Espiritismo.
Texto de Luiz Sérgio. Psicografado por Irene Pacheco Machado. Capítulo 12.
DEVASSANDO O INCONSCIENTE. Muitas vezes as verdades nos chegam, mas o nosso
orgulho não nos deixa tomar uma atitude que jogará fora toda uma teoria que não
mais nos pertence. A sociedade a rejeitou, todavia, ela, mesmo falha, está
sendo útil a muitos doentes. A água da fonte nasce pura, mas vai-se
contaminando com as impurezas. Muitas teorias são deturpadas pelos próprios
adeptos. Isto se deu até com o Cristianismo e vem se repetindo sempre. Cada
discípulo acrescenta uma vírgula a mais e daí a deturpação. Muitos brincam com
a alma do seu próximo, principalmente com a alma doente, muito doente. Ele fez
uma pausa e Carlos perguntou: - Pretende reencarnar logo? Ele sorriu. - Só Deus
conhece o dia exato da "morte", mas estarei preparado, já que quando
encarnado convivi com ela. A doença tentou ferir minha alma, mas eu me
distanciei do desespero, porque Deus me ofertou o saber do meu mundo interior
e, quando os ventos da tristeza desejavam arquear meu espírito, refugiava-me
nas regiões altas da minha alma. Longe da dor, eu me sentia forte para viver a
realidade, a morte, que os espíritas sabiamente chamam desencarne. A separação
espírito-carne, eu chamarei de desligamento. Estudando a alma humana, vamo-nos
tornando cada vez mais insensíveis, não porque a dor nos endureça, não, isso
não, é que constatamos que todos os seres - uns mais que os outros - vivem a
sua vida, e nem todas são tão belas nem tão más. 0 ser é que dramatiza ou
aceita passivamente as suas horas de vida. Para mim, as neuroses são
testemunhas do desenvolvimento do espírito humano. Muito sábia a Bíblia ao
afirmar que no princípio vivia o homem no "paraíso". Sempre ao
estudar a alma humana, esbarrava com algo para mim inatingível. Hoje sei: vidas
passadas, existências vividas. Levando o homem ao seu nada, me deparava com
algo que me fazia buscar ainda mais os mistérios da mente. A imaginação do
paciente dava-me relatos que nada tinham a ver com o século vivido por nós;
fantasias ou uma mente elástica que captava outras reações vividas pelos
antepassados, vindo de pais para filhos? Senti que as chamadas neuroses, antes,
eram estágios da Humanidade, que a vida foi levando o homem à neurose, pelos
antepassados. Cheguei perto, não foi? A Doutrina hoje me ensinaria que as
neuroses são lembranças das vivências traumáticas. Mas como pode o analista
colocá-las para fora do paciente se poucos têm conhecimento deste fato: a
reencarnação? Um dia acordei eufórico! havia descoberto que na negritude da
alma havia uma luz. A princípio falei comigo mesmo: é Deus. Depois, à força e
coragem, prossegui descobrindo fatos novos que me faziam feliz, mas, pouco a
pouco, minhas especulações iam contra as bases científicas. E um estudioso,
muitas vezes, tem de calar para não jogar fora todo um trabalho que, a certa
altura, não mais lhe pertence. O que descobri sobre a negritude da alma foi
surpreendentemente fácil e amplo no princípio; depois, foi ficando tão intrincado
e difícil, que me vi quase louco. De um lado, havia eu descoberto algo novo na
mente humana; uma fita gravada, ou melhor, um filme com toda a história do
indivíduo analisado. Achei prudente não levar a público o estudo, e este ficou
perdido. A Psicanálise tinha de alcançar um papel de importância junto à
Humanidade. Era cedo ainda e eu me senti fraco. De um lado a fama a me
comprimir o espírito que, durante a noite, voava até a espiritualidade e
descobria a verdade; mas, mesmo sentindo a vontade de gritar bem alto a minha
descoberta, por outro lado, o futuro também me oprimia: não tinha certeza
absoluta de que o homem carregasse junto a si um doloroso passado. Não sabia.eu
como isso se dava, o porquê de estar sentindo a histeria do medo, a demência, a
paranoia e a melancolia; mesmo já tendo um certo controle sobre a minha alma,
ela sofria a prisão e não me sentia com força para libertá-la. - E o
homossexualismo? - perguntei aproveitando a pausa que ele fizera. - Para mim -
respondeu ele - teve por base a própria sociedade. Ela, muitas vezes, leva o
ser à libertinagem e, desde que o homem é humano, ele procura o desconhecido.
