sexta-feira, 12 de maio de 2017

II. MATURIDADE.

Espiritualidade. Texto de Sri Prem Baba (1965-  ). Capítulo Cinco. II. MATURIDADE. GÊNESE DA INSEGURANÇA – NOS MEUS estudos enquanto psicólogo e na minha experiência como buscador e mestre espiritual, tudo que pude pesquisar me levou a constatar que o medo da escassez surge, principalmente, a partir da relação com a mãe ou com o feminino. A relação com o pai também influencia, porém isso acontece mais tarde. As primeiras influências ocorrem através da mãe, pois ela é o portal pelo qual chegamos aqui. Em outras palavras, podemos dizer que a insegurança primordial nasce de uma distorção do feminino e se perpetua principalmente através da distorção do masculino. Vamos compreender melhor isso. Independentemente do gênero sexual que se manifesta em nossos corpos, todos temos uma porção masculina e uma porção feminina dentro de nós. A vida neste plano se manifesta no equilíbrio entre esses dois princípios opostos, o masculino e o feminino. E assim como se manifesta na natureza, essa polaridade existe dentro do ser humano. Todos nós temos virtudes masculinas e virtudes femininas que, quando distorcidas ou desvirtuadas, se transformam naquilo que chamamos de “defeitos”. Por exemplo, a força é uma qualidade masculina que, quando distorcida, se manifesta como agressividade e desejo de dominação. A confiança, por sua vez, é uma qualidade feminina que, quando desvirtuada, se manifesta como insegurança ou submissão. A distorção do feminino se alimenta da distorção do masculino e vice-versa. Compreendo que a confiança é a qualidade feminina mais necessária para o processo do despertar do amor. Sem ela, a autorrealização não é possível. A confiança está intimamente relacionada com o amor. Se você não confia, não ama, pois a confiança é como uma ponte para o amor. Se observar as relações humanas, você verá que o amor não cresce se não houver confiança. Se o relacionamento estiver contaminado pela desconfiança, mesmo que seja por uma pequena porção dela, isso impossibilita o crescimento do amor. Tenho dito que os relacionamentos afetivos são o melhor instrumento de aferição para sabermos onde estamos na jornada evolutiva. Através deles, é possível perceber como estamos em relação aos nossos pais, que representam os princípios feminino e masculino dentro de nós. Neles, a confiança ou a falta dela ficam bastante claras, e o melhor termômetro para medir isso é observar quanto podemos deixar o outro livre, quanto o amor se abala com a atitude do outro. Dentro  da esfera do feminino, a mãe é, sem dúvida, o maior símbolo. E a nossa conexão com o feminino através da mãe é algo realmente profundo: ela é o veículo por meio do qual chegamos nesse plano. Hoje em dia já existem comprovações científicas de que a criança recebe todos os impactos do ambiente enquanto ainda está na barriga da mãe. E não somente do que acontece no entorno, mas do que acontece no mundo psicoemocional da mãe, com todas as suas dúvidas, medos, alegrias e tristezas. Nós ficamos dentro da barriga da mãe por nove meses e com isso experimentamos  o mundo pela primeira vez por meio dela. Começamos a receber as primeiras influências externas através do leito materno. Às vezes o leite chega com sabor de rejeição, impaciência e raiva; e as vezes o leite não chega. A partir daí, crenças começam a ser formadas, e o medo da escassez começa a se instalar no nosso sistema. Isso quer dizer que o medo da escassez não se relaciona somente com a falta de dinheiro, mas também com a falta de acolhimento, de carinho, de cuidado – com a falta de amor. Esse medo de não ser amado se manifesta como sentimento de não pertencimento, insuficiência, impotência e inadequação, entre outros sentimentos negativos. E esses sentimentos se traduzem em crenças que dizem constantemente: “Eu não consigo aquilo de que preciso” ou “eu não mereço isso de que preciso”. Tais crenças funcionam como comandos para o subconsciente, e dessa forma acabamos criando nossa realidade. A