Cristianismo.
A trajetória da religião com mais seguidores em todo mundo é recheada de
conflitos e disputas por soberania e poder. A morte, crucificação e
ressurreição de Cristo construíram o momento fundamental em que os seguidores
de Jesus se comprometeram a espalhar a mensagem de seu mestre. Assim surgia o
Cristianismo que se fortaleceu depois que o povo começou a propagar o que o
Messias havia realizado. Surgia também o termo cristão e muitos judeus passaram
a crer que Jesus de Nazaré era realmente o enviado que tanto esperavam.
Contudo, embora os apóstolos pregassem amor, perdão, fé e igualdade em
Jerusalém e na Galileia, como registram as Escrituras, foram perseguidos e
precisaram se dispersar – muitos pelo fato de afirmarem que Jesus era o único
Salvador. Obviamente aqueles que ainda esperavam por um Messias passaram a
condenar os cristãos. Não bastasse a rixa “judeus versos cristãos”, Roma também
não aceitava que outrem fosse adorado que não o imperador Tito Flavio
Vespasiano Augusto (39-81), o homem do império de Roma entre os anos 79 a 81,
tomou Jerusalém, pediu que diversas áreas fossem incendiadas e forçou os
cristãos a fugir, rumando para Europa e Ásia Menor. Seria só o início da saga
dos discípulos de Cristo, que têm uma figura recorrente, Paulo (ou Saulo) de
Tarso, tido como o fundador da Igreja Cristã. Ainda, quando judeu, perseguiu
aqueles que pregavam as palavras do filho da Santíssima Virgem Maria. Segundo
relato bíblico, Jesus apareceu para Paulo durante uma viagem a Damasco – Síria,
aonde rumava com objetivo de perseguir cristãos, e o questionou “Saulo, Saulo,
por que me persegues?. Após um curto diálogo, Paulo, cego, foi conduzido até
Damasco. Chegando à cidade, permaneceu sem visão por três dias, sem se
alimentar ou beber qualquer coisa. Em seguida, o discípulo Ananias foi
convocado por Jesus para fazer com que Paulo voltasse a ver. Apesar do receio,
uma vez que todos os cristãos sabiam que Paulo ali estava para perseguir os
fiéis de Cristo. Ananias obedeceu a seu mestre. Paulo voltou a enxergar, foi
batizado e passou a pregar as mensagens cristãs, edificando muitas igrejas por
onde passou. Conteúdo encontrado em Atos 9,1-31. O apóstolo Paulo realizou três
grandes viagens missionárias com alguns apóstolos a fim de disseminar o
evangelho. Em sua terceira viagem missionária (Atos 18,23 – 21,16), passou por
Galácia, Éfeso e Corinto, seguindo para Roma, que testemunharia uma grande
mudança nos planos social e religioso. Por quase 300 anos, os adeptos do
Cristianismo foram perseguidos por seguirem a doutrina de Jesus, mas
principalmente, por se recusarem a cultuar a imagem “divina” do imperador
romano, o que os levou a serem considerados bárbaros por Roma, o que os levou a
serem considerados bárbaros por Roma. Apesar dos intensos assédios e das
punições severas, a religião se propagou, especialmente na região do Mar
Mediterrâneo e, no ano 313 o imperador Constantino I (274-337) e o imperador
Licínio (263-325), do império romano do Oriente, emitiram o Édito de Milão, que
não somente deu liberdade religiosa à população, mas também devolveu bens que
pertenciam a cristãos e que haviam sido confiscados pelo Estado. O imperador
Teodósio (347-395) foi o primeiro governante de origem cristã a comandar o
Império Romano (entre os anos de 379 a 392). Junto aos imperadores Graciano e
Valentiniano II, publicou um édito na cidade de Tessalônica no ano de 380,
promulgando que todos os súditos deveriam seguir somente a fé do patriarca de
Alexandria e dos bispos de Roma. Dessa maneira, o Cristianismo se transformou
na religião oficial do Império Romano do Ocidente e do Oriente. Entretanto, ao
colocar a religião cristã como a única a ser seguida em todo o território, o
Édito de Tessalônica proibiu a liberdade de culto de outras doutrinas. Assim,
