Hinduísmo. Texto de Sri
Nandanandana. O Senhor também lhes contou que Ele aparecera duas outras vezes
como filho deles na forma de Prishnigarbha e Vamanadeva. Aquela era a terceira
vez em que Ele aparecia como filho deles para satisfazer-lhes o desejo. Naquela
noite, durante uma tempestade, o Senhor Krishna desejou deixar a prisão e ser
levado para Gokula. Pelo arranjo de yogamaya,
as algemas e os portões prisionais se abriram e os guardas adormeceram, em
virtude do que Vasudeva pôde deixar a prisão e levar Krishna para Gokula,
salvando assim a criança do perigo de Kamsa. Nesse momento, a própria yogamaya nascia de mãe Yashoda como uma
menininha. Quando Vasudeva chegou à casa de Nanda Maharaja, todos estavam em
sono profundo. Ele, destarte, pôde colocar o Senhor Krishna nas mãos de Yashoda
ao mesmo tempo em que pegava a bebezinha dela para a levar de volta consigo.
Quando retornou, colocou a bebê na cama de Devaki e se preparou para reaceitar
seu lugar na prisão acorrentando-se novamente. Quando Yashoda despertou em
Gokula, ela não conseguia se lembrar se havia dado à luz um bebê do sexo
masculino ou feminino, e logo aceitou o Senhor Krishna como o seu bebê. Quando
a bebê, Yogamaya, começou a chorar de manhã, seu choro chamou a atenção dos
carcereiros, que, então, notificaram o rei Kamsa. Kamsa entrou violentamente na
prisão a fim de matar a criança. Devaki suplicou-lhe que poupasse a bebê.
Rejeitando o rogo da irmã, arrancou a menina de suas mãos e tentou atirar a
bebê contra uma rocha. Contudo, ela deslizou para fora de suas mãos e ergueu-se
acima de sua cabeça, flutuando no ar enquanto exibia sua verdadeira forma como
a Durga de oito braços. Durga disse a Kamsa que a pessoa pela qual ele estava
procurando já havia nascido em outro lugar. Kamsa encheu-se de surpresa vendo
que o oitavo filho de Devaki aparecera no sexo feminino e que o inimigo que ele
temia havia nascido em outro lugar. Ele, então, libertou Devaki e Vasudeva,
pedindo desculpas por tudo o que fizera. Todavia, após se consultar com seus
ministros, Kamsa decidiu que o melhor a fazer era matar todas as crianças que
haviam nascido nos últimos dez dias de maneira a tentar encontrar e matar seu
inimigo, Krishna. Assim tiveram início as atrocidades de Kamsa e seus
ministros, pelas quais pagaria quando o Senhor Krishna o matasse. Antes desse
dia, o Senhor Krishna começou Seus passatempos com Seus devotos em Gokula e
Vrindavana a fim de exibir Suas características, personalidade e beleza únicas.
Deste modo, como Sri Uddhava explicou a Vidura, “o Senhor apareceu no mundo
mortal através de Sua potência interna, yogamaya.
Ele veio em Sua forma eterna, que é perfeitamente apropriada para Seus
passatempos. Esses passatempos foram maravilhosos para todos – até mesmo para
aqueles orgulhosos de sua própria opulência, incluindo o próprio Senhor em Sua
forma como o Senhor Vaikuntha. Assim, o corpo transcendental de Sri Krishna é o
ornamento de todos os ornamentos. A Personalidade de Deus, o controlador
absolutamente compassivo tanto da criação material quanto da criação
espiritual, é não nascido, mas, quando há atrito entre Seus pacíficos devotos e
aqueles que estão nos modos da natureza material, Ele nasce assim como o fogo,
acompanhado pelo mahat-tattva”.
(Srimad-Bhagavatam 3.2.12,15).
Como Compreender Deus. Algumas vezes, as pessoas dizem que querem ver
Deus, ou que Deus não é perceptível. Ambos os pontos são confirmados na
escritura védica, mas com considerações adicionais sobre como podemos perceber
o Ser Supremo. A Shvetashvatara
Upanishad (4.20) explica:
“Sua forma de beleza é imperceptível aos sentidos mundanos. Ninguém O pode ver
com olhos materiais. Somente aqueles que concebem, através da profunda
meditação de um coração puro, essa Personalidade Suprema, que reside no coração
de todos, podem obter a libertação”. A lila de Krishna, ou Seus passatempos,
acontecem eternamente no mundo espiritual, ao passo que parecem acontecer
somente em certos pontos do tempo dentro da energia material. Contudo, quem
purificou sua consciência pode testemunhar essas atividades mesmo enquanto no
corpo material. Isso pode ocorrer especialmente nos locais sagrados (dhamas),
onde as energias material e espiritual se justapõem e o mundo espiritual
aparece dentro desta esfera material. Tais lugares incluem Vrindavana, Mathura,
Jagannatha Puri, Dvaraka e assim por diante. E quando o Senhor está satisfeito
com o seu serviço, Ele pode Se revelar para você. Desta forma, muitos devotos
elevadíssimos e puros de Krishna foram capazes de ter um darshana pessoal do Senhor e testemunhar
Seus passatempos mesmo enquanto no corpo material. Tais pessoas deixaram
instruções para nós de modo que, seguindo-as, possamos ter a mesma experiência.