Hoje ainda não possuo conhecimentos a respeito; estou estudando, mas já ouvi
dizer que a causa também está no períspirito. Ele se calou e nós, que ali
estávamos apenas conversando, vimos que já era hora de nos retirarmos. - Irmão,
muito obrigado. Nós amamos você! Olhando-me fixamente, falou: - Sérgio, viva
bem a sua realidade. A satisfação não se efetua pelos caminhos mais curtos nem
em função das condições impostas pelo mundo exterior. Voltei, e lhe dei um
abraço de admiração por tanto saber. Para Carlos ele falou: - 0 médico precisa
se conscientizar de que ele tem obrigação de se tornar útil, e só o
conhecimento da sua área proporciona-lhe paz e poder. Capítulo 13. CÂNTICO DE
MOISÉS Eram firmes os passos de Olavo ao se retirar e nós o fitávamos com
carinho. Virei-me para Carlos, dizendo: - Amigão, nem sei como lhe agradecer.
Foi ótima a nossa conversa. - Luiz Sérgio, o homem, por ser ainda imperfeito,
gosta de criticar a obra do seu próximo, fazendo-o geralmente sem conhecimento,
apenas por julgamento próprio. Olavo é um espírito que ainda luta para
caminhar, mas merece de todos nós respeito e amor. - Carlos, você está
trabalhando no receituário mediúnico, não é mesmo? - Sim, mas nem por isso
deixo de vir até aqui receber ensinamentos bastante proveitosos como os que
acabamos de obter, para espantar a vaidade. Continuamos conversando sobre
vários assuntos, e confesso que no momento de nos separarmos senti imensa
tristeza. Aquele jovem médico é um grande e querido amigo; e quem vive sem uma
amizade leal? Ao ficar sozinho, recordei-me de Olavo e disse à saudade: você é
uma brisa que se faz presente em meu coração, mas não machuca mais, porque hoje
eu sei o que representa o sentimento. Já estava na hora da nossa aula e com
outros irmãos me encontrei; uns, indiferentes, outros, curiosos, mas todos
recebendo de Deus a oportunidade. Sentei em meu lugar preferido e já me
impacientava: os meus colegas não chegavam. Quando acenderam as luzes, eles
deram entrada, assim como outros grupos, eu é que me havia adiantado. Lourival,
que perto de mim sentara, disse: - Tivemos uma aula extra com alguém. -
Verdade? Pois eu também estive com o Carlos e o Olavo falando sobre a alma.
Lourival, rindo, brincou: - Você está muito mal, hein? Precisando devassar o
inconsciente! (...). Nós estivemos com um político, falando sobre a ascensão e
a queda do espírito. Calei-me, mas no fundo a minha cuca quase deu um nó. Por que
só eu precisei conversar com Olavo, por quê? Conrad, captando meus pensamentos,
falou: Esqueces que trabalhas com médiuns, jovens, crianças, enfim, que tu
estás em todas? Para ajudá-los tens de penetrar no inconsciente despertando-o
para as verdades de Deus. O meu sorriso foi o meu muito obrigado. Quando Jesus
disse: Não chameis ninguém de "louco", Ele mostrou a Sua sabedoria. É
muito triste rotular as pessoas de malucas. Desvalorizar alguém é muita pobreza
de conhecimentos evangélicos. Todos nós só vivemos se acreditamos em nós mesmos
e quando alguém procura nos jogar para baixo, precisamos ter muita fé para não
sucumbir. Quem convive com o público precisa estar ciente destas palavras de
Jesus. Chamar alguém de desequilibrado é desconhecer o amor. Sabe por que estou
dizendo isso? Se ao cientificar-me de que somente eu fora a um médico de cuca,
fiquei nervoso, imagine aquele que é taxado, a cada instante, de maluco!
Portanto, mesmo constatado um estado obsessivo em alguém, cuidado, gente! a
mente humana é uma floresta cujos mistérios ainda continuam ocultos. Cuidado,
muito cuidado! Ninguém é ainda o dono da verdade, só Jesus; e Ele usou muito
bem as palavras, por conhecer nossas fraquezas. Na tela, o Quinto Livro,
Deuteronômio 32, Cântico de Moisés, versículo 2: Goteje a minha doutrina como a
chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a relva e
como gotas de água sobre a relva. Vs. 4, 5 e 6: Suas obras são perfeitas porque
todos os seus caminhos são juízo. Deus é fidelidade e não há nele injustiça: é
justo, é reto. Procederam corruptamente contra ele já não são seus filhos, e
sim suas manchas; è geração perversa e deformada. É assim que recompensamos o
Senhor, povo louco e ignorante? Este Cântico ressoava em nossos ouvidos e
presenciávamos a criação da Terra, a vinda do Espírito para compor este
Planeta. E no Cântico de Moisés nós presenciamos a sua preocupação como ótimo
médium que era. Gostaria de citar versículo por versículo, mas o tempo é curto
e o dinheiro para edição dos livros muito mais. Convido o leitor a ler todo o
Cântico de Moisés. Ainda no versículo 18, diz Moisés: Olvidaste a Rocha que te
gerou e te esqueceste do Deus que te deu o ser. No versículo 17 continua:
Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus. E assim fomos assistindo ao
desespero de Moisés, quando deu ao homem a chave da vida, mas o ser, enraizado
no erro, fingia não compreender as belezas divinas. Nós, que estamos
acompanhando a evolução do espírito, ou melhor, a sua trajetória, ficamos meio
atônitos quando percebemos que ninguém erra por ignorância e sim por vontade
própria. Ali, diante do Cântico de Moisés, percebemos a paciência de Deus
enviando mensagens para orientar a Humanidade, e ela, indiferente, seguindo por
caminhos contrários e ainda culpando Deus. Capítulo 14. O ANÚNCIO DA VINDA DO
SENHOR Os nossos orientadores ainda ficaram conversando conosco, tirando
algumas de nossas dúvidas. - Irmão, explique-nos por que no Antigo Testamento
tudo surge à nossa frente sob a forma de ameaça como em Samuel II, Capítulo 24,
Davi escolhe o castigo: versículos 14 e 15: Então disse Davi a Gade: Estou em
grande angústia; porém, caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas
misericórdias; mas na mão dos homens não caia eu. Então enviou o Senhor a peste
a Israel, desde a manhã ao tempo que determinou, morreram setenta mil homens. -
Irmãozinhos, até hoje, quando algo acontece, ainda dizem: é castigo de Deus;
naquela época o homem era mais ignorante, portanto, supersticioso por demais,
principalmente quando tinha a consciência pesada. Em muitas passagens podemos
notar que Davi prefere a fúria do Senhor à dos homens. Agora perguntarão: Mas
então, por que morreram tantos homens? Hoje, no ano de 1985, presenciamos o
desencarne coletivo por castigo? Não. São espíritos que precisam passar por
esse tipo de resgate. E assim também no reino de Davi: ele e o seu povo vieram
à Terra para evoluir. E esses fatos tristes, muitas vezes nos servem de alerta.
Davi logo procurou agradar ao Senhor à maneira da época: levantando altares. Só
o fato dele ter-se lembrado que acima de qualquer poder existe algo que
determina a vida e que foge às explicações científicas, isso foi considerado
uma prece de arrependimento. Deus não é malvado. Nós é que tornamos os dias das
nossas vidas negros de erros. Vejamos no versículo 18: Naquele mesmo dia veio
Gade ter com Davi, e lhe disse: Sobe, levante ao Senhor um altar na eira de
Araúna, o Jebuseu. Este Capítulo do livro de Samuel oferece-nos muitas pérolas
evangélicas. Veja nos versículos seguintes Davi indo até um homem do povo
pedir-lhe um favor. Quantas vezes o que julgamos uma violência divina é um
chamado de Deus para as coisas do espírito! Se hoje o poder aprisiona,
imaginemos nas eras primitivas. 0 medo era o único freio e, para chegarmos aonde
chegamos, ele foi usado. Portanto, a dor quase sempre é uma lixa que embeleza o
espírito, tornando-o uma peça sem aresta. E o Artista maior, que é Deus, com
que carinho nos oferece a bênção da reencarnação! Irmão, se o espírito foi
criado simples e inocente, para Deus deve ser muito triste, muito triste,
presenciar tantos espíritos ainda cobertos por uma crosta de sujeira. . . Senti
que alguns colegas continham o riso, mas os orientadores não estranharam minhas
palavras. Confesso que dessa vez nem me perturbei. No painel, Zacarias,
Capítulo 13: Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os
habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza. Fiquei por último,
gostaria de conversar com um dos orientadores, que logo se aproximou de mim. -
Gostou, Luiz, da aula de hoje? - Muito boa, só (...). - Já sei. E difícil
compreender a razão de tantos cataclismos. - E isso mesmo, irmão. Por que
naquele tempo os mensageiros se materializavam, indo até os encarnados para
alertá-los? - Luiz, o Antigo Testamento é um valioso roteiro para o homem no
Planeta Terra. Se prestarmos atenção, nele encontraremos a escalada do
espírito, que se inicia na Gênesis, quando Deus criou o Planeta. Voltaremos ao
primeiro Capítulo da Gênesis, versículo 2: A terra, porém, era sem forma e
vazia, havia trevas sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava sobre
as águas. Versículo 3: Disse Deus: Haja luz, e houve luz. Sabemos que Deus cria
a cada minuto e sendo a Terra uma das Suas obras, ela surgiu do infinitamente
pequeno. Era um carvão, que pouco a pouco vai ganhando brilho. Assim iniciou a
vida em nosso Planeta, com Jesus, como seu Governador, bem atento a tudo. O
Antigo Testamento coloca Adão e Eva como os primeiros habitantes da Terra e
sobre isso já falamos. Depois começou a luta do homem pelas coisas perecíveis.
O orgulho e a ganância afloraram nos seres novamente. E assim iniciou a
purificação por causa do desvio da chama eterna, que é o espírito do homem. No
livro Êxodo, sentimos a fúria do homem sobre o homem - era a sede do poder.
