Cristianismo
Ortodoxo. RELATO DE UM PEREGRINO RUSSO. QUARTO RELATO – A CAMINHO DE JERUSALÉM
II. Posso perguntar se essas senhoras são da sua família? São, sim: são as
minhas irmãs; a cozinheira, a mulher do cocheiro, a costureira e a arrumadeira.
Todas elas são casadas; nesta casa não há nenhuma moça solteira. Depois de ver
e ouvir tudo isso, mais espantado eu fiquei e agradeci a Deus o ter-me levado à
casa de gente tão piedosa. Eu sentia que a oração brotava com força no fundo de
meu coração. Assim, querendo ficar sozinho, levantei-me e disse à senhora:
Certamente a Senhora tem o costume de descansar depois do almoço, mas eu estou
tão acostumado a caminhar que vou dar uma volta no jardim. Não, eu não vou
descansar, disse a senhora. Vou contigo ao jardim e me contarás algo de
instrutivo. Se fores sozinho, as crianças não te deixarão sossegado: não vão
largar de ti, pois adoram os mendigos, irmãos de Cristo, e os peregrinos. Não
havia nada a fazer e fomos juntos para o jardim. Para permanecer em silêncio
mais facilmente, inclinei-me diante da senhora e lhe disse: Eu lhe pergunto,
minha senhora, em nome de Deus: faz tempo que a senhora leva uma vida tão
santa? Conte-me como chegou a esse grau de bondade. É muito fácil, disse ela.
Minha mãe é bisneta de São Josafá (1), cujas relíquias se veneram em Belgorod –
cidade da Federação Russa a 40 km na fronteira com a Ucrânia. Nós tínhamos lá
uma casa bem grande; uma de suas alas estava alugada a um senhor de pouca
fortuna. Ele acabou morrendo e sua mulher também morreu ao dar à luz um menino.
Minha mãe recolheu em sua casa esse recém-nascido órfão. No ano seguinte, eu
nasci. Crescemos juntos, ele e eu, tivemos os mesmos professores, éramos como
irmão e irmã. Quando morreu meu pai, minha mãe deixou a cidade e veio
estabelecer-se nesta aldeia. Quando chegamos ambos à idade adulta, minha mãe me
casou com meu companheiro, seu afilhado, e nos deu em herança esta aldeia.
Decidiu então entrar para o convento. Depois de nos dar a sua benção,
recomendou-nos viver como cristãos: rezar a Deus de todo o coração e observar
sobretudo o mais importante dos mandamentos: o amor ao próximo, ajudando os
pobres, irmãos de Cristo, e tratando nossos servos como irmãos. É assim que
vivemos há dez anos neste lugar retirado, procurando obedecer aos conselhos de
nossa mãe. Temos um asilo para os mendigos: neste momento estamos com mais de
dez pessoas, inválidas ou doentes. Se quiseres, amanhã vamos ver o asilo.
Quando acabou seu relato, eu lhe perguntei: E onde está esse livro de João
Clímaco que a senhora quer enviar à sua mãe? Vamos para casa, eu te mostrarei.
Mal começávamos a ler, chegou o dono da casa. Nós nos abraçamos cristãmente,
como irmãos. Ele me levou ao seu quarto, dizendo: Venha comigo ao escritório,
meu irmão, abençoe a minha cela. Acho que minha mulher o aborreceu. Quando ela
encontra um peregrino ou um doente, fica tão feliz que não larga dele nem de
dia nem de noite! É um velho costume da família dela. Entramos no escritório.
Quanto livro! E belíssimos ícones (2) e uma grande cruz de tamanho natural;
diante da cruz, um Evangelho. Eu me persignei e disse: Meu amigo, o senhor tem
em seu quarto o paraíso de Deus! Olhe aqui o Senhor Jesus Cristo, sua Santa Mãe
e seus santos servidores. Aqui, suas palavras e seus ensinamentos vivos e
imortais. Acho que o senhor deve gostar de vir aqui muitas vezes para se entreter
com os santos. Gosto sim, gosto muito de ler. Que gêneros de livros tem ai?
