O Mosaico Espiritual parabeniza o povo americano
pela eleição do seu 45º Presidente Donald Trump, que contrariando todas as
pesquisas de opinião pública, que davam como certa a eleição de Hillary Clinton, conseguiu o número de votos necessários no Colégio Eleitoral para tornar-se o novo Presidente da nação americana. Dos 538 delegados, até agora, 218 votaram em Hillary Clinton, e 279 votaram
em Donald Trump, tornando-o eleito já que o mínimo de votos é de 270. A
cerimônia de posse chamada “inauguration day” ocorrerá em Washington D. C. na
sexta-feira do dia 20 de janeiro de 2017 no Capitólio o Congresso Nacional Americano.
Que Deus abençoe a América e seu povo. Segue parte da íntegra do discurso de
Donald Trump novo Presidente dos Estados Unidos da América. "Obrigado.
Muito obrigado a todos. Desculpa pela demora. Negócio complicado, complicado.
Muito obrigado. Acabei de receber um telefonema da secretária (Hillary)
Clinton. Ela nos cumprimentou. (Falou) sobre nós, sobre a nossa vitória, e eu a
felicitei e a sua família pela campanha muito, muito dura. Quero dizer, ela
lutou muito. Hillary trabalhou muito e durante um longo período de tempo, e nós
lhe devemos uma grande dívida de gratidão por seu serviço ao nosso país. Digo
isso sinceramente. Agora é hora de a América curar as feridas da divisão, de se
unir. Para todos os republicanos e democratas e independentes em toda a nação,
eu digo que é hora de nos reunirmos como um povo unido. Está na hora. Eu
prometo a cada cidadão de nossa terra que eu vou ser presidente para todos os
americanos, e isso é tão importante para mim. Para aqueles que optaram por não
me apoiar no passado, dos quais havia poucas pessoas, irei atrás de sua
orientação e sua ajuda para que possamos trabalhar juntos e unificar nosso
grande país. Como eu disse desde o início, o que fizemos não foi uma campanha,
mas, sim, um movimento incrível e grande, composto por milhões de trabalhadores
e mulheres que amam seu país e querem um futuro melhor e mais brilhante para si
e para sua família. É um movimento composto por americanos de todas as raças,
religiões, origens e crenças, que querem e esperam que nosso governo sirva ao
povo. E esse movimento servirá as pessoas. Trabalhando juntos, vamos começar a
tarefa urgente de reconstruir nossa nação e renovar o sonho americano. Eu
passei toda a minha vida nos negócios, olhando para o potencial inexplorado de
projetos e de pessoas de todo o mundo. Agora, é isso que eu quero fazer com o
nosso país. Tem um tremendo potencial. Eu conheci nosso país tão bem. Tremendo
potencial. Vai ser uma coisa linda. Cada americano terá a oportunidade de
realizar seu potencial máximo. Os homens e as mulheres esquecidos de nosso país
não serão mais esquecidos. Vamos consertar nossas cidades e reconstruir nossas
estradas, pontes, túneis, aeroportos, escolas, hospitais. Vamos reconstruir a
nossa infraestrutura, que se tornará, por sinal, inigualável, e vamos colocar
milhões de pessoas para trabalhar enquanto a reconstruimos. Nós também vamos
finalmente cuidar de nossos grandes veteranos, que foram tão leais, e eu
conheci muitos durante esta viagem de 18 meses. O tempo que passei com eles
durante esta campanha foi uma das minhas maiores honras. Nossos veteranos são
pessoas incríveis. Iniciamos um projeto de crescimento e renovação nacional.
Aproveitarei os talentos criativos de nosso povo. Convidaremos os melhores e
mais brilhantes a alavancar seu tremendo talento para o benefício de todos.
Isso vai acontecer. Temos um grande plano econômico. Vamos dobrar nosso
crescimento e ter a economia mais forte em qualquer lugar do mundo. Ao mesmo
tempo, vamos nos relacionar com todas as outras nações dispostas a nos dar bem.
Teremos grandes relacionamentos. Esperamos ter grandes, ótimos relacionamentos.
