Astrologia - Texto de Ricardo Lindemann.
Capítulo Nove. A LEI DOS CICLOS. Depois de ter analisado o círculo Zodiacal e
seus doze signos pela Última Ceia de Leonardo da Vinci (1452-1519),
representados neste mural pelos doze Apóstolos, passaremos a estudar a LEI DOS
CICLOS. Vale lembrar que o Zodíaco não é uma linha reta como uma mesa, mas como
um círculo máximo da esfera celeste, onde Peixes retorna a Áries fechando o
círculo, e que o Cristo aqui representa o centro desse círculo. Portanto, ele
não é o décimo terceiro signo, mas o ponto de convergência de todas as linhas
de fuga da perspectiva do mural é a cabeça do Cristo. Também podemos verificar
que com a mão esquerda ele dá e com a mão direita ele recolhe, ou seja, o Sol
se doa mais intensamente na primavera e no verão, representados pelos dois
primeiros grupos de três, e se recolhe, proporcionalmente, ou doa menos luz, no
outono e no inverno que são o terceiro e o quarto grupos de três,
respectivamente, caracterizando assim os doze signos. E ao lado temos o
reinício de um novo ano, e o Áries representa exatamente isso, a primeira parte
do corpo que nasce é a cabeça, é o renascimento da vida na primavera, e de
alguma forma temos assim uma lei da vida muito importante que é uma das bases
da Astrologia, que é A LEI DOS CICLOS, da Ciclicidade ou Periodicidade. A
senhora Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), por exemplo, comenta isso em A
Doutina Secreta: "A universalidade absoluta daquela lei de periodicidade,
de fluxo e refluxo, de crescimento e decadência, que a Ciência Física tem
observado e registrado em todos os departamentos da Natureza. Alternativas tais
como Dia e Noite, Vida e Morte, Sono e Vigília, são fatos tão comuns e tão
perfeitamente universais e sem exceção, que será fácil compreender porque
divisamos nelas uma das leis absolutamente fundamentais do Universo. Então, a
ideia da ciclicidade ou da periodicidade, é muito importante em Astrologia, a
ideia de que há um ritmo cósmico, que há ciclos que se cumprem como se fosse
quase uma música Universal, esse é o termo usado, aliás, por Pitágoras (570 AC
495), a Música das Esferas. Nicolau Copérnico (1483-1543), nos colocou essa
divisão, por exemplo, do ciclo da Terra em torno do Sol. Esse diagrama está
relacionado com o grande livro das Revoluções dos Mundos Celestes que produziu
a revolução copernicana demonstrando que o Sol era o centro do Sistema Solar, e
lembra muito bem os dois Equinócios, que são situações relativamente
indiferentes, porque o Sol projetado no Hemisfério Norte e no Hemisfério
Sul, portanto os dias e as noites têm a mesma duração. Em contraposição a tal
circunstância de equilíbrio, vemos o Circulo Polar aqui e lá oculto na sombra
da Terra, o que quer dizer que nessa situação o Hemisfério Norte está
ganhando mais luz, e naquela situação o Hemisfério Norte está no verão e o
Hemisfério Sul está no inverno. Na segunda situação nós temos o Hemisfério Sul
ganhando mais luz no verão, enquanto que o Hemisfério Norte ganhando menos luz
no inverso. Então, essas duas situações extremas, o inverno e o verão são
chamados os solstícios. É nessa divisão entre o solstício e equinócios que se
baseia a divisão das quatro estações. Assim, pela correlação das quatro
estações com os doze signos do Zodíaco, nós podemos ver que ao longo do giro
haverá um movimento aparente do Sol pelas constelações e signos do Zodíaco,
caracterizando quatro áreas, em duas das quais ele está projetado com
declinação Sul e nas outras duas com declinação Norte, como nós explicávamos,
haverá mais ou menos iluminação para um ou outro dos Hemisférios,
caracterizando assim a mudança de temperatura que a luz produz de uma estação
para a outra, e esse desenho corresponde exatamente às quatro estações que nós
