses demônios do desejo não é
tão fácil. Obrigá-los a guardar silêncio e quietude não é coisa simples, porém,
com paciência o conseguíamos. Assim, prosseguíamos com cada uma das notas da
escala musical. Em uma oitava mais elevada, continuávamos com o mesmo esforço,
e assim, pouco a pouco, enfrentando os diversos elementos infra-humanos que
carregávamos em nosso interior conseguíamos por fim amordaçá-los
todos nos 49 níveis do subconsciente e a mente ficava quieta, no mais
profundo silêncio. Esse era o momento em que a Essência, a Alma, aquilo que
ternos de mais puro, escapava para experimentar o Real. Assim, entrávamos no
Vazio Iluminador. Assim, o Vazio Iluminador irrompia em nós. Movendo-nos no
Vazio Iluminador conseguíamos conhecer as leis da natureza em si mesmas tais
quais são e não corno aparentemente são. Neste tridimensional mundo de Euclides
só se conhecem causas e efeitos mecânicos, jamais as leis naturais em si
mesmas. Assim, no Vazio Iluminador, elas surgem diante de nós corno realmente
são. Nesse estado, podíamos perceber com a Essência, com os sentidos
superlativos do Ser, as coisas em si tais quais são. No mundo dos fenômenos
físicos, a realidade… só percebemos a aparência das coisas: ângulos,
superfícies… nunca um corpo inteiro de forma integral. O pouco que percebemos é
fugaz. Ninguém poderia perceber a quantidade de átomos, por exemplo, que uma
mesa ou uma cadeira tem… Porém, no Vazio Iluminador percebemos as coisas em si
tais quais são… integralmente! Enquanto estamos
achávamos submersos no grande Vazio Iluminador, podíamos escutar a voz do Pai
que está em segredo. Fora de dúvida, nos achávamos num estado de
arroubo que se podia denominar de Êxtase. A personalidade ficava ali, sentada,
em estado passivo, na sala de meditação. Os centros emocional e motor integravam-se
ao centro intelectual, formando um todo único e receptivo. De forma que as
ondas de tudo aquilo que vivenciávamos no Vazio Iluminador circulavam pelo
Cordão de Prata e eram recebidas pelos três centros: emocional, intelectual e
motor. Quando o Samadhi terminava, voltávamos ao interior do corpo,
conservando a lembrança de tudo aquilo que tínhamos visto e ouvido. No entanto,
hei de lhes dizer que a primeira coisa que se tem de abandonar para submergir
por longo tempo no Vazio Iluminador é o medo. O eu do temor precisa ser
compreendido … Já sabemos que sua desintegração faz-se possível quando se
suplica à Divina Mãe Kundalini de forma veemente. Ela eliminará o eu
do medo. Um dia qualquer, não importa
qual foi, achando-me no Vazio Iluminador, além da personalidade, do eu e da
individualidade, submerso nisso que se poderia chamar “O NÃO”, “AQUILO”, senti
que eu era tudo o que foi e será. Experimentei a unidade da vida, livre em seu
movimento. Era a flor, o rio que, cristalino, corria no seu leito de pedras,
cantando delícias na sua linguagem, a ave que se precipitava nos abismos
insondáveis, era o peixe que nadava deliciosamente nas águas, era a Lua, os
mundos… era tudo o que é, foi e será. Houve temor, os sentimentos do mim mesmo,
do eu… Senti que me aniquilava, que deixou de existir corno indivíduo, que era
tudo menos um indivíduo, que o mim mesmo tendia a morrer para sempre.