Nenhum sonho é muito grande, nenhum desafio é muito grande. Nada do que
queremos para o nosso futuro está além do nosso alcance. A América já não se
contentará com nada menos do que o melhor. Devemos recuperar o destino do nosso
país e sonhar grande, de forma corajosa e ousada. Temos que fazer isso. Vamos
sonhar com coisas para o nosso país, coisas bonitas e coisas bem-sucedidas,
mais uma vez. Quero dizer à comunidade mundial que, embora sempre ponhamos os
interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar, vamos lidar justamente com
todos, com todos. Todas as pessoas e todas as outras nações. Buscaremos terreno
comum, não hostilidade. Uma parceria, não um conflito”. www.g1.globo.com.br. Esclarecendo que o texto abaixo não tem nenhuma relação com a política americana, estando isento do contexto das eleições naquele país. JUDAÍSMO. CABALA. O MILAGROSO E O MUNDANO. “Shemá Israel, Hashem Elokenu, hashem Echard!
(Ouve, Oh Israel, o Eterno é NOSSO D’us, o Eterno é Um!). Um dos conceitos
fundamentais da Cabalá é o da criação contínua; a dizer, D'us está
continuamente recriando o Universo e tudo o que contém, caso contrário, toda a
existência cessaria instantaneamente de existir. (V. A Unicidade de D'us,
edição nº 60). Isto porque, segundo explica o Zohar, o Livro do Esplendor, D'us
originalmente criou toda a existência do nada. O homem, por outro lado,
verdadeiramente jamais cria algo; ele meramente toma algo já existente e o
transforma em outro algo. Um artesão pode valer-se de um pedaço de prata e com
ele fazer um belo copo. Não pode, no entanto, alegar que inventou o copo.
Apenas o moldou a partir de algo pré existente - a prata. Por outro lado,
quando D'us se dispôs a criar o universo, nada existia além de Sua Presença, portanto,
não tinha nada para transformar. Ele, o Todo Poderoso, e exclusivamente Ele,
criou tudo do nada. Na experiência humana, os fenômenos que têm alguma
semelhança com o ato de criar algo do nada são os pensamentos e a fala do
homem: em nossa mente e com nossas palavras podemos criar histórias e
personagens. Esta analogia não é perfeita, pois mesmo a imaginação e a fala
exigem algo anterior - um organismo vivo em funcionamento. Mas esta analogia
serve para ilustrar que algo que é criado do nada precisa ser continuamente
recriado. Um objeto que foi criado a partir de algo físico pode existir
independentemente de seu criador, mas as criações que não foram constituídas de
algo pré existente, como as palavras e os pensamentos, dependem continuamente
de seu criador. Se um narrador para de contar uma história, a história chega ao
fim. Se a pessoa pensa em uma história e para de pensar na mesma, esta deixa,
imediatamente, de existir. E se nunca for escrita, nem voltar a ser imaginada
na mente, a história cairá no esquecimento, como se jamais tivesse existido. Se
D'us tivesse algo com o qual criar o universo - se Ele fosse como um artesão
que apenas transformasse o mundo a partir de algo preexistente - a existência,
em teoria, conseguiria sustentar-se sem o Seu ativo envolvimento. Mas, como Ele
iniciou Sua obra a partir do zero e como o mundo é produto do pensamento e da
fala Divina, Ele precisa constantemente recriar toda a existência. Transformar
o inexistente em existente significa que este algo existente, que acaba de ser
criado, parece ser algo apenas porque está sendo sustentado por uma fonte
externa. Assim sendo, se D'us tivesse que parar de recriar toda a existência -
se cessassem as Expressões Divinas criadoras do universo - tudo o que existe
voltaria a inexistir, voltaria ao nada, como uma história que subitamente pára
de ser narrada ou um pensamento esquecido em algum canto da memória. Se D'us
parasse de recriar o universo por uma fração, a mais ínfima possível, de tempo,
o universo desapareceria no mesmo instante, tal qual uma lâmpada que é
desligada. Isto significa que todo o universo é totalmente dependente de D'us e
de Sua Vontade. E tudo o que existe e ocorre é produto da Vontade Divina e uma
consequência da Divina Providência. É D'us quem ordena o giro das galáxias, a
queda das chuvas, o brilho do sol, o batimento dos corações, o funcionamento de
nosso cérebro. Nada existiria e nada ocorreria não fosse Seu envolvimento. A
existência de cada um dos elementos da criação, da maior galáxia à mais ínfima