Dessa maneira, vamos encontrando Deus em cada livro do Antigo Testamento, um
Deus que ameaça, um Deus que castiga. Os ministros de Deus tinham que servir-se
dos médiuns, que não eram puros, para ditar suas leis. Por isso muitos absurdos
foram registrados. Mas Deus nunca abandonou a Terra; estava ao lado dos Seus
filhos em todos os momentos, testemunhando Seu amor. Sentindo a falta de
fraternidade no povo, Deus ditou através de Seus Mensageiros, para o médium
Moisés, o Decálogo, que se encontra no Capítulo 20, do Êxodo. Mas mesmo assim o
homem exercia sua força sobre os fracos. Os poderosos eram cada vez mais duros.
Então surgiu o Levítico, que mais parece um livro de direito penal. Vejamos no
Capítulo 6, versículo 2: Quando alguém pecar, e cometer ofensa contra o Senhor,
e negar ao seu próximo o que este lhe deu em depósito, ou penhor, ou roubo, ou
tiver usado de extorsão para com seu próximo (...). Se formos seguindo,
deparar-nos-emos com as mais surpreendentes leis. Encontramos também leis a
favor dos pobres. Capítulo 25: Leis a favor dos servos. - Irmão, é mesmo
impressionante a preocupação de Deus! - Vendo que poucos tinham condição de
transmitir as Suas palavras, mandou para a Terra o Seu verbo vivo: Jesus.
Antes, vieram as profecias. Em doei, Capítulo 1, versículo 10: O campo
assolado, e a terra de luto, porque o cereal está destruído, e a vida secou, as
oliveiras murcharam. Em Amos: Ameaças contra diversas nações. Depois Abdias.
Depois Jônatas. Depois Miquéias, no Capítulo 2: Ai dos opressores gananciosos.
Depois, Naum, no Capítulo 3: Ai da cidade sanguinária toda cheia de mentiras e
de roubo, e que não solta a sua presa. Depois Habacuque e em Sofonias, Capítulo
1, versículo 14: Está perto o grande dia do Senhor. Capítulo 2, versículo 12:
Ameaças contra a Etiópia e Assíria. Depois Ageu e Zacarias. Em Zacarias, Luiz
Sérgio, sentimos que o Pai viria até a Terra através da verdade, da vida e do
caminho, no Capítulo 13: Eliminados todos os ídolos e os profetas. No versículo
4: Naquele dia se sentirão envergonhados os profetas, cada um da sua visão,
quando profetiza, nem mais vestirão manto de pêlos, para enganarem. Em
Malaquias, Deus, que vinha lutando para guiar a Humanidade, cientificou-Se de
que só o Seu filho Jesus poderia trazer paz à Terra, e assim encerra o Antigo
Testamento. Desce então, à Terra o Governador e em nome de Deus anuncia que não
vem destruir a Lei, mas fazê-la compreendida através de Seus atos de espírito
puro. O livro de Malaquias é rico e temos muito o que nele estudar. Lê-se no
Capítulo 3: Eis que envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de
mim, de repente virá, ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da
Aliança a quem vós desejais; eis que Ele vem, diz o Senhor dos Exércitos.
Capítulo 15. NO DEPARTAMENTO DA ARTE - Irmão, o último livro do Antigo
Testamento deixa bem clara a vinda de Jesus. Ali podemos notar que o mundo
espiritual e o mundo material são solidários entre si. Temos de conhecer e
respeitar as leis que regem os dois planos. Enquanto conversávamos, Conrad veio
buscar-me, pedindo desculpas por ter-nos interrompido, para dizer-me que alguém
me esperava no Departamento da Arte da Faculdade. Agradeci ao orientador que
com carinho me ofertou belas horas de aprendizado e segui Conrad, ansioso para
encontrar quem me esperava. Quando lá chegamos, Pierre gentilmente veio ao
nosso encontro e, com poucas palavras, deu-nos a certeza de que estávamos à
frente de um gentleman. Falava português misturado com francês. - Desculpe
amigo, havia-me esquecido de que lhe pedira uma visita - disse eu. E que
trabalhando em livros espíritas gosto de colocar os meus leitores a par de tudo
o que se refere ao enobrecimento do homem, principalmente se ele é um meio de
comunicação espiritual. Sei que o irmão luta para desenvolver a mediunidade
psico pictográfica, (1) e que prepara os artistas para esse trabalho. Ele me
sorriu. - Não, irmão, não é bem isso. Preocupo-me em tentar apagar certas
imagens negativas que se faz dos artistas e venho, pouco a pouco, procurando
levá-los ao plano físico para sua própria melhoria e também para ajudar o
médium. Conversando, alcançamos o interior da galeria. Eram tantas as telas,
que eu não sabia se as admirava ou ouvia o nosso amigo. Notando o meu
interesse, foi-me apresentando os melhores trabalhos e dando explicações sobre
cada quadro. Logo depois levou-me a outro local onde vários artistas
desenhavam. Notei que eles não possuíam boa vibração. Perguntei o porquê e
Pierre respondeu-me: (1) ou psico pictoriográfica, pintura feita por espírito
através de médium. Estes são doentes, que são levados aos grupos espíritas para
serem tratados através das cores. Sentia-me meio apatetado. Há poucos minutos
eu aprendia o Antigo Testamento e agora ali estava, naquele local, ao lado de
pessoas muito estranhas, para não dizer "piradas"(...). Pierre,
sorrindo para um e para outro, apresentava-me os trabalhos e vim então a saber
que também os grandes mestres da pintura, quando voltam ao mundo espiritual, se
no corpo físico abusaram do seu dom, sofrem as consequências. 0 mesmo acontece
com o que não exerce a medicina condignamente ou dela se aproveita. - Irmão,
eles retroagem? - Não, mas o espírito que abusou por demais da bebida, das
drogas e de outras coisas, fica meio atordoado. Não esqueça que existe o
suicida inconsciente. E muitos deles fugiram até pelo suicídio direto. - E como
um grupo mediúnico pode ajudá-los? - Tentamos desenvolver esse dom mediúnico,
mas alguns mé- diuns ainda relutam, por falta de incentivo de alguns
dirigentes. O certo é criar nos centros espíritas grupos específicos de
desenhos mediúnicos. - O médium tem de ter um pouco de dom artístico? -
Facilita para o desencarnado, mas mesmo sem o possuir, muitas vezes recebe
verdadeiras obras de arte, em se tratando de médium mecânico. - Pierre, nesses
grupos só vão os grandes pintores? - Irmão, essa é a nossa maior preocupação.