partir desses comandos, situações da vida que reforçam essas crenças começam a acontecer, e inicia-se um círculo vicioso. O contrário também é verdadeiro: quando o leite é amoroso, ou seja, quando a criança recebe a informação de que está sendo bem alimentada, acolhida, recebida e cuidada, a confiança começa a ser instalada no seu sistema. Um núcleo de fé é instalado dentro de você e assim a sua autoconfiança dificilmente é abalada. Pelo fato de o contato com a mãe ser tão determinante para a formação dessa base de autoconfiança, eu sempre enfatizo a necessidade de reconciliação com o feminino, não somente na forma da mãe, mas também na forma da natureza, do corpo humano e das mulheres em geral. Precisamos reaprender a confiar. Digo reaprender porque, na verdade, nós nascemos confiando, mas em algum momento nossa confiança é quebrada e aprendemos a sentir medo. O medo é como um super vírus. Não existe um remédio específico para ele, e o seu tratamento é bastante difícil. Há muito tempo estamos tentando nos curar do medo. E, muitas vezes, quando temos a impressão de estar livres dele, a vida traz situações que fazem com que o medo volte com força total. Nesses momentos, é de grande valia acordarmos a lembrança de que tais situações servem justamente para ampliarmos nossa percepção até o ponto em que possamos identificar as armadilhas do medo antes de cair nelas. Essa percepção só é possível quando nos libertamos da crença de que não podemos receber aquilo de que precisamos. E isso só é possível por meio do perdão. Enquanto não perdoarmos as nossas mães, não perdoaremos o feminino, e, se não perdoarmos o feminino, seguiremos destruindo o planeta e as nossas próprias vidas. Quando você se reconcilia com o feminino através do perdão, o medo deixa de ter poder sobre você. E se o medo não tem mais poder, o ódio também se torna impotente – porque o ódio só tem poder por causa do medo. Ódio e medo andam de mãos dadas, mas na base está o medo. A sombra da mãe (distorção do feminino) acorda o medo em você, e através do medo ela acorda o ódio e a dor que vem com ele. O ódio se perpetua através da sombra do pai (distorção do masculino). Então se a sua consciência está identificada com a sombra dos seus pais, inevitavelmente você sente a dor da carência. E a partir da carência surgem muitos outros sintomas: ciúme, inveja, competição, impotência, avareza e todo tipo de miséria. Mas se a sua consciência está identificada com a luz dos seus pais, você compreende que essa sombra é uma ilusão, e tudo se transforma. Para quem está no caminho do autoconhecimento e da autorrealização, eu sinto que algumas perguntas são importantes: quando perdi a confiança? Quando passei a duvidar e a ter medo? Como posso confiar? Essas são questões significativas que podem ajudá-lo a mapear as crenças que dão sustentação ao medo. Às vezes você dá um passo em direção à confiança e diz: “Ok, eu vou confiar!” Então resolve seguir os comandos do seu coração, mas se alguma coisa não acontece da maneira como imagina, você se frustra e novamente deixa de confiar. Ocasionalmente faz parte do aprendizado da confiança quebrar a perna, porque para se libertar do medo e crescer em autoconfiança você precisa viver uma experiência como essa. E a verdade é que não há garantia nenhuma de que as coisas sempre serão como você espera. Faz parte do aprendizado da confiança correr riscos. Então aos poucos você chega num lugar de confiança interna no qual as dúvidas se encerram e você tem certeza de estar no lugar certo, mesmo que tudo pareça estar errado. Essa é a verdadeira confiança, aquela que independe do que está acontecendo no mundo externo, pois ela vem de dentro. Essa confiança remove qualquer semente de dúvida e providencia para que todas as suas necessidades sejam atendidas. Ela liberta seu sistema do medo, especialmente do medo da escassez. DINHEIRO É ENERGIA – VIMOS QUE o medo da escassez se relaciona com diversos elementos, não somente com o dinheiro, e que, no mais profundo, o