partícula atômica, depende de D'us, sempre. Portanto, Ele não é simplesmente o
Criador e o Doador da Vida; Ele é a própria Vida. Por essa razão, em nossas
orações, há frequentes referências a D'us como sendo Chei HaOlamim - a Vida dos
Mundos. Mas, é irônico que enquanto D'us está constantemente recriando o
universo, Ele, que é sua única Origem, sua própria Vida, precisa ocultar Sua
Presença. Mas D'us sabe como age. Ele Se oculta porque se fosse revelar Sua Luz
Infinita, nosso mundo finito ficaria completamente anulado. Vejamos uma
analogia ilustrativa. Se um litro de vinho for derramado no oceano, o vinho
deixará de existir como entidade individual, pois depois de ser diluído em um
corpo d'água infinitamente maior, perderá as características que o
diferenciavam. Esta analogia até fica aquém da realidade, pois por maior que
seja o oceano, ele não deixa de ser finito, ao passo que D'us é o Infinito.
Portanto, a única forma de se perceber o mundo que existe dentro de D'us é se a
Luz Infinita estiver oculta de tal maneira que seja mesmo possível duvidar da
existência Daquele que é Criador, Sustentador e Regente de todo este universo.
Há ainda outra razão para a Ocultação Divina. Se sentíssemos constantemente a
Sua Presença, perderíamos o nosso livre arbítrio. E seria frustrado o propósito
em si da existência humana, que é saber escolher o certo face ao errado.
Ficaríamos como os anjos ou como robôs de carne e osso, totalmente subjugados
por um Ser infinitamente superior. As Leis da Natureza. Em uma discussão
sobre a razão pela qual D'us não interfere com mais vigor nas questões do mundo
como forma de evitar que as pessoas pequem, o Talmud responde que o Criador
deseja que sua criação funcione pela ordem natural das coisas. A expressão
usada no Talmud é Olam ke min'hagó noheg - o mundo se comporta segundo seu
costume. O uso desta expressão, no Talmud, para discutir a ordem natural do
cotidiano do mundo nos ensina que as leis da natureza não são, de fato, leis;
são usos e costumes - a forma como as coisas funcionam geralmente - mas nem
sempre. Assim como o Talmud, a moderna Ciência prefere, também, falar em
teorias ao invés de leis. O conhecimento científico é baseado na observação e
experimentação direta: trata de probabilidades, não de certezas, pois admite a
ocorrência ocasional de anomalias, que são os eventos inexplicáveis que
desafiam até as mais básicas leis da natureza. Tais anomalias são evidência de
que, no mundo, nada é 100% certo e que o improvável e mesmo o impossível às
vezes acontecem. A isso, costumamos chamar de "milagre". Há uma
concepção errônea de que o mundo é dirigido por leis naturais e que tais
anomalias, tais milagres, ocorrem quando D'us interfere no mundo. Não há
verdade alguma nisso. Pois, como vimos acima, D'us está constantemente
recriando toda a existência. Cada ocorrência é um ato de D'us. O mundo não se
move no piloto automático. O sol não brilha por si só; mas porque D'us o está
constantemente recriando e ordenando que brilhe. Isto se aplica a todos os
fenômenos. Cada uma das ocorrências, desde a mais mundana até a mais
extraordinária, é produto da Divina Providência e de Sua Vontade. Uma pergunta:
se todos os fenômenos são atos de D'us, por que então Ele teria criado as leis
da natureza? Na verdade, por que o mundo opera com tanta regularidade,
aparentemente por si só, ao ponto de levar alguns a negar o seu Criador e
Regente? Uma resposta seria: se não houvesse leis na natureza, os habitantes do
mundo não teriam como funcionar adequadamente. O que aconteceria se a lei da
gravidade não funcionasse sempre ou se o ano não fosse dividido em estações do
ano? O que aconteceria se a água, às vezes, entrasse em ebulição à temperatura
de 10ºC? O mundo seria caótico e acabaria por se autodestruir. Apenas porque
D'us conduz o Seu mundo através das assim chamadas "leis da natureza"
é que o mundo funciona relativamente bem. Vivemos nossa vida e fazemos planos
para o futuro porque esperamos que o mundo continue a funcionar da forma
correta. Esperamos que o sol continue a brilhar; que nosso planeta não colida
com outro corpo celestial e seja destruído. Ou seja, esperamos que Aquele que
rege o mundo continue a fazê-lo. O fato de haver tal ordem e regularidade no
mundo é a maior prova de que D'us não apenas criou, mas também rege o universo.