Tenho muitos livros espirituais: olhe o Menólogo (3) as obras de João
Crisóstomo (347-407), Basílio (330-379), o grande, muitos trabalhos filosóficos
ou teológicos e numerosos sermões de pregadores contemporâneos. Esta biblioteca
me custou cinco mil rublos. O senhor tem aí algum trabalho sobre a oração?
indaguei. Gosto muito dos livros sobre a oração. Tenho – veja aqui – um
opúsculo de um padre de São Petersburgo (a segunda maior cidade da Federação
Russa, localizada ao longo do rio Neva, na entrada do Golfo da Finlândia no Mar
Báltico). Ele retirou um comentário sobre o Pai-Nosso que começamos a ler.
Nisso chegou sua mulher com o chá e as crianças, trazendo uma costa de prata
cheia de pastéis e tortas, tais como eu nunca tinha comido. O senhor pegou o
livro, deu-o à mulher e disse: Ela vai ler para nós. Lê muito bem! Enquanto
isso, refazemos nossas forças. A senhora começou a ler. Ao escutá-la, eu sentia
que a oração brotava em meu coração. Quanto mais ela lia, mais a oração se
intensificava em mim, causando-me muita alegria. De repente, vi passar rápido,
no ar, um vulto que parecia ser do monge, meu mestre, já falecido. Fiz um
movimento brusco e, para disfarçar, disse: Perdoe-me, eu cochilei. Nesse
momento tive a impressão de que o espírito do monge me iluminava: tudo ficou
mais claro para mim a respeito da oração. Fiz o sinal da cruz e tratei de
afastar essas ideias. A dona da casa acabou de ler e o marido me perguntou se eu
tinha apreciado a leitura. Então conversamos muito sobre o assunto. Isso me
agrada muito, disse. Aliás, o Pai-Nosso é a melhor e a mais preciosa dentre
todas as orações escritas que nós temos: foi o próprio Senhor Jesus Cristo quem
a ensinou. O comentário que foi lido é muito bom, mas está inteiramente voltado
para a vida ativa do cristão, ao passo que, nos Padres da Igreja, eu li uma
explicação que é sobretudo mística e orientada para a contemplação. Em que
Padres tu achaste tal explicação? Nos livros de Máximo, o Confessor (4), por
exemplo, e na Filocalia, nos escritos de Pedro Damasceno (5). Tu ainda te
lembras? Repete para nós, se for possível. Pois não! O começo da oração –
Pai-Nosso que estais no céu – no livro que o senhor leu, dizem que essas palavras
significam que é preciso amar fraternalmente ao nosso próximo, pois somos todos
filhos de um mesmo Pai. Está certo. Mas, os Padres da Igreja acrescentam um
comentário mais espiritual: dizem que, ao pronunciar essas palavras, deve-se
erguer o espírito para o Pai Celestial e lembrar a obrigação de estar sempre na
presença de Deus. As palavras – Santificado seja o vosso Nome – nesse livro são
explicadas no sentido do cuidado que se deve ter para não invocar em vão o Nome
do Senhor. Mas os comentaristas místicos vêm nessa passagem a súplica pela
oração interior do coração, isto é: para que o nome de Deus seja santificado, é
preciso que se grave dentro do coração e que, pela oração perpétua, ilumine e
santifique todos os sentimentos e todas as forças da alma. As palavras – Venha
a nós o vosso Reino – são explicadas pelos Padres da seguinte maneira: que
venham ao nosso coração a paz interior, o repouso e a alegria espiritual. No
livro, comentam que a frase seguinte: O pão nosso de cada dia nos dai-nos hoje
– refere-se às necessidades de nossa vida corporal e a tudo o que necessário
para que possamos ajudar ao próximo. Máximo, o Confessor (580-662), entende,
por pão cotidiano, o pão celeste que alimenta a alma, quer dizer, a Palavra de
Deus e a união da alma com Deus pela contemplação e pela oração perpétua no
interior do coração. Ah! A oração interior é uma tarefa difícil, quase
impossível para aqueles que vivem no mundo, exclamou o meu interlocutor. Só
para cumprir a oração habitual, sem preguiça, já nos é necessária toda a ajuda
de Deus. Não fale assim, meu senhor. Se fosse uma tarefa acima das forças
humanas. Deus não a teria ordenado para todos. II Coríntios 12,9 “Sua força se
manifesta na fraqueza”. Padres da Igreja nos oferecem meios que facilitam o
caminho para a oração interior. Nunca li nada de concreto a esse respeito,
disse. Se o senhor quiser, posso ler agora algumas passagens da Filocalilia.
