segunda-feira, 30 de outubro de 2017

MARY AND MAX.

Filme. A ANIMAÇÃO MARY AND MAX - Uma Amizade Diferente (2009) do diretor e roteirista Adam Elliot (1944-  ), apesar de aparentemente  insinuar tema infantil, é um drama mais para adolescentes e adultos. Ao assistir a pelica, recordo-me das aulas de graduação em filosofia na Universidade de Brasília – Brasil  pela disciplina chamada Existencialismo. Foram ministrada pelo professor Júlio Cabrera, um simpático argentino radicado no Brasil, que com doutorado conhece profundamente a cátedra do magistério. Ele usou nesse semestre dois autores latino americanos: Ortega y Gasset (1883-1955) e Miguel de Unamuno (1864-1936). No primeiro foi abordado o livro Meditações de Quixote, de Miguel de Cervantes (1547-1616) onde as alegorias de Dom Quixote e Sancho Pança eram refletidas a luz do existencialismo. Uma tarefa não muito fácil, pois as imaginações de Quixote extrapolavam o campo da realidade como factíveis. Exemplo temos: observava os moinhos de vento considerando-os como dezenas de gigantes. Após caminhar por horas e horas, debaixo do sol ardente, Quixote chega a uma pequena loja medieval, que considera como um grande castelo. Ao encontrar-se com um grupo de comerciantes, os vê como seus adversários, lutando contra eles  é agredido. A sobrinha de Quixote, queima todos os seus livros que falam de cavalaria, concluindo que eles são a causa da loucura de seu tio. Entre as aventuras e desventuras, Dom Quixote e seu amigo Sancho Pancha receberam algumas vezes – pauladas, pedradas, vários enganos, confusões e surras. Seus amigos tentaram fazê-lo voltar à sua fazenda, mas nada adiantava já que ele tinha uma grande missão – a defesa da pátria espanhola. Perto dos moinhos, Quixote delirava ao lembrar de sua deusa Dulcinéia Tobosa. Ao encontrar dois rebanhos de ovelhas, imaginou-os como exércitos com armas e generais. Dom Quixote era um Fidalgo filho de pais ricos. No entanto, durante sua vida ele foi perdendo sua riqueza, pagando dívidas e comprando livros. Nessa caminhada de encontro a si mesmo, prejudicou muitas pessoas e auxiliou física e financeiramente outras tantas. Do segundo autor, se abordou a obra Do Sentimento Trágico da Vida. “É uma sinuosa viagem pelas mais fundamentais angústias do homem – não o abstrato, o espírito metafísico, mas o homem de carne e osso que nasce, sofre e morre; tendo que lidar com a consciência de seu fim. Abordando de Santo Agostinho (354-430) a Friedrich Nietzsche (1844-1900). Unamuno toma liberdade de poeta para elaborar um pensamento sem perfeição lógica, ou sistêmica mas intencionalmente contraditória. São reflexões de um ser dividido entre o que vive – a Fé, a crença na eternidade – e o que pensa a razão que tudo destrói. Sem que um passe sem o outro, é o sentimento trágico, o grande dilema da humanidade. Assim Unamuno acessa toda falta de sentido moderna, fatal ao nosso mundo, e principalmente a Espanha do começo do século XX. Arrasada pelas guerra e golpes que culminaram no fascismo de Francisco Franco (1892-1975), a melancolia com a insignificância do seu presente, comparada a glória dos tempos da Monarquia. As obras citadas tem tudo a ver com a animação na perspectiva da existência humana com seu paradoxo, incompreensão, fantasia e perguntas que não podemos responder. Mary e Max é a história de dois amigos, no mínimo excêntricos, pois ele mora nos Estados Unidos em Nova Iorque e tem mais de quarenta anos de idade. Ela mora na Austrália em Melbourne, tendo apenas oito anos. As idiossincrasia mostradas no drama pelos personagens, são a realidade exposta de nosso cotidiano humano – sobre humano, sob humano e desuhamano. Os tediosos dias vividos por Mary em sua bucólica cidade, expressavam sua solidão e recolhimento, assistindo seu desenho favorito os Noblets. Criando seus próprios brinquedos com sucata, e dialogando com seu galo que tanto apreciava chamado Ethel. Na escola, Mary, recorrentemente sofria bullying (atitude verbal agressiva, física ou psicológica) dos colegas por ter uma mancha na testa. Um dia, seus colegas de