Obviamente, enchi-me de indizível terror e voltei à forma física. Outros
esforços permitiram-me que o Vazio Iluminador irrompesse novamente e tornei a
me sentir confundido com tudo; corno indivíduo, corno pessoa, corno eu, tinha
deixado de existir. Esse estado de consciência fazia-se cada vez mais profundo;
de tal forma que qualquer possibilidade para existir, para a existência individual,
se acabava, tendia a desaparecer definitivamente. Não pude resistir mais e
voltei à forma física. Numa terceira tentativa, tampouco pude resistir e voltei
à forma. A partir de então, sei que para alguém experimentar o Vazio
Iluminador, para sentir o TAO em si mesmo, terá de eliminar o eu do temor; e
isso é indubitável. Entre os irmãos da Ordem do Dragão Amarelo, o que mais se
distinguiu foi meu amigo Chang. Hoje, ele vive num desses “planetas do Cristo”,
onde a natureza não é imperecedora e jamais muda. Há duas naturezas:
a perecedora, mutável etc., e a imperecível, a que jamais muda, imutável. Nos
planetas do Cristo existe a natureza eterna, imperecível e imutável. Chang vive
num desses mundos onde o Cristo resplandece. Libertou-se há várias idades e
vive ali naquele longínquo planeta com um grupo de irmãos que como ele também
se libertaram. Então, eu gostaria de lhes ensinar os sete segredos da Ordem do
Dragão Amarelo, porém, com grande dor me dou conta que os irmãos de todas as
latitudes ainda não estão preparados para poder recebê-los; e isso é
lamentável. Também é certo que hoje não é mais possível se utilizarem os 49
sons do aya-atapan, porque esse instrumento já não existe mais. Muitas
involuções desse instrumento ocorreram; já não possuem mais as sete oitavas.
Involuções dele são todos os instrumentos de corda: violino, guitarra, o
próprio piano etc. No entanto, é possível chegar-se à experiência do Vazio
Iluminador com um sistema prático e simples que todos os irmãos podem praticar.
Vou ditar a técnica agora mesmo. Prestem atenção: A Técnica. Sentem-se ao estilo
oriental com as pernas cruzadas … Devido a que sois ocidentais, essa posição
resultará muito cansativa para vós, então sentai-vos em uma cômoda cadeira ao
estilo ocidental. Colocai a palma da mão esquerda aberta e a direita sobre a
esquerda. Quero dizer, o dorso da palma da mão direita sobre a palma da mão
esquerda. Relaxai o corpo ao máximo possível. A seguir, inalai profundamente e
muito devagar. Ao inalarem, imaginai que a energia criadora passa pelos canais
espermáticos até o cérebro. Exalai curto e rápido. Ao inalar, pronunciai o
mantra HAM. Ao exalar, pronunciai o mantra SAH.
Indubitavelmente, inala-se pelo nariz e exala-se pela boca. Ao inalar,
vocalizai a sílaba sagrada HAM mentalmente, pois estais
inalando pelo nariz. Mas, ao exalarem, articulai a sílaba SAH de
forma sonora. O H soa sempre aspirado.
Faz-se a inalação lenta e a exalação curta e rápida. Obviamente, a energia
criadora flui em todas as pessoas de dentro para fora, isto é, de forma
centrífuga. Nós devemos inverter essa ordem com objetivos de superação
espiritual. Nossa energia deve fluir de forma centrípeta, de fora para dentro.
Fora de dúvida, se inalamos devagar, lentamente, a energia criadora fluirá de
forma centrípeta de fora para dentro. Se exalarmos curto e rápido, essa energia
far-se-á cada vez mais centrípeta. Durante a prática, não se deve pensar
absolutamente em nada. Os olhos ficam firmemente fechados e em nossa mente só
vibrará o HAM SAH e nada mais. À medida que se pratique, a
inalação vai se tornando mais funda e a exalação muito curta e rápida. Os
grandes mestres da meditação chegam a tornar a respiração pura inalação… a
respiração fica suspensa. Isto é impossível para os cientistas, porém, real para
os místicos. Em tal estado, o mestre participa
do Nirvikalpa Samadhi ou Maha Samadhi e vem a
irrupção do vazio Iluminador. Ele precipita-se nesse grande vazio onde ninguém
vive e onde somente se ouve a palavra do Pai que está em segredo. Com esta
prática, consegue-se a irrupção do vazio iluminador sob a condição de não
se pensar absolutamente em nada. Não se admitirá na mente pensamento algum,