vimos representadas aqui também na Última Ceia de Da Vinci. Agora, nós vamos
usar um outro diagrama, quem sabe para demostrar a vocês com os antigos
correlacionavam as quatro estações com os quatro elementos dentro da Lei de
Periodicidade ou do Princípio do Ritmo. No Caibalion, na tradição Hermética de
origem egípcia, o Princípio do Ritmo é assim referido: "Tudo tem fluxo e
refluxo, tudo tem suas marés; tudo sobe e desce, tudo se manifesta por
oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento
à esquerda; o ritmo é a compensação". É oportuno comparar ao movimento de
um pêndulo, que é um movimento cíclico e rítmico. Toda a Natureza é regida por
leis e um Princípio Fundamental, se nós formos considerar as divisões desse
ciclo básico. Assim, os antigos comparavam duas situações extremas por uma que
primeiro regula o úmido e o seco e a outra que regula o quente e o frio. Eles
diziam que a primavera é a estação que começava úmida e depois ficava cada vez
mais quente, quando chegava o ponto mais quente alcançava-se o verão, que
começava quente e ia ficando cada vez mais seco e assim, sucessivamente. Depois
de seco ficaria progressivamente mais frio e depois de frio voltaria a ficar
úmido, por quê? Porque se admite que quando o solo está úmido é porque choveu
e, portanto, deve haver menos nuvens, pois elas já se precipitaram em forma de
chuva. Num segundo momento, deve vir mais luz porque há menos nuvens e a
tendência é ficar mais quente. Quando se alcança a situação do calor máximo,
começa a evaporação daquela umidade do solo, e, portanto, o solo tende a ficar
cada vez mais seco. Nuvens se formaram pela evaporação da umidade do solo, e
assim haverá menor passagem de luz e, portanto, tende a ficar mais frio. Quando
está mais frio temos aí a precipitação das nuvens em forma de chuva, de modo
que o solo voltará a ficar úmido, portanto, haverá menos nuvens, deverá passar
mais luz e ficar mais quente. Dessa forma, recomeça a evaporação, o solo ficará
seco, se formarão novas nuvens, ocorrendo o ciclo repetitivo, que sabemos
exatamente dizer onde começa e onde termina. Na verdade a antiga questão do ovo
e da galinha, aquela discussão de qual dos dois veio primeiro, representa ele
um questionamento sobre um ciclo, em que um depende do outro, porque o ovo
depende da galinha e a galinha depende do ovo, enfim, um vem do outro, e,
portanto, nós não temos fim num processo cíclico. Da mesma maneira, o ar é
associado pelos antigos a esta estação da primavera porque dizem que ele é
úmido e quente. Então, os signos de Gêmeos, Libra e Aquário, que são os signos
atribuídos ao ar, tecnicamente são considerados flexíveis, adaptáveis. Esta
flexibilidade é a característica do úmido em Astrologia; em contraposição ao
seco, que justamente vai caracterizar aquilo que é rígido e que ao ser dobrado
quebra como uma folha seca. Assim, o outono não é por acaso representado pela
palavra "fall", em inglês, "a queda", caracterizando a
queda das folhas que estão secas. Na sequência, depois da primavera virá o
verão, caracterizado como o período mais quente do ciclo anual, correspondendo
aos signos de fogo que são Áries, Leão e Sagitário, signos considerados,
portanto, mais expansivos, o que caracteriza o quente. Eles são extrovertidos e
também mais rígidos, porque o fogo é a mistura do quente com o seco. Logo
depois nós teremos a mistura do seco com o frio, que caracteriza o elemento
Terra e corresponde ao outono, que representa a queda das folhas que se
aproximam, assim, do elemento Terra, que é o retorno à Terra. Corresponde
também aos signos de Terra que são os signos de Touro, Virgem e Capricórnio. E
por último vem a combinação do frio com o úmido, que é o elemento água, e vai,
assim, corresponder ao inverno e aos signos de Câncer, Escorpião e Peixes.