Todos os milagres já realizados perdem o viço diante as maravilhas da Criação
física. A natureza, como nos indica o Talmud, é o hábito do mundo. É a maneira
pela qual D'us faz operar Sua Criação. Os fenômenos que testemunhamos
regularmente - a forma como tudo acontecer no mundo - são o que chamamos de
"eventos naturais". Como temos o hábito de diariamente ver o sol
nascer, nós o aceitamos como algo corriqueiro, líquido e certo; nenhum de nós
vai dormir preocupado que talvez o sol deixe de nascer na manhã seguinte. No
entanto, quando testemunhamos algo singular, altamente improvável, a isso
chamamos de "milagre". Na realidade, como ensinou o Baal Shem Tov, a
diferença entre um evento natural e um milagre é sua frequência. Ambos são
manifestações do contínuo envolvimento Divino; a única diferença genuína que
pode ser feita entre ambos é seu índice de ocorrência. A divisão do Mar de
Juncos foi um milagre porque ocorreu naquele momento - tivesse ocorrido um dia
mais tarde, os judeus teriam sido capturados pelo exército egípcio. Mas como
fenômeno, não se pode dizer que tenha sido um milagre maior do que o fato de o
sol brilhar. A diferença que há entre os dois fenômenos é que o Mar de Juncos
se partiu uma única vez, enquanto que o sol brilha ininterruptamente. Mas, e se
o mar se partisse diariamente? Ainda o consideraríamos um milagre? E se o sol
subitamente escurecesse e, após muito rogo e oração, voltasse a brilhar? A
partir de então, o consideraríamos um milagre? A definição do que é milagroso e
do que é mundano é um dos pontos do Shemá Israel. Nesta afirmação fundamental
da fé judaica, declaramos: "Ouve, ó Israel, Hashem (o Eterno) é Elokenu
(nosso D'us), Hashem é Um". Sem grandes interpretações, trata-se de uma
declaração que parece redundante, que diz, basicamente, que o Eterno é nosso
D'us e que Ele é Único. Mas, de redundante a frase não tem absolutamente nada.
Nossos Sábios explicam que o Shemá é o segredo para entendermos D'us e seu
mundo. O nome de D'us que é usado nesta afirmação de fé judaica - aqui no texto
substituído pela palavra Hashem, o Nome, pois é proibido pronunciar Seu Nome
Sagrado fora da oração - é traduzido, geralmente, pela palavra
"Eterno" e revela D'us na forma em que Ele transcende o mundo; esse
Nome é associado a Seu Atributo de Misericórdia. O segundo Nome Divino no Shemá
(traduzido neste texto como Elokim, mas cuja forma correta, durante as orações,
é escrita com a letra h no lugar do k), que é simplesmente traduzido como
"D'us", é uma revelação Divina da forma como Ele existe no mundo;
este Nome é associado a Seu Atributo da Justiça. Os Sábios chamam a atenção
para o fato de que o nome Elokim é numericamente equivalente à palavra HaTeva -
Natureza. Isto indica que quando D'us age com justiça, quando age segundo as
leis da natureza, Ele se está ocultando para se manifestar a nós como Elokim.