medo original é o de não sermos amados. Mas, sem dúvida, um dos desdobramentos mais importantes do medo da escassez é o medo da falta de dinheiro e de recursos materiais. O dinheiro é uma poderosa energia de troca. Para recebermos essa energia, precisamos oferecer algo por ela. Fazemos algo para recebe-la e a utilizamos conforme nossas necessidades, o que também gera determinado tipo de energia. Entretanto, o dinheiro é uma energia neutra: em si, ela não é positiva nem negativa. O que determina sua qualidade são o uso e o valor que lhe damos. Assim, do mesmo modo como ela pode nos ajudar a realizar a jornada, também pode dificultar muito e até nos destruir. Isso porque facilmente a transformamos em ganância, obsessão por poder e avareza, o que pode se desdobrar em várias outras distorções. Assim, o que determina se essa energia agirá de forma negativa ou positiva em nossas vidas é a nossa capacidade de lidar com ela, o que significa lidar com os conteúdos psicoemocionais que projetamos no dinheiro. Se olharmos para a situação econômica mundial, por exemplo, poderemos constatar que o ser humano vem tendo grande dificuldade em lidar com essa energia. A ganância tem feito com que sejamos canais de uma crueldade sem tamanho. Mesmo com tanto dinheiro circulando e com a abundância dos recursos naturais, grande parte da população ainda sofre com a miséria e a fome. Uma pequena minoria detém a maior parte da riqueza do planeta, enquanto a maioria ainda luta pela sobrevivência. Por causa desse mau uso, essa tão poderosa energia se tornou uma ameaça para o processo evolutivo do ser humano. São muitas as crenças a respeito do dinheiro, o que acaba transformando essa energia em algo que vai além daquilo que ela realmente é. Nós damos ao dinheiro um valor emocional extremamente alto. Projetamos nele questões que nada têm a ver com a sua função no mundo. Isso ocorre devido a distorções que geram crenças e imagens em relação ao dinheiro. Por exemplo, quando os pais, por não conseguirem dar afeto, carinho e atenção pra um filho, acabam tentando suprir essa carência de amor comprando coisas para eles, isso faz com que a criança relacione o afeto ao dinheiro. Então o dinheiro deixa de ter um uso instrumental e passa a ser uma necessidade simbólica. Ele deixa de ser apenas um elemento de troca para ser algo que supre uma carência afetiva. Outro exemplo é a crença mencionada anteriormente de que o dinheiro compra tudo, inclusive a felicidade. No senso comum, ter dinheiro é sinônimo de ter sucesso na vida. Existem outros indicadores de sucesso, mas por causa dessa crença, a base para uma vida bem-sucedida é ter bastante dinheiro. Desde cedo somos programados a acreditar que, para sermos felizes, precisamos de sucesso e, portanto, precisamos de dinheiro. Nós precisamos “vencer na vida”, o que significa ter reconhecimento profissional, fama, e principalmente, dinheiro. VENCER NA VIDA – O DINHEIRO, portanto, transformou-se num sinal de sucesso, um símbolo de vitória. Só posso vencer se tenho dinheiro, e se não o tenho sou um perdedor, um fracassado. Esse é o senso comum a respeito do sucesso. Mas por razões óbvias, esse conceito precisa ser revisto – precisamos re-significar o sucesso. Já tivemos provas suficientes de que a busca por esse sucesso que depende do acúmulo de dinheiro tem nos levado ao fracasso. A nossa história, assim como a atual situação planetária, demonstra que temos falhado em nossas tentativas de alcançar a felicidade. O fato é que nunca estivemos tão infelizes. Nunca estivemos tão deprimidos, tão pobres, perdidos, confusos, ansiosos, doentes. Isso não é vencer, isso é fracassar. A principal causa desse fracasso é o esquecimento da nossa identidade espiritual e a inconsciência em relação ao propósito maior da vida. Estando desconectados de nós mesmos e do nosso propósito, agimos como se o corpo fosse a realidade final e, consequentemente, somos guiados pelos impulsos do corpo. Inconscientes de que existe um princípio espiritual que permeia