Nesta sequência buscamos caracterizar por meio de uma analogia o ciclo das
estações do ano e compreender bem como, por exemplo os signos de ar são mais
joviais. Eles querem ser como os ventos do ar que levam o pólen por toda a
parte. Querem estar livres para voar como a borboleta de flor em flor na
primavera., a exemplo também das flores que dão, assim, o seu perfume, surgindo
as novas folhas e toda a Natureza se renova. Mas isso depende da umidade do
solo e do calor da luz solar, para que a combinação do úmido e quente traga a
expansão da vida. Admite-se, assim, que os signos de Gêmeos, Libra e Aquário,
os signos de ar, são como crianças que têm essa generosidade jovial, esse
entusiasmo curioso pela novidade e tendem a uma certa precocidade, possuindo
uma mente bastante ativa, mas ao mesmo tempo eles têm uma certa dificuldade de
se fixar, uma tendência à dispersão. Como já foi dito, o grande problema da
juventude é que apesar de ser o período mais lindo da vida, ele é desperdiçado
pelos jovens. Então, a tendência de não ter rumo, de não saber o que fazer, não
ter um alvo, não ter objetivo, é que cria as dificuldades dos signos de ar. E
os signos mais antagônicos a eles são os de Terra. Touro, Virgem e Capricórnio,
representando o outono, a polaridade exatamente oposta porque seca e fria e
correspondem de certa forma a velhice e à morte. A queda das folhas representa
o afastamento da comunicação, da vida com o mundo externo. Nós vamos verificar
que nesse ciclo o característico da polaridade oposta encontra-se entre os
elementos antagônicos. Podemos citar o exemplo da menina de Touro, que faz
àqueles desenhos no caderno e copia tudo que a professora diz, mas tem às vezes
um procedimento de assimilação cerebral mais lenta, porém, uma vez assimilado,
ela guarda e não esquece mais. Então chega aquele menino de Gêmeos, do signo de
ar, copia tudo rapidamente com a sua mente, tem memória fotográfica, e passa,
às vezes, com uma nota melhor do que a menina que escreveu tudo no caderno. No
entanto, uma semana depois da prova ele não lembra mais nada, e o nosso sistema
educacional desconsidera isso, correndo o risco de haver injustiça na
avaliação, porque a menina de Touro pode não ter tirado a melhor nota, mas
depois ela lembra exatamente tudo o que escreveu naquela prova. Existem essas
diferenças de resposta de temperamento, os antigos relacionavam o elemento ar
correspondendo-o ao temperamento chamado sanguíneo, o fogo ao temperamento
chamado colérico, a Terra ao temperamento chamado melancólico e a água ao
fleumático, porque as emoções de água são muito para dentro, introspectivas,
porém de certa forma, são muito mais sensíveis. Verificamos que os signos de Áries,
Leão e Sagitário quando chegam aproximadamente aos 21 anos se encontram no seu
apogeu, quando inicia o período da maturidade. Por outro lado, o ar e a
primavera correspondem, por analogia, assim, à Aurora e ao despertar, ao início
da vida. Os antigos egípcios representavam mais o ciclo da vida e da morte
pelos quatro períodos do dia, enquanto que os gregos representavam mais pelas
quatro estações do ano. Os gregos preferiam a primavera, o verão, o outono e o
inverno, enquanto que os egípcios representavam esse ciclo pelo dia, ou seja,
pela aurora, pelo meio-dia, pelo ocaso e pela meia-noite. Temos ainda a
correspondência com o ciclo da vida humana a saber: a primavera e o ar
correspondendo à maturidade, o outono e a Terra correspondendo à velhice e a morte