nenhum desejo, nenhuma lembrança … A mente tem de ficar completamente quieta
por dentro, por fora e no centro. Aqui, o pensamento, por insignificante que
seja, é obstáculo para o Samadhi, para o êxtase. Esta ciência da meditação
combinada com a respiração produz efeitos extraordinários. Normalmente, as
pessoas padecem disso que se chama poluções noturnas. Homens e mulheres sofrem
tal situação. Têm sonhos eróticos, os eus copulam uns com os outros,
a vibração passa pelo cordão de prata até o físico e sobrevém o orgasmo com a
perda da energia criadora. Isso acontece quando a energia sexual flui de dentro
para fora de forma centrífuga. Quando a energia sexual flui de fora para dentro
de forma centrípeta, as poluções noturnas terminam, o que vem em benefício da
saúde. Bem, propicia-se o Samadhi durante a prática de meditação
graças a que as energias criadoras, fluindo de fora para dentro, impregnam a
consciência e terminam por possibilitar seu abandono do Ego e do corpo. A
consciência desengarrafada do Ego, na ausência do Ego, fora do corpo físico,
entra no Vazio Iluminador e recebe o TAO. Aquele que eliminou o eu do medo, do
temor, poderá permanecer no Vazio Iluminador sem preocupação alguma. Sentirá
que seu aspecto individual vai se dissolvendo, sentirá a si mesmo vivendo na
pedra, na rocha, na longínqua estrela ou na ave canora de qualquer mundo
planetário; não terá medo. Se não tiver medo, por fim gravitará até sua origem,
convertendo-se a consciência, a Essência, em uma criatura terrivelmente divina
para além do bem e do mal. Poderá pousar no Sagrado Sol Absoluto e ali, nesse
Sol, como estrela microcósmica, conhecerá todos os mistérios do universo. É bom
saber que o universo em si mesmo, todo o nosso sistema solar, existe na
Inteligência do Sagrado Sol Absoluto como um instante eterno. Todos os
fenômenos da natureza processam-se dentro de um instante eterno na Inteligência
do Sagrado Sol Absoluto. Se tiver medo, perder-se-á o êxtase e haverá o retorno
à forma densa. Queridos irmãos que me escutam, precisam abandonar o temor. Não
basta dizer: deixarei de temer. Há necessidade de se eliminar o eu do temor,
sim … e ele é dissolvido estritamente pelo poder da Divina
Mãe Kundalini Shakti. Primeiro temos de analisá-lo, compreendê-lo e
depois invocar Devi Kundalini, nossa Divina Mãe Cósmica particular,
pedindo para que Ela desintegre o eu do temor. Somente assim alguém consegue submergir
no Vazio Iluminador de forma absoluta. Quem o conseguir gravitará para o
Sagrado Sol Absoluto e conhecerá as maravilhas do universo. Nossos irmãos
precisam, pois, praticar essa técnica de meditação tal como a demos. Não se
esquecer de que o corpo precisa ficar bem relaxado, e isso é
indispensável. HAM SAH é o grande alento, HAM SAH é
a nossa alma, HAM SAH é também um mantra que transmuta as
energias criadoras. A meditação combinada com o tantrismo é formidável. HAM
SAH é a chave. Bem sabemos que a energia criadora serve para o
despertar da consciência. Combinada com a meditação, tira inquestionavelmente a
consciência de dentro do elemento egóico e a submerge no vazio
iluminador. É óbvio que o vazio iluminador está além do corpo, dos afetos e da
mente. Em uma sala de meditação oriental, um monge perguntou ao Mestre: que é o
vazio iluminador? Dizem os textos que o Mestre deu-lhe um pontapé no estômago e
o discípulo caiu desmaiado. Depois, o discípulo levantou-se e abraçou o Mestre:
obrigado, Mestre, experimentei o Vazio Iluminador. Absurdo, declararão muitos,
porém não é bem assim. O que acontece é que fenômenos muito especiais se
apresentam para o Vazio Iluminador. Um pintinho está pronto para sair do ovo.
Sua mãe o ajuda ou o auxilia picando também ela a casca. O pintinho segue
picando e com sua ajuda sai do ovo. Assim, quando alguém amadureceu, recebe
ajuda de sua Divina Mãe Kundalini. Fura o cascão do Ego e da personalidade
e sai para experimentar o Vazio Iluminador. O Segredo: Meditação
Combinada com o Sono. No entanto, há que se
perseverar na meditação, há que se saber combinar inteligentemente a
concentração com o sono; sono e concentração misturados produzem iluminação.