toda a existência e que tem ascendência sobre o mundo material, obviamente nos rendemos as leis que o regem. Com isso o sentido da vida passa a ser a satisfação das necessidades do corpo. Essa é uma profunda distorção da realidade. Com base nessa ideia de que somos apenas um corpo desprovido de alma, nascem sucessivas ondas de distorção. E a partir disso criamos todos os sistemas que regulam a vida em sociedade. Na mesma medida em que não percebemos a alma que nos habita, não percebemos a alma que habita o outro. Percebemos somente o corpo e com isso julgamos tudo pelas aparências. Por não sermos capazes de perceber a alma que está por trás de toda a criação, facilmente coisificamos a vida, transformando tudo em produtos de consumo. Com facilidade, comercializamos tudo para obter mais dinheiro. Se não podemos ver a alma de uma árvore, de uma montanha, de um rio; se desconhecemos as leis espirituais que regem a vida neste plano, respeitamos apenas as leis materiais que dizem respeito basicamente à necessidade de sobrevivência. E, se a única razão da vida é a sobrevivência, valores humanos e espirituais deixam de ter sentido. Nessa lógica, o que importa é ter poder sobre o outro e sobre o mundo material. Na luta pela sobrevivência, superior engole inferior. E não existe espécie alguma neste planeta que tenha o sentimento de superioridade que o ser humano tem. O ser humano se considera superior a tudo e coloca tudo a serviço da própria sobrevivência. E quando nos consideramos superiores a outros seres humanos, fazemos deles escravos para satisfazer nossas necessidades. Nesse jogo de superioridade e inferioridade, quem reina é o ego. Ele está sempre comparando e julgando a partir da falsa ideia de eu. O ego humano encontra-se completamente doente, tomado pelo egoísmo. Ele só consegue ver a si próprio ou aquilo que considera ser seu. Tudo o que o ego faz é para satisfazer suas necessidades pessoais ou, no máximo, para satisfazer a família (que também está a serviço da satisfação das suas próprias necessidades). O ego é regido pelo medo da escassez e faz de tudo para acumular dinheiro, acreditando que dessa forma irá garantir sobrevivência, proteção, segurança. Esse desespero por acumular dinheiro e bens materiais nasce do esquecimento da verdadeira identidade. Sem ter consciência de quem somos, corremos atrás do poder material sem estabelecer nenhuma conexão com o propósito da alma. Essa distorção tem nos conduzidos ao fracasso e ao sofrimento. Estamos sempre frustrados, sempre querendo algo mais. Isso ocorre porque, na realidade, a sobrevivência não é o suficiente para o complexo que é o ser humano. A sobrevivência é o suficiente para o corpo, mas não é suficiente para a alma que habita o corpo. A alma só pode sentir-se plena quando o seu programa é realizado. Precisamos encontrar um ponto de equilíbrio. A jornada tem que ser autossustentável. Matéria e espírito necessitam se harmonizar. É verdade que precisamos ter nossas necessidades básicas de sobrevivência atendidas e para isso precisamos também de dinheiro, mas o fato é que o dinheiro é apenas um instrumento, um meio, e não um fim. Por causa dessas distorções, ele passou a ser o fim. O dinheiro transformou-se em algo muito maior do que ele é. A questão é sabermos por que estamos indo atrás do dinheiro. Esse dinheiro está a serviço do que e de quem? Ao nos movermos apenas para obter dinheiro e suprir nossas necessidades básicas, inevitavelmente experienciamos a angústia da falta de sentido na vida. Mas quando o dinheiro é uma consequência da realização do propósito da alma, quando está a serviço da autorrealização, ele se transforma numa poderosa ferramenta que pode facilitar muito a jornada. RECONHECER NÃOS – ATÉ DETERMINADO estágio da evolução, duas forças opostas agem simultaneamente dentro do indivíduo. De um lado existe um impulso de vida, que é consciente e se move em direção à construção, à união e ao amor e que costumo chamar de corrente afirmativa ou, simplesmente, de