e, finalmente, o inverno e a água correspondendo ao post-mortem. Então,
Paracelso (1493-1541), o grande alquimista, faz uma analogia interessante,
dizendo que se nós quisermos assim interpretar como dominar os elementos,
precisamos antes desenvolver as qualidades dentro de nós que permitem dominar
cada um deles. Assim, para dominar os elementais da Terra, que os alquimistas
chamavam de gnomos, etc., nós teríamos que desenvolver a qualidade da
generosidade jovial, que é justamente a qualidade atribuída ao ar. Porém a
qualidade atribuída a Terra é a constância, a perseverança, e essa é a
qualidade necessária, portanto, para dominar, as sílfides e os elementais do ar
porque essa é a qualidade oposta da qual eles carecem, ou seja, a virtude polar
complementar. Talvez possamos assim melhor compreender a aplicação prática do
Princípio da Polaridade: "Tudo é duplo, tudo tem polos, tudo tem o seu
oposto, o igual e o desigual são a mesma coisa e os opostos são idênticos em
natureza, mas diferentes em grau, (e portanto eu tenho comparado como a
diferença do cubo de gelo para o vapor d'água é o grau da sua temperatura), os
extremos se tocam, todas as verdades são meias verdades e todos os paradoxos
podem ser reconciliados". Então, se eu reconciliar o ar com a Terra, eu
vou encontrar o centro do círculo, porque eu vou reconciliar o úmido e o quente
com o frio e o seco. Por outro lado, vocês compreenderão melhor o fogo se
tiverem um filho de Áries, Leão ou Sagitário. São aquelas crianças que às vezes
não querem dar a mãozinha para atravessar a rua, há nascem autossuficientes, já
parecem maduros, não querem auxílio, mas ao mesmo tempo não suportam facilmente
as limitações da velhice porque ficam muito impacientes. A maturidade é o seu
período de auge quando esse aspecto fica muito demarcado, no verão da vida
entre os 21 e os 42 anos, que é o período mais intenso atribuído ao fogo, entre
a primeira quadratura de Urano com Urano e a primeira oposição de Urano com
Urano. Urano é o planeta da mudança e tem um ciclo de 84 anos, portanto a cada
21 anos ele percorre um ângulo de 90º e produz uma crise de quadratura, uma
mudança de fase ou "estação" na vida. Depois dos 42 anos ingressamos
naquele período que corresponde à Terra. E a ideia da complementariedade é que
os signos de ar desenvolvam a constância, meditem no oposto. Da mesma forma, se
uma pessoa está muito angustiada com os assuntos do fogo e quer resultados
imediatos, ela deve se concentrar na água. A maneira que Paracelso indicava
para que uma pessoa controlasse as salamandras e os elementais do fogo era que
a pessoa desenvolvesse em si a qualidade da placidez que é a qualidade da água.
Os signos de Câncer, Escorpião e Peixes simbolicamente já nascem mortos, o que
quer dizer que eles estão mais do lado do astral, do sonho, do além, do
post-mortem do que do mundo físico, eles têm dificuldade para encarnar, de se
estabelecer no mundo físico, vivem mais no astral, no mundo do sonho ou na
imaginação. Então, os signos de água são Câncer, Escorpião e Peixes,
representam o sonho e a meia-noite, assim como os signos de Áries, Leão e
Sagitário representam o fogo e o meio-dia ou a vigília, quando a consciência
está mais desperta. Na zona de transição o ar representa a aurora e o
despertar, e a Terra representa o ocaso e o adormecer. Novamente temos um ciclo
que pode nos dar alguma informação sobre esses signos: Câncer, Escorpião e
Peixes. São mais herméticos as vezes um pouco mais desligados da matéria
