terça-feira, 18 de outubro de 2016

I. REFLEXÕES SOBRE O CULTO DA IGREJA.



Cristianismo. Texto de Geoffrey Hodson (1886-1983). Capítulo III. REFLEXÕES SOBRE O CULTO DA IGREJA I. O TRABALHO DA CONGREGAÇÃO. Um estudo de muitos problemas, nacionais e internacionais, que estão clamando por solução, às nações do mundo, quase inevitavelmente nos conduz à conclusão de que suas soluções repousam na vida espiritual dos indivíduos que as compõem. O estudante vê-se forçado a olhar a religião, não somente para a preservação da atual civilização, mas também para orientação na construção da civilização seguinte. Em todo o departamento de vida humana se clama por espiritualidade e pela espiritualidade da vida e conduta humanas. Por falhos que sejam os atuais sistemas de governo nacional e internacional, todos eles poderiam provavelmente trabalhar com perfeição se os homens e mulheres responsáveis pela sua administração estivessem possuídos de ideais espirituais. Não é tanto a lei que necessita ser alterada, mas, sim, as pessoas que administram a lei. A única pela qual o coração e a mente das pessoas podem ser modificados é a religião, e por religião encaramos naturalmente em primeiro lugar a Igreja. Se aceitarmos este ponto de vista, a Igreja precisa ser encarada como o mais poderoso agente para o bem na vida de uma nação – o maior acervo da nação – e seu trabalho como de suprema importância para cada membro da raça. A missão da Igreja precisa ser encarada não mais como limitada à realização de um certo número de cerimônias em determinados dias, porém antes para o estabelecimento em toda parte de centros espirituais, cujo poder e bênção iluminarão e enriquecerão a vida nacional, inspirarão todo trabalho bom e influenciarão incessantemente no sentido de espiritualização da humanidade. A Igreja só pode preencher esta missão quando ela é uma realidade vívida tanto para o clérigo como para os seculares. Como membros da congregação temos uma grande responsabilidade, pois se não participarmos do trabalho da Igreja e não dermos nossa total contribuição à sua vida, ela não poderá cumprir sua grande missão para com a nação e o mundo. Consideremos, portanto, agora, qual a melhor forma de participarmos deste trabalho tão importante. Seria essencial, parece-nos, haver certo grau de auto treinamento e auto preparação. Aproximar-nos do Altar do Santíssimo é um privilégio do qual nos julgamos indignos. É da máxima importância que nos diligenciemos por remover nossa indignidade por meio de um sistema regular de auto treinamento, de contínuos esforços por viver diariamente a vida Cristã, e de preparação especial para todo serviço. A auto preparação há de sempre preceder a participação em cerimônias. Nos tempos antigos a cerimônia de ablução precedia à assistência a todos os serviços; meticuloso cuidado era tomado a fim de assegurar perfeita limpeza física, tanto do corpo como da vestimenta especial usada. Da mesma maneira deveremos preparar nossos corpos mais sutis, aprendendo a deixar de lado, à vontade, todos os nossos problemas, ansiedades e dificuldades pessoais destas limitações da personalidade. Nossas auras aparecerão então viçosas, brilhantes e puras, em vez de murchas e impuras, como tão frequentemente se acham nestes tempos difíceis. Certamente, podemos trazer nossas dificuldades e depositá-las aos pés de Nosso Senhor, e solicitar-lhe guia e auxílio, porém Ele estará apto a auxiliar-nos com muito mais eficácia se tivermos antes feito o máximo para superá-las e se nos aproximarmos Dele numa atitude de desprendimento de todas as considerações de natureza pessoal. Da própria Igreja recebemos muito auxílio para a auto preparação. No sacramento do batismo nos é dado um anjo para ser nosso guia e auxiliar através do resto de nossas vidas. Isto ocorre na oração: “Possa Seu santo anjo andar diante e atrás de ti. Possa ele estar contigo quando te deites e quando te levantes, e resguardar-te em todos os teus caminhos”. Daqui em diante, ao entrarmos na Igreja e esforçar-nos em ajustar nossas mentes na preparação para o serviço, nosso anjo guardião começa a nos ajudar a purificar e refinar nossas emoções. Ele libera dentro de nossas auras uma certa quantidade de forças colocadas em suas mãos na ocasião de nosso batismo – forças das quais ele é o agente inteligente – e utiliza-se para produzir os resultados a que ele visa. Além desta assistência interior, algumas vezes encontramos com um dos anjos assistentes na igreja, que nos saúda e oferece auxílio. Vê nossas necessidades e começa a trabalhar para preparar-nos para o serviço. Procura eliminar de nossos veículos mais sutis as áreas desagradáveis e sem cor, e a ajudar-nos na espiritualização de nossa consciência pessoal. Quando, antes de nos sentarmos, inclinamo-nos em reverente oração à presença de Cristo no Sacramento Reservado e fazemos o sinal da cruz, Seu poder refulge sobre nós e nos ilumina e abençoa. Entretanto, é importante que, ao fazermos o sinal da cruz, procuremos oferecer-lhe nossa natureza toda aberta, e evoquemos o princípio Crístico dentro de nós, de forma que nossa resposta a Ele seja tão completa e perfeita quanto possível. Portanto, se vamos completamente auto preparados à presença do Senhor e Seus anjos, todo o poder aplicado neste trabalho pode ser usado para auxiliar-nos a conseguir elevar nossa mente e expandir nossa consciência. Como passo seguinte, podemos esforçar-nos por estabelecer unidade mental e espiritual com nossos companheiros de culto. Pela prática