RAJA YOGA I.
PREFÁCIO DA EDITORA. A ciência e a tecnologia aplicadas ao mundo objetivo
libertaram-nos das superstições e limitações do período medieval, dando início
às eras espacial e nuclear. Contudo, o poder que a bomba atômica trouxe-nos,
por mais que prove inquestionavelmente uma certa superioridade que esta civilização conquistou
no domínio sobre a matéria, também acentua e evidencia desafios mais subjetivos
de relacionamento do homem com a natureza, nas questões ecológicas; do homem
com o próprio homem, na questão do convívio pacífico e da fraternidade; e do
homem com o próprio sentido da vida e da morte, nas questões psicológicas, filosóficas
e existenciais. A CIÊNCIA DO YOGA, segundo a visão do próprio autor, é a
ciência do autoconhecimento, aplicada ao mundo subjetivo, para libertar
progressivamente a nossa própria civilização atual – iniciar tal pesquisa
subjetiva com método científico, de modo a investigar o que pode ser
aproveitado do conhecimento que as antigas civilizações já haviam acumulado
nesta área. O propósito deste livro é reencontrar a essência do Yoga a partir
de um estudo comparativo da ciência moderna com a clássica e primeira
codificação da disciplina do Yoga – os Yoga Sutras – escritos por Patanjali, o grande filósofo indiano, no
século VI AC. Patanjali foi o instrutor de Samkaracarya, sendo sua obra a mais
citada e adotada dentre todos os sistemas de Yoga, pois suas técnicas abrangem
práticas de todos os sistemas, sendo por isso conhecido como Raja yoga ou Yoga
Real. É a base de uma das seis escolas clássicas da filosofia indiana. As
descobertas da física quântica demonstram, por exemplo, que a irradiação da luz
é descontínua, propagando-se através de porções discretas chamadas fótons. Tal
fato cientificamente comprovado está em perfeita concordância com a teoria dos
Ksanas (instantes), conforme os Yoga Sutras III-53 e IV-33, que considera como descontínua a própria natureza do tempo e da
matéria. Como Patanjali poderia, há 2600 anos atrás, conhecer tais fatos sem o
apoio da tecnologia e pesquisa científica atuais? A experiência direta, e não a
crença piedosa ou a especulação metafísica – assim é o meio do conhecimento em
A CIÊNCIA DO YOGA. A prática da meditação, enquanto método progressivo de
pesquisa através das diferentes camadas da mente, habilita o yogi, na concepção
do autor, a conhecer a origem e essência do Universo, bem como do próprio ser
humano, desvendando assim os grandes mistérios da vida e da morte. Contudo,
como em toda ciência, tal maestria e perícia na experiência direta da meditação
depende de uma longa prática do Yoga – sintetizado pelo sistema de Patanjali,
também conhecido como Astanga Yoga por ser dividido em oito partes, conforme é
apresentado em II-29. A necessidade da prática do Yoga evidencia-se em II-15-16
e II-33-34. A importância de sua compreensão teórica é tratada em Svadhyaya
(autoconhecimento) em II-1 e II-32, enquanto a prática do KRIYA – YOGA ou YOGA
ou YOGA PRELIMINAR inicia em 11-1 evoluindo para II-11 e II-30, onde fica
caracterizada a importância da ética na aplicação de tal ciência, cuja prática avançada apresenta
riscos, conforme se menciona, em II-49, a respeito de pranayama (controle da
respiração). Nesta edição foram omitidas a grafia original dos Yoga Sutras de
Patanjali em devanagari e a tradução do devanagari, palavra por palavra, consta
no original em inglês, contudo foi conservado o original dos sutras em
sânscrito transliterado em letras latinas. No sistema de transliteração
empregado às vogais longas são assinaladas, para a antepenúltima, na falta de
uma vogal longa naquela posição, ou ainda para a quarta sílaba a contar do fim,
na falta de uma vogal longa nas posições anteriores. O som do e corresponde a
tch, do j a dj, do r a ri, do s a x, e do s a um som sibilante intermediário
entre o s e o ss. Outras obras do mesmo autor (I. K. Taimni 1898-1978), que
podem ser úteis para introdução ao tema, são A Preparação para o Yoga, sobre o
Yoga Preliminar, e Gayatri: O Mantra Sagrado da Índia, para aprofundamento em
Mantra Yoga, ambas da Editora Teosófica. Também merece menção outra obra desta
editora que é Yoga: A Arte da Integração, de Rohit Mehta, onde se apresenta
outro comentário aos Yoga Sutras de Patanjali, porém sob enfoque
predominantemente psicológico e, portanto, complementar a este livro. Dr. I. K.