Essa é a verificação de que o processo devoção, bhakti-yoga, funciona. O Srimad-Bhagavatam (10.14.29) traz este ponto: “Meu
Senhor, se alguém é favorecido por mesmo um mero traço da misericórdia de Teus
pés de lótus, ele pode entender a grandeza Tua, ó Personalidade Suprema.
Aqueles que recorrem à especulação como o meio para compreender a Suprema
Personalidade de Deus são incapazes de Te conhecerem, mesmo caso prossigam
estudando os Vedas por muitos anos”. Uma vez que Krishna
é o Ser Supremo e a fonte de todo desfrute, é de nosso maior interesse nos
ocuparmos a Seu serviço, pois isso também nos conectará a Ele e nos dará o
grande prazer e a bem-aventurança que sempre tentamos encontrar. Esse é o ponto
do serviço devocional, chamado bhakti-yoga,
que é o processo de conectar (yoga) com o Supremo através da devoção (bhakti).
Desta maneira, nossa inerente propensão amorosa é direcionada ao amante supremo
e ao objeto natural do amor: Deus. Não existe melhor maneira para encontrar
Deus do que essa. Em outras palavras, através da devoção não tentamos ver Deus,
mas agimos de tal forma que Deus Se revele a nós. Então, tudo se concretiza.
Não pode haver conquista maior na forma humana de vida do que isso. Tudo mais é
temporário – vem e se vai. Somente nossas conquistas espirituais duram
eternamente, pois são ligadas à alma imortal. Por conseguinte, redespertar
nosso relacionamento com o Supremo é a meta mais elevada na existência humana.
Dado que o Senhor Krishna é a Suprema Personalidade, naturalmente há certas
maneiras pelas quais O compreender. O segredo é explicado diretamente pelo
próprio Senhor Sri Krishna quando Ele diz: “O conhecimento acerca de Mim, como
descrito nas escrituras, é muito confidencial e tem que ser assimilado em
conjunto com o serviço devocional. Estou explicando a parafernália necessária
para esse processo. Podes receber isso cuidadosamente. Tudo o que é Meu, a
saber, Minha verdadeira forma eterna e Minha existência transcendental, Minha
cor, Minhas qualidades e Minhas atividades – que tudo se desperte dentro de ti
por vivência fatual, por Minha misericórdia sem causa”. (Srimad-Bhagavatam 2.9.31-32). Para dar início a esse
processo, o sujeito necessita ouvir de alguém que sabe e é familiarizado com as
qualidades do Senhor Krishna e pode explicá-las a outros. Isso é estabelecido
neste famoso verso: “Àquelas grandes almas que têm fé inabalável tanto no
Senhor quanto no mestre espiritual, todos os significados do conhecimento
védico são automaticamente revelados”. (Shvetashvatara Upanishad 6.23). “Regularmente ouvindo, cantando
e meditando nos belos tópicos do Senhor Mukunda [Krishna] com sinceridade
sempre crescente, um mortal alcançará o divino reino do Senhor, onde o
inviolável poder da morte não tem influência. Para esse fim, muitas pessoas,
incluindo grandes reis, abandonaram seus lares mundanos e partiram para a
floresta”. (Srimad-Bhagavatam 10.90.50).