Peguei o meu livro e procurei um trecho de Pedro Damasceno na terceira parte,
página 48. E li para ele o seguinte: “É preciso exercitar-se a invocar o nome
do Senhor, mais que a respiração, em todo tempo, em todo lugar e em toda
ocasião. Diz o apóstolo – Rezai sem cessar. Com isso, quer ensinar que é
preciso lembrar-se de Deus em todo tempo, em todo lugar e em todas as coisas.
Se fabricas alguma coisa, deves pensar no Criador de tudo o que existe; se vês
a luz do dia, lembra-te daquele que criou a luz para ti; se olhas o céu, a
Terra e o mar e tudo o que eles contêm, admira, glorifica aquele que tudo
criou; se te vestes com uma roupa, pensa naquele de quem a recebeste e lhe
agradece, a Ele que provê a tua existência. Em resumo, que todo movimento seja
para ti um motivo para celebrar o Senhor: assim rezarás sem cessar e tua alma
estará sempre alegre”. Vejam, disse eu, como esse proceder é simples, fácil e
acessível a todos aqueles que têm um pouco de sentimento humano. O texto lhes
agradou muito. O senhor me abraçou com entusiasmo, agradeceu-me, olhou para
minha Filocalia e disse: É preciso que eu compre esse livro. Vou encomendá-lo
em São Petersburgo. Mas, para dele me lembrar melhor, vou copiar já essa
passagem que leste. Dita para mim. E imediatamente transcreveu o texto com sua
letra bonita e bem rápido. Em seguida, exclamou: Meu Deus! Eu tenho justamente
um ícone (imagem) de São (6) Damasceno (676-749). Abriu o caixilho e fixou
embaixo do ícone o papel que acabara de copiar dizendo: A palavra viva de um
servidor de Deus, colocada sob sua imagem, vai me estimular frequentemente a
pôr em prática esse conselho salutar. Logo fomos jantar. Todos estavam à mesa
conosco – homens e mulheres. Que silêncio piedoso e que calma durante a
refeição! Quando acabamos, rezamos juntos a oração, inclusive as crianças, e me
fizeram ler o Hino ao Dulcíssimo Jesus. Os servos foram descansar e nós ficamos
e nós ficamos, os três, na sala. Então a senhora trouxe para mim uma camisa
branca e meias. Inclinei-me profundamente e disse: Minha querida senhora, eu
não posso colocar essas meias. Nunca usei meias. Nós usamos sempre faixas de
pano (7). Então ela saiu e voltou logo com uma velha blusa amarela, de seda
fina, que cortou em faixas. E o marido, dizendo que meus sapatos não prestavam
mais, trouxe para mim um par novinho em folha que ele calçava por baixo de suas
botas. Entra nesse quarto, disse-me ele, aí não está ninguém. Tu poderás trocar
de roupa. Fui trocar-me e voltei para junto deles. Fizeram-me sentar em uma
cadeira e se puseram a me calçar: ele enrolava as faixas em meus pés e ela me
enfiava os sapatos. No começo, eu não queria deixar que fizessem isso comigo.
Mas eles me fizeram sentar, dizendo: Senta-te e cala-te, o Cristo lavou os pés
de seus discípulos. Não aguentei mais e comecei a chorar – e eles também
choravam. Então a senhora se retirou para passar a noite junto das crianças e eu,
com seu marido, fomos ao jardim para conversar um pouco no quarto lá de fora.
Ficamos muito tempo em vigília. Estávamos deitados no chão e conversávamos. De
repente, o senhor se aproximou de mim e me disse: Responde-me em consciência e
com sinceridade: Quem és tu? Deves ser de uma família nobre e te fazes de
inocente. Tu pensas e falas corretamente, decerto não foste educado como um
camponês. Eu lhes falei de coração puro, ao senhor e à sua esposa, e jamais
pensei em mentir-lhes e enganá-los. E com que finalidade o faria? O que eu falo
não vem de mim, mas daquele monge sábio e amigo, já falecido, ou dos Padres da
Igreja que eu li. Quanto à oração interior que, acima de tudo, ilumina minha
ignorância, não fui eu quem a inventou. Ela nasceu em meu coração pela
misericórdia de Deus e graças aos ensinamentos do monge que foi meu mestre
espiritual. Qualquer pessoa pode fazer a mesma coisa. Basta mergulhar mais
silenciosamente no fundo do seu coração e invocar mais o nome de Jesus Cristo:
imediatamente se descobre a luz interior, tudo fica mais claro e, nessa
clareza, aparecem certos mistérios do Reino de Deus. E já é um grande mistério
quando o homem descobre essa capacidade de entrar em si mesmo, de se conhecer
verdadeiramente, de chorar baixinho sua queda e sua vontade pervertida. Não é
difícil pensar com sensatez e falar às pessoas. É uma coisa possível porque o
espírito e o coração já existiam antes da ciência e da sabedoria humanas.
