terça-feira, 13 de setembro de 2016

II. HOMÚNCULO.

Teosofia. Texto de Geoffrey Hodson (1886-1983). HOMÚNCULOS VERMELHOS. Jeffrey Hill, Lancashire – Inglaterra. Novembro de 1922. A encosta da colina é povoada por uma espécie de homúnculo até então desconhecida por nós. Sal cor predominante é o vermelho. A forma da sua cabeça é bastante característica: consideravelmente achatada nas laterais, quase convergindo para uma borda definida pelo centro da testa, pelo nariz e pelo queixo; os olhos se localizam quase nas partes laterais da cabeça, pois praticamente não há nenhuma superfície frontal. A tez é clara e corada, embora as sobrancelhas sejam escuras. Os olhos são estreitos e repuxados, as orelhas grandes, o nariz curvo, bem fino e pronunciado; os lábios também são muito finos e dobrados para cima nos cantos; o queixo é pontudo e marcado. A vestimenta lembra muito a indumentária masculina do período elisabetano, com acolchoados e estofados, consistindo essencialmente de um gibão, calças justas e sapatos compridos de bico fino, metade vermelhos, metade verdes. Usam um chapéu bastante bizarro, pontudo, de cor carmesim, provido de uma borla ou de um sino – com certeza, este último, pois ouço um badalar de sons por toda a área. Essas criaturas possuem normalmente de dez a quinze centímetros de altura, mas podem e efetivamente chegam a se ampliar até a estatura humana. Tal ampliação não é real. Eles produzem esse efeito de ampliação de volume, mas tenho a certeza de que jamais deixam de ser criaturas diminutas, do mesmo modo como alguém está seguro do tamanho real de um objeto, enquanto o observa através de um microscópio. O chapéu, o colete e as calças justas são de um carmesim brilhante e as demais peças, brancas. Esta colônia é vasta, chegando aparentemente a somar milhares de habitantes. Eles tem a capacidade de se erguer no ar, mas quase sempre se deslocam aos trotes pelos campos. A índole desta gente é bastante alegre, e todos são comunicativos e afetuosos entre si. Nota-se, neles, um certo espírito de laboriosidade e atividade, embora não me seja possível afirmar que eles se dediquem a alguma espécie de trabalho. São muito tímidos e acanhados, e se reúnem â distância quando amedrontados. A cabeça é mais arredondada na base, afilando-se na frente. São criaturas divertidas e, como as crianças, dados a brincadeiras, alguns dançando em rodas, outros correndo em bando pelo mato: uma atmosfera de júbilo perpassa o seu mundo. Devem possuir algum senso de geometria, pois em seus jogos forma figuras inteligíveis; consigo, por exemplo, distinguir um círculo com uma cruz latina em seu interior, acho que tem consciência de que, ao formar tais símbolos, estão dando expressão a alguma força que os anima e gera uma sensação multiplicada de alegria e de vitalidade. HOMÚNCULOS VERDES. Floresta de Bowland, Lancashire. Abril de 1922. A descrição que se segue é a de uma raça de homúnculos que habitam os terrenos pantanosos mais elevados da floresta de Bowland. Seu aspecto geral lembra o de um garotinho em miniatura, com quinze a vinte centímetros de altura, cabeça grande, corpo rotundo, pernas finas e pés compridos; usam um capuz justo, pontudo, de um verde brilhante, cuja ponta se dobra horizontalmente para trás. Não se vê nada que se assemelhe propriamente a um traje, embora o corpo seja coberto por um revestimento justo, marrom e verde. Aquele que se acha sob minha observação, numa pequena moita de urze nas proximidades, é uma criaturinha bastante compenetrada. Seu rosto é redondo e rechonchudo, a boca pequena, o nariz quase imperceptível, os olhos redondos feito pires, sem sobrancelhas nem cílios. As orelhas, se é que existem, devem estar ocultas sob o capuz, que, do modo como o vejo, é guarnecido de halos cor de rosa e azul. Uma emanação etérica é visível em toda a sua volta, a uma distância aproximada de seis centímetros; suas cores são azul e cinza e suas vibrações muito mais suaves e delicadas que as humanas. Tais emanações partem de um núcleo vital situado a altura do plexo solar. Um pequeno chakra (centro de energia vital) projeta-se uma antena fina e filiforme que se perde além do meu campo de visão. A criaturinha sentou-se, com um ar de paciente boa vontade, e, então, vejo que suas orelhas são pequenas e terminam em ponta; enquanto isso, a uma certa distância, seus companheiros correm, saltam e voam pelos arredores. Eu não chegaria a afirmar, por certo, que falam, mas seu intercâmbio de pensamentos, tal como se dá, parece chegar a mim sob a forma de um incessante murmúrio. São criaturas alegres e cheias de vida, fechadas a tudo que não elas próprias e o seu ambiente familiar. HOMÚNCULOS DANÇARINOS. Na nossa sala de visitas, em Preston – Inglaterra. Setembro de 1922. Um homúnculo dança sobre o tapete, de um lado para o outro, acompanhando o ritmo de uma música imaginária, que parece consistir de duas notas continuamente repetidas. Este homúnculo dançarino possui uma fisionomia infantil, meio séria, meio jocosa, e usa um capuz pontudo, cuja ponta cai para trás, além de um jaleco e de meias calças que se prolongam até os pés pontudos. Estas últimas são verdes, o jaleco é marrom escuro, com bainhas revestidas de pele ou gaze, e do alto do capuz pende uma borla. Ele está num estado anormal, como se fosse estimulado por um excesso de energia e de vitalidade. Sua tez parece a de uma criança saudável e corada, os olhos são marrons escuros, grandes e surpresos; caminha com ligeira afetação, balançando o corpo de um lado para o outro e, quando não gesticula, descansa