sexta-feira, 19 de maio de 2017

II. KRISHNA - SUA POSIÇÃO, SEU NASCIMENTO E SUA MORADA.

Hinduísmo. Texto de Sri Nandanandana. O Senhor também lhes contou que Ele aparecera duas outras vezes como filho deles na forma de Prishnigarbha e Vamanadeva. Aquela era a terceira vez em que Ele aparecia como filho deles para satisfazer-lhes o desejo. Naquela noite, durante uma tempestade, o Senhor Krishna desejou deixar a prisão e ser levado para Gokula. Pelo arranjo de yogamaya, as algemas e os portões prisionais se abriram e os guardas adormeceram, em virtude do que Vasudeva pôde deixar a prisão e levar Krishna para Gokula, salvando assim a criança do perigo de Kamsa. Nesse momento, a própria yogamaya nascia de mãe Yashoda como uma menininha. Quando Vasudeva chegou à casa de Nanda Maharaja, todos estavam em sono profundo. Ele, destarte, pôde colocar o Senhor Krishna nas mãos de Yashoda ao mesmo tempo em que pegava a bebezinha dela para a levar de volta consigo. Quando retornou, colocou a bebê na cama de Devaki e se preparou para reaceitar seu lugar na prisão acorrentando-se novamente. Quando Yashoda despertou em Gokula, ela não conseguia se lembrar se havia dado à luz um bebê do sexo masculino ou feminino, e logo aceitou o Senhor Krishna como o seu bebê. Quando a bebê, Yogamaya, começou a chorar de manhã, seu choro chamou a atenção dos carcereiros, que, então, notificaram o rei Kamsa. Kamsa entrou violentamente na prisão a fim de matar a criança. Devaki suplicou-lhe que poupasse a bebê. Rejeitando o rogo da irmã, arrancou a menina de suas mãos e tentou atirar a bebê contra uma rocha. Contudo, ela deslizou para fora de suas mãos e ergueu-se acima de sua cabeça, flutuando no ar enquanto exibia sua verdadeira forma como a Durga de oito braços. Durga disse a Kamsa que a pessoa pela qual ele estava procurando já havia nascido em outro lugar. Kamsa encheu-se de surpresa vendo que o oitavo filho de Devaki aparecera no sexo feminino e que o inimigo que ele temia havia nascido em outro lugar. Ele, então, libertou Devaki e Vasudeva, pedindo desculpas por tudo o que fizera. Todavia, após se consultar com seus ministros, Kamsa decidiu que o melhor a fazer era matar todas as crianças que haviam nascido nos últimos dez dias de maneira a tentar encontrar e matar seu inimigo, Krishna. Assim tiveram início as atrocidades de Kamsa e seus ministros, pelas quais pagaria quando o Senhor Krishna o matasse. Antes desse dia, o Senhor Krishna começou Seus passatempos com Seus devotos em Gokula e Vrindavana a fim de exibir Suas características, personalidade e beleza únicas. Deste modo, como Sri Uddhava explicou a Vidura, “o Senhor apareceu no mundo mortal através de Sua potência interna, yogamaya. Ele veio em Sua forma eterna, que é perfeitamente apropriada para Seus passatempos. Esses passatempos foram maravilhosos para todos – até mesmo para aqueles orgulhosos de sua própria opulência, incluindo o próprio Senhor em Sua forma como o Senhor Vaikuntha. Assim, o corpo transcendental de Sri Krishna é o ornamento de todos os ornamentos. A Personalidade de Deus, o controlador absolutamente compassivo tanto da criação material quanto da criação espiritual, é não nascido, mas, quando há atrito entre Seus pacíficos devotos e aqueles que estão nos modos da natureza material, Ele nasce assim como o fogo, acompanhado pelo mahat-tattva”. (Srimad-Bhagavatam 3.2.12,15). Como Compreender Deus. Algumas vezes, as pessoas dizem que querem ver Deus, ou que Deus não é perceptível. Ambos os pontos são confirmados na escritura védica, mas com considerações adicionais sobre como podemos perceber o Ser Supremo. A Shvetashvatara Upanishad (4.20) explica: “Sua forma de beleza é imperceptível aos sentidos mundanos. Ninguém O pode ver com olhos materiais. Somente aqueles que concebem, através da profunda meditação de um coração puro, essa Personalidade Suprema, que reside no coração de todos, podem obter a libertação”. A lila de Krishna, ou Seus passatempos, acontecem eternamente no mundo espiritual, ao passo que parecem acontecer somente em certos pontos do tempo dentro da energia material. Contudo, quem purificou sua consciência pode testemunhar essas atividades mesmo enquanto no corpo material. Isso pode ocorrer especialmente nos locais sagrados (dhamas), onde as energias material e espiritual se justapõem e