sala, tomaram o seu lanche e o esconderam, destruindo-o depois. Muitos de nós já enfrentou situações parecidas em nosso tempo de infância, e, sabemos, como foi difícil suportar o infortúnio, principalmente quando era coletivamente realizado. Algo entristecia Mary – o não ter amigos, e a indiferença de seus pais em relação a ela que era filha única. Como podemos avaliar nem todos tivéssemos país e mães ternos e lisonjeiros. Há sempre aqueles filhos, que foram agredidos e ultrajados, pela ignorância expressa na violência de pais narcisista e inconsequente na criação e educação familiar. Mary não chegou nesse estágio, mas os desajustes no lar produziu uma personalidade fraca e problemática para enfrentar a dura realidade da vida. Falamos assim, como se soubéssemos o limite da normalidade e patologia, que stricto senso, nenhum psicólogo teria a coragem de mensurar. O materialismo, racionalismo e a técnica cientificista ainda não elaborou esse limite, que não é objetivo, mas subjetivo e inconsciente. Entretanto, suponho, que os fatos bons ou maus que vivenciamos ou presenciamos na primeira infância e adolescência, acabam forjando nosso caráter e personalidade. Do outro lado do mundo, morava Max, um excêntrico judeu quarentão com costumes estranhos e que lutava para superar uma doença congênita chamada Síndrome de Asperger (Transtorno Global do Desenvolvimento, TGD, resultante de uma desordem genética muito semelhante em relação ao autismo). Morava com alguns animais que dividia com ele seu apartamento. O periquito Mister Cookie, o gato Hal e alguns peixinhos. Hal costumava estar em todos os cômodos da casa, sempre de olhos nos peixinhos, que aguardava uma oportunidade para abocanha-los. Entretanto não foi necessário, todos morreram misteriosamente. Max tinha um amigo imaginário por nome Ravioli. Os dois viam-se em conversas sobre a condição de Max, principalmente, sua obesidade mórbida. Quantos de nós trabalhamos dietas mirabolantes, que até enganam por certo tempo, contudo ao final do interregno, entre o sobre peso e o peso, começamos novamente o processo de aumento da gordura excedente. Disciplina, motivação e risco de doenças precisam ser estimuladores da luta contra o excesso de peso. Max e Mary coincidiam em alguns pontos: o desenho preferido, o vício por chocolates e o isolamento comportamental. Mary tinha uma família no mínimo incomum (desajustada), parecida com muitas das que somos agraciados, devido ao carma passado que pela Lei Divina devemos corrigir no renascimento futuro. Sua mãe era viciada em cherez, uma bebida forte de origem espanhola, e periodicamente, Mary a encontrava bêbada em casa. Imagina uma situação como esse que possivelmente poderíamos viver. Como encarar uma dificuldade semelhante, que nos trouxe ao mundo? Mãe e filha foram comprar mantimentos para casa, e de repente, sua mãe sabendo que o dinheiro era insuficiente para adquirir o que desejava, roubou alguns produtos escondendo-os em sua roupa de baixo. Acontece que o dono do estabelecimento comercial percebeu o furto, e tentou pegá-la, todavia ela conseguiu fugir com Mary que ainda era uma adolescente. Mary aproveitou a oportunidade, que estava num mercado, para consultar um catálogo telefônico, e como procurava um amigo para se corresponder, encontrou o endereço de Max Jerry Horowitz de Nova Iorque anotando-o para escrever posteriormente. O pai de Mary trabalhava numa fábrica de produtos enlatados em série. A seção onde desempenhava suas funções o deixou extremamente metódico, e por anos a fio, repetia as mesmas coisas dentro de sua própria casa, se afastando da mulher e filha; vivendo um mundo totalmente aparte dos familiares. Parece que em realidade, muitos de nós já viveram esta situação. Quantos membros de família vivem em suas casas como ilhas, isolados, cada qual em seu mundo. Sem uma relação de sentimento e afeto saudáveis. O pai de Mary tinha um estranho costume de colecionar animais empalhados. Algo que, ao vermos mesmo no cinema, ficamos perplexos e uma sensação de compaixão nos vêm à tona. Imaginamos como a crueldade