Gnosticismo.
Por All Onaissi. Não há nada mais delicioso que a aventura do encontro de duas
almas que se amam. A emoção que invade o coração do homem e da mulher
enamorados é de importância vital para o êxito do relacionamento tântrico
alquímico. Os homens que influíram nos destinos da humanidade, que
desenvolveram grande sensibilidade e que chegaram a alcançar grandes triunfos,
sempre tiveram, em suas vidas íntimas, musas inspiradoras que os estimulavam a
criar uma metafísica erótico espiritual refinada, que incluía encontros secretos,
doces poesias, anelos transcendentais, juramentos, olhares furtivos, a ânsia de
união das almas e muito mais (…). Esses componentes altamente estimuladores que
conduzem o ato sexual ao êxtase, convertendo-se numa grande celebração da alma
e do corpo, estão comprometidos, em plena extinção, talvez pelo ritmo
alucinante da vida moderna, ou simplesmente pelo processo decadente da
humanidade. É realmente irônico e paradoxal que justo agora que se vive um
clima de liberdade sexual sem precedentes na história da humanidade, o sexo de
uma forma geral está sendo absurdamente mecanizado e desfigurado com relação à
sua origem sagrada. Viver momentos de êxtase prolongado com descontração
paradisíaca, viver momentos de paz nos braços da mulher amada ou é coisa do passado
ou no mínimo ocorre de maneira fugaz, sem profundidade, sem magia,
excessivamente fácil. Os beijos e carinhos se banalizaram tanto que quase já
não produzem assombro. Sem dúvida, a mídia e outros meios de comunicação
modernos, têm contribuído muito para a robotização do amor. Parece que há uma
constante busca de modelos humanos perfeitos. Homens que se apresentam sempre
fortes, simpáticos, sorridentes, musculosos, vencedores, altamente sedutores,
infalíveis, super-homens que deixam as mulheres fascinadas, mergulhadas nas
mais absurdas fantasias eróticas e românticas. Elas sonham em ter um homem
desses, mas na verdade, só existe nas telas de televisão e nos cérebros dos
seus inventores. O mito de perfeição com relação à mulher é maior ainda. Não há
comercial nem programa de televisão de sucesso sem a presença de uma musa
perfeita, sensual, provocante, bonita, que promete delírios e projeta tremendas
fantasias nas mentes masculinas. Essas fantasias significam enormes gastos de
energia intelectual, emocional e sexual que efetivamente reduzem as
possibilidades de êxito no relacionamento amoroso. Os chamados símbolos sexuais
são responsáveis pelas grandes desilusões do homem e da mulher. Eles diminuem a
capacidade de transcendência na união. Escravizam os sentidos com relação ao
mundo das formas, que está em constante metamorfose, fazendo da beleza física
algo efêmero e passageiro. Essa excessiva identificação com o mundo das formas
dificulta a percepção da beleza da alma, que sendo imortal deveria ser o elo principal
da união amorosa. Uma das chaves mais simples para se compreender os dramas
conjugais se encontra no fato de que os egos se odeiam enquanto as almas se
adoram. Nos relacionamentos modernos é praticamente impossível fazer prevalecer
a alma. Quem impera, aliena e escraviza é sempre o ego. Quantos casais se unem
levados pela chama ardente do amor que nasce do fundo da alma, se adoram e
acreditam que nada nem ninguém poderá separá-los? Quando menos esperam são
traídos pelo inimigo secreto, o ego, essa legião de agregados psicológicos que
destrói a beleza do amor puro e inocente. Essa é a consequência da saída do
Éden espiritual, terrível sequela deixada da nossa inconsciência, resultado de
termos abandonado no passado a sabedoria dos Deuses. O tantrismo branco, o
Kriya Shakty, é o alicerce, o fundamento básico da sabedoria milenar dos
Deuses. Para o êxito no amor tântrico, necessita-se de elevada sensibilidade
física e psíquica, de capacidade de entrega total, muita renúncia, ausência de
tensões e máscaras psicológicas que inibem e reduzem o prazer e impossibilitam
a vivência do êxtase. Por motivos já antes considerados, homens e mulheres
recebem continuamente através dos meios massivos de comunicação centenas de
impressões que provocam uma ansiedade que gera incerteza no êxito da relação
sexual, uma insegurança fatal que reduz a sensibilidade e o desempenho sexual.