firme, logo estaremos aptos a expandir nossa consciência de forma a incluir todos os membros da congregação, tanto visíveis como invisíveis, bem como os ministrantes angélicos. A medida que vivermos em unidade natural com todos eles, em nossa consciência egóica, será muito útil, se tentarmos elevar-nos na realização daquele eu superior, tanto em nosso culto público como no privado. Um dos princípios básicos que governam o êxito em qualquer trabalho é que quanto mais alto o nível de consciência no qual se realiza o trabalho, tanto maior é o poder por trás do trabalho. Isto é particularmente verdadeiro para todo o esforça espiritual. Portanto, seria sumamente valioso empreender a congregação um definido sistema de auto treinamento, com o objetivo de desenvolver ao máximo suas capacidades neste sentido. Nossas meditações preparatórias deveriam, portanto, ser dirigidas no sentido de conseguir expansão de consciência e desenvolver a habilidade para trabalhar nos níveis superiores dos mundos inferiores. O “brilhante Augoeides” ou o princípio imortal em cada um de nós, é um ser de grande esplendor; sua vida de poder e bem aventurança está em contraste marcante com a limitação e auto centralização que tão frequentemente nos caracterizam na personalidade. Se, pois, pudermos alçar-nos até a nossa consciência superior, em todos os nossos trabalho obteremos resultados incomparavelmente maiores do que qualquer que pudéssemos obter na consciência inferior, mesmo com a total concentração de nossos poderes mental e emocional. Uma parte essencial de nossa auto preparação para a execução do culto cerimonial é, portanto, entrarmos em contato com o nosso princípio mais elevado, de forma a podermos liberar e empregar nossos poderes e faculdades mais elevados. Quando tivermos logrado certa medida de êxito neste esforço, e tivermos procurado unificar-nos com todos os nossos companheiros de culto, podemos então aspirar a elevá-los e a nós mesmos, até a presença do Senhor, na preparação para a magna consumação da Santa Comunhão (pão e vinho), pela qual seremos postos em união com Ele. A medida que se inicia o serviço, devemos nos esforçar por identificar-nos com o celebrante e com o sacrifício que ele vai oferecer em nosso nome. Por exemplo, nossa resposta ao “Dominus Vobiscum” (prefácio ou saudação) pronunciado pelo sacerdote enseja uma oportunidade especial para isto, e deve ser sempre feito com intento definido. O termo “espírito” nesta resposta parece referir-se particularmente ao princípio mais elevado do homem, e idealmente a gloriosas, branca e ígnea (fogo) irradiação daquele princípio, juntamente com a áurea luz da consciência de Cristo, deve resplandecer nos veículos mais sutis do sacerdote. Se for realmente conseguido, o seu poder de servir como um canal para a bênção do Senhor será grandemente aumentado. Ao mesmo tempo, cada um de nós experimentará uma certa medida desta mesma iluminação espiritual. Com uma congregação altamente treinada e totalmente devotada ao trabalho da Igreja, um tal resultado poderá ser atingido durante todo o serviço. Poderia então ser liberado um tremendo poder para a espiritualização e elevação da vida nacional. Nossa participação no trabalho começaria a ser comparável à dos anjos que trabalham com plena percepção de toda a beleza, poder e significação atrás da forma exterior da cerimônia. Estes resultados ideais só podem ser produzidos pela prática firme, pelo auto treinamento e por uma vida de contínuos esforços espirituais. Precisamos aprender a evocar a vontade espiritual dentro de nós, e a usá-la de forma que nossa devoção possa elevar-se qual uma corrente de poder ígneo; então os serviços da igreja produzirão resultados claramente definidos e maravilhosamente beneficentes. Uma compreensão mais profunda destas possibilidades pode ser obtida pela visualização das diferentes qualidades do caráter humano em termos de cor; um lindo azul celeste para a devoção, branco para a pureza e poder, rosa para o amor, e uma combinação destas cores para o idealismo e aspiração espirituais; um verde suave para a simpatia e compaixão, uma acentuada cor de ouro velho para a consciência de Cristo, e amarelo para a compreensão intelectual. Cada variação em pensamentos produz novas combinações e nuances destas cores, e se um grupo de pessoas se desse ao trabalho de treinar-se nestas diretrizes, seu trabalho seria maravilhosamente rico em cor e poder, e prontamente se tornaria uma oferenda mais condigna no altar do Altíssimo. A prática constante é o único caminho para desenvolver estes poderes espirituais até a sua completa perfeição. Relativamente pouco poderemos fazer se limitarmos nossos esforços ao tempo que assistirmos aos serviços da Igreja. Devemos praticar regularmente no recesso de nossos lares, procurando reverentemente elevar-nos à presença de Deus. Nosso Senhor, de Nossa Senhora, e de outros membros da Comunhão dos Santos, e das profundezas de nosso ser emitir a Eles torrentes de amor e devoção. Suas dádivas pra nós são tão ricas e esplêndidas que são indescritíveis. Portanto nosso culto e serviço devem constituir a mais elevada oferenda de que formos capazes. Somente poderemos conseguir isto em serviços eclesiásticos pela prévia auto preparação, pelo auto treinamento e cumprindo tanto  quanto possível, em nossas vidas diárias, os ensinos e normas que a Igreja tão deliberadamente nos oferece. Livro O Lado Interno do Culto na Igreja. Abraço. Davi.


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