humana é capaz de tamanho hedonismo. Como todos morremos, mais cedo ou mais tarde, os pais de Mary falecem. Sua mãe, infelizmente, devido ao tédio e melancolia, toma uma dosagem exagerada dum suposto antidepressivo vindo a óbito. Seu pai, após a aposentadoria, não tendo nada que fazer e inventando situações, resolve procurar raridades à beira mar. Ai uma descarga elétrica, em noite chuvosa, o apanha tendo morte instantânea. As duas vicissitudes foram terríveis para Mary, que encontra num vizinho, que tornou-se seu amigo, um ombro amigo para suportar tamanho infortúnio. Esse seu vizinho por quem Mary acaba se apaixonando, é alguém esquisito, visto que, tinha uma expressiva gagueira, mal pronunciando as palavras e de conduta patologicamente suspeita. A fragilidade de Mary incitou-a tomar decisão pelo casamento com esse sujeito suspeito, e como esperado, durou pouco tempo. Ele aparece na casa de Mary dias depois das núpcias, dizendo que viajará  para outra cidade à encontrar um amigo de infância. O drama traz o tema das patologias do inconsciente relacionadas à neurose, e em alguns casos, a psicose que se manifesta na fragmentação da personalidade. Nesse caso, o indivíduo perde a consciencia do eu pessoal, tentando viver sua parte psíquica separada de seu ego. Esse evento é um dos mais forte da animação, levando Mary à uma angústia e desespero profundo. Ela tenta o suicídio, subindo em uma cadeira com uma corda presa ao pescoço. Entretanto, milagrosamente, antes de se lançar ao chão, seu gato de estimação Ethel surge no momento oportuno para evitar a tragédia. O gato vêm lhe avisar que o carteiro chegou ao portão do quintal, trazendo uma correspondência. Todas as tradições e filosofias religiosas condenam o suicídio, e com razão, pois segundo o ocultismo, aquele que atenta contra sua vida traz para si disciplina cármica em outras vidas. Além de sofrer com o tempo em que demorará para desencarnar sua personalidade que o torna escravo de si mesmo. Esse é um período de extrema dor e fustigamento em seu corpo sutil – etérico, mental e astral, rememorado em sua sensação e emoção. Também seu descanso no devachan (céu) é abreviado, como correção de tal atitude egocêntrica e mesquinha. Acaba renascendo com brevidade, tendo que pagar dividendo extra como motivo de sua auto imolação. Os suicidas tornam-se almas penadas, (involução espiritual) que atormentam e perturbam pessoas vivas e mortas nos mundos consciente e inconsciente. Assim tal atitude é totalmente reprovada e rejeitada pela espiritualidade superior comprometida com a evolução dos seres humanos e não humanos rumo ao nirvana – iluminação e samadhi – despertar. Max também têm suas dificuldades e não são poucas. Quando criança sofre um trauma onde é perseguido por uma ave que lhe tenta ferir. Como é judeu confesso à fé e crença em Elohim o D’us Uno e Incognoscível, usa o kipá (o significado dele é “arco” que fica compreensivo quando pensamos sobre seu formato. O kipá é um lembrete constante da presença de D’us. Relembra o homem de que existe alguém acima dele, que há alguém maior que o está acompanhando em todos os lugares, e está sempre o protegendo, como o arco, e o guiando)                 sobre a cabeça. Ao terminar os estudos seculares, Max começa a questionar pontos de seus dogmas, duvidando da pessoalidade de Yavéh, todavia reconhecendo que ele está em tudo e em todos. Tem manias obsessivas devido a sua doença. Comia compulsivamente, estava sempre preocupado com seu peso – regularmente subindo à balança, averiguando se perdera alguns quilos. Sentia nervosismo, rangendo os dentes, quando alguma coisa trouxesse preocupação à ele. Quantos de nós temos algum tipo de anomalia psíquica, que só com terapia ou análise temos condições de controlar, contudo a cura, não é uma realidade nesse caso. A terapia leva-nos a aprender a lidar com a situação de maneira consciente. O perfeccionismo de Max querendo consertar o mundo, o levava a brigar com os mendigos nas ruas de Nova Iorque, que mesmo pedindo esmolas eram capazes de jogar grandes quantidades de ponta