os locais onde os hereges se encontravam não podiam mais ser chamados de
templos, e Teodósio ordenou ao prefeito de Constantinopla que todas as capelas
arianas da cidade fossem fechadas. QUEDA DE BRAÇO – Com duas sedes, uma no Ocidente,
em Roma, e outra no Oriente, na cidade de Constantinopla, a Igreja encontrou
uma distância ideológica entre suas “metades”. Ainda durante o Império Romano,
ficou determinado que a parte Ocidental fosse o centro imperial, o que, apesar
da aparente aceitação, gerou divergências com o lado Oriental. As duas sedes da
Igreja Católica desenvolveram características próprias, chegando, até mesmo, a
diferentes concepções do que seria a fé. Enquanto a Igreja Ocidental recebia
influências do povo germânico, a Igreja Oriental teve mais contato com os
gregos e também com o império Bizantino, além da dinastia russa. A vertente
oriental adotava ainda um sistema de cesaropapismo (sistema de relações entre a
igreja e o estado em que o Chefe do Estado cabia a competência de regular a
doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã. Entre 533 a 565,
iniciou-se a compilação do direito romano. O Imperador Justiniano (482-565)
consolidou seu poder monárquico por meio do cesaropapismo), que submetia a
Igreja Católica de Constantinopla a um chefe secular. Inevitavelmente o
imperador mostrava-se um líder soberano, apresentando poder e influência para
tomar decisões também no âmbito
religioso. Uma série de conflitos em tono da autoridade, da jurisdição, do
estabelecimento de rituais e da hierarquia culminou na excomunhão do papa por
parte do patriarca de Constantinopla, este também condenado à exclusão pela
autoridade máxima da Igreja Ocidental. As hostilidades entre as duas sedes da
Igreja Católica tiveram seu auge em 1054, quando houve indícios de um conflito
interno de poder entre os cristãos orientais. Para entender a crise e procurar
por uma solução. Roma enviou o cardeal Humberto de Silva Cândida (1015-1061) à
Constantinopla. O enviado romano, em contrapartida, decidiu excomungar o
patriarca Miguel Cerulário (1000-1059), causando a revolta, a excomunhão do
papa Leão IX e fomentando ainda a crise interna pelo poder. Assim, estava
configurado o Cisma do Oriente, episódio histórico que determinou o rompimento
da Igreja Católica. O evento deu origem à Igreja Ortodoxa (no Oriente) e à
Igreja Católica Apostólica Romana (no Ocidente). Embora as divergências entre
os dois lados estivessem ficando cada vez mais claras ao longo da história, foi
somente depois do Cisma que se deu a separação efetiva entre elas. Após a
divisão e com todas as suas crenças bem definidas, a Igreja Católica Apostólica
Romana iniciou um processo de perseguição àqueles que não compartilhavam de
suas ideologias. FÉ SUJA DE SANGUE – Períodos intensos de batalhas, em que
tropas Ocidentais eram enviadas à Terra Santa (Jerusalém) para submetê-la ao
domínio cristão – uma vez que eram os muçulmanos os que ocupavam àquele
território (Palestina) no período – as Cruzadas foram a contraofensiva do
catolicismo à expansão islâmica. Uma vez que o pano de fundo era a palavra de
Cristo, hoje já é consenso que a Igreja Católica sentiu-se ameaçada pela perda
de “suas” terras sagradas para os “infiéis”, como eram pejorativamente chamados
os muçulmanos. Como o cenário era de muitos homens para poucas terras, as
Cruzadas serviram de alternativa no que diz respeito a expansão territorial e a
diminuição populacional. RELIGIÃO DA NOBREZA – A expansão do Cristianismo
continuou a passos largos. Na dinastia Merovíngia, o rei Clovis se converteu e,
em 732, com o rei Carlos Martel, o avanço dos muçulmanos foi detido na Batalha
de Poitiers. Pepino. Herdeiro de Martel, iniciou a dinastia Carolíngia ao ser
coroado rei da França, no ano de 751, e o período foi marcado pela aproximação