A prática da magia sexual branca é frutífera quando há muita confiança e
intimidade entre os amantes. Também é preciso muita amizade, respeito mútuo,
admiração, entusiasmo e carinho pelo parceiro. O encontro das almas será tanto
mais profundo e duradouro quanto menor for a ingerência do ego. O clima
propício para a magia, que é física e de almas, se consegue com muito diálogo,
uma convivência parcimoniosa sem exageros, e um saudável namoro. Não há normas
a seguir e deve-se evitar os programas preestabelecidos pela mente que nos
torna frios calculistas, verdadeiros autômatos. O grande comandante deverá ser
sempre o velho coração, essa voz silenciosa que encontra a medida certa, o
momento adequado e cria as circunstâncias apropriadas para a celebração desta
grande festa do amor. Para se criar um elo de ligação entre os primeiros
encontros, o namoro e a união física completa, em vários textos tântricos
tradicionais se recomenda ao casal a prática do método Diana. O termo Diana,
origina-se do nome da deusa grega da castidade e trata-se de um método de
adaptação através do qual o casal aumenta consideravelmente o seu magnetismo e
ao mesmo tempo cria uma intimidade especial, superando-se aquele estresse
acompanhado de temores e angústias tão comum nos primeiros relacionamentos
físicos, nas primeiras uniões sexuais. Um dos maiores obstáculos para o casal
alcançar a plenitude amorosa e o êxtase sexual é, sem dúvida, a expectativa
criada no período que antecede a cópula física. As fantasias sexuais, as
incertezas com relação à consumação do ato dentro dos padrões desejados, a
possibilidade de não agradar seu parceiro, etc, normalmente consomem uma
considerável quantidade de energias. Na prática do método Diana, os parceiros
usufruem de contatos corporais íntimos, repletos de carícias e estímulos
eróticos, sem a conexão dos órgãos sexuais e evidentemente sem a perda das
energias, mas sim transmutando-as intensamente. De comum acordo, os parceiros,
ao praticarem o método Diana, estarão aliviando consideravelmente a carga
emocional do primeiro ato fazendo desaparecer a preocupação pelo desempenho. O
elemento surpresa vai diminuindo pouco a pouco. O homem vai paulatinamente
descobrindo o corpo da sua companheira e vice-versa. Isso permite que o início
da prática tântrica propriamente dita se realize sem traumas, de uma forma
natural e espontânea. O método Diana vitaliza o organismo, aviva o fogo criador
e o fogo da mente. O corpo irradia magnetismo por todos os poros. Esse
magnetismo preservado pela ausência do orgasmo fisiológico se multiplica e
reorganiza todas as células do organismo. É evidente que esse método deve ser
usado temporariamente, como um processo preventivo de adaptação, até que o
casal sinta segurança e serenidade para a conexão sexual. Quando houver um
excesso de excitação da libido sexual, recomenda-se a realização de exercícios
respiratórios especiais com a finalidade de acelerar o processo de transmutação
das energias. Claudio Carone. Livro Tantra – Arte e Refinamento do Amor.
www.gnosionline.com.br.
Editor do
Mosaico. Presumo que está claro aos leitores do Mosaico, que toda prática
tântrica realizada apenas com a finalidade de prazer sexual, foge ao verdadeiro
pressuposto dos principais textos dessa tradição. Nada é mais temerário e
perigoso que usar a religiosidade para fins egoístas e mesquinhos. Levando o
suposto adepto ao extremo da luxúria, concupiscência e lascívia. Expondo sua
mente e corpo ao uso indevido dos Asuras - demônios
- que aproveitando dessa abertura proposital ou premeditada do indivíduo, usa-o
como instrumento de sua involução na licenciosidade e perversão. Aos que
desejam a prática benéfica e saudável do Tantra, recomendo procurar um Yogue ou
Guru conhecido e respeitado em sua região. Ou livros indicados por estudiosos
do assunto como Yogues conhecedores dos exercícios espirituais dos Upanishads, Yoga Sutra, Vedas e Bhagavad Gita.
Não é aconselhável fazer esses exercícios com psicólogos ou terapeutas - que
dizem conhecer a teoria do Tantra - dentro da perspectiva de melhora da
incontinência e disfunção sexual, seja individual – solteiro - ou matrimonial -
conjugal. Faz-se necessário uma averiguação e certificação quanto a esses profissionais
se estão mesmo dentro do espírito místico da tradição. Ou apenas aproveitam desse milenar
conhecimento para usurpar - deturpando o direito sagrado que todos temos de
acessar o divino em nosso interior, em santidade e pureza, nas variadas formas
que se apresenta. O suposto profissional pode estar enganando a si mesmo, e
posteriormente ao incauto indivíduo, que nem imagina os perigos que pode estar
sendo exposto. Além de solicitar a credencial de qual escola budista, hinduísta
ou tantrista o suposto especialista fez seu curso ou formação. Isso é
fundamental para a certeza de que você está se associando a um empreendimento
místico que evoluirá sua alma eterna pela Senda Espiritual. Isso é o que
sumamente tem importância, nosso desejo e vontade de encontrar o Divino em
nossos exercícios espirituais e meditativos. Precisamos ter consciência que
nossa meta é o nirvana (iluminação) ou samady (despertar). O Yogue ou
Guru que domina as técnicas tântricas através da sabedoria e compaixão acessa e
distribui ordenadamente os vários conhecimentos, sem nenhuma usura financeira.
Disponibilizando aos que realmente desejam assumir uma disposição de busca,
abnegação e altruísmo na sua espiritualidade. O Tantra objetiva, em primeiro
lugar, uma vida de pureza e santidade, caso exista interesse real na prática
desses exercícios. Seu uso deverá ser eminentemente dentro da perspectiva
espiritual do conhecimento de Brahma,
a Consciência Cósmica, o Logos Divino que está em tudo e em todos. Bem como a
iluminação e o despertar búdhico que é
inerente ao nosso ser individual. Elevando nossa alma ao Nirvana e Samadhy. Espero
que os leitores ponderem e reflitam antes de qualquer decisão a pratica desse
salutar e higiénico exercício espiritual. Anamaste. Abraço. Davi.
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