sim. De outro existe um impulso de morte, que é inconsciente e se move em direção à destruição, a desunião e ao ódio e que costumo chamar de corrente negativa ou, simplesmente, de não. Essas duas forças opostas muitas vezes atuam simultaneamente em relação a uma mesma situação ou área da vida. Quando a corrente afirmativa está se movendo livremente (o que significa que não existem nãos bloqueando o fluxo de energia), nos sentimos abençoados e com sorte. Tudo acontece de maneira natural, sem muito esforço, e com o mínimo de movimento realizamos muitas coisas. Nesse caso, estamos harmonizados com a lei do mínimo esforço. E quando a corrente negativa está predominando, acontece justamente o contrário: as coisas não andam e nos sentimos travados. Nos esforçamos muito para realizar pouco e às vezes não conseguimos sair do lugar. Se a corrente afirmativa está atuando na sua vida financeira, o dinheiro não é um problema para você, e tudo o que você precisa chega facilmente. Mas se existe um não atuando nessa área, você faz tudo que está ao seu alcance, mas o dinheiro não chega ou nunca é suficiente, e quando menos espera, ele desaparece. Se a corrente negativa está atuando nessa área, por mais que você tente controlar a mecânica do fluxo do dinheiro na sua vida, quando chega o fim do mês você no negativo, sem saber por que chegou a esse ponto. Quando o não está atuando com mais força em determinada área da vida, situações negativas se repetem e você não consegue entender por quê. Por ser inconsciente, a corrente negativa atua subliminarmente. Você não percebe a sua atuação que ocorre na forma da auto sabotagem, você trai a si mesmo sem perceber. E justamente pelo fato de não perceber essa atuação, você acaba caindo em outra armadilha da natureza inferior, que é um desdobramento do mesmo não: o vitimismo. Você começa a encontrar culpados para as suas dificuldades e se distrai com o jogo de acusações. A corrente negativa atua como autoengano e gera um encantamento: você se perde nos jogos da mente e nas emoções negativas que ela gera, porque, para sustentar essa fantasia de que você é uma vitima injustiçada, muitos pensamentos e emoções precisam ser criados. O que determina a atuação dessas duas correntes opostas é o karma. Algumas pessoas já nascem com a vida financeira resolvida, enquanto outras passam a vida tendo muita dificuldade nessa área. Se existe um sim, ou seja, se não existem marcas do passado que se manifestam como bloqueios no fluxo da energia na área financeira, por exemplo, então há prosperidade e abundância material na sua vida. Nesse caso, você confia e sabe que sempre terá tudo de que precisa, na hora em que precisa. Mas se existe um não nessa área, você é atormentado pelo medo da escassez. E esse medo acaba de fato gerando escassez. Inconscientemente, você atrai a escassez e dessa forma confirma a crença de que não é capaz de conseguir aquilo de que precisa. Quando isso acontece, você é tomado pela raiva e pelo ceticismo e acredita que tem motivos para reclamar e se vingar. Dessa forma, o não vai ganhando ainda mais força, e um círculo vicioso se estabelece. O não é como um nó karmico, um bloqueio energético causado por choques de dor que, por sua vez, geraram crenças e imagens congeladas no sistema. Tais bloqueios que impedem o fluxo natural da energia vital, gerando distorções, só podem ser dissolvidos através da auto investigação, pois somente quando conseguimos identificar as crenças que dão sustentação aos “nãos” é que podemos nos libertar deles. Nos cursos do Caminho do Coração, o método psico espiritual de autoconhecimento que desenvolvi, diferentes maneiras de identificar essas crenças e imagens congeladas são propostas. E a partir dessa identificação inicia-se o processo de reconversão do fluxo de energia vital que, em algum momento do passado, foi distorcido e se transformou em impulso de morte. Somente através do autoconhecimento  é possível transformar o não em sim. E o primeiro passo para isso é o reconhecimento