entre a Igreja e o Estado, principalmente porque o papa da época precisou
contar com o apoio militar dos francos para derrotar os povos lombardos que
ameaçavam invadir Roma. Além de conseguir vencer a ameaça, Pepino doou
territórios conquistados para a própria Igreja. Quando Pepino faleceu, subiu ao
trono seu filho Carlos Magno em 768. Foi ele quem instrumentalizou a Igreja, no
que diz respeito à organização administrativa. No ano 800, Carlos Magno foi
coroado imperador pelo Papa Leão III (750-816) e esse título unificou o poder
da Igreja e do próprio imperador. A ascensão da dinastia Carolíngia se deu por
uma aliança e isso foi determinante para
o domínio da Igreja e a expansão do Cristianismo, embora mais tarde algumas
cisões fossem inevitáveis. Em 1095, o Papa Urbano II (1042-1099) convocou os
cristãos europeus para combater os muçulmanos que estavam na Terra Santa, para
permitir a peregrinação dos religiosos – que havia sido proibida pelos
seguidores do Islã – e também para defender as fronteiras do Império Bizantino
(apesar de o Império não fazer parte da Igreja Romana, a instituição entendia
que, se os muçulmanos o tomassem, todo o leste europeu estaria vulnerável ao
Islamismo). Após o Concílio de Clermont – França (18 a 28 de novembro de 1095),
aconteceram as Primeiras Cruzadas, no ano seguinte da convocação, seguidas por
mais sete investidas, sem contabilizar a Cruzada Albigense, que aniquilou os
cátaros do Sul da França, e a Cruzada das Crianças, que teve como resultado
cerca de 50 mil crianças mortas ou escravizadas. As Cruzadas não cumpriram seu
objetivo inicial e principal, que era a tomada da Terra Santa. Entretanto, um
processo histórico de quase dois séculos deixou rastros nas civilizações
envolvidas. A Igreja Ortodoxa sofreu inúmeros ataques árabes e turcos, como a
implosão de Constantinopla pelos Turcos Otomanos. A Igreja Católica Ocidental,
por sua vez não teve número excessivo de baixas capaz de estremece-la. Além de
aprofundar as tensões entre cristãos e muçulmanos, a Igreja Católica Apostólica
Romana tornou-se irreconciliável com a Igreja Ortodoxa Grega, além da Russa, a
partir das expedições. BATENDO DE FRENTE – É fácil relacionar fé e jogo de poder. Não fosse pelo poder de
Henrique VIII (1491-1547), por exemplo, a Igreja Anglicana não teria surgido.
Tudo porque a Igreja Católica jamais permitiria que o rei se divorciasse de
Catarina de Aragão (1485-1536) para casar-se novamente com Ana Bolena
(1501-1536). De fato, a Igreja sempre esteve envolvida em enredos bem tramados,
reflexo de tensões religiosas que resultavam em divisões da corrente. Basta
Lembrar um dos primeiros “rachões” promovidos por Martinho Lutero (1483-1546) e
sua reforma protestante. A Instituição católica, como ainda é hoje, embora de
maneira menos expressiva, exercia forte influência sobre a economia na Idade
Média. O Luteranismo nascia neste contexto, e é considerado uma das primeiras
religiões criadas após as Reformas Protestantes. LENHA NA FOGUEIRA – Por meio
do temido tribunal do Santo Ofício, a Igreja perseguiu e condenou aqueles que eram
contra seus dogmas e que ameaçavam a supremacia do cristianismo católico
durante a Idade Média. Em um primeiro momento, o tribunal era um órgão
direcionado a assuntos internos da Igreja, mas no século XII, começou a tomar
outras proporções. Os cátaros, povos também conhecidos como albigenses, viviam
no Sul da França e, apesar de cristãos, possuíam uma religiosidade própria.
Acreditavam que existia um Deus do Bem e um Deus do Mal, sendo este quem havia
criado o mundo material, eram favoráveis ao suicídio, matavam mulheres
grávidas, entre outras práticas consideradas heréticas pela Igreja. Com a
autorização do Papa Inocêncio III (1161-1216), ao albigenses foram massacrados.