imediata e mais interessados nas emoções, enquanto que os signos de fogo estão
mais interessados na ação, no ato de fazer as coisas, de enfrentar obstáculos,
porque a sua qualidade fundamental é a coragem. Portanto, para podermos dominar
as sereias ou os elementais da água, dizia o alquimista Paracelso que antes
teríamos que desenvolver a virtude complementar, que é a coragem, a virtude do
fogo. Os antigos usavam símbolos para caracterizar como se podia dominar os
elementos e as tempestades. Assim também Jesus caminhava sobre as águas, Jesus
tinha a capacidade de não se afogar nas emoções humanas. Ao contrário, nós
vemos Narciso (personagem da mitologia grega) mergulhado nas águas, apaixonado
por sua imagem refletida no espelho d'água da superfície, ele se lança e se
afoga no fundo do tanque; por outro lado, como ele é um deus e não pode simplesmente
estar totalmente morto, ele é transformado na semente do Narciso ou do Lótus,
dependendo de se tratar da tradição grega, ou egípcia e hindu. Assim, ele
ressurge do fundo da Terra que é o fundo do tanque, como a planta do Narciso
que cresce e atravessa a água, para desabrochar no ar ou atmosfera, sobre o
lago, em direção ao fogo que é justamente o Sol e sua lua, o símbolo da origem
do fogo. Aqui a senda do eterno retorno dos quatro elementos, a ideia da
ciclicidade, uma senda de queda na Natureza e outra de retorno ou ascensão
espiritual. Assim, também aí é vista a ideia de um ciclo e toda essa teoria da
periodicidade converge assim na Astrologia antiga para a visão da reencarnação,
seja como os Egípcios no retorno do novo dia, como a eles atribuíam a frase:
"A esperança de um novo dia torna belo o entardecer", ou como
proferiam os gregos no retorno de uma nova primavera depois do inverno. Por
analogia, se nós formos comparar o ciclo da árvore, por exemplo, ela
floresce na primavera, então os signos de ar são aqueles mais predispostos a
viver os ideais do pensamento, como a juventude, às vezes se contentam só como
ideal, nem sempre concretizam, nem sempre se concentram para atingir o
objetivo. Depois vem o verão quando a árvore produz o fruto. São os signos de
fogo, caracterizando a necessidade de chegar logo e objetivamente ao resultado.
Pode-se dizer que são como que mais inflamáveis, mais coléricos, mais quentes e
apaixonados por atingir seus objetivos. Diz-se que eles esquentam a cabeça que
nem palito de fósforo, então a meditação para eles é a da água, perguntando:
que diferença isso fará daqui a cem anos! Nós temos aqui neste diagrama do
ciclo dos quatro elementos uma visão de perspectiva, isto é uma imago mundi
(imagem do mundo) é uma mandala, é uma imagem das proporções das fases da vida.
E, portanto, quando olhamos uma imagem da exata proporção da vida, cada coisa
assume sua perspectiva no local adequado, na proporção certa, e disso emana uma
sabedoria e um equilíbrio no estado do espírito. O objetivo era chegar ao olho
no centro, o olho de Dagma na tradição tibetana, o "olho que tudo
vê", segundo a tradição da Maçonaria derivado do olho de Rá na tradição
egípcia. Ele é chamado de olh de Shiva na tradição hindu, a Testemunha na
filosofia Vedanta, símbolo do espírito, ele não é nem criança, nem velho, nem
vivo, nem morto, ele está além do tempo. Depois de todo o calor do verão, surge
o outono, exatamente aquele problema da velhice chegando, da limitação da
energia, nós vamos desenvolver uma mente menos dispersiva e mais concentrada.