Nessa declaração fica claro que, para aqueles que ouvem e entoam o santo nome e
os tópicos referentes a Krishna, milhões de graves reações pecaminosas são
prontamente reduzidas a cinzas. É claro que o momento mais importante para nos
lembrarmos do Senhor e cantarmos Seu nome é a hora da morte. É por isso que é
dito que aqueles que cantam “Krishna, Krishna” na hora que o corpo expira são
indivíduos aptos para a libertação. A Gopala-tapani
Upanishad (1.6) afirma que
“aquele que medita na Pessoa Suprema, glorifica-O e adora-O, obtém a
libertação”. Em conclusão, o Senhor Krishna explica de maneira simples: “Porque
és Meu amigo muito querido, compartilho contigo a parte mais confidencial do
conhecimento. Ouve-Me falar-te isso, pois é para o teu benefício. Sempre pensa
em Mim e torna-te Meu devoto. Adora-Me e oferece-Me tuas homenagens. Assim,
virás a Mim impreterivelmente. Prometo-te isso porque és Meu amigo muito
querido. Abandona todas as variedades de religião e simplesmente te rende a
Mim. Libertar-te-ei de todas as reações pecaminosas. Não temas”. (Bhagavad-gita 18.63-66). A Consequência de Não
Conhecer Krishna. Quando os ensinamentos védicos falam sobre as
consequências de alguém não ter suficiente fé no Senhor Krishna, ou no processo
para conhecê-lo, é algo bastante diferente do que você talvez encontre em
outras fés ou religiões, que talvez professem que você vai para um inferno
eterno caso você não creia ou que você é um infiel digno de morte ou qualquer
outra coisa do gênero. Contudo, deixar de investigá-lo e conhecer qual é o
nosso destino final é algo tido como um desperdício desta vida em particular. O
Senhor Krishna explica pessoalmente: “Se alguém é bem versado em toda a
literatura védica, mas deixa de familiarizar-se com o Supremo, tem-se de
concluir que toda a sua educação é como o fardo de um animal ou como a manutenção
de uma vaca que não dá leite”. (Srimad-Bhagavatam 11.11.18). “Aqueles que adoram os
deuses nascerão entre os deuses, aqueles que adoram fantasmas e espíritos
nascerão entre tais seres, aqueles que adoram os ancestrais terão com os
ancestrais, e aqueles que Me adoram viverão comigo”. (Bhagavad-gita 9.25) Assim, a pessoa é autorizada a
proceder com sua vida da maneira que queira. O Senhor Krishna permite que cada
pessoa se desenvolva em seu próprio caminho e continue vagando pelo universo e
por vários tipos de atividades até que comecem a se perguntar sobre o propósito
da existência ou se tornem dispostas a um caminho espiritual profundo. As
atividades materialistas não é o caminho pelo qual se pode conseguir paz, e a
maioria de nós precisa descobrir isso por si mesmo. Contudo, uma pessoa não
pode ser ajudada até que esteja pronta. Até essa hora, portanto, podemos
oferecer-lhes o conhecimento espiritual de que necessitam, mas decidirão por si
mesmas o quanto desse conhecimento desejam utilizar. Quando, por exemplo, Sri
Krishna falou todo o Bhagavad-gita a Arjuna, Ele, ao final, perguntou a
Arjuna o que ele gostaria de fazer. Ele tinha que tomar sua decisão. Ele não
foi forçado a nada. Da mesma maneira, podemos apenas oferecer este conhecimento
para o benefício da humanidade, e cada indivíduo pode decidir o que deseja
fazer, ou por quanto tempo deseja continuar com sua existência nos mundos
materiais. A Eterna Morada Espiritual de Krishna. Os textos védicos
descrevem que há inumeráveis planetas espirituais no céu espiritual, além desta
criação material, cada um com uma das ilimitadas formas do Senhor com
incontáveis devotos ocupados a Seu serviço. No centro de todos os planetas
espirituais de Vaikuntha (o mundo espiritual, ou, literalmente, “o local sem
ansiedade”), está o planeta conhecido como Krishnaloka, ou Goloka Vrindavana.
Essa é a morada pessoal da original Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna.
Krishna desfruta de Sua bem-aventurança transcendental em múltiplas formas
neste planeta, e todas as opulências dos outros planetas Vaikuntha se encontram
ali. Esse planeta tem a forma de uma flor de lótus, e muitos tipos de
passatempos acontecem em cada pétala desse lótus, como descreve a Brahma-samhita (5.2,4): “A sublime residência de
Krishna, que é conhecida como Gokula, é a morada suprema. Essa morada é o
centro de um lótus de milhares de pétalas, e é sustentada por uma fração da
energia espiritual de Baladeva chamada Ananta. O centro desse eterno reino de
Gokula é a morada hexagonal de Krishna, e suas pétalas são as moradas das gopis, que são partes e
parcelas de Krishna, a quem elas são muitíssimo amavelmente devotadas e
similares em essência. As pétalas brilham belamente como muitíssimas muralhas.
As folhas estendidas desse lótus são várias divisões similares a jardins e
caramanchões, destinados a Sri Radhika e as demais gopis”. O único afazer que Sri
Krishna tem no reino espiritual é o desfrute transcendental. O único afazer dos
servos eternos de Krishna é oferecer-Lhe desfrute. Quanto mais desfrute os servos,
ou devotos, concedem a Krishna, mais feliz Ele fica. E quanto mais feliz
Krishna fica, mais Seus devotos se veem motivados e experimentam êxtase eterno
e transcendental. Desta forma, há uma competição sempre crescente de êxtase
espiritual entre Krishna e Suas partes integrantes. Esse é o único afazer no
mundo espiritual, como confirma o verso seis da Brahma-samhita: “O Senhor de
Gokula é o Senhor Supremo e transcendental, o próprio eu dos êxtases eternos.