Os médiuns psico pictográficos não podem ficar à espera só dos grandes nomes.
Se forem formados os grupos só para esse fim, fica mais fácil o controle,
principalmente se o dirigente for humilde. - E necessário que o dirigente
possua vidência? - Se tiver, facilitará o trabalho dos médiuns. Aconselhamos o
dirigente encarnado a não permitir que as telas sejam assinadas, principalmente
as recebidas pelos médiuns iniciantes. A não ser com a permissão do dirigente
espiritual, que deve ser um espírito evangelizado. - Evangelizado? Sim, irmão,
os pintores precisam de dirigentes e médiuns evangelizados, porque a disciplina
é um dom que embeleza a tela mental. Para formar um grupo de
psicopictoriografia, antes de tudo o presidente da casa espírita tem de
considerá-lo igual a qualquer outro grupo necessitado de estudo da Doutrina e
do Evangelho, possibilitando aos artistas o aprendizado da arte do amor eterno.
- Irmão, muitos não vão gostar (...) - Está vendo, Luiz? Assim como o irmão,
muitos julgam o artista um desequilibrado. Vamos dar-lhes a condição de cura,
formando grupos especializados, não com o intuito de só trabalhar com grandes
nomes, mas, acima de tudo, pelo real valor da ajuda mútua. - Conhecemos um
grupo que foi criado pelo irmão e já está se mantendo. Pode narrar como se deu
o início? - Luiz, você disse bem: está se mantendo. E verdade. 0 grupo de
pintura gasta muito material e tudo o que utiliza é caro. No início não, mas
com o tempo, vai sendo necessário vender as obras para custear as atividades. -
Os médiuns não podem comprá-lo? - Nem todos. Muitos médiuns são pobres, porém
nada os impede de fazê-lo. Mas se o grupo for bem dirigido, logo ele terá a sua
fonte de renda própria, com material de primeira, o que vem a enriquecer os
trabalhos. O irmão viu os doentes desta ala. No início do grupo aproveitávamos
a boa vontade dos médiuns e levávamos os pintores necessitados. Eles
desenvolviam os médiuns e se tratavam. No princípio os desenhos eram feitos a
lápis, depois, usou-se as cores; estas atuavam sobre o doente e várias curas se
processavam . Alguns médiuns abandonaram o grupo, por considerá-lo cansativo,
mas várias curas foram efetuadas. Os que ficaram, hoje estão felizes porque
sentem que trabalham com desenvoltura, a mão mais solta. Mesmo estando o grupo
nesse estágio mais adiantado, nada nos impede de levar até lá artistas muito
doentes. 0 médium humilde compreenderá que está num grupo para servir, não se
importando se as suas pinturas são ótimas em um dia e de pior qualidade em
outro. Pierre, penso eu que deve ser o mais difícil trabalho mediúnico.
Primeiro, porque quem desenha bem não vai querer receber um aprendiz. Depois,
se ele já está trabalhando com grandes pintores, não vai gostar de voltar a
receber iniciantes. - A humildade é algo que o homem tem de conquistar. Para
mim, ela é o horizonte que meus olhos buscam retratar em meu espírito, para que
ele seja uma bela obra divina. Após tudo isso, o que mais perguntar? Fiquei
calado, mas o nosso amigo continuou mostrando-me outras telas. 0 lugar era
muito bonito e pude notar que numerosos enfermeiros ali trabalhavam. - Luiz
Sérgio, a maior dificuldade encontramos entre os artistas, principalmente se
eles alcançaram a fama e até hoje são recordados como os gênios da pintura.
