Cristianismo. Texto de
Geoffrey Hodson (1886-1983). Capítulo I. A NATUREZA E O PROPÓSITO DE UMA
IGREJA. Uma das grandes questões de hoje concerne à natureza, valia e utilidade
da Igreja como uma instituição. Toda a posição da Igreja está sendo desafiada por
vários instrutores e pensadores avançados, e particularmente pelas novas
gerações. Tendo o autor observado este fato, procurou através da meditação
obter um conhecimento mais profundo da significação e propósito da Igreja.
Enquanto ponderava esta questão, mergulhou num rigoroso estudo, em que se
apercebeu da presença e atenção de um anjo que parecia estar bem a par da
natureza de suas especulações e também desejoso de auxiliá-lo na solução do
problema que lhe prendia os pensamentos. Ocorreu uma íntima união mental, na
qual o anjo parecia compreender perfeitamente as necessidades do autor e
convidou-o a compartilhar o ponto de vista angélico e os conhecimentos mais
amplos referentes ao assunto de sua meditação. Estes conhecimentos pareciam
fluir na mente e cérebro do autor em termos de ideias e mesmo de linguagem. No
capítulo seguinte tenta ele registrar e compartilhar com outros os resultados
desta ministração angélica. Uma Igreja é um centro magnético estabelecido num
determinado ponto da superfície do globo, no qual condições especiais foram
criadas para permitir a livre passagem de força, vida e consciência do nível
espiritual para o material, e do material, de volta para o espiritual.
Idealmente, toda pessoa deveria prover dentro de si próprio estas condições,
porém no presente estágio de evolução humana, só aqueles que se adiantaram
bastante à sua raça estão aptos para alcançar este fim. O ideal diante de cada
devoto é que, eximindo-se da necessidade de uma igreja externa, possa ele
tornar-se uma igreja em miniatura, levando a força, a vida e a consciência de
Deus para o homem, e o amor, a adoração e o culto e serviço do homem para Deus.
Até que este ideal seja atingido, igrejas (cristãs), templos (budistas e
hinduístas), mesquitas (muçulmanas) e sinagogas (judaicas), parecem ser
necessários como canais para os benefícios do Supremo Pai aos Seus filhos que
jornadeiam em sua longa peregrinação aqui na Terra. O estabelecimento de um
centro magnético e espiritual como o de uma Igreja reduz grandemente a resistência
ao fluxo de força espiritual do alto, e possibilita a presença e serviço dos
santos anjos. Eles encontram ali um ambiente harmonioso, no qual são protegidos
das vibrações normais da vida humana comum. Quatro grandes correntes de força
fluem para o interior e através de uma igreja adequadamente consagrada. Emanam
em primeiro lugar, da Hierarquia humana e super-humana, conhecida por nós como
a Grande Fraternidade Branca de Adeptos, cada membro da qual é um canal para a
influência dos três aspectos da Santíssima Trindade; em segundo lugar, das
hierarquias angélicas, diretamente ligadas aos Sete Espíritos ante o Trono, e
ao aspecto angélico do Próprio Logos; em terceiro lugar, do centro da Terra; e
em quarto lugar, do Sol. Estas quatro correntes reúnem-se na igreja, cada qual
contribuindo com sua influência particular, e todas são utilizadas pelo Senhor
Cristo, que as combina na mais gloriosa perfeição de que Ele é capaz e as
converte num único instrumento para o trabalho especial que Ele executa para o
mundo, através da fé cristã. Sobre o trabalho da Grande Fraternidade Branca e
do augusto Oficiante que é o Supremo Senhor de todas as religiões, muito se tem
escrito algures (local que não se sabe ao certo). Das forças da Terra e do Sol,
pouco ainda se sabe, porém das hostes angélicas se pode dizer que são os
agentes e diretores inteligentes de todas as forças que a Igreja emprega. Estas
forças são visíveis para eles, e o método de seu progresso evolucionário é tal
que lhes é natural dirigir forças super físicas e construir formas super
físicas, como o é para os homens habitar corpos físicos e manejar matéria
física. Contudo, não devem os anjos ser considerados como totalmente separados
das forças que controlam; eles corporificam o tipo de energia com a qual trabalham.