Mas, quando age com misericórdia, quando permite que as leis da natureza sejam
dobradas ou rompidas, de certa forma Ele está levantando o véu de Sua ocultação
e agindo como O Eterno. O Shemá é o axioma da Unicidade Divina: é a declaração
de que Hashem é Elokim - que o Eterno que opera milagres é o mesmo D'us que
está por trás de qualquer fenômeno ou ocorrência natural. D'us ser Uno
significa que não há dicotomia entre o milagroso e o mundano, entre Hashem e
Elokim. Esse D'us que faz o sol brilhar é o mesmo D'us que separou as águas do
Mar de Juncos. O que diferencia uma manifestação da outra - ou seja, um evento
natural de um milagre - é o fato de D'us agir com misericórdia ou com justiça.
Quanto maior a necessidade de se quebrar uma lei da natureza, maior a
necessidade de que D'us aja como Hashem, não como Elokim. Esta é, pois, a razão
pela qual nossas orações são tão importantes: porque estamos pedindo ao Todo
Poderoso que aja conosco guiado por Seu Atributo de Misericórdia. O Shemá
Israel representa o âmago do judaísmo porque nos ensina que D'us está em todas
as partes, em todas as coisas, em todas as ocorrências. Se D'us está presente
na natureza e, simultaneamente transcende o mundo, isto explica por que não
vivemos passivamente, esperando que D'us faça tudo por nós. Seria muito lógico
perguntar: se o mundo é regido unicamente por D'us, qual a necessidade, então,
de fazermos algo? Por que devemos trabalhar ou ir ao médico? Por que não passar
nossos dias louvando a D'us, deixando-o assumir todas as nossas necessidades? A
essa pergunta responderíamos: ficar inativo equivaleria a negar que D'us está
presente em toda a parte. Quem não vai ao médico quando necessita, na verdade
está afirmando que D'us está na sinagoga, não no consultório do médico; e Sua
Providência e Sua Vontade não estão presentes nos medicamentos que tomamos. De
modo similar, aquele que não trabalha está demonstrando que D'us não é
encontrado no trabalho e que Sua Providência não se estende ao mundo do
trabalho, seja na cidade ou no campo, seja nas operações financeiras ou nas
colheitas. Essas pessoas acreditam que D'us está nos Céus e não na Terra. Creem
apenas em D'us quando manifestado como Hashem, não como Elohim. Há, também, o
outro lado da moeda: a crença de que o mundo é governado unicamente pelas leis
da natureza - que o que determina o nosso sucesso é resultado de nossos
esforços e nossa capacidade, não de D'us, pois as preces e as boas ações não
influenciam o bem-estar material de ninguém. Pensar e agir desta forma equivale
a negar que D'us é o Eterno, Aquele que pode fazer mudar o curso natural dos
eventos de modo a nos beneficiar. Equivale a alegar que o mundo é conduzido
pelas leis da natureza e que D'us não pode nem escolhe interferir na vida
deles. Aqueles que assim acreditam também restringem D'us aos Céus por
acreditar que aqui, na Terra, estamos por nossa própria conta e risco; e que
cabe à lei natural ou ao acaso a determinação de tudo o que aqui ocorre. Quem
realmente tem fé vive segundo a mensagem do Shemá - de que D'us é Um; que
Hashem é Elokenu e que Elokenu é Hashem. O judaísmo proclama que D'us não é
apenas encontrado na sinagoga, mas também nos consultórios e nos mercados. O
judaísmo ordena que aquele que sofre procure um médico e aceite o medicamento,
porque D'us geralmente opera segundo as leis da natureza - que Ele cria e
recria, sem parar. Mas, acreditar que apenas o médico e o medicamento curem,
sem rogar pela Misericórdia Divina, equivale a afirmar que o Divino não está
envolvido em nosso mundo. No judaísmo, chegamos a D'us por meio de canais
materiais e espirituais. Aqueles que negam algum dos Atributos de D'us - que
confiam unicamente no físico ou no metafísico - estão limitando o Seu Poder. A
abordagem judaica à vida, como o afirmou um sábio, é: "Ora como se tudo
dependesse de D'us e age como se tudo dependesse de ti". O propósito
dos milagres. O Talmud nos conta a seguinte passagem: Rabi Shimon bar