Ele é superior a todos, ocupa-Se completamente nas recreações do reino
transcendental, e não tem associação alguma com Sua potência mundana
(material)”. Embora não seja possível experienciar os passatempos espirituais
ou ver a forma do Supremo com sentidos ordinários, podemos, como já dito,
espiritualizar os nossos sentidos pela prática do yoga devocional e alcançar assim a
plataforma de perceber o Supremo a todo instante. Nesse momento, começamos a
nos tornar conscientes de Krishna e podemos começar a entrar nos passatempos de
Krishna, embora ainda estejamos situados dentro deste corpo material. Caso nos
tornemos plenamente espiritualizados dessa maneira, não há dúvidas de que,
quando abandonemos este corpo material, retornaremos ao mundo espiritual. Até
lá, podemos continuar estudando os textos védicos para nos lembrarmos e nos
familiarizarmos com a beleza e amabilidade do mundo espiritual, como descritas
a seguir: “Adoro Goloka, onde residem ilimitadas gopis e onde reside Krishna, o amado das gopis e a forma suprema de Deus, onde todas
as árvores são árvores-dos-desejos, onde a terra é composta de pedras
filosofais, onde a água é tão doce quanto néctar, onde toda palavra é uma
canção, todo passo é uma dança, onde a flauta é a melhor amiga – sempre a
anunciar jubilosamente e em todo lugar a presença de Krishna –, cuja
refulgência é magnífica e plena de bem-aventurança transcendental, onde tudo o
que é desfrutável também é pleno de conhecimento e bem-aventurança, onde
inumeráveis vacas leiteiras sempre derramam transcendentais oceanos de leite,
onde inexiste passado ou futuro em virtude de o tempo não transcorrer sequer
pelo espaço de meio instante. Esse reino de Goloka é conhecido apenas por
pouquíssimas almas auto realizadas neste mundo”. (Brahma-samhita,
5.56). “O dhama Vrindavana é um local de júbilo sempre
crescente. Flores e frutas de todas as estações crescem ali, e essa terra
transcendental é repleta do doce som de vários passarinhos. Todas as direções
ressoam com o zunir de abelhões, e são servidas por brisas refrescantes e pelas
águas igualmente refrescantes do rio Yamuna. Vrindavana é decorada por
árvores-dos-desejos tomadas de trepadeiras e belas flores. O pólen dos lótus
vermelhos, azuis e brancos ornamentam sua divina beleza. O solo é feito de
joias, cuja glória esplendorosa é igual a uma miríade de sóis surgindo no céu
de uma só vez. Nesse solo, há um bosque de árvores-dos-desejos, que sempre
derramam amor divino. Nesse jardim, há um templo de joias, cujo pináculo é
feito de rubis. Várias joias o decoram, em virtude do que permanece brilhantemente
refulgente ao longo de todas as estações do ano. O templo é embelezado por
abóbadas de cores intensas, brilhando com várias gemas, e traz ainda telhados
decorados por rubis e portões e arcadas ataviadas de pedras preciosas. Seu
esplendor é igual a milhões de sóis, e é eternamente livre das seis ondas de
misérias materiais. Nesse templo, há um grande trono dourado ataviado de muitas
joias. É desta maneira que se deve meditar no reino divino do Senhor Supremo, o dhama Sri Vrindavana”. (Gautamiya Tantra 4). Estudando e ouvindo sobre a beleza
do mundo espiritual, compreendemos que tudo pelo que estamos procurando na vida
tem sua origem nesse reino eterno. Ali, como se descreve, a pessoa encontra
liberdade de todas as dores e de todo sofrimento, e a atmosfera é
ilimitadamente plena de beleza, júbilo, felicidade e conhecimento sempre em
expansão, bem como relacionamentos amorosos eternos. Nesse reino, ninguém tem
as dificuldades de manter o corpo, pois todos possuem formas espirituais.
Assim, trata-se de um mundo repleto unicamente de recreação, sem a peleja
peculiar à manutenção da própria existência. Jamais há fome, e podemos
banquetear sem nunca ficarmos cheios. Tampouco há lamentação quanto ao passado
ou medo do futuro. Descreve-se que o tempo é notado por sua ausência. Assim, as
necessidades da alma por completa liberdade e felicidade e amor irrestritos se
encontram na atmosfera espiritual. Esse é o nosso verdadeiro lar. www.voltaaosupremo.com.br. Abraço.
Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário