quarta-feira, 29 de novembro de 2017

UM SENSO DE VALORES.

Espiritualidade. Texto de N. Sri Ram (1889-1973). Somente quando começamos a considerar os VALORES que consciente ou inconscientemente, atribuímos aos elementos que penetram nossas vidas, é que começamos a viver de maneira inteligente. Mas a faculdade de um exame assim ainda é rara e, comparativamente, poucos indivíduos a possuem, embora a influência dessas pessoas estenda-se a um círculo cada vez maior, segundo o grau de seu dinamismo e o modo como sua influência é propagada. O tempo presente é caracterizado, entre outras coisas, por uma busca de CORAÇÕES E VALORES mais ampla e mais intensa como jamais se viu. Todas as pessoas em todo o mundo estão agora numa situação em que existe a necessidade de uma radical CONSTRUÇÃO DE VALORES - que são as coisas nas quais acreditam e mais prezam - não tanto como uma questão de teoria, mas como é mostrado em sua conduta prática habitual. O CRISTÃO médio pode professar acreditar nos sublimes ensinamentos do SERMÃO DA MONTANHA (evangelho de Mateus 5 - 7), contudo a fé que verdadeiramente governa sua conduta pode ser vista no seu lar, seu jornal, seu escritório, clubes e campo de batalha. O mesmo se dá com relação àqueles que professam OUTRAS RELIGIÕES. As guerras mundiais (Primeira Guerra Mundial 28 de julho de 1914 - 11 de novembro de 1918; Segunda Guerra Mundial 1º de setembro de 1939 - 2 de setembro de 1945) pelas quais passamos. As atuais condições mundiais (ameaça de guerra nuclear - protagonizadas pela Coréia do Norte e Estados Unidos da América) e o perigo de uma outra catástrofe, mesmo excedendo em magnitude a última. Tudo combina para fazer pensar na questão dos VALORES que são verdadeiros e que devemos esforçar-nos por manter em nossas vidas, eliminado as ILUSÕES. Dinheiro, poder de todo tipo, pompa e circunstância, vários prazeres e satisfações, todas essas coisas obviamente são tentadoras e são buscadas com energia febril. Elas são os VALORES QUE DETERMINA NOSSA CONDUTA diária lado a lado com qualidades tais como liberdade, verdade, respeito pela lei, dever, lealdade, gentileza, beleza e justiça, que ainda são nossos ideais. Mas esses VALORES dependem da verdadeira estima que o indivíduo neles deposita. Neste, como em outros aspectos, evoluímos apenas pela experiência como indivíduos e como sociedade, e nosso crescimento é registrado pelos VALORES QUE MOTIVAM nossas ações. OS VALORES DE UMA SOCIEDADE primitiva são muito diferentes dos de uma sociedade influenciada pelas artes, pelos padrões de um modo de vida mais complexo e pelos efeitos das instituições estabelecidas. VALORES EXISTEM em toda sociedade e subjazem a psicologia e ao comportamento das pessoas que a compõem. O que esses VALORES na verdade são pode ser visto a partir de suas vidas, e são uma herança de sua história cultural e social prévia. OS VALORES que subjazem seu modo de pensar e motivos são aqueles ESTABELECIDOS POR SEUS LÍDERES E HERÓIS. São também o produto de suas próprias tentativas e de seus experimentos. É preciso tempo para provar todas as coisas, para filtrar o VERDADEIRO DO FALSO, daquilo que incrementa a vida e daquilo que a destrói. Entre as nações do mundo, o povo INDIANO, e também o CHINÊS, tem um SENSO DE VALORES DESENVOLVIDO através de uma longa história de raciocínio e realização, que está refletida em sua filosofia e literatura, em suas instituições sociais e costumes, e em todo seu modo de vida. É verdade que, através de longa aceitação, esses VALORES tornaram-se convencionais e de algum modo perderam sua importância viva. O ideal de AHIMSA (não causar o sofrimento de outro ser - através deste comportamento acredita-se atingir uma relação mais harmoniosa com o Universo) ou NÃO VIOLÊNCIA, por exemplo, de Mahamat Gandhi (1869-1948), que foi um expoente tão notável. Por mais que possa ser incompreendido ou até mesmo violado na prática, é o produto de certo reconhecimento que jaz nas profundezas da mente do indiano, moldada como tem sido ao longo de milhares de anos. Todo o conceito de DHARMA (aquilo que mantém o indivíduo elevado - Lei natural ou Lei cósmica) colocado perante os INDIANOS pela tradição e por seu código sócio religioso está fundamentado num certo conjunto de VALORES. Concebido com referência a seus efeitos e repercussões de longo alcance - esse alcance cobrindo, segundo a filosofia INDIANA, não apenas uma vida, mas uma sucessão de vidas reencarnadas. E preocupado