Yochai foi, certa vez, a uma casa de estudos e encontrou alunos no escuro, sem
poder estudar a Torá. Perguntou por que não tinham acendido velas, ao que eles
responderam que não tinham óleo, só vinagre. Rabi Shimon lhes instruiu, então,
a colocar os pavios no vinagre e acendê-los. Intrigados, os alunos responderam
que como aquele não era um líquido inflamável, não entraria em combustão. Rabi
Shimon respondeu: "Aquele que ordenou que o óleo queimasse, fará com que o
mesmo ocorra com o vinagre". E o Talmud relata que exatamente esta foi a
reação que se viu. É mais uma história dos milagres realizados pelo Rabi Shimon
bar Yochai, pai da Cabalá e autor do Zohar, o Livro do Esplendor. Mas, ao fazer
o relato, o Talmud tem como objetivo mostrar que as leis da natureza não são
inflexíveis nem inquebráveis. D'us geralmente ordena que o óleo queime e, o
vinagre, não. Mas Ele pode mudar esta regra, temporária ou permanentemente, se
assim o quiser. Assim sendo, quando o Rabi Shimon pede a D'us que altere
temporariamente Sua regra para que o vinagre arda e seus alunos possam estudar
a Sua Torá, D'us prontamente aquiesce, ordenando que assim fosse. Este relato
define os milagres segundo o judaísmo. Estes ocorrem quando D'us age de modo
não habitual. As leis da natureza podem ser comparadas à gramática. Para
escrever com clareza, devem-se usar as regras gramaticais, senão o texto fica
incompreensível. No entanto, às vezes, um bom escritor ou um bom publicitário
rompe com as regras de gramática propositalmente, para chamar a atenção de seus
leitores. O milagre é realizado por D'us com propósito similar. Trata-se da
ruptura de um costume, uma Chamada Divina por atenção. O milagre serve para nos
lembrar que o mundo não funciona por si só e que o metafísico é o que
influencia o físico. Nós, humanos, estamos tão fascinados e mobilizados pelos
milagres, que sempre que vivenciamos um deles, sentimos que é um sinal de que
D'us está pessoalmente atento ao nosso problema, Se preocupa conosco, temos
Alguém a quem pedir ajuda. Em outras palavras, o milagre é um sinal de que não
estamos sós. Na história acima, vemos que a Divina Providência poderia ter
conseguido que alguém levasse óleo à casa de estudos, para não interromper tão
sagrada tarefa. O propósito do milagre do vinagre não foi apenas permitir o
estudo da Torá, mas mostrar aos alunos e a quem ouvisse o relato que é D'us - e
não as leis da natureza - quem governa este mundo. Isto posto, devemos observar
que deve haver uma forte razão para que D'us suspenda as normas por Ele
instituídas. Como ensina o Talmud, não temos permissão de depender de milagres
- só em último caso. Não podemos jogar-nos de um edifício esperando que,
milagrosamente, D'us nos salve; ou não trabalhar e esperar que Ele nos faça
enriquecer. Testar D'us desta maneira é não demonstrar confiança Nele, exigindo
que rompa com Suas regras em nosso próprio benefício. Aqueles que crêem ser tão
justos e tão merecedores que, para lhes favorecer, D'us dobrará as leis da
natureza, agindo apenas como Hashem (através de Seu Atributo de Misericórdia),
não como Elokim (através de Seu Atributo de Justiça), estão correndo um risco
grande: podem ser surpreendidos com a notícia de que, aos olhos dos Céus, eles
não são tão justos como se julgam, e que, portanto, D'us não romperá com Suas
regras para favorecê-los. Somente um homem da estatura espiritual de um Rabi
Shimon bar Yochai (século II) poderia esperar que D'us assim agisse, quando o
Rabi assim o pedisse. Mas, ainda há outra razão para que D'us não quebre
frequentemente as regras da natureza. Esta razão é que, conforme vimos acima, a
existência do mundo - ao menos até que chegue a Era Messiânica - depende de Sua
ocultação. Mesmo quando um milagre é realizado, este deve deixar uma brecha
para a dúvida - e o faz ligando-se, de alguma maneira, à natureza. O propósito
de um milagre é funcionar como uma chamada ao despertar, mas não pode ser uma
Revelação Divina tão óbvia que prive os seres humanos de seu livre arbítrio.