de cigarros na rua. Essa situação levou Max a recorrer as autoridades da cidade para que tomassem providência. Tinha o costume de olhar ao espelho e deduzir que estava doente. Quantos em nossa sociedade estressada e deprimida são hipocondríacos vendo doença – na situação mais trivial da vida. Desde que elas lhe cause impaciência e desespero físico ou psicológico. Max tirou seu tempo de serviço militar, trabalhou numa fábrica e nos tempos da Guerra Fria, foi confundido por autoridades policiais como um simpatizante do fascismo, regime autoritário italiano ou comunista. Isso causou-lhe receio em se socializar com medo de, talvez, ser preso a qualquer momento. Uma herança do antissemitismo – entranhado no mundo capitalista como o mito do “bode expiatório”; alguém deve ser culpado pelo que de mal está ocorrendo. Aqui poderíamos pensar na Síndrome do Pânico, um mal que afeta milhões de pessoas pelo mundo a fora, em especial no Ocidente. Em seu apartamento vivia com uma doméstica cega, que mal cuidando dela mesma, fazia a comida para Max misturando os mantimentos; até deixando objetos nas vasilhas. Max jogou na loteria americana por anos os mesmos números, e, num belo dia, foi contemplado com o prêmio máximo. Distribuiu a fortuna com os amigos: sua criada cega, uma amiga dançarina e doou parte para uma instituição que cuidava de animais. O drama não detalha o resultado daqueles que ganharam os valores, mas a cega logo morreu, a dançarina acabou com a quantia em pouco tempo com viagens e prazeres mundanos. O que receberá o dinheiro pra cuidar dos animais, desviou os recursos para seu benefício pessoal. A ideia passada é que o dinheiro, mesmo as grandes fortunas, não trazem felicidade, pelo contrário, em muitos casos, preocupação, tristeza e sofrimento. Max não foi um bom gestor da fortuna ganha com a premiação. Precisamos com responsabilidade administrar nossos recursos sejam muito ou pouco, tendo critérios para ao distribuí-los, se for o caso, aos necessitados e pessoas que cuidam da fraternidade humana. A amizade de Mary e Max foi construída com essas vicissitudes existenciais. Eles começaram a se corresponder; e no início tudo corria bem e questionamentos e respostas eram sempre bem recebidas e aceitas. Mary pergunta a Max donde vêm as crianças? Como judeu e conhecedor dos princípios da Cabalá, Max não usou o senso comum, descrito na Bíblia, para dizer apenas que isso ocorria quando uma mulher e um homem se juntavam sexualmente vindo a gravidez, gestação e o parto. Ele sabia que Mary, por ser criança, ainda fantasiava o nascimento. Também havia conceito do Criacionismo como semente do cristianismo. Assim elaborou uma alegoria na qual mostrou o advento humano relacionado a Evolução da espécie até chegar na humana. Esse ponto é sugestivo, pois no Ocidente apenas o conceito Criacionista é hegemônico. Inclusive nas escolas que são as formadoras de opinião, além das Escrituras Sagradas que carregam o monopólio da autoridade, vendo literalmente a formação do mundo e dos seres nele existentes. Contudo isso tem mudado com o Papa Francisco, que declarou em outubro de 2016 que a teoria do Big Bang e a Evolução são reais; questionando assim a explicação literal da criação do mundo e a origem do homem propostos pela Bíblia. O que ocorre é que a interpretação só alcança uma razoabilidade quando aplicamos a abstração científica, entendendo a profundidade do texto de Gênesis 1 e 2 revelado por alegorias. No Oriente é diferente, onde a Criação passa pela Evolução de todas as formas e estruturas materiais existentes, algo mais compreensivo e logicamente mais didático. Max sabiamente tenta conciliar os dois lados ao inferir seu argumento metafórico para Mary, levando-a a pensar numa cadeia, subscrita num processo de ordem da consciência primitiva, para uma consciência evolutiva que alcança a totalidade das interações sensitiva, emotiva e descritiva. Eles trocavam carinho, respeito e consideração nas cartas de ambos os lados. Entretanto, como sabemos, nem tudo são flores; começaram as dificuldades logo depois que Mary