as mãos nos quadris. Ele dança vários passos, alguns dos quais lembram uma dança escocesa, porém, sem as piruetas. Na sala, também se encontram mais duas criaturinhas semelhantes a esta. Não são muito diferentes dos elfos da floresta, mas suas orelhas tem aspecto normal e a sua expressão menos bizarra e mais humana. O aspecto de todas elas é masculino, lembrando garotinhos de oito ou nove anos. Deslizam para cima e para baixo ao longo do batente da porta, caminham pela borda do sofá e fazem ginástica nas traves das cadeiras e das mesas. O verde é a sua cor predominante, embora mesclado de marrom. Parecem estar se divertindo muito. Seu elemento natural parece ser a relva dos campos. Sobre o sofá, realizam algo parecido a uma prova de salto à distância. O número de elementos desta tribo é maior do que o dos grupos ou bandos de duendes. São capazes de se deslocar livremente pelo espaço. Possuem asinhas transparentes, de se deslocar livremente pelo espaço. Possuem asinhas transparentes, de formato quase oval. Seus trejeitos parecem irreais e simulados. São muito rápidos em seus movimentos, sendo quase impossível deter-se sobre um deles e observá-lo, à exceção do primeiro homúnculo descrito, maior do que os outros. Estimo a sua altura em quinze centímetros e a dos outros em diz. Alguns deslizam pelas cortinas. Um dos integrantes do grupo acha-se agora bem no meio da sala e põe-se a olhar fixamente para mim. Consigo entrever alguns outros nos caixilhos e molduras dos quadros. O que está no meio da sala tenta comunicar algo, o que faz aparentemente por meio de um tremendo esforço para gritar: nenhum som chega até mim. Não são figuras deselegantes; suas túnicas estreitam-se à altura da cintura e caem soltas sobre os quadris. Suas asas parecem estar em contínua agitação. Os pequenos capuzes estão ajustados a suas cabeças, não deixando ver nenhum fio de cabelo. Não possuem qualquer estrutura interior, sendo os seus corpos talhados numa só peça. OS SERES DA RELVA EM SUAS MORADAS. Numa clareira a poucas milhas de Preston. Setembro de 1921. Figuras minúsculas e esverdeadas, semelhantes aos elfos, com aproximadamente três ou quatro centímetros de altura, podem ser vistas no chão. Seus rostos parecem de carne e seus corpos são cobertos de alto e baixo por uma peça justa, de cor verde. Caminham pelo mato, inteiramente absortos, pelo visto, na tarefa de explorar as veredas mágicas daquilo que, para eles, é uma imensa floresta. Sua existência parece estar ligada à relva, cujo crescimento, de algum modo, está intimamente associado ao seu. Eles se movem lentamente de um lado para outro dos talos; são capazes de voar, mas só pude vê-los cobrir pequenas distâncias de cada vez, de modo um tanto desajeitado. No ar, seus pezinhos projetam-se para baixo e para a frente, rumo ao ponto em que vão aterrar, como se estivessem num trapézio. O voo, na verdade, parece mais um balanço do que qualquer outra coisa. São muito numerosos neste local. Ao caminharem, emitem um som curiosamente inarticulado. Parecem imprimir uma única direção ao seu pensamento, que ocupa completamente as suas mente; isso se manifesta em suas auras, praticamente incolores, como se uma série de minúsculos glóbulos luminosos emergissem regularmente de suas cabeças; estas formas pensamento são em tudo idênticas entre si e estão interligadas por um filamento de luz. Assemelham-se a pequeninas bolhas, com um diâmetro provável de um dois milímetros. Um contato mais próximo induz-me a pensar que esseselfos falam entre si continuamente, fala esta que parece consistir de uma repetição constante. Sua aura faz com que o duplo etérico da relva vibre um pouco mais rapidamente, à medida que eles passam através dele. OS HOMÚNCULOS EM COMPARAÇÃO COM OS DUENDES. Em Whitendale. Abril de 1922. Enquanto escrevia essas linhas, um duende grosseiro e rabugento surgiu de uma moita de junco nas redondezas e desceu a colina de encontro aos homúnculos. Era bastante semelhante aos duendes anteriormente descritos, com pequenas diferenças na cor e nos detalhes da vestimenta. Seu rosto parecia um tanto rústico e feio, a barba acinzentada era cheia de falhas e as mãos invulgarmente grandes. A medida que se aproximava, repetia sem parar alguma coisa mesmo, provavelmente alguma decisão recente em vias de ser executada. O contraste de idades tornou-se flagrante, à medida que ele se aproximava dos pequeninos homúnculos que se divertiam no local. Seu corpo é desarmonioso, de textura um tanto áspera e grossa, e sua capacidade de reagir aos impulsos da consciência, bem menor do que a dos homúnculos, que parecem constituir uma espécie mais recente de ESPÍRITO DA NATUREZA. O Centro de consciência localiza-se, em ambas as espécies, na cabeça, sendo representado por um pequeno chakra que, no caso dos duendes, penetra cerca de um centímetro e meio em suas cabeças. Embora a personalidade do duende seja mais forte e evoluída, nem por isso o seu chakra chega a desempenhar um papel mais ativo em sua existência, ou em seu trabalho do que o do homúnculo. Os duendes tornam-se muito insensível com o decorrer do tempo. Não é fácil compreender, dadas as limitações do entendimento humano, como o duende avança até o estágio seguinte de sua evolução, de tal modo sua forma e consciência parecem apegar-se aos seus atributos atuais, coibindo-lhe o desenvolvimento de qualquer outros. É provável que necessite de ajuda externa de uma natureza superior. Livro O reino dos Devas e dos Espíritos da Natureza. Abraço. Davi.

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