Assim sendo, todos os milagres - mesmo as 10 pragas e a divisão do Mar de
Juncos - têm que ter alguma explicação pelas vias naturais. As explicações
científicas dos milagres não desafiam de forma alguma a Torá; muito pelo
contrário. Pois, como no judaísmo a diferença entre um evento natural e um
milagre é a sua frequência, não importa, de fato, como o Mar foi dividido nem
se a Ciência pode ou não explicá-lo. No que tange ao judaísmo, o que acontece
no mundo, tanto o natural como o sobrenatural, é um ato de D'us. Sempre que
ocorre um evento improvável, tudo o que é relevante e aberto a discussões
indica em que medida D'us quebrou suas próprias regras. Se o evento pode ser
explicado pelas leis da natureza, isso significa que D'us agiu consoante com
Suas regras e decidiu agir da maneira como sempre faz - secretamente, na
ocultação de Sua Presença. Contudo, se ocorre uma anomalia científica, algo que
a Ciência não consegue explicar, isto significa que, por alguma razão, D'us
decidiu dobrar, quiçá mesmo quebrar, Suas regras. O resultado é que qualquer
coisa que ocorre é produto da Vontade Divina. E é por isso que, na oração da
Amidá - o Shemone Esrê, recitada três vezes ao dia, proclamamos: "Nós Te
agradecemos (...) pelos milagres que nos acompanham, dia-a-dia, e por Tuas
contínuas maravilhas e beneficências". D'us está sempre realizando favores
para nós - às vezes através de meios naturais e, ocasionalmente, sobrenaturais.
Um milagre declarado, um evento que rompe com a lei natural, no entanto, é como
um "fracasso" para D'us, pois significa que Ele apenas realizou o que
pretendia, ignorando as normas deste mundo físico. D'us prefere fazer o tipo de
milagres que se misturam perfeitamente com a ordem das coisas deste mundo -
aquelas coisas que revelam o Infinito irrestrito dentro da natureza do nosso
cotidiano. De fato, pode-se argumentar que o evento natural é ainda mais
milagroso do que um sobrenatural. As 10 pragas, a divisão do Mar e eventos
similares celebrados na História judaica demonstram que D'us não está confinado
na natureza e que Ele pode e realmente quebra os costumes que Ele mesmo
instituiu. Mas um evento transvertido de natureza demonstra que D'us não está
vinculado, de forma alguma, nem mesmo pelos confins da lei sobrenatural. Um
evento natural, quando apreciado pelo que verdadeiramente é, demonstra que D'us
está em todas as partes e que Ele não carece do extraordinário para proclamar a
Sua Presença e envolvimento no mundo. Na verdade, é mais fácil reconhecê-lo
quando algo ocorre e nos chama a atenção. Não é fácil agradecer a Ele por cada
sopro de nossas narinas. Mas viver com D'us significa sentir que Ele está
presente e atuante em toda a parte e a toda hora, até mesmo nos momentos mais
prosaicos de nosso cotidiano. O maior milagre de todos é o fato de que D'us,
Infinito e Todo Poderoso, pode habitar em um mundo finito e que Ele escolhe
estar intimamente envolvido em nossa vida, apesar de sermos criaturas fracas e
limitadas. A percepção de que D'us é encontrado dentro do natural e dentro do
sobrenatural é a pura essência do judaísmo. Concluímos nossas orações diárias
recitando "Alenu le-Shabêach", quando falamos do dia em que toda a
humanidade reconhecerá a Unicidade de D'us. Isto ocorrerá quando todos os seres
humanos puderem entender que o mundo está constantemente sendo recriado e
regido por D'us, não havendo, portanto, diferença alguma entre o milagroso e o
mundano. E isto se dará na Era Messiânica, quando todos nós perceberemos aquilo
que pronunciamos, diariamente, no Shemá: que Hashem Elokenu, Hashem Echad: que
o Eterno é nosso D'us, e o Eterno é Um”. http://www.morasha.com.br.
Abraço. Davi.
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