o mundo espiritual aparece dentro desta esfera material. Tais lugares incluem Vrindavana, Mathura, Jagannatha Puri, Dvaraka e assim por diante. E quando o Senhor está satisfeito com o seu serviço, Ele pode Se revelar para você. Desta forma, muitos devotos elevadíssimos e puros de Krishna foram capazes de ter um darshana pessoal do Senhor e testemunhar Seus passatempos mesmo enquanto no corpo material. Tais pessoas deixaram instruções para nós de modo que, seguindo-as, possamos ter a mesma experiência. Essa é a verificação de que o processo devoção, bhakti-yoga, funciona. O Srimad-Bhagavatam (10.14.29) traz este ponto: “Meu Senhor, se alguém é favorecido por mesmo um mero traço da misericórdia de Teus pés de lótus, ele pode entender a grandeza Tua, ó Personalidade Suprema. Aqueles que recorrem à especulação como o meio para compreender a Suprema Personalidade de Deus são incapazes de Te conhecerem, mesmo caso prossigam estudando os Vedas por muitos anos”. Uma vez que Krishna é o Ser Supremo e a fonte de todo desfrute, é de nosso maior interesse nos ocuparmos a Seu serviço, pois isso também nos conectará a Ele e nos dará o grande prazer e a bem-aventurança que sempre tentamos encontrar. Esse é o ponto do serviço devocional, chamado bhakti-yoga, que é o processo de conectar (yoga) com o Supremo através da devoção (bhakti). Desta maneira, nossa inerente propensão amorosa é direcionada ao amante supremo e ao objeto natural do amor: Deus. Não existe melhor maneira para encontrar Deus do que essa. Em outras palavras, através da devoção não tentamos ver Deus, mas agimos de tal forma que Deus Se revele a nós. Então, tudo se concretiza. Não pode haver conquista maior na forma humana de vida do que isso. Tudo mais é temporário – vem e se vai. Somente nossas conquistas espirituais duram eternamente, pois são ligadas à alma imortal. Por conseguinte, redespertar nosso relacionamento com o Supremo é a meta mais elevada na existência humana. Dado que o Senhor Krishna é a Suprema Personalidade, naturalmente há certas maneiras pelas quais O compreender. O segredo é explicado diretamente pelo próprio Senhor Sri Krishna quando Ele diz: “O conhecimento acerca de Mim, como descrito nas escrituras, é muito confidencial e tem que ser assimilado em conjunto com o serviço devocional. Estou explicando a parafernália necessária para esse processo. Podes receber isso cuidadosamente. Tudo o que é Meu, a saber, Minha verdadeira forma eterna e Minha existência transcendental, Minha cor, Minhas qualidades e Minhas atividades – que tudo se desperte dentro de ti por vivência fatual, por Minha misericórdia sem causa”. (Srimad-Bhagavatam 2.9.31-32). Para dar início a esse processo, o sujeito necessita ouvir de alguém que sabe e é familiarizado com as qualidades do Senhor Krishna e pode explicá-las a outros. Isso é estabelecido neste famoso verso: “Àquelas grandes almas que têm fé inabalável tanto no Senhor quanto no mestre espiritual, todos os significados do conhecimento védico são automaticamente revelados”. (Shvetashvatara Upanishad 6.23). “Regularmente ouvindo, cantando e meditando nos belos tópicos do Senhor Mukunda [Krishna] com sinceridade sempre crescente, um mortal alcançará o divino reino do Senhor, onde o inviolável poder da morte não tem influência. Para esse fim, muitas pessoas, incluindo grandes reis, abandonaram seus lares mundanos e partiram para a floresta”. (Srimad-Bhagavatam 10.90.50). Nessa declaração fica claro que, para aqueles que ouvem e entoam o santo nome e os tópicos referentes a Krishna, milhões de graves reações pecaminosas são prontamente reduzidas a cinzas. É claro que o momento mais importante para nos lembrarmos do Senhor e cantarmos Seu nome é a hora da morte. É por isso que é dito que aqueles que cantam “Krishna, Krishna” na hora que o corpo expira são indivíduos aptos para a libertação. A Gopala-tapani Upanishad (1.6) afirma que “aquele que medita na Pessoa Suprema, glorifica-O e adora-O, obtém a libertação”. Em conclusão, o Senhor Krishna explica de maneira simples: “Porque és Meu amigo muito querido, compartilho contigo a parte mais confidencial do conhecimento. Ouve-Me falar-te isso, pois é para o teu benefício. Sempre pensa em Mim e torna-te Meu devoto. Adora-Me e oferece-Me tuas homenagens. Assim, virás a Mim impreterivelmente. Prometo-te isso