O acontecimento seria o estopim para a criação do Tribunal da “Santa”
Inquisição, em 1233 pelo Papa Gregório IX (1145-1241). Em 1252, o Papa
Inocêncio IV (1195-1254) divulgou o Ad Exstirpanda, documento que permitia o
uso de tortura para que fosse feita a conversão. A determinação papal foi
seguida e diversos instrumentos foram criados para castigar os que eram
contrários aos dogmas católicos. Partindo da lógica de que Deus é o único que
poderia ser considerado rei, outro padre conhecido como Thomas Muntzer
(1489-1525) passou a incitar a revolta, desta vez contra a realeza. A luta de
classe entre plebeus e nobres foi armada e violenta em um período que entraria
para a história como a Guerra dos Camponeses, entre 1524 – 1525. Várias terras
foram invadidas, além das igrejas saqueadas, em conflitos que se estenderam até
1555, quando Carlos V (1500-1558) assinou A Paz de Augsburgo, permitindo que
príncipes alemães tivessem autonomia para escolher a orientação religiosa a ser
seguida em seus domínios. A boa intenção de Carlos V não foi capaz de parar os
conflitos religiosos decorrentes da Reforma Protestante. As alianças entre
religião e Estado já não eram engolidas com facilidade, até porque, na passagem
do mundo medieval para o moderno, o poder das monarquias só aumentava. Era o
caso da dinastia Habsburgo (1526 – 1867), até então aliada ao Sacro Império
Romano Germânico. Como se espera depois de cada ataque, a Igreja Católica
respondeu aos levantes protestantes, destruindo muitas igrejas da nova doutrina
durante o reinado de Rodolfo II (1552-1612), no início de 4600. Em 1608,
erguia-se a União Evangélica, em defesa de seus ideais, uma instituição que
encontraria como resposta a Liga Católica – defendendo, por sua vez, seus
conceitos doutrinários. Representantes da dinastia de Habsburgo, Fernando II
(1578-1637), católico entusiasmado, imperava sobre uma população
majoritariamente protestante na região checa da boêmia. Ali, a União Evangélica
marcaria o início dos conflitos que originaram a Guerra dos 30 anos (1616 –
1648), quando em 1618 invadiram, numa ação ousada, o palácio do rei e atiraram
seus protegidos pela janela. Desde então, as batalhas entre católicos e
evangélicos (protestantes) percorreram diversas regiões. Na Boêmia,
especificamente, a vitória foi da União Evangélica. Contudo, a esta altura os
evangélicos já estavam divididos entre calvinistas e luteranos, o que os
deixava vulneráveis ao ataque católico. Ao todo, forma quatro períodos de luta
envolvendo as regiões da Boêmia. Noruega, França, Dinamarca, Suécia e Espanha.
Nos anos finais da Guerra, entre 1635 e 1644, o poder dos Habsburgo foi sendo
minimizado por toda a Europa, levando Fernando II a cogitar os acordos de paz,
que vieram em 1648. Com o fim das lutas, as monarquias se tornavam mais
autônomas e distantes da influência da Igreja, e os países passavam a contar
com direitos internacionais assegurados no papel. REVOLTA EM EXPANSÃO – A
faísca que ateou fogo no circo religioso teve origem no Sacro Império Romano
Germânico, mas se espalhou na história graças a João Calvino (1509-1564),
considerado mais radical do que Martinho Lutero ao ignorar o papa (como
Lutero), dar de ombros para a missa (também a exemplo de Lutero) e pregar que
Deus tinha seus protegidos (escolhidos) que mereceriam a salvação. Para estar
entre eles, seria necessário levar uma vida próspera e de muito trabalho. Provavelmente,
ali nascia a crença de que Deus ajuda quem cedo madruga, uma filosofia que
seduziu rapidamente a burguesia, agora se reconhecendo entre os eleitos do
Senhor. Consequentemente, o caos foi instalado com a expansão do calvinismo.