Muitos esoteristas pensam que a meditação não deve de modo algum ser
combinada com o sono do corpo. Aqueles que pensam assim estão equivocados,
porque a meditação sem sono arruína o cérebro. Deve-se sempre utilizar o sono
em combinação com a técnica da meditação, porém, um sono controlado, um sono
voluntário, não um sono sem controle, um sono absurdo… sono e meditação
combinados inteligentemente. Devemos montar no sono e não deixar que o sono
monte em nós. Se aprendermos a montar no sono, teremos triunfado. Se o sono
monta em nós, fracassamos. Portanto, usar o sono; meditação combinada com o
sono… Essa técnica leva os praticantes ao Samadhi, à experiência do Vazio
Iluminador. Há que se praticar
diariamente. A que hora? No momento em que nos sintamos com ânimo
para executá-Ia e especialmente quando estivermos com sono. Se
seguirem essas indicações, um dia poderão receber o TAO, poderão experimentar a
verdade. Obviamente, há dois
tipos de dialética: a dialética racional do intelecto e a dialética da
consciência. Durante o Satori, trabalha a dialética da consciência, e tudo
entendemos por intuição, através de palavras ou figuras simbólicas, na
linguagem das parábolas do evangelho cristão, na linguagem viva da consciência
superlativa do Ser. No Ser, a dialética da consciência se adianta sempre
à dialética do raciocínio. A um monge zen foi perguntado: por que
o bodidharma veio do oeste? Resposta: quem está no jardim é o
cipreste. Qualquer um diria que isso não tem concordância alguma. No entanto,
tem sim. É uma resposta que se adianta à dialética do raciocínio; sai da
essência. O cipreste, a árvore da vida, está em todas as partes, não interessa
oriente ou ocidente. Este é o sentido da resposta. No vazio iluminador se sabe
tudo por experiência direta da verdade. O estudante terá de se familiarizar com
a dialética da consciência. Infelizmente, o poder formulativo de
conceitos lógicos, por mais brilhante que seja, por mais útil que seja nos
aspectos da vida prática, resulta em obstáculo para a dialética da consciência.
Não quero com isso descartar o poder formulativo dos conceitos
lógicos, pois todos precisam dele no terreno dos fatos práticos da existência.
Porém, cada faculdade tem inquestionavelmente a sua órbita particular em que é
útil, fora dela resulta sem utilidade e prejudicial. Deixemos o
poder formulativo de conceitos dentro de sua órbita.
No Samadhi ou no Pansamadhi da meditação devemos sempre
vivenciar, captar, a dialética da consciência. Isso é questão de experiência
que o discípulo irá adquirindo à medida que pratica a técnica da meditação. A Impaciência. O caminho da meditação
profunda implica muita paciência. Os impacientes jamais conseguirão triunfar.
Impossível vivenciar a experiência do vazio iluminador enquanto exista a
impaciência em nós. O eu da impaciência tem de ser e eliminado , depois de ter
sido compreendido. Que se entenda isto com clareza! Se assim se age, se recebe
o TAO; isso é óbvio. A experiência do real jamais poderia chegar a nós enquanto
a consciência continuasse embutida no Ego. O Ego em si mesmo é tempo. Toda essa
multiplicidade de elementos fantasmagóricos que constituem o mim mesmo são um
compêndio de tempo. A experiência do vazio iluminador é sua antítese; ele é
atemporal, ele está além do tempo e da mente. O tempo é toda essa
multiplicidade de eus; o eu é o tempo. Assim, pois, o tempo é subjetivo,
incoerente, torpe, pesado e não tem realidade objetiva. Quando alguém senta em
uma sala de meditação ou simples ente em sua casa a fim de meditar, se quiser
praticar essa técnica deverá esquecer o conceito de tempo e viver dentro de um
instante eterno. Aqueles que se dedicam à meditação dependentes do relógio,
obviamente não conseguem a experiência do Vazio Iluminador. Se me perguntassem
quantos minutos diários devem ser utilizados na meditação, se meia hora, uma ou
duas horas, não haveria resposta. Se alguém entra em meditação e está
dependente do tempo não pode experimentar o Vazio Iluminador porque este não é
do tempo. Seria algo similar a uma ave que tentasse voar e que estivesse
amarrada por uma pata a um pau; não poderia voar … haveria uma trava. Para
experimentar o vazio iluminador, temos de nos livrar de qualquer trava. O
importante é certamente experimentar a verdade e a verdade está no Vazio
Iluminador. Quando a Jesus, o grande Cabir, perguntaram o que é a verdade,
o Mestre guardou profundo silêncio. Quando a Gautama Sakiamuni fizeram
a mesma pergunta, ele deu as costas e retirou-se. A verdade não pode ser
descrita, não pode ser explicada, cada um tem de experimentá-la por si próprio
através da técnica da meditação. No vazio iluminador, experimentamos a verdade.
