Cristianismo. Texto de
Geoffrey Hodson (1886-1983). II. REFLEXÕES SOBRE O CULTO DA IGREJA. Capítulo
três. Grandes possibilidades existem em cada um de nossos serviços; porém, só
uma congregação treinada pode esperar atingi-las. Quão maravilhoso seria se em
cada Igreja houvesse um crescente grupo de pessoas dedicadas a tarefa de
melhorar e aperfeiçoar suas capacidades individuais de servos espirituais do
Senhor, e de aprender a servi-lo como uma congregação numa perfeita fusão dos
seus diversos temperamentos e faculdades! Os resultados seriam então os mais
esplêndidos possíveis e o fluxo de bênçãos cresceria diariamente em riqueza e
potência, para o auxílio do mundo. Nossas igrejas se tornariam centros de
poder, força e bênção. A vida das nações seria acelerada. As grandes reformas,
tão urgentemente necessárias e tão retardadas, seriam apressadas. O princípio
crístico da nação refulgiria e levaria seus condutores a evoluírem e adotarem
medidas para a minoração do sofrimento, a eliminação da crueldade sob todas as
formas, e a gradual melhoria do padrão de vida da nação. Tal é, em parte, a
grande oportunidade que a Igreja coloca ante nós, como membros da congregação.
OS OLHOS DA ALMA. “Assim que o Evangelho é anunciado, todos cantam o seguinte,
fazendo o sinal da cruz com o polegar da mão direita sobre a testa, lábios e
peito, sucessivamente: Glória a Ti, ó Senhor”. A LITURGIA DA IGREJA CATÓLICA
LIBERAL. Nesta instrução nossa atenção é dirigida para a importância do sinal e
palavras de poder, ambos os quais têm um lugar definido e distinto na
cerimônia. Há um estágio no desenvolvimento oculto, em que a voz se torna um
canal para certas forças definidas. Este estágio é atingido em toda a plenitude
somente quando são vivificados os centros de força ocultos da contraparte mais
sutil do corpo. Estes centros de força existem em sete pontos do corpo, um dos
quais na garganta. Este, quando ativo, assemelha-se mais a uma flor trepadeira
filamentosa, semelhante a uma chama, projetando-se da espinha dorsal como uma
flor de sua haste. Na condição normal de não desperto, é visível em seu
contorno, estando o centro cheio de uma substância semelhante a medula. Este é
o centro criador, mais elevado, no corpo humano, e quando está ativo, o poder
do som pode ser usado para criar e animar formas que agirão como canais para
influências e como agente do poder. Podem ser então liberadas forças mais
elevadas e a voz se torna um veículo para o imenso e potente poder criador da
mente e da vontade. Além disso, diz-se que a abertura desse centro nos dota da
faculdade de clariaudiência (ato ou faculdade de ouvir, especialmente em um
estado de transe, sons além do alcance natural do ouvido). O sinal da cruz,
feito da forma prescrita nesta parte da cerimônia e com intenção, abre
temporariamente o centro de força da garganta. Por esta razão nunca devemos
fazê-lo de maneira negligente, bem como nenhum outro movimento no cerimonial.
Poucos de nós, no presente estão preparados para ter nossos centros de força
permanentemente abertos porque tornar-nos-íamos prematuramente suscetíveis a
influências de inteligências e poderes super físicos; e assim,
misericordiosamente, estes órgãos sensoriais da alma estão fechados. Podem,
entretanto, ser temporariamente estimados com segurança, servindo assim de
canais às energias super físicas. Esta estimulação é feita de várias maneiras,
uma das quais é o uso cerimonial de símbolos e palavras de poder, como as
prescritas na passagem da Liturgia Católica Liberal, citadas no início deste
capítulo. A abertura do centro da garganta, neste ponto do serviço, tem
espiritualmente um efeito acelerador e estimulador sobre nós e capacita-nos a
participar mais efetivamente da cerimônia a seguir. É da maior importância que,
ao lado deste desenvolvimento que temos o privilégio de receber da Igreja,
pratiquemos o domínio da linguagem, para que não usemos mal da dádiva que nos é
assim dada. A antiga regra relativa ao domínio da linguagem é a de que antes de
falar, inquiriremos de nós mesmo se o que vamos dizer é necessário, amável,
delicado e verdadeiro. Também existem centros de força entre os olhos e o
coração. Estes também devem ser vivificados pelo sinal cerimonial da cruz feito
sobre eles. O centro entre os olhos, quando aberto, aumenta o raio de nossa
visão, adicionando-lhe a qualidade de compaixão divina. Algumas vezes é chamado
a Rosa Mística, que floresce no coração. Ainda que se assemelhe a uma linda
flor construída de luz de ardentes correntes coloridas, a verdadeira
interpretação do simbolismo da Rosa Mística é o que representa o desabrochar do
amor e compaixão divinos no coração humano. Este desabrochar pressagia o
nascimento do Menino Cristo, que necessita nascer antes no coração de cada
homem, para ele penetrar no reino dos céus. Por uma exata e apropriada
observância da instrução que nos dá a Igreja, podemos apressar a hora dessa
grande consumação. Um dia aquele Menino Cristo em cada um de nós crescerá até
“a medida da estatura da plenitude de Cristo”, a de nossa parte nós nos
tornaremos Salvadores de homens. O propósito da religião é auxiliar-nos a
atingir rapidamente a grande meta e guiar e inspirar-nos na caminhada da Senda
que conduz ao preenchimento da vida. OS SANTOS ANJOS. “Vós, Vigilantes e
Santos. Brilhantes serafins, Querubins e Tronos. Entoai o alegre canto –
Aleluia! Clamai Dominações, Principados, Poderes, Virtudes, Arcanjos, Coros de
Anjos. Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia. Ó mais elevado que o
Querubim. Mais gloriosos que o Serafim. Dirigi seus louvores, Aleluia! Tu,
misericordiosíssimo, exaltai o Senhor. Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia,
Aleluia. Respondei, vós almas em repouso infindo. Vós, Patriarcas e Profetas
benditos, Aleluia, Aleluia. Vós, os Santos Doze. Vós poderosos Mártires. Todos
os Santos, triunfantes entoais a canção. Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia,
Aleluia. Ó amigos, alegremente cantemos. Supernas antífonas repetindo, Aleluia,
Aleluia. Ao Deus o Pai, ao Deus, o Filho. E ao Deus o Espírito, Três em Um.
Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia”. Este glorioso hino nos
proporciona o mais poderoso meio de nos ligar aos santos anjos. O primeiro
verso dirige nossa atenção para as grandes hostes das nove ordens da hierarquia
dos anjos; se pudermos cantar este verso com conhecimento, realização e poder,
estabeleceremos indubitavelmente laços definidos com eles e asseguraremos a sua
cooperação em todo o nosso trabalho. O pensamento subjacente no segundo verso
leva-nos ainda além das grandes nove ordens de anjos. O terceiro verso alça-nos
à presença da bendita comunhão dos Santos, enquanto que o quarto verso une
Santos anjos e homens no culto à Santíssimo Trindade. O hino todo poderia ser
muito proveitosamente utilizado para meditação particular. Certamente é
necessário meditar sobre ele, obtendo algum conhecimento de seu poder e
significância antes de poder cantá-lo com pleno efeito. A meditação definida
num ritual, na preparação para seu uso como parte de um cerimonial, é de grande
valor para cada um de nós. Por tal meditação preparatória podemos descobrir a
realidade além das palavras; então, quando o recitamos ou cantamos juntos num
ato de adoração conjunta, podemos esperar produzir os resultados máximos, tanto
na realização interna como na irradiação das bênçãos sobre o mundo. O contato
com a consciência angélica é um privilégio de inestimável valor. A cooperação
angélica torna tudo o que tentamos fazer nos mundos espiritual e material,
muito mais vital e potente do que o poderia ser, de outra forma. Numa recente
ocasião, quando o autor tentava observar o efeito produzido nos mundos ocultos
durante o canto deste hino, pareceu-lhe que durante os dois primeiros versos
tínhamos nos tornado definidamente ligados aos representantes de grandes ordens
de anjos que foram atraídos pelo e para o nosso trabalho. Haviam voltado sua
atenção para nós, e se unido o mais intimamente possível. Depois de termos
cantado o terceiro verso, os anjos que haviam estado cantando conosco, e que
estavam voltados para a união e cooperação, retiraram sua atenção de nós,
silenciosamente, e curvaram-se na mais profunda reverência aos membros da
Grande Fraternidade Branca a quem era dirigido. O autor estava grandemente
impressionado pela mudança de atmosfera produzida por esse verso. Por um
momento transferimos nossa atenção do reino angélico para o super humano, e
isto nos permitiu acompanhar a mudança de consciência e do grau de vibração que
ocorria na Igreja. No quarto verso, a totalidade de poder evocado pelo hino
ascendeu numa poderosa e multicolorida torrente de adoração fundida de anjos e
homens às Três Pessoas da Santíssima Trindade, a quem é dirigida. Nos mundos
mais elevados, coros de anjos cantavam com seus irmãos da Terra, de forma que
um glorioso hino de adoração e louvor irrompeu-se com a torrente ascendente em
direção ao próprio trono de Deus. Somente foi obtido como resposta o mais
simples lampejo desta glória oculta e do derrame de bênção de nosso Pai, porém
isto constitui uma promessa de coisas muito maiores, de realização e expansão
espirituais que a Igreja oferece a todos os que aceitarem os tesouros que dá a
seu povo com tão pródiga beneficência. Certamente, nós, os da Congregação,
deveremos nos esforçar ao máximo para obter a expansão de consciência que trará
está maravilhosa vida interior e beleza oculta par nossa experiência pessoal.
As hostes angélicas parecem viver continuamente nesta grande realização. Não
perderam, como nós, o senso de unidade com Deus e com tudo o que vive. A
unidade de ideal, de pensamento e de ação é extraordinariamente inerente à
hierarquia angélica. Os anjos fundem suas vontades, seu conhecimento e seu amor
tão intimamente, que suas consciências quase se assemelham à dá alma – grupo de
reinos animal, vegetal e mineral da Natureza. Nossa evolução humana difere da sua
a este respeito; nossa peregrinação conduz-nos a um estágio de mais
profundidade nos mundos materiais, e nosso enclausurar em corpos formados de
matéria física inevitavelmente produz sensação de separação entre um e outro e
de Deus. Livro O Lado Interno do Culto na Igreja. Abraço. Davi.
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