porque és Meu amigo muito querido. Abandona todas as variedades de religião e simplesmente te rende a Mim. Libertar-te-ei de todas as reações pecaminosas. Não temas”. (Bhagavad-gita 18.63-66). A Consequência de Não Conhecer Krishna. Quando os ensinamentos védicos falam sobre as consequências de alguém não ter suficiente fé no Senhor Krishna, ou no processo para conhecê-lo, é algo bastante diferente do que você talvez encontre em outras fés ou religiões, que talvez professem que você vai para um inferno eterno caso você não creia ou que você é um infiel digno de morte ou qualquer outra coisa do gênero. Contudo, deixar de investigá-lo e conhecer qual é o nosso destino final é algo tido como um desperdício desta vida em particular. O Senhor Krishna explica pessoalmente: “Se alguém é bem versado em toda a literatura védica, mas deixa de familiarizar-se com o Supremo, tem-se de concluir que toda a sua educação é como o fardo de um animal ou como a manutenção de uma vaca que não dá leite”. (Srimad-Bhagavatam 11.11.18). “Aqueles que adoram os deuses nascerão entre os deuses, aqueles que adoram fantasmas e espíritos nascerão entre tais seres, aqueles que adoram os ancestrais terão com os ancestrais, e aqueles que Me adoram viverão comigo”. (Bhagavad-gita 9.25) Assim, a pessoa é autorizada a proceder com sua vida da maneira que queira. O Senhor Krishna permite que cada pessoa se desenvolva em seu próprio caminho e continue vagando pelo universo e por vários tipos de atividades até que comecem a se perguntar sobre o propósito da existência ou se tornem dispostas a um caminho espiritual profundo. As atividades materialistas não é o caminho pelo qual se pode conseguir paz, e a maioria de nós precisa descobrir isso por si mesmo. Contudo, uma pessoa não pode ser ajudada até que esteja pronta. Até essa hora, portanto, podemos oferecer-lhes o conhecimento espiritual de que necessitam, mas decidirão por si mesmas o quanto desse conhecimento desejam utilizar. Quando, por exemplo, Sri Krishna falou todo o Bhagavad-gita a Arjuna, Ele, ao final, perguntou a Arjuna o que ele gostaria de fazer. Ele tinha que tomar sua decisão. Ele não foi forçado a nada. Da mesma maneira, podemos apenas oferecer este conhecimento para o benefício da humanidade, e cada indivíduo pode decidir o que deseja fazer, ou por quanto tempo deseja continuar com sua existência nos mundos materiais. A Eterna Morada Espiritual de Krishna. Os textos védicos descrevem que há inumeráveis planetas espirituais no céu espiritual, além desta criação material, cada um com uma das ilimitadas formas do Senhor com incontáveis devotos ocupados a Seu serviço. No centro de todos os planetas espirituais de Vaikuntha (o mundo espiritual, ou, literalmente, “o local sem ansiedade”), está o planeta conhecido como Krishnaloka, ou Goloka Vrindavana. Essa é a morada pessoal da original Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna. Krishna desfruta de Sua bem-aventurança transcendental em múltiplas formas neste planeta, e todas as opulências dos outros planetas Vaikuntha se encontram ali. Esse planeta tem a forma de uma flor de lótus, e muitos tipos de passatempos acontecem em cada pétala desse lótus, como descreve a Brahma-samhita (5.2,4): “A sublime residência de Krishna, que é conhecida como Gokula, é a morada suprema. Essa morada é o centro de um lótus de milhares de pétalas, e é sustentada por uma fração da energia espiritual de Baladeva chamada Ananta. O centro desse eterno reino de Gokula é a morada hexagonal de Krishna, e suas pétalas são as moradas das gopis, que são partes e parcelas de Krishna, a quem elas são muitíssimo amavelmente devotadas e similares em essência. As pétalas brilham belamente como muitíssimas muralhas. As folhas estendidas desse lótus são várias divisões similares a jardins e caramanchões, destinados a Sri Radhika e as demais gopis”. O único afazer que Sri Krishna tem no reino espiritual é o desfrute transcendental. O único afazer dos servos eternos de Krishna é oferecer-Lhe desfrute. Quanto mais desfrute os servos, ou devotos, concedem a Krishna, mais feliz Ele fica. E quanto mais feliz Krishna fica, mais Seus devotos se veem motivados e experimentam êxtase eterno e transcendental. Desta forma, há uma competição sempre crescente de êxtase espiritual entre Krishna e Suas partes integrantes. Esse