teve a frustração do casamento mal sucedido. Mary foi para a faculdade, sendo um dos motivos, entender a patologia de Max (sua síndrome de Asper) além de esquecer os recentes incidentes. Ela concluiu a graduação e emplacou o mestrado, tornando-se especialista em algumas doenças psíquicas. Entretanto as diferenças com o amigo Max se avolumavam. Ela ganhou notoriedade e a faculdade resolveu publicar sua tese de doutorado,  para que a comunidade científica e opinião pública, pudesse participar das descobertas e dos benefícios futuros que adviriam aos portadores desse mal. Max tornou-se cada vez mais intransigente em seu ponto de vista. Isso chateou-a tremendamente, levando à destruir sua publicação. Também instigada pela impertinência do amigo em questões que não dizem respeito ao mundo acadêmico. O egoísmo de Max era manifestado por não querer que sua doença fosse destacada, e estudada para uma possível cura. Coisa que Mary não conseguia compreender. Era a chance de outras pessoas na mesma situação poderem ter esperança de dias melhores, vivendo uma “normalidade” existencial. A cena onde ela faz consumir os volumes já prontos para ir à editora e posteriormente serem vendidos, é triste e comovente. A amizade entre os dois é rompida com uma carta inquietante de Max, fazendo-os cair na (silêncio) taciturnidade por dois anos. O silêncio é quebrado por Mary que o escreve pedindo consentimento para visitá-lo em Nova Iorque. Ele permite e ambos reatam novamente a amizade. Mary não sabe que Max nesse tempo, fez tratamento e terapia para vencer sua morbidade, seu complexo de perfeição e sua compulsividade sem alcançar nenhum sucesso. Mary teve nesse tempo um caso amoroso, que não vingou como amor “verdadeiro”, deixando um fruto, um bebê, que ela aprendeu a amar com sentimento de ternura e carinho. O dia e hora da viagem foi acertada com Max. O filme termina com Mary chegando ao prédio onde Max mora. Ela leva seu bebê, ainda de colo, numa mochila nas suas costas. Sobe dois lances de escada. Aperta a primeira campainha e não é o número do amigo. Aperta a segunda, que é o número correto, todavia ninguém abre a porta. Com a mão ao trinco, percebe a porta destravada, abre-a e entra. Chama Max, mais de uma vez, adentra a cozinha. E, voltando-se à sala, vê aquele indivíduo corpulento e obeso, imóvel, sentado ao sofá. Ela chega mais perto e reconhece aquilo no qual não queria acreditar; seu amigo que nunca pessoalmente conhecera, está morto. A angústia e tristeza toma conta de seu semblante (...) sem saber que atitude tomar. Um filme extremamente realista que me faz pensar nas quatro nobres verdades do budismo. “A Primeira Nobre Verdade. É a verdade DO SOFRIMENTO. Através de sua sabedoria infinita, o Buda viu com clareza algo que os seres humanos comuns percebem em algum momento da vida, o de que não é possível ao ser humano conquistar plena satisfação durante sua existência. O sofrimento é descrito de muitas formas diferentes nos sutras budistas. Os quatro e os oito sofrimentos serão discorridos a seguir, ressaltando que são sentimentos e situações comuns em nosso dia a dia. Sofrimentos é uma outra palavra para “situações”. Os quatro e os oito sofrimentos.  Os quatro e os oitos sofrimentos descrevem de modo mais detalhado os sofrimentos que vivemos ao longo de nossa vida: NASCIMENTO:  Terminado o período de gestação em que estamos dentro do ventre de nossa mãe e finalmente nascemos para o mundo, estamos sujeitos a qualquer evento externo que pode ocorrer em nossa vida. Estamos presos dentro de nossos corpos e nesse mundo. ENVELHECIMENTO: Todas as pessoas passam naturalmente pelo processo de envelhecimento. Sofremos com a deterioração de nosso corpo e nossa mente enquanto sofremos pelas perdas das pessoas queridas ao nosso redor. DOENÇA: Todos em algum momento sofrem com a doença, seja ela mais leve ou podendo até encerrar com a vida do ser humano. MORTE: A morte chegará um dia para todos nós. Isso é um processo natural das existências dos seres vivos, inclusive nós, humanos. Mesmo assim, e principalmente quando a morte