Muitos, quando levados a um grupo, não querem obedecer o horário. Por isso,
temos de tomar atitudes enérgicas, ministrando, antes do trabalho prático,
aulas sobre a Doutrina e o Evangelho. - Pierre, eles gostam da hora do estudo?
- Alguns gostam, outros chegam a ficar irados, achando-o desnecessário. - Por
que a sua preocupação com os artistas? - A preocupação não é minha, é de Jesus.
Eie deseja que todos nós sejamos pobres de espírito, mansos e pacíficos e que
tenhamos puros os corações. Se um mandatário, ao voltar para o plano
espiritual, desejar continuar o seu trabalho, apenas ordenando, não conseguirá
evoluir; pode, sim, comandar falanges obsessoras que, muitas vezes, pensando
ajudar, levam alguns países à desordem. Todos os espíritos ainda carentes de
evolução, ao retornarem, têm de obedecer a uma hierarquia. E o artista também
não foge desse critério. Quem acompanhou o desencarne de André Luiz deve
recordar que ele não pôde exercer a medicina logo que voltou para a
espiritualidade. Muitos dos nossos irmãos aceitam trabalhos humildes, porém
inúmeros os recusam, porque a vaidade os domina por demais. - Pierre, um grupo
de pintura deve ainda requerer médiuns evangelizados, porque se algum vaidoso
receber um artista célebre e este ainda estiver precisando de humildade, como
ficam as coisas? Muito tristes. Quando o médium não tem a Doutrina no coração,
causa ao artista bastante transtorno. 0 espírito pode transmitir ao médium
vontade de tomar bebidas alcoólicas, fumar ou comer durante o trabalho. Mas se
este tiver conhecimentos doutrinários, saberá isolar essas influências
negativas. - Isso acontece em grupo bem orientado? - Não, por essa razão é mais
prudente a casa espírita criar grupos só de pinturas mediúnicas. Além de ajudar
espíritos muito vaidosos ou excêntricos, através das cores há possibilidade de
acalmá-los. Enquanto visitávamos o Departamento da Arte, muitos artistas se
acercavam de Pierre para pedir que os levasse aos grupos mediúnicos para
pintar. A todos o nosso amigo dava muita atenção e prometia atendê-los.
Entramos em uma enfermaria, onde vários irmãos estavam comodamente instalados
em espreguiçadeiras. Parecia que tinham desencarnado por derrame, pois falavam
com dificuldade. Ao lado deles, terapeutas davam assistência; alguns irmãos
esforçavam-se para falar. Ali, naquele local, tudo era muito colorido; mesmo em
se tratando de um hospital, as paredes, belas telas as adornavam. Pierre
conversou com o encarregado daquele setor e, quando saímos, ele me disse: -
Luiz Sérgio, esses irmãos, quando encaminhados a grupos mediúnicos, são
beneficiados; vários deles voltam a fazer traços e ficam muito felizes. Eles
são levados por irmãos que se especializaram no caso de cada um deles. - Que beleza,
Pierre! Embora famosos, iniciam fazendo rabiscos? - Sim, mas riem e gostam
muito dos esboços. - Gostaria de ver a cara dos médiuns, principalmente dos
vaidosos, que só desejam receber os gênios da pintura. - O perfil de alguns
desses médiuns não é nada agradável para ser retratado. São fisionomias bem
distantes da harmonia divina, esquecendo-se de que o trabalho feito por amor é
uma luz que se multiplica. Um dos doentes chamou Pierre e este, com carinho, o
atendeu. Notamos que os dois eram grandes amigos; e, quando Pierre voltou,
perguntei-lhe: - O que o fez ficar tão doente? - Suicidou-se, respondeu. É
mesmo? - falei, olhando aquele amigo, que me acenou sorrindo, mostrando um belo
quadro na parede. Compreendi que ele o havia pintado quando ainda no corpo
físico. Ao ganharmos o jardim, vários irmãos pintavam telas maravilhosas e pude
notar que ali estavam muitos artistas conhecidos, mas nem me atrevi a chegar
perto. Pierre foi pouco a pouco me levando de volta; muitas explicações ele me
ofereceu desse mundo maravilhoso das cores. E pensei: que papel importante tem
um médium com Jesus! Ele é um enfermeiro para quem o sofredor pede ajuda. E
mediunidade disciplinada não está preocupada com o nome dos espíritos e sim com
o valor do trabalho. Se você pertence a um grupo pode notar se ele está ou não
crescendo de produção. E muito importante a gente servir, mas o mais importante
mesmo é servir bem. Despedi-me do amigo e ele ainda me disse: - Luiz Sérgio,
Deus é um grande artista; Ele, na Sua sapiência, coloriu o Universo, e o homem
é uma obra de arte saída das Suas mãos. Se há muitos quadros feios, a culpa não
é do artista: é que a poeira da imperfeição os revestiu - inveja, orgulho,
ódio, tintas colocadas pelo tempo. Mas um dia, cansados da feiura, voltarão a ser
limpos e surgirá a obra de Deus, que está esculpida em nossos espíritos. O dom