da existência do não. Antes de mais nada, é necessário reconhecer que existe uma parte de você que está jogando contra, ou seja, uma parte de você não quer que as coisas melhorem. Existe uma voz interna constantemente dizendo não para a prosperidade, para a alegria, para a união e para o amor. Eu sei que muitas vezes é difícil acreditar que se está escolhendo a infelicidade, mas eu reafirmo se você encontra dificuldades para realizar ou obter algo que deseja muito, isso significa que existe uma contradição dentre de você: por um lado você quer, por outro, não quer. Uma das maneiras para reconhecer essa contradição interna é observando o tamanho do esforça que você precisa fazer para realizar aquilo que conscientemente deseja. Existe uma lei psíquica que determina: quanto mais freneticamente você corre atrás de algo e esse algo ainda assim escapa das suas mãos ou parece fugir de você, maior é o seu não inconsciente para isso que, conscientemente, você tanto deseja. E quanto maior o esforça, maior a sua inabilidade para lidar com esse não. A dificuldade de lidar com o não se deve justamente ao fato de ele ser inconsciente. Você não pode lidar com ele porque ele está fora do seu campo de percepção. Aparentemente, você quer ser uma pessoa segura e autoconfiante, mas sem perceber (inconscientemente), cria situações com as quais se sente inseguro. Então retorna ao mesmo padrão de insegurança e continua sendo ciumento e invejoso. Isso ocorre porque o fato de a crença ser inconsciente amplia o poder que ela tem sobre a sua psique. Um impulso inconsciente é como um bandido que te ataca pelas costas na escuridão; é como um adversário invisível contra o qual você não tem defesas, pois não consegue enxerga-lo. Por isso, mesmo que o não represente uma pequena porção da energia, ele acaba te derrubando sempre, porque você é pego de surpresa. O não é um sabotador da felicidade. E o processo de identificação desse auto sabotador não é tão simples. É preciso ter humildade e coragem, além de muita determinação, para ver. É preciso estar realmente comprometido com a verdade, pois em algum momento o orgulho na forma da vaidade, será ferido. Para a vaidade, é difícil admitir que você está no inferno por escolha própria. É difícil admitir que está no lugar onde se coloca. Mas quando você consegue finalmente reconhecer e admitir que é você quem escolhe não realizar os seus sonhos e desejos, é possível dar início ao processo de transformação das suas contradições – o não começa a se transformar em sim. Tenho inspirado todos aqueles que estão comigo a buscar as raízes, as fundações do não dentro de si mesmos. Tenho sugerido que busquem identificar as crenças que sustentam o autoengano e a auto sabotagem. Para isso, sugiro que procurem se lembrar das mentiras e histórias que contaram para si próprios e que até hoje sustentam essas crenças. Pergunte a si mesmo por que você criou determinada situação. Por que você não consegue realizar isso que você tanto quer? Por que você tem esse não? Faça a relação de causa e efeito entre o passado e o momento presente, procurando identificar as situações que marcaram você e que ainda hoje têm influência na sua vida. Talvez se surpreenda ao identificar uma crença que insiste em fazê-lo acreditar que, para você, não é possível haver prosperidade, alegria e amor. Dessa forma, você começa a decifrar os símbolos que estão nessas histórias do passado e que se relacionam com o karma que se manifesta no momento presente. Se puder realizar esse processo de auto investigação, compreendendo que tudo que se manifesta no momento presente é um resultado de alguma escolha sua, uma nova perspectiva de vida se abrirá para você, porque as dificuldades passam a ser vistas como oportunidades de crescimento – chances de se libertar de nós karmicos e fechar contas com o passado. Em outras palavras, são oportunidades de ascensão. Livro PROPÓSITO – A Coragem de Ser Quem Somos. Abraço. Davi. 

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