Desafiando Igreja e nobreza e ousando dizer que até mesmo os reis poderiam
ficar de fora do reino dos céus. Calvino foi obrigado a fugir para Genebra –
Suíça, que acabou virando referência para formação de missionários. Não que a
nova doutrina tivesse passa ilesa pelos conflitos. Na França, por exemplo, os
huguenotes, como eram chamados os seguidores, passaram por poucas e boas. O
Massacre da Noite de São Bartolomeu, ocorrido em 24 de agosto de 1572 foi o
mais sangrento e, embora não haja um número de mortos atestado de maneira
unânime pelos historiadores, os dados oscilam entre 2 mil a 70 mil. Catarina de
Médicis (1519-1589), mãe do rei da França, Carlos IX (1550-1574), mandou
executar os protestantes temendo que o calvinismo dominasse a cultura europeia,
e um possível golpe de Estado dos huguenotes. Para o Papa Gregório XIII
(1502-1585), as mortes, foram motivos de comemoração, tanto que encomendou um
hino para ser cantado nas missas, além de uma medalha com um anjo empunhando
uma espada perto dos huguenotes mortos. APRENDIZ DE APRENDIZ – Conta-se que, em
seu último discurso, Calvino pediu aos pastores que não desistissem de sua
Igreja e garantiu que Deus se encarregaria de perpetuá-la. Dito e feito: o
protestantismo não para de crescer, inclusive no Brasil, onde a população
evangélica aumentou mais de 60% em dez anos. Seguindo os passos do amigo
Calvino, John Knox (1513-1572) iniciou a reforma na Escócia. Isso depois de
passar alguns anos em Genebra – Suíça e pastoreando em igrejas para os
refugiados, que falavam a língua inglesa. Aparentemente, a luta de Knox
influenciou o parlamento com maior facilidade, tanto que em 1560 a Escócia
abria mão do catolicismo e se tornava presbiteriana. Naquele mesmo ano,
constituía-se a primeira Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana, época em que
uma dúzia de pastores integrava a instituição. A rainha Maria Stuart
(1542-1587) bem que tentou trazer o catolicismo de volta ao reino escocês, mas
não teve jeito, foi forçada a abdicar e acabou sendo executada na Inglaterra
anos depois. CADA UM NA SUA – Em 1789, iniciava-se a Revolução Francesa,
movimento que determinou a passagem da Idade Moderna para a Idade
Contemporânea, sendo fundamental para que o indivíduo alcançasse sua plena
liberdade de culto, livre de coações, obrigatoriedade e submissão.
Economicamente, a agricultura estava em declínio e mais da metade da população
trabalhava no campo. Motivos naturais interferiram na atividade, o que fez com
que os preços dos alimentos subissem, trazendo fome para o povo. A indústria
também não ia bem, já que o setor têxtil sofria com a concorrência da
Inglaterra – era comum encontrar produtos ingleses mais baratos do que os
franceses. Para agravar a situação, havia uma crise fiscal, a arrecadação do
Estado era menor do que seus gastos. Para superar a crise, o rei Luís XVI
(1754-1793) propôs, em 1787, que a nobreza também pagasse impostos – notícia
recebida com revolta. Um ano depois, por pressão das classes privilegiadas, o
rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais, que era formada por representantes
dos três estados franceses e não acontecia havia 175 anos. Nessa reunião, a
nobreza e o clero queriam fazer valer o sistema que contava com um voto de cada
camada social. Como os dois sempre estavam unidos, o povo acabaria derrotado. O
terceiro estado francês, que compreendia toda a classe trabalhadora, se
revoltou e pediu o voto individual, já que possuía mais deputados do que os
outros dois juntos. Para que a mudança na votação acontecesse, existia a
necessidade de uma alteração constitucional, o que clero e nobreza não
aceitaram. Esse conflito fez com que o povo saísse dos Estados Gerais e se reunisse para formar a Assembleia
Nacional Constituinte. O terceiro estado (proletariado – trabalhadores) tomou
conta das ruas e, no dia 14 de julho de 1789, os franceses tomaram a Bastilha,
símbolo do absolutismo monárquico. Sem saber como controlar o movimento, o rei
tomou diversas atitudes para agradar os revoltosos, como o fim dos privilégios
para as classes altas. No mesmo ano, a Assembleia Nacional Constituinte
anunciou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que englobava
princípios como liberdade e igualdade perante a lei, direito à resistência
contra opressão política e liberdade de expressão. A Assembleia colocou a
Igreja sob autoridade do Estado e confiscou diversas terras que a instituição
possuía. Em 1790, foi instituída a Constituição Civil do Clero, que o submetia
ao poder civil, declarava eleições para os bispados e promulgava aos clérigos
um juramento de obediência à Constituição em questão. A Igreja, até então
soberana, perdia, com pesar o controle da vida civil que exercia. Livro
Mistérios da Bíblia – O Lado Oculto do Livro Sagrado. Abraço. Davi.
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