não apenas com ganhos e perdas, prazeres e dores temporários do homem, mas com sua felicidade permanente e seu progresso rumo a emancipação final da dor. As duas Guerras Mundiais ocorreram para a libertação de indivíduos, tanto quanto de nações, para viverem suas vidas a seu próprio modo sem serem molestados. Sem preceitos ou MEDO de VIOLÊNCIA, para pensarem seus próprios pensamentos e exprimi-los, desde que sejam compatíveis com o gozo de IGUAL LIBERDADE para OS OUTROS. Essa LIBERDADE tem sido comprada com sacrifícios sem precedentes na história humana. Aqui obviamente, está um princípio cujo valor, para a felicidade duradoura de toda a raça humana, tem sido exaltado e fixado por amplo consenso. E tornado a tônica de uma escala de valores por meio da qual as expressões de vida humana devem ser moduladas e governadas. Esta escala de VALORES afeta todas as fases de nossa vida. Tomemos como ilustração a INFÂNCIA e o problema da educação para a máxima aptidão em sua vida posterior. Reconhece-se, cada vez mais, que quase toda CRIANÇA possui em si a semente de uma UNICIDADE que se desenvolvida será a sua posse e contribuição mais preciosa para a cultura de sua sociedade. Pois essa originalidade em seus primórdios - até  mesmo mais do que em suas manifestações posteriores mais pronunciadas e estabelecidas - tem um valor todo próprio. Conformidade foi uma virtude quando foi preciso estabelecer a existência de Leis Naturais invioláveis. Havia respeito pelas leis, que na ordem natural eram invioláveis, e que eram igualmente a base de uma ordem justa e estabelecida na sociedade humana. Isso representou um VALOR ESSENCIAL para o crescimento e a felicidade individuais, e jamais as transcenderemos. Mas, se o promover a conformidade de qualquer sistema de pensamento estabelecido, seja corporificado na educação ou em qualquer outro ramo de nossa ordem social, limitarmos o livre movimento do pensamento, sua expressão própria e livre exploração. Mataremos toda possibilidade de originalidade e variação, e em vez de servirmos à causa da vida - que é a causa de deleite e expansão - serviremos a meta de petrificação e morte. Assim, em qualquer sistema expansivo com uma escala de VALORES UNIFICANTES - unificantes no sentido de criar ordem e harmonia, e não caos e discórdia - a individualidade, seja da criança ou do cidadão adulto, deve ter seu próprio lugar e VALOR FUNDAMENTAIS. Existem certos VALORES que duram para sempre; mas todos estão resumidos na mais elevada felicidade humana atingível na Terra. Uma vez que cada homem (na verdade cada forma animada) busca mais vida - e a felicidade experimentada no fluxo da vida - a busca instintiva por esse objetivo não é incompatível com os VALORES que promovem a felicidade Universal e individual. E o aumento de vida expresso, não em parasitismo, mas em criatividade e contribuição para o bem geral. Na verdade, qualquer civilização que corporifique VALORES assim não precisará ser mantida por supressão ou força, pois servirá às necessidades fundamentais do povo que dela participa. Numa civilização assim se pode confiar que cada indivíduo aceitará esses VALORES por suas próprias observações e experiência. Não precisam ser-lhe impingidos pelos métodos adotados em estados autoritários para condicionar as mentes de seu povo. Uma Lei verdadeira precisa apenas ser enunciada no estabelecimento dos fatos que ela ilumina e resume. A Segunda Guerra Mundial, enquanto durou, elevou o contraste entre os ideais defendidos pelas nações combatentes respectivamente. Foi uma época de TENSÃO, de VISÃO E VALORES EXACERBADOS. Quando VIDA, FELICIDADE e FORTUNA eram largamente sacrificados, não se podia FIXAR VALOR mais elevado à causa do que essas bênçãos, normalmente tão estimadas em tempos de PAZ. Mas os VALORES experimentados quando os fios da consciência humana são tensionados e depois erguidos para REVERÊNCIA, estão prontos para se dissolver quando o momento tiver passado. E houver não apenas reversão à estreiteza de nosso viver trivial, mas até mesmo uma reação pela tensão imposta pelo esforço. Numa era de contatos fugazes, de competição incessante e dura, é mais difícil do que sempre foi, para qualquer indivíduo, ver com clareza e manter seu SENSO DE VALORES. Todavia, os verdadeiros VALORES constituem o ÚNICO MAPA e BÚSSULA que possuímos para alcançar nossa META ÚLTIMA. Livro O Interesse Humano. Abraço. Davi.

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