Taimni, nascido na Índia e versado na filosofia e prática do Yoga, obteve o
doutorado em Química pela Universidade de Londres, em 1928, tendo se tornado
professor catedrático e pesquisador da Universidade de Allahabad, Índia. Tal
qualificação possibilitou que esta obra tenha o caráter de ligação entre o
Oriente e o Ocidente numa linguagem atual de clareza didática incomum. PREFÁCIO
DO AUTOR. Texto de I. K. Taimni
(1898-1978). Grande número de pensadores, tanto no Oriente quanto no Ocidente,
tem genuíno interesse pelo tema Yoga. Isto é natural, porquanto o homem que
começa a questionar a vida e seus problemas mais profundos quer algo mais
definido e vital para suas necessidades espirituais que uma simples promessa de
alegrias celestiais ou “vida eterna”, para
quanto tiver deixado sua breve e febril vida neste planeta. Aqueles que
perderam a fé nos ideais das religiões ortodoxas e, ainda assim, sentem que sua
vida não é um fenômeno da natureza, passageiro e sem sentido, naturalmente se
voltam para a filosofia do Yoga, em busca de uma solução para as questões
ligadas à sua vida. As pessoas que iniciam o estudo do Yoga com o objetivo de
encontrar uma solução, mais satisfatória para tais problemas, deparar-se-ão
provavelmente com uma séria dificuldade. É possível que considerem a filosofia
interessante, e, mesmo, fascinante, mas demasiadamente envolta em mistério e
incoerência para que tenha valor prático em suas vidas. Pois não há assunto
mais cercado de mistério e sobre o qual se pode escrever o que se quiser sem
risco de ser considerado equivocado. De certo modo, esta atmosfera de mistério
e obscuridade que cerca o Yoga deve-se à
própria natureza do assunto. A filosofia do Yoga trata de alguns dos maiores
mistérios da vida e do Universo e, assim, é inevitável que esteja associada a
uma atmosfera de profundo mistério. Entretanto, muito da obscuridade da
literatura do Yoga decorre não da profundidade intrínseca do tema, mas de falta
de correlação entre seus ensinamentos e os fatos com os quais se supões estar o
homem de cultura comum familiarizado. Se as doutrinas do Yoga, forem estudadas
tanto à luz do pensamento antigo quanto do moderno, serão de mais fácil
compreensão e apreciação. As descobertas no campo da ciência são de especial
ajuda, pois habilitam o estudante a entender alguns fatos da vida do Yoga, já
que há certa analogia entre as leis da vida superior e as da vida como ela
existe no plano físico – relacionamento sugerido na conhecidíssima máxima
oculta “assim como é em cima, é embaixo”. Alguns instrutores do Yoga têm
tentado resolver essa dificuldade extraindo da filosofia e da técnica do Yoga
aquelas práticas que são fáceis de ser entendidas e executadas, colocando-as
ante o público em geral como ensinamentos do Yoga. Muitas dessas práticas, tais
como asana, pranayama etc (...) são de natureza puramente física e, quando
divorciadas dos ensinamentos essenciais e mais elevados do Yoga, reduzem seus
sistemas a uma ciência de cultura física equiparável a outros sistemas de
natureza similar. Esta super simplificação do problema da vida do Yoga, embora
tenha feito algum bem e ajudado algumas pessoas a viver uma vida física mais saudável,
vulgarizou o movimento em prol da cultura do Yoga e produziu uma impressão
errada, especialmente no Ocidente, sobre o verdadeiro propósito e técnica do
Yoga. O que é necessário, por conseguinte, para a média dos estudantes do Yoga,
é uma apresentação inteligível e clara de sua filosofia e de sua técnica, para
que se tenha uma ideia correta e equilibrada de todos os seus aspectos em
termos do pensamento moderno. Pois, embora seja verdade que muitos aspectos da
vida do Yoga estejam além da compreensão daqueles que estão confinados ao
domínio do intelecto, a filosofia geral e os amplos aspectos de sua técnica
podem ser compreendidos pelo estudante sério que esteja familiarizado com as
principais tendências do pensamento filosófico e religioso e preparado para
conduzir seu estudo com uma mente aberta e ávida. Ele pode pelo menos,