Pode-se sempre cultivar o espírito pela ciência ou pela experiência, mas lá onde
não houver inteligência, de nada servirá a educação. Acontece que estamos longe
de nós mesmo e não desejamos nos aproximar, fugimos sempre para não nos
encontrarmos face a face com nós mesmos. Preferimos qualquer bagatela à
vontade. E pensamos: Bem que eu gostaria de ter uma vida espiritual, de
ocupar-me com a oração, mas não tenho tempo: os negócios e as preocupações não
me permitem dedicar-me inteiramente à oração. Mas, o que é mais importante e
mais necessário: a vida eterna da alma santificada ou a vida passageira do
corpo pela qual tanto nos sacrificamos? É assim que as pessoas podem chegar,
seja à sabedoria, seja à tolice. Desculpa, meu querido irmão, não falei por
simples curiosidade, mas de boa vontade e por sentimento cristão. E, além
disso, porque encontrei um caso muito curioso há dois anos. Um dia, apareceu
aqui em casa um velho mendigo, muito fraquinho. Tinha documento de identidade
de soldado que já deu baixa no exército e era tão pobre que estava quase nu.
Falava pouco e se expressava como um camponês. Nós o recolhemos no asilo.
Depois de cinco dias, adoeceu: nós o transportamos para o quarto lá do fundo e
minha mulher e eu cuidamos dele o tempo todo. Quando se percebeu que ele ia
morrer, nosso vigário o confessou, lhe deu a comunhão e os últimos sacramentos.
Na véspera de sua morte, ele se levantou, me pediu papel e pena para escrever.
Daí insistiu para que a porta ficasse fechada e que ninguém entrasse enquanto
ele ia escrever o seu testamento que eu deveria fazer chegar às mãos de seu filho,
em São Petersburgo. Eu fiquei bobo quando vi que ele escrevia com perfeição e
que suas frases eram corretas, elegantes e cheias de ternura. Amanhã eu vou te
mostrar esse testamento, do qual guardei uma cópia. Fiquei tão admirado que,
louco de curiosidade, lhe pedi para me contar sua origem e a história de sua
vida. Ele me fez jurar que, antes de sua morte, eu nada diria a ninguém. Então,
para a maior glória de Deus, me fez o seguinte relato: “Eu era um príncipe e
muito rico. Minha vida era a mais dissipada, a mais brilhante e a mais luxuosa
que possa existir. Minha mulher tinha morrido e eu vivia com meu filho que era
capitão da Guarda. Uma noite, quando me preparava para ir a um baile, fiquei
furioso com meu criado de quarto. Na minha impaciência, bati com força na
cabeça dele e dei ordem que o mandassem embora para a aldeia. Isso aconteceu à
noite. No dia seguinte cedo, o criado morreu de uma inflamação no cérebro. Mas
ninguém deu importância ao fato e, apesar de lastimar minha violência, eu mesmo
acabei esquecendo o episódio. Seis semanas depois, o meu criado de quarto
começou a me aparecer em sonhos. Toda noite ele vinha me importunar e me
censurar, repetindo sem parar. Homem sem consciência! Tu me assassinaste! Com o
correr do tempo, mesmo acordado, eu o via. Essa aparição foi se tornando cada
vez mais frequente e, por fim, ele não me deixava um instante sequer. Enfim,
além do meu criado, comecei a ver outros mortos: homens que eu tinha ofendido
brutalmente, mulheres que eu tinha ofendido brutalmente, mulheres que eu tinha
seduzido. Todo me censuravam e não me davam mais sossego, a tal ponto que não
podia mais nem dormir nem comer nem fazer nada. Eu estava exausto e só pele e
osso. Os esforços dos melhores médicos não obtinham resultado algum. Viajei para
me tratar no exterior, mas depois de seis meses de tratamento, não havia
melhora alguma. As terríveis aparições, porém, aumentavam cada vez mais.