Surge com um sentido de economia, porque a pessoa sente que o fim está
relativamente próximo e que agora é a hora de economizar porque já não existe
muito vigor para começar tudo de novo. Assim é mais fácil compreender que
Touro, Virgem e Capricórnio têm essa tendência de querer, de certa forma
proteger mais, acumular no armazém ou na despensa para o período do inverno que
está chegando, buscando fazer um planejamento e não desperdiçar. Finalmente
chega o inverno, representado pelos signos de Câncer, Escorpião e Peixes que
são mais emocionais e dramáticos, já se consideram mortos e o resto que vier é
lucro. Eles já vivem no mundo dos sonhos, no astral, porque o mundo da
realidade é muito pesado para ser suportado por eles. Esses signos de água não
têm a mesma praticidade, já são mais emotivos e portanto de alguma maneira mais
sensíveis, mais artísticos, filosóficos ou românticos. Essas ideias todas
caracterizam que a árvore, depois de ter florescido na primavera, a partir
daquelas flores assim já fecundadas, tem frutos no verão. Depois caem os frutos
e as folhas no outono e se vive do que se acumulou, e finalmente no inverno,
quando a árvore não tem mais folhas, pergunta-se: Ela está morta? E, no
entanto, nós vamos ver que quando surge a primavera seguinte, surgem novos
brotos. Portanto a vida estava ainda concentrada no caule, e principalmente na
raiz durante todo o inverno, recebendo apenas a água por baixo da Terra, e
reprocessando o amido acumulado, transformando-o com a água em nova seiva para
nutrir as novas flores e folhas da primavera seguinte. Daí provém a ideia dos
antigos que assim associava o símbolo da reencarnação com a nova primavera que
surge depois do longo inverno. Assim também a criança pequena se surpreende
quando surgem os novos brotos verdes da primavera, surge uma nova vida de uma
árvore que já parecia morta. Ela estava apenas, como é próprio da água,
recolhida na interioridade da sua emoção, ou no plano astral, digerindo aquilo
que foi acumulado como experiência nas estações anteriores. Assim, por exemplo,
o Escorpião, que é um signo fixo da água, representa exatamente a questão da
morte e do processamento purgatorial pelo animal escorpião e assimilação
celestial pela fênix que renasce das cinzas, como já vimos. Os signos d'água
são signos assim, digestivos, e estão representados a assimilação desses
nutrientes que a experiência da vida nos traz. Então essa tradição milenar da
Astrologia nos fala de que a cada vida, em cada reencarnação, vamos nascer num
signo com um determinado Mapa Astral, correspondendo exatamente ao chamado da
Parca (mitologia clássica- cada uma das três deusas – Cloto, Láquesi e Átropos
- que determinam a vida humana) do passado, a Virgem Láquesis como descreve
Platão (428-348) em A República: "Essa é a palavra da virgem Láquesis,
filha da Necessidade. Almas efêmeras, eis que começa para vós um novo ciclo de
vida mortal. Não é o fado que vos escolhe, e sim vós que escolheis o vosso
fado. Que o primeiro indicado pelo sorteio seja o primeiro a eleger o seu
gênero de vida, ao qual ficará inexoravelmente unido. A virtude é livre; cada
um participará mais ou menos dela conforme a estima ou o menosprezo em que a
tiver. A responsabilidade é de quem escolhe: Deus está inocente nisso". A
virgem Láquesis representa o passado, ou seja, que nós fazemos
inconscientemente a nossa escolha pela Lei do Karma ou no passado, gerando as
consequências que aparecerão no Mapa Astral na vida seguinte, e portanto nós
lembramos também do que dizia São Paulo:em Gálatas 6,7 "Não vos enganeis
porque de Deus não se zomba, tudo que o homem semear, isso também ele
colherá". Então, pela maneira que os Astros se apresentam no instante do
nascimento, nós podemos ter uma noção do tipo de destino básico ou Karma maduro
que aquela vida terá, correlacionando Astrologia, Karma e livre-arbítrio.
Assim, pela escolha que nós fizemos no passado dessas tendências de
temperamento derivam os nossos destinos. Porém, nós podemos pelo
autoconhecimento, pelo conhecimento dessas tendências, aprimorar a nossa
Natureza, minimizar o nosso sofrimento, e tornar a nossa vida assim mais plena,
mais radiante, mais amorosa e útil a todos ao nosso redor, pela irradiação da
nossa plenitude e alegria. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de
Mistérios. Abraços. Davi.
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