compreender esta filosofia de tal modo que seja capaz de decidir se vale a pena
empreender um estudo mais profundo do assunto e, mais tarde, ingressar no
caminho do Yoga como sadhaka. Pois somente quando ingressa no caminho do Yoga
prático e começa a efetuar mudanças fundamentais em sua natureza é que ele pode
esperar vislumbrar de fato os problemas do Yoga e sua solução. Este livro
pretende dar ao estudante sério uma ideia clara sobre os ensinamentos
fundamentais do Yoga, em linguagem que ele possa entender. O livro não
apresenta o Yoga sob determinado ângulo ou baseado em determinada escola
filosófica. Os que o estudarem verão por si mesmos que esta ciência das
ciências é demasiadamente abrangente em sua natureza e muito profunda em suas
doutrinas, para enquadrar-se em qualquer filosofia, seja antiga ou moderna. Ela
preserva sua característica de ciência baseada nas leis eternas da vida
superior, sem necessitar que qualquer ciência ou sistema filosófico endosse
suas afirmativas. Suas verdades são baseadas em experiências e experimentos de
uma linha ininterrupta de místicos, ocultistas, santos e sábios, que as
realizaram e as testemunharam através das eras. Embora se tenha tentado
explicar os ensinamentos do Yoga em bases racionais, de modo que o estudante
possa compreendê-los facilmente, nada se procura fazer para comprová-los no
sentido comum. As verdades do Yoga superior não podem ser comprovadas nem
demonstradas. Elas se dirigem à intuição e não ao intelecto. Há uma vasta
literatura tratando de todos os aspectos e tipos do Yoga. Mas é provável que o
principiante que tente mergulhar nessa massa caótica sinta aversão pela
confusão e pelas exageradas afirmativas que venha a encontrar por toda parte.
Em torno de um pequeno núcleo de ensinamentos fundamentais e genuínos do Yoga,
cresceu, ao longo de milhares de anos, substancial quantidade de literatura
espúria, composta de comentários, exposições de sistemas inferiores de cultua
do Yoga e de práticas tântricas. Qualquer estudante inexperiente que adentre
esta floresta, provavelmente se sentirá perdido, dela saindo com a impressão de
que sua procura do ideal do Yoga poderá resultar em perda de tempo. O
estudante, por conseguinte, faria melhor caso se limitasse à literatura básica,
a fim de evitar confusão e frustração. Na literatura básica do Yoga, os Yoga
Sutras de Patanjali revelam-se a obra de maior autoridade e a mais útil de
todas. Em seus 196 sutras o autor sintetizou o essencial da filosofia e da
técnica do Yoga, de maneira a constituir uma maravilhosa exposição condensada e
sistemática. O estudante que analisa o livro superficialmente, ou pela primeira
vez, talvez o considere um tanto estranho e desordenado, porém um estudo mais cuidadoso
e profundo revelará a racionalidade com que é tratada a matéria. O resumo a
seguir dá uma ideia de quão racional é a forma de tratar todo o tema. A
primeira seção refere-se à natureza geral do Yoga e sua técnica. Ocupa-se
realmente em responder à pergunta: O que é o Yoga?. Dado que samadhi é a
técnica essencial do Yoga, é natural que ocupe a posição mais importante entre
os vários tópicos tratados na seção. Esta seção é, assim, chamada de Samadhi
Pado. A primeira parte da segunda seção trata da filosofia de Klesas e tem por
objetivo responder à pergunta: por que deveria alguém praticar Yoga? Ela
analisa magistralmente as condições da cia humana, bem como a miséria e o
sofrimento inerentes a tais condições. A filosofia de Klesas tem que ser muito bem
entendida por qualquer pessoa que pretenda seguir o caminho do Yoga com a
inflexível determinação de perseverar, vida após vida, até que tenha atingido o
fim. A segunda parte da seção II trata das primeiras cinco práticas da técnica
do Yoga, referidas como bahiranga ou externas. São práticas de natureza preparatória e tem a
finalidade de tornar o sadhaka apto à prática do samadhi. Como esta seção
ocupa-se em habilitar o aspirante, física, mental, emocional e moralmente, à
prática do Yoga superior, é chamada de Sakhana Pada. A primeira parte da
terceira seção trata das três práticas restantes da técnica do Yoga, referidas