Trouxeram-me de volta, mais morto que vivo. Minha alma, antes de se separar do
corpo, conheceu então plenamente os tormentos do inferno. Desde essa ocasião,
eu acreditei no inferno e fiquei sabendo o que é o inferno. Em meio a tantas
aflições, compreendi finalmente a minha infâmia. Arrependi-me, confessei-me,
libertei todos os meus servos (7) e fiz voto de passar o resto de minha vida
nos mais duros trabalhos e de me esconder sob a aparência de um mendigo, a fim
de ser o mais humilde servidor das pessoas da mais humilde condição. Mal tinha
eu tomado essa decisão, sumiram as aparições. Minha reconciliação com Deus me
causava uma tal alegria, um tal sentimento de reconforto que realmente eu não
posso exprimir. Compreendi então, também por experiência, o que é o paraíso e
como o Reino de Deus está dentro de nossos corações. Fiquei logo completamente
restabelecido e tratei de pôr em prática meu projeto. Munido de documento de
identidade de um antigo soldado, eu deixei secretamente o lugar onde nasci. Já
faz agora quinze anos que ando errante através da Sibéria (uma vasta região da
Federação Russa e do norte do Cazaquistão integralmente no norte da Ásia. Ela
estende-se dos Urais ao Oceano Pacífico (...) e até a fronteira com a Mongólia
e a República Popular da China). Algumas vezes foi contratado por camponeses
para trabalhos de acordo com minhas forças. Outras vezes, eu mendiguei em nome
de Cristo! Ah! No meio de tantas privações, que felicidade eu senti! Que
felicidade, que paz de consciência! Só pode compreender isso alguém que a
misericórdia divina arrancou de um inferno de dores para transportá-lo ao
paraíso de Deus” Dito isso, ele me entregou seu testamento para enviá-lo a seu
filho. No dia seguinte, morreu, Veja! Na minha Bíblia que está dentro da minha
sacola, tenho uma cópia do testamento do velho mendigo. Se queres ler, eu te
mostrarei. Aqui está! Eu desdobrei o papel e li: “Em nome de Deus glorificado
na Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Meu amado filho”. Referência: (1) São
João de Belgorod – (1705-1754) – monge desde jovem, deixou um tratado sobre os
sete pecados e as sete virtudes, editado em Kiev – Federação Russa, em 1892. É
pouco provável que tenha tido descendentes. Trata-se aqui de um outro Josafá,
bispo de Belgorod, que foi padre e professor de seminário e que foi casado. A
Igreja Oriental não exige o celibato dos sacerdotes. (2). Ícone – na Igreja Russa
e Grega, quadro com pintura na madeira, representando a Jesus Cristo, a Virgem
Maria e os santos. (3) Menólogo – cena de peça em que o ator, achando-se só,
fala consigo mesmo ou se dirige ao público, expressando seus pensamentos e as
lutas interiores de seu espírito. (4) Máximo, o Confessor – o maior teólogo
grego do século VII, monge e abade de um mosteiro perto de Constantinopla –
atual Turquia. Lutou contra a heresia monotelita, foi exilado e posteriormente
preso, em 653; foi levado a Bizâncio e ai martirizado pela fé. Terminou sua
vida no exílio. Sua principal obra foi Quatre Centuries sur la charité. (5)
Pedro Damasceno – século XII – autor de obras ascéticas que permaneceram
inéditas, entre as quais dois escritos sobre a Comunhão daSanta Ceia. (6) São
João Damasceno – século VII – monge em Jerusalém, foi defensor das imagens na
questão dos iconoclastas. Suas obras: Três discursos contra os iconoclastas e a
Fonte do Conhecimento, que é uma síntese das doutrinas e filosóficas e
teológicas e, ao mesmo tempo, uma coletânea das principais heresias. Chamado de
Manual dogmático da Idade Média Grega, o livro foi traduzido para o latim, no
século XII, sendo conhecido por Santo Tomas de Aquino (1225-1274).
Livro Relato de Um Peregrino Russo, de Jean Gauvain. Abraço. Davi.
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