Influenciam estas forças, que fluem de dentro para fora, transformando uma
força relativamente ininteligente em força inteligente. Tão aptos são neste
trabalho, que em suas mãos toda a corrente de força que manipulam se torna numa
expressão inteligente e consciente da mente dos anjos. Em outras palavras, eles
são a alma das forças com as quais lidam, de forma que sua própria e vivida
inteligência as penetra e governa todos os resultados que elas produzem. Isto
dá às energias fluentes uma coesão e adaptabilidade que quase equivalem a
autoconsciência na seleção dos melhores canais e melhores métodos de atingir os
resultados desejados. Os anjos trabalham desta forma em todo o sistema solar;
são ativos em todos os reinos da Natureza, em cada um dos quatro elementos:
Terra, ar, fogo e água; estão presentes no Sol e em todos os seus planetas,
percorrendo livremente vastos campos de espaço interplanetário. Do ponto de
vista angélico, a igreja é um sistema solar em miniatura. Nela, as forças
espirituais por detrás do sistema solar se manifestam num estado de alta
concentração através do Senhor Cristo, que deste ponto de vista, representa o
Sol. Os poderosos Seres que compõem a Grande Fraternidade Branca representam os
planetas super físicos, enquanto que os membros da hierarquia física da Igreja
podem ser considerados como os planetas físicos. As paredes, pavimento e o teto
do edifício formam a órbita intransponível das forças construtoras. O anjo e os
espíritos da natureza servidores da Igreja, e a congregação, representam as
raças angélicas e humana, que lado a lado, estão utilizando o sistema solar
como um campo de evolução. O propósito da existência deste microcosmo
eclesiástico é precisamente o do macrocosmo, isto é, a evolução de seus
habitantes até um determinado padrão de perfeição. Na Igreja esse padrão é “a
medida da estatura da plenitude de Cristo”, do qual o Nosso Senhor é o mais
perfeito e resplendente exemplo. Os processos pelos quais o padrão é atingido
são idênticos dentro e fora da Igreja, porém quanto mais altamente concentrados
forem as forças de dentro, tanto mais rapidamente se poderá atingir o padrão.
Todo adorador é um Cristo em potencial, e o grande propósito de todo o sistema
da igreja, com suas várias e convergentes correntes de força, vida e
consciência, é acelerar o Cristo, no adorador, até a sua perfeita e plena
manifestação. Como o sistema solar é parte de um Universo, e o Universo, por
sua vez, parte do Cosmos, assim uma igreja isoladamente é parte da Igreja
Universal, que inclui, primariamente, todas as outras instituições religiosas,
e secundariamente, todos os estabelecimentos religiosos de qualquer crença,
existentes neste planeta. Esta igreja Universal na Terra é, a seu turno, parte
de um mais amplo trabalho religioso para o sistema solar. Este princípio
pode-se estender indefinidamente, de sistemas solares a universais e de
universos a cosmos. Mercê de suas mais amplas aplicações, pode-se compreender a
unidade de todos os departamentos e seitas de fé cristã, bem como a unidade de
todas as suas múltiplas expressões nos diferentes mundos. Como membros da
Igreja, bem podemos recordar-nos desta unidade e esforçar-nos por expandir
nossa consciência além dos limites de nossa própria Igreja, religião ou mesmo
planeta, para uma realização daquele aspecto da força de Deus que jaz atrás de
todos os trabalhos religiosos, em todo o seu sistema. Tal expansão é do mais
alto valor, pois cada um que a atinge por esse meio se torna um canal mais
eficiente da força e vida de Deus, que é função da religião verter em todo o
mundo. As atividades religiosas nos diferentes planetas do sistema exercem uma
influência aceleradora sobre toda a vida neles evolucionante. Servem de meios
adicionais de expressão da força, presença e consciência de Deus, que primariamente
se manifesta como a divina Imanência através de todo o sistema solar e
secundariamente dentro de cada ser consciente e senciente em todos os reinos da
Natureza. A Igreja pode ser também encarada como propiciando um sistema
organizado por meio do qual se pode mais prontamente pôr-se em contato com a
força divina e liberá-la. Uma igreja individual é, portanto, com muito mais
propriedade denominada a Casa de Deus, porque Sua Força, Sua Consciência e Sua
Presença nela se manifestam de uma forma especialmente concentrada. Podemos
também encarar a Igreja Universal como um corpo no qual Deus está encarnado. Os
seres humanos e os anjos são células desse corpo, e cada igreja individual é um
membro, ou um órgão. O Senhor Mundial de um planeta serve a Deus como um
poderoso centro de força, através do qual Sua força atinge os órgãos e as
células. Em Sua manifestação como fundador de uma religião. Ele age como o
coração através do qual a vida e amor de Deus são espargidos sobre o mundo. O