como antaranga, ou internas. É através dessas práticas, que culminam em
samadhi, que todos os mistérios da vida do Yoga são desvendados e os poderes,
ou siddhis, são adquiridos. Na segunda parte desta seção são adquiridos. Na
segunda parte desta seção são discutidas em detalhes estas realizações e a
seção é, assim, chamada Vibhuti Pada. Na quarta e última seção são expostos
todos aqueles problemas filosóficos essenciais envolvidos no estudo e na
prática do Yoga. A natureza da mente e a percepção mental, do desejo e seus
efeitos aprisionadores, da liberação e os resultados que lhe seguem, são todos
tratados de forma resumida, mas sistematicamente, de modo que o estudante tenha
uma base adequada de conhecimento teórico. Como todos esses tópicos estão
ligados de um modo ou de outro com a conquista de Kaivalya, a seção tem o
título de Kaivalya pada. Em virtude de seu tratamento abrangente e sistemático
do assunto, os Yoga Sutras constituem o livro mais adequado a um profundo e
sistemático estudo do Yoga. Nos velhos tempos, todos os estudantes do Yoga eram
preparados para memorizar e meditar de forma regular e profunda sobre os
sutras, para deles extrair seus significados ocultos. Mas o estudante moderno,
que precisa, primeiramente, ser convencido de que o estudo e a prática do Yoga
valem a pena, requer um tratamento mais detalhado e sofisticado do assunto, o
qual lhe permita compreender sua filosofia como um todo. Mesmo para esse
propósito os Yoga Sutras são a base mais adequada, não somente por oferecerem
todas as informações essenciais sobre o Yoga de maneira magistral, mas também
por serem reconhecidos como uma obra prima na literatura do Yoga e, como tal,
resistir ao teste do tempo e da experiência. Eis a razão de constituírem a base
deste livro. A tarefa de quem se dedica a comentar um livro como os Yoga Sutras
não é fácil. Trata-se de um assunto da mais profunda natureza. As ideias que
precisa interpretar são expostas sob a forma de sutras, que corporificam o
máximo da arte da condensação. A linguagem em que os sutras são escritos é
antiga, e, embora de extraordinária eficácia na expressão de ideias
filosóficas, pode implicar enorme variedade de interpretações. E, o que é mais
importante, o autor está lidando com uma ciência relacionada a fatos ligados à
experiência humana. Ele não pode, como o filósofo acadêmico, dar asas à sua
imaginação e adiantar meramente uma interpretação ideia. Ele tem que apresenta
as coisas, da melhor maneira possível, como realmente são e não como deveriam
ou poderiam ser. Tendo em vista a possibilidade de alterações que sempre
acontecem nas conotações das palavras, no decorrer do tempo, é extremamente
arriscado interpretar os sutras de modo rígido, literal. É claro que não se
pode tomar liberdades com um livro como os Yoga Sutras, escrito por uma mente
magistral, em linguagem considerada quase perfeita. Mas uma coisa é interpretar
um sutra de maneira livre e, descuidada, outra é expor seu significado com o
devido respeito aos fatos da experiência e as reconhecidas tradições das várias
épocas. O sensato, portanto, é levar em consideração todos os fatores
envolvidos, evitando, em especial, explicações que nada explicam. Outra
dificuldade, ao escrever-se um comentário em um idioma ocidental, é a
impossibilidade de encontrar equivalentes exatos para muitas palavras
sânscritas. Como a ciência do Yoga floresceu principalmente no Oriente e o
interesse pelo no Ocidente é de origem recente, não é possível encontrar
equivalentes para muitas palavras sânscritas que exprimem conceitos filosóficos
bem definidos. Em muitos casos, os termos disponíveis, com significados
aproximados, podem dar uma impressão totalmente errada. Para evitar esse
perigo, as palavras sânscritas foram usadas livremente no comentário, sempre
que não tenha sido possível obter um equivalente exato. Contudo, para facilitar
um cuidadoso estudo do assunto, não somente é dado o texto em sânscrito, em
cada sutra, mas também os significados das palavras sânscritas nele utilizadas.