é o único afazer no mundo espiritual, como confirma o verso seis da Brahma-samhita: “O Senhor de Gokula é o Senhor Supremo e transcendental, o próprio eu dos êxtases eternos. Ele é superior a todos, ocupa-Se completamente nas recreações do reino transcendental, e não tem associação alguma com Sua potência mundana (material)”. Embora não seja possível experienciar os passatempos espirituais ou ver a forma do Supremo com sentidos ordinários, podemos, como já dito, espiritualizar os nossos sentidos pela prática do yoga devocional e alcançar assim a plataforma de perceber o Supremo a todo instante. Nesse momento, começamos a nos tornar conscientes de Krishna e podemos começar a entrar nos passatempos de Krishna, embora ainda estejamos situados dentro deste corpo material. Caso nos tornemos plenamente espiritualizados dessa maneira, não há dúvidas de que, quando abandonemos este corpo material, retornaremos ao mundo espiritual. Até lá, podemos continuar estudando os textos védicos para nos lembrarmos e nos familiarizarmos com a beleza e amabilidade do mundo espiritual, como descritas a seguir: “Adoro Goloka, onde residem ilimitadas gopis e onde reside Krishna, o amado das gopis e a forma suprema de Deus, onde todas as árvores são árvores-dos-desejos, onde a terra é composta de pedras filosofais, onde a água é tão doce quanto néctar, onde toda palavra é uma canção, todo passo é uma dança, onde a flauta é a melhor amiga – sempre a anunciar jubilosamente e em todo lugar a presença de Krishna –, cuja refulgência é magnífica e plena de bem-aventurança transcendental, onde tudo o que é desfrutável também é pleno de conhecimento e bem-aventurança, onde inumeráveis vacas leiteiras sempre derramam transcendentais oceanos de leite, onde inexiste passado ou futuro em virtude de o tempo não transcorrer sequer pelo espaço de meio instante. Esse reino de Goloka é conhecido apenas por pouquíssimas almas auto realizadas neste mundo”. (Brahma-samhita, 5.56).  “O dhama Vrindavana é um local de júbilo sempre crescente. Flores e frutas de todas as estações crescem ali, e essa terra transcendental é repleta do doce som de vários passarinhos. Todas as direções ressoam com o zunir de abelhões, e são servidas por brisas refrescantes e pelas águas igualmente refrescantes do rio Yamuna. Vrindavana é decorada por árvores-dos-desejos tomadas de trepadeiras e belas flores. O pólen dos lótus vermelhos, azuis e brancos ornamentam sua divina beleza. O solo é feito de joias, cuja glória esplendorosa é igual a uma miríade de sóis surgindo no céu de uma só vez. Nesse solo, há um bosque de árvores-dos-desejos, que sempre derramam amor divino. Nesse jardim, há um templo de joias, cujo pináculo é feito de rubis. Várias joias o decoram, em virtude do que permanece brilhantemente refulgente ao longo de todas as estações do ano. O templo é embelezado por abóbadas de cores intensas, brilhando com várias gemas, e traz ainda telhados decorados por rubis e portões e arcadas ataviadas de pedras preciosas. Seu esplendor é igual a milhões de sóis, e é eternamente livre das seis ondas de misérias materiais. Nesse templo, há um grande trono dourado ataviado de muitas joias. É desta maneira que se deve meditar no reino divino do Senhor Supremo, o dhama Sri Vrindavana”. (Gautamiya Tantra 4). Estudando e ouvindo sobre a beleza do mundo espiritual, compreendemos que tudo pelo que estamos procurando na vida tem sua origem nesse reino eterno. Ali, como se descreve, a pessoa encontra liberdade de todas as dores e de todo sofrimento, e a atmosfera é ilimitadamente plena de beleza, júbilo, felicidade e conhecimento sempre em expansão, bem como relacionamentos amorosos eternos. Nesse reino, ninguém tem as dificuldades de manter o corpo, pois todos possuem formas espirituais. Assim, trata-se de um mundo repleto unicamente de recreação, sem a peleja peculiar à manutenção da própria existência. Jamais há fome, e podemos banquetear sem nunca ficarmos cheios. Tampouco há lamentação quanto ao passado ou medo do futuro. Descreve-se que o tempo é notado por sua ausência. Assim, as necessidades da alma por completa liberdade e felicidade e amor irrestritos se encontram na atmosfera espiritual. Esse é o nosso verdadeiro lar. www.voltaaosupremo.com.br. Abraço. Davi.

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