artístico é um meio de demonstrar a grandeza divina, portanto, todos os
artistas têm de lutar para serem fiéis ao talento recebido. Esse Departamento
está repleto de irmãos que jogaram, sem critério, as tintas nas telas
materiais, mas ainda mais na sua própria alma, esquecidos de embelezá-la
através do amor. Obrigado, irmão, e um abraço aos seus leitores. Fiquei a
olhá-lo, enquanto se afastava. Ele, para mim, é uma bela tela divina, humilde
companheiro. Dei-me em retirada, e recordei o Antigo Testamento, quando Davi
diz a Salomão, Capítulo 22, versículo 14: Eis que com penoso trabalho preparei
para a casa do Senhor cem mil talentos de ouro e um milhão de talentos de prata
e bronze e ferro em tal abundância que nem foram pesados, também madeiras e
pedras preparei, cuja quantidade podes aumentar. Depois recitei Provérbios de
Salomão, Capítulo 1, versículo 22: Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E
vós escarnecidos, desejareis o escárnio? E vós loucos, aborrecereis o
conhecimento? No versículo 32: Os néscios são mortos por seu desvio. Aos loucos
a sua impressão de bem-estar os leva à perdição. Capítulo 16. INTERCÂMBIO
MUSICAL -Filosofando, Sérgio? era Conrad. Daqui para onde vais? - Tenho algumas
horas livres. Acho que vou descansar no meu quarto. - Pensava em te convidar
para darmos uma chegada até um local aonde preciso ir. E muito importante para
mim em função de aprendizado, por isso lembrei-me de ti. - Obrigado, Conrad. Vamos
logo, seja lá aonde for. Ninguém mais do que eu precisa de aprendizado. E assim
fomos caminhando. Havia uma quantidade imensa de árvores lindíssimas; nos seus
galhos, multicores pássaros, que convivem conosco sem temor. Aqui existe
liberdade. Se lhes estendíamos as mãos, carinhosamente nelas empoleiravam-se.
Eles gozam da beleza do ambiente e sabem que nós jamais os maltrataremos. E as
flores? Aqui são cuidadas pelo jardineiro de Deus: Jesus, e alimentadas pelos
espíritos mensageiros. Conrad, vendo-me contemplando a natureza, disse: -
Sérgio, tu gostas muito de narrar aos teus leitores este mundo que encontraste,
não é mesmo? - Admirando as árvores, as flores e os pássaros, estou a perceber
que aqui nada morre, portanto, o pássaro não teme o homem, porque este não pode
atingi-lo; assim também as árvores e as flores. Não há morte porque se vive
realmente. As vezes fico horas e horas contemplando tudo ao meu redor e quando
escrevo falando em pedra, espinhos e sangue, muitos me julgam um louco. Conrad,
de que maneira você descreveria a textura das pedras? Respondeu de imediato: -
Aveludadas. - Aveludadas? - Sim, elas não são iguais às da Terra. Aqui, no
plano em que nos encontramos, a característica das pedras não é diferente das
terrenas, porém menos duras, parecem ocas. Sorri, dizendo: - Aqui as pedradas
não fazem sangrar, porque quem atira pedras no próximo ainda não conseguiu
chegar até aqui. Enquanto caminhávamos, éramos saudados pelo cântico dos
pássaros, o perfume das flores e o balancear das árvores; somos todos irmãos,
lutando pela evolução. Logo avistamos o local que iríamos conhecer e os nossos
ouvidos, pouco a pouco, foram recebendo a dádiva de Deus: a música. Dei uma de
bom brasileiro, caminhando a balancear o corpo. Conrad sorriu. - Sambista, hein?
(...) - Nas horas vagas (... ) nas horas vagas. Amigo, sempre gostei de música;
arranhava o violão, mas longe de entender bem do assunto. Tocava para mim
mesmo, pois sempre respeitei o meu próximo. Conhecedor da minha incompetência,
procurava não torturar os ouvidos alheios. No Departamento da Música,
alcançamos a biblioteca, repleta de obras referentes aos gênios da música -
encarnados e desencarnados, e lentamente fomos descobrindo o encantado mundo
musical. Em cada sala, vimos grupos de aprendizes tendo como mestres nomes
conhecidos em toda a Terra. Parei, deveras deslumbrado com os inúmeros tipos de
instrumentos musicais, alguns nunca vistos por mim. Acerquei-me de um irmão,
que nos deu explicações. - Na Terra serão fabricados alguns desses instrumentos?
- Nem todos. Só quando ela sofrer sua transformação. O homem encarnado ainda
está longe de captar a grandeza da música celeste. Os instrumentos eram belos
demais e logo recordei de um amigo querendo tocar órgão; aqui ele ficaria
maravilhado diante de tantos recursos. Permanecemos algumas horas naquele
Departamento a descobrir mais uma realidade: quando o espírito ama o seu dom,
ao voltar à vida espiritual, esquece que a terra o louva, e aqui se propõe a
trabalhar. Não existe tarefa mais bela ao que a de ajudar ao próximo.