Por certo, conforme dito acima, não se dispõe dos exatos equivalentes de muitas
palavras sânscritas. Em tais casos, são apresentados somente os significados
aproximados das palavras, na suposição de que o estudante extraia o significado
exato dos termos contidos no comentário que acompanha o sutra. Tal procedimento
habilitará o estudante a julgar por si mesmo o quanto a interpretação está de
acordo com o significado literal das palavras utilizadas no sutra e, se houver
alguma divergência, até onde está se justifica. Mas é claro, a justificativa
final de qualquer interpretação é sua conformidade com os fatos da experiência,
e, se este tipo de verificação não se tornar possível, devem o bom senso e a
razão servir de guia. Aquele que procura a verdade deve ater-se especialmente
sobre o significado das palavras. Que esse passatempo seja deixado aos menos
eruditos. Um cuidadoso estudo dos Yoga Sutras e o tipo de preparação e esforço
necessários à realização do objetivo do empreendimento do Yoga podem dar ao
estudante a impressão de uma tarefa extremamente difícil, se não impossível,
superior à capacidade do aspirante comum. Essa impressão certamente o
desencorajará e, se ele não refletir profundamente sobre os problemas da vida e
clarear suas ideias a este respeito, será levado a abandonar a ideia de
empreender a Divina Aventura ou posterga-la para uma vida futura. Não pode
haver dúvida de que a séria persecução do ideal do Yoga é uma tarefa difícil, e
não pode ser assumida como mero lazer, ou como um meio de escapar às tensões e
pressões da vida comum. Pode ser empreendida somente a partir de um pleno
entendimento da natureza da vida humana, da miséria e do sofrimento que lhes
são inerente, e de uma compreensão de que o meio de acabar permanentemente com
a miséria e com o sofrimento é encontrar a verdade que está guardada em nosso
íntimo, através do único método disponível – a disciplina do Yoga. Sem dúvida,
a consecução deste objetivo é algo que requer muito tempo e o aspirante tem que
estar preparado para despender certo número de vidas – tantas quantas
necessárias – em sua procura séria e de todo coração. Ninguém pode saber, no
princípio, quais são suas potencialidades e de quanto tempo necessitará. Pode
esperar o melhor, mas é bom estar preparado para o pior. Aqueles que não se
sentem prontos a enfrentar essa tarefa não são forçados a tenta-la
imediatamente. Podem continuar o estudo teórico do Yoga, refletir
constantemente sobre os mais profundos problemas da vida, tentar purificar suas
mentes e fortalecer seu caráter, até que sua capacidade de discernimento
torne-se suficientemente forte que lhes possibilite penetrar as ideias as
ilusões comuns e ver a vida em crua realidade. De fato, este é o propósito do
KRIYA YOGA, a que Patanjali refere-se no começo da seção II. Quando os olhos
interiores do verdadeiro discernimento começam a se abrir, como resultado da
prática do KRIYA YOGA, deixarão de cogitar se são bastantes fortes para
empreender esta longa e difícil jornada em direção a seus verdadeiros lares.
Ai, então, nada poderá detê-los e eles se devotarão natural e de todo o coração
a essa difícil mas sagrada tarefa. O que importa é partir definitivamente, de
algum lugar, o mais cedo possível – Agora. No momento em que se dá esta
partida, forças começam a juntar-se em torno do eixo do empreendimento e
impelem o aspirante para a sua meta, lentamente, a princípio, mas com
velocidade crescente, até que ele esteja tão absorto na persecução de seu ideal
que o tempo e a distância deixam de importar-lhe. E, um dia, ele descobre que
atingiu seu objetivo, e olha para trás com uma espécie de admiração, para a
longa e tediosa viagem que completou no reino do tempo, embora durante todo o
tempo ele estivesse vivendo no Eterno. Livro A Ciência do Yoga. Abraço. Davi.
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