ocorre de repente, ela causa sofrimento. Perda de um amor: Às vezes perdemos alguém que amamos; outras vezes, nosso amor não é retribuído. Todos um dia já sofreram ou vão sofrer por amor. Aqui falamos sobre o amor conjugal, mas podemos ampliar o conceito desse sofrimento para amor familiar, fraternal, entre outros. SER ODIADO: Nenhum de nós queremos ser odiados por ninguém, pelo contrário, queremos ser amados pelas pessoas. No entanto ser odiado acontece em nossas vidas vez ou outra e isso também trata-se de um sofrimento. DESEJO NÃO REALIZADO: Somos seres em constante evolução e aprendizado, e os desejos mundanos fazem parte de nossa vida. Procuramos então realizar nossos desejos e objetivos, e quando não conseguimos, sofremos muito com essa ânsia do querer e não poder. Os Cinco Skandhas. Estes são: FORMA, SENSAÇÃO, PERCEPÇÃO, ATIVIDADE E CONSCIÊNCIA. Eles constituem as partes da consciência de nossa existência e o meio para a manifestação do sofrimento, ou seja, novamente a posição de estarmos sempre vulneráveis e a possibilidade de sofrimento sempre iminente. O Buda ensinou sobre a verdade do sofrimento não para nos fazer desistir de tudo em nossa vida e nos desesperarmos, muito pelo contrário, mas para nos ajudar a reconhecer com clareza as realidades da vida. Compreendendo o sofrimento em nossa vida, devemos sempre lutar para superar nossas dificuldades e obstáculos. Reconhecer a Primeira Nobre Verdade é o primeiro passo de um processo que deve nos levar a querer compreender as demais Verdades. A Segunda Nobre Verdade. A Segunda Nobre Verdade é a VERDADE DA ORIGEM DO SOFRIMENTO, encontrada na avareza, ira e estupidez. Nós, seres pensantes, nos agarramos ao penoso e ilusivo mundo dos acontecimentos e do egoísmo, por causa de nosso forte apego as fontes de ilusão, também conhecidas como os Três Venenos. Terceira Nobre Verdade. A Terceira Nobre Verdade é a verdade DA CESSAÇÃO DO SOFRIMENTO. “Cessação do sofrimento” é o mesmo que nirvana, em que atingimos um estado de espírito além da cobiça, raiva, ignorância e sofrimento; além também da dualidade e das distinções entre certo e errado, você e os outros, bem e mal, vida e morte. É a consciência e não consciência de nossa existência que é mutável e eterna, o desapego da carne e a evolução num patamar superior de nosso espírito. A Quarta Nobre Verdade. A Quarta Nobre Verdade é a verdade DO CAMINHO QUE LEVA A CESSAÇÃO DO SOFRIMENTO, ou seja, que nos mostra a forma de superarmos todos os desafios e revezes em nossa vida, uma vez que viemos a esse mundo para sermos felizes mesmo em meio às dificuldades e sofrimentos. É o caminho rumo ao nirvana. A forma mais simples de superar as causas do sofrimento é seguir o Nobre Caminho Óctuplo, que analisaremos em detalhe em outro Capítulo. A Importância das Quatro Nobres Verdades  As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros e também os últimos ensinamentos do Buda. Próximo de sua morte, O Buda conclamou seus discípulos, ressaltando que caso tivessem alguma dúvida sobre as Quatro Nobres Verdades e sua veracidade, que deveriam se pronunciar, pois assim poderiam obter todas as respostas antes que ele morresse. A atenção que o Buda devotou às Quatro Nobres Verdades no decorrer de sua existência sempre preocupado com seus discípulos e com as pessoas, enfoca a importância desse ensino. A compreensão e a prática dos ensinamentos do Buda levam infalivelmente à libertação da dor e do sofrimento. O Buda é o médico e tem o remédio; só precisamos tomá-lo. As Quatro Nobres Verdades do Buda constituem a cura para o sofrimento humano”.www.eusemfronteiras.com.br. Contudo o caminho nobre de oito aspecto nos leva a extinção do sofrimento e consequentemente ao nirvana (iluminação). São eles: o ponto de vista correto, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta. Que o desejo do despertar (samadhy) da consciência possa arder em nosso coração. Assistam e tirem suas conclusões. A animação está disponível no youtube dublado em vários idiomas. Beijos. Davi.  

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