Visitávamos um Departamento musical, com seu anfiteatro repleto de apreciadores
dessa arte. - Conrad, imagine nos planos superiores a qualidade musical! - E
mesmo, Sérgio! Penso que para nos deliciarmos com melodias divinas precisamos
estar aptos. A nossa roupagem atual veda um pouco o poder de apreciação, por
isso cada um recebe de acordo com a sua capacidade. Notamos que os artistas
tocavam instrumentos sólidos, e música verdadeira, bem melhor que a da terra, é
verdade, mas tudo bem material, longe do etéreo. "Mas eu chego lá, isso eu
chego!" - pensei alto. Chegaremos, amigo, chegaremos - falou-me Conrad.
Vendo-me pensativo, o irmão propôs: - Sei que, como eu, tu desejas conhecer
este Departamento. Vamos procurar Ernest. E assim, encontramos o irmão que
gentilmente nos recebeu; ele acabava de dar uma aula e seus alunos iam-se
retirando. Identifiquei dois músicos, bastante respeitados na Terra, ali como
aprendizes. Pensei em perguntar algo sobre eles, mas, deixei prá lá! - Sejam
benvindos! Fui informado de que os jovens irmãos estão estudando o crescimento
da "chama divina", e achei interessante o relato que farão, desde a
criação, à queda e ao reerguimento através das vidas sucessivas. Ao tomarmos
consciência de que nascemos do Todo Poderoso, mas, mesmo assim o nada se
agregou em nós, chega-nos a vontade de fazer brilhar a chama eterna e esta
vontade é a condição de vitória. Cada ser deve procurar a fonte da vida: o
conhecimento, e ele se chama Deus. A música é um dos componentes necessários do
Universo. Ela cura, ameniza e dá paz. - Irmão, aqui o estudo é especializado em
música sacra? - Não, Sérgio, esse setor destina-se ao estudo do melhor meio de
levar inspiração musical até aqueles que, na Terra, têm vocação para compor.
Mas temos alas específicas aos que se dedicam ao canto, à música sacra, aos
concertos, enfim, à enorme variedade de dons musicais existentes. - Irmão, algo
me despertou o interesse: como se faz o intercâmbio musical? - Um grupo fica
encarregado de transmitir aos compositores musicais; outro grupo se ocupa de
transmitir até os encarnados. Alguns captam melhor, principalmente se se
esforçam através do estudo. Aqui ninguém para, sempre estamos mandando até a
terra filamentos de música divina. - Desculpe, irmão, mas a Terra está repleta
de músicas ruins. . - Grande parte não procede daqui e muitas são alteradas na
sua transmissão. Depois, não se esqueça de que as regiões de trevas também
possuem suas músicas. - Eu, hein? Ele nos sorriu, despedindo-se. Agradecidos,
dali saímos. Os meus ouvidos estavam recebendo as mais belas melodias e me
senti muito feliz. A tudo observava com grande interesse. Conrad já conhecia
aquele lugar, pois logo acercou-se dele Paloma, uma bela mulher, que ali
trabalhava, à qual fui apresentado. Indaguei-lhe, de pronto, sobre o salão que
adentrávamos, ao que me respondeu: - Aqui estão os aprendizes do canto. - E
mesmo? E aqui que se aprende a cantar? Irmã posso me inscrever para algumas
aulas? Preciso muito pois os meus amigos reclamam da minha falta de "tom".
Ela sorriu, respondendo: - Desculpe, mas para o irmão chegar até aqui, faz-se
necessário estagiar em várias outras classes. Há uma seleção feita por
espíritos capacitados. Quando o irmão chegar ao pátio, procure observar como é
belo o nosso colégio musical; ele possui desde pequenas escolas de música, até
salas de concerto. - O que fazer então? Conformar-me com a minha incapacidade
musical? Paloma respondeu: - Pelo que sei, o irmão possui muita sensibilidade,
o que o leva a compor belas melodias; posso afirmar-lhe que um dia você chegará
aqui. Já está começando e desejo-lhe completo êxito. Nesse momento, alguém
cantava uma opereta. A voz penetrou em meu espírito, e me senti flutuar; olhei
para meus amigos: eles resplandeciam amor pois aquela voz transformava o
ambiente. A vibração era tão intensa que me imaginei ao lado de Deus,
deliciando-me com o paraíso. Em cada companheiro divisei um arcanjo com suas
roupas de um colorido diferente, nas mais belas tonalidades. Não posso precisar
quanto tempo ali ficamos, e ao nos retirarmos estava até com vergonha de falar.
Não queria perturbar os meus amigos, pois também não queria ser perturbado. Era
tão belo o momento, que silenciosamente fiz uma prece de agradecimento a Deus,
o criador da Chama Eterna. Livro Chama Eterna. Abraço. Davi.
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