Esse é um elemento que nos transforma radicalmente. Há que se perseverar, há
que se ser tenaz … Pode acontecer que no princípio não se consiga nada, porém à
medida que o tempo for passando iremos sentindo que nos vamos fazendo
cada vez mais profundos. Um dia qualquer irromperá em nossa mente a experiência
do vazio iluminador. Inquestionavelmente, o vazio iluminador em si mesmo é o
santo Okidanok, o Ativo Okidanok, onipresente, onipenetrante,
onisciente, que emana de si mesmo, o Sagrado Sol Absoluto. Feliz de quem
consiga precipitar-se no vazio Iluminador , onde não vive criatura alguma,
porque será precisamente ali onde experimentará o real, a verdade. Perseverança
faz-se indispensável… Há que se trabalhar afundo diariamente até se conseguir o
triunfo total. A experiência da verdade através da meditação resulta
prodigiosa. Ao se experimentar a verdade, a gente sente-se com força para
perseverar no trabalho sobre si mesmo. Brilhantes autores falaram sobre o
trabalho em si mesmo, sobre o eu, sobre o mim mesmo. Fizeram muito bem ao
falarem assim, mas esqueceram-se de uma coisa: a experiência da verdade.
Enquanto alguém não tenha experimentado o real, não se sente reconfortado e não
se sente com força suficiente para trabalhar sobre si mesmo, sobre o próprio eu.
Quando alguém de verdade passou por tal experiência mística, é diferente, nada
poderá o deter em sua aspiração de libertação. Trabalhará incansavelmente sobre
si mesmo para conseguir de verdade uma mudança radical, total e
definitiva. Agora, meus queridos amigos, vocês compreenderão por que as
salas de meditação são indispensáveis. Francamente, sinto tristeza ao ver que,
apesar de tanto haver escrito sobre a meditação em diferentes Mensagens de
Natal em anos anteriores, ainda não haja salas de meditação nos países centro e
sul-americanos, quando já deveriam existir. O que se passou? Existe indolência. Por quê? Por falta
de compreensão! Faz-se necessário entender! O pobre animal intelectual
equivocadamente chamado homem precisa de alento, precisa de algo que o anime na
luta, estímulo para o trabalho sobre si mesmo… Sei que o pobre animal
intelectual é débil por natureza e encontra-se numa situação completamente
desvantajosa. O Ego é
demasiadamente forte e a personalidade terrivelmente débil. Como deixá-lo se assim
apenas consegue caminhar? Ele precisa de algo que o anime no trabalho, precisa
de um apoio íntimo. Isso só se torna possível através da meditação. Não quero
dizer que todos de uma só ceifada irão experimentar o Vazio Iluminador.
Obviamente, se chegará a essa experiência através de diferentes graus. O devoto
entenderá cada vez mais o impulso íntimo do Ser e terá diversas vivências mais
ou menos lúcidas. Dia chegará em que terá a melhor das vivências: a experiência
direta da grande realidade; então receberá o TAO. Todos aqueles que me escutam
devem pesar bem minhas palavras. Reflitam, não basta simplesmente ouvir. Há que
se saber escutar, o que é diferente. Porém, o que escuta a palavra e não a faz
– diz o apóstolo Santiago na Epístola Universal – se parece com o homem que se
olha no espelho e depois dá as costas e se vai. Há que se viver a palavra
dentro de si próprio. Não basta que me escutem. É necessário que se converta
esse ensinamento em carne, sangue e vida, se é que se pretende a transformação
radical. Há que se perseverar! Até aqui, minhas palavras. Paz Inverencial.www.gnosisonline.com.br. Abraço
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