lugar dos anjos neste sistema será prontamente reconhecido e compreendido por
aqueles que conheçam seu lugar e função no sistema solar, como um todo. São
eles os condutores da vida força do Logos. Em toda a parte, onde Sua vida, Seu
poder, Sua consciência se manifestam, os anjos servem como agentes ativos das
energias pelas quais tais atributos são expressos. São seres de força, antes
que de matéria, mais como expressões da divina consciência que de seções, ou
mônadas (nosso proto ser, centelha divina, criado a milhões de anos que vêm
evoluindo através das encarnações e renascimentos em inúmeros reinos e mundos)
daquela consciência corporificada em forma material. Como vimos, estão
unificados com as forças que dirigem e são capazes de manipulá-las do seu
interior. As correntes de força fluem tão livremente através de seus corpos que
frequentemente quase desaparece a distinção entre o anjo e a força da qual é o
agente. Esta associação e identificação íntimas com a força tornam o anjo apto
a controla-la e dirigi-la com grande precisão e perfeição. Toda a hierarquia
angélica, desde o menor dos espíritos da natureza até o mais alto arcanjo
solar, servem o Logos desta maneira, em todos os departamentos de Sua atividade
e nos Seus mundos manifestados. Uma seção especial da hierarquia angélica está
relacionada quase que exclusivamente com a religião, e os Senhores do Mundo,
dos vários planetas, recrutam largamente Seus anjos servidores e ministros
desta seção. Nosso Senhor tem à Sua disposição grandes hostes de anjos da
religião que Ele emprega em Seu planeta de maneira análoga à que o Logos
emprega toda a hierarquia angélica através do sistema solar. Como a Igreja
Universal pode ser encarada como a reprodução, em um único planeta, de
determinados aspectos do sistema solar, em miniatura. As forças estão
concentradas nela, e são isoladas do mundo externo pelo ato da consagração. As
grandes correntes de força que encontram expressão em todo edifício religioso
consagrado podem ser subdivididas com segue: B) A força de cada um dos Três
Aspectos da Trindade. B) O aspecto especial de Deus que se manifesta através do
Sol. C) Uma medida de sua força como Ele manifesta em e através da Terra. Isto
pertence mais particularmente ao Terceiro Aspecto. Eleva do interior da Terra,
como caudais ou correntes de força, e encontra a força que desce do Sol. Estas
duas correntes são solicitadas e encontram-se em cada igreja consagrada; elas
fornecem a força essencial, ou “carga” de energia, por meio da qual o mecanismo
de culto da igreja se torna capaz de real serviço. D) A força da Grande
Fraternidade Branca. O departamento de ensino, com seu augusto Chefe, o Senhor
do Mundo, parece fornecer grande parte desta força, pois os Chefes de cada um
dos sete raios estão também representados. E) A influência do Mestre Jesus,
como o Adepto encarregado da Igreja Cristã. F) A força e presença de
determinadas ordens de anjos, mais particularmente os que trabalham no
primeiro, segundo e sétimos raios. Todos os sete raios estão representados na
hierarquia angélica, e contribuem para o trabalho da igreja, porém estes três
predominam. G) A força na retaguarda da tradição do templo e culta da igreja,
neste planeta. Com referência a este último, pode-se dizer que o método da
igreja ou templo para a aproximação de Deus, foi instituído nos primórdios da
vida humana neste planeta, pelos Grandes Senhores de Vênus, que foram
denominados os Senhores da Chama. Eles ensinaram à infantil humanidade
aproximar-se do trono de Deus por meio de ritos sagrados, danças, gestos e
movimentos ritmados e pelo uso da música, palavras e símbolos. Nas primitivas
religiões da Terra, o Sol era encarado como a manifestação física de Deus. O
culto ao Sol existiu em todas as idades de desenvolvimento humano, e muitos
traços são ainda encontrados no lado oculto da Cristandade. Um reservatório de
força foi colocado à disposição dos primeiros adoradores na Terra. Como todos
os serviços e rituais religiosos têm sido adicionados ou extraídos desse
reservatório original, desde aquela data até hoje sua força é extremamente rica
e variada. Todas as grandes civilizações, desde os Lemurianos e Atlantes, até
hoje, contribuíram, e desta forma comunicaram a vibração específica e a
característica de sua raça e época. A religião cristã foi colocada por seu
Fundadores na linha direta daquela tradição e vinculada ao reservatório de foça
que a ampara. Este reservatório pode ser imaginado como uma síntese do poder e
de todas as religiões que já tiveram existência neste planeta. Estes sete tipos
de poder, juntamente com as suas inteligências apropriadas ou “estado maior”,
estão representados na igreja consagrada, a qual, como foi dito, pode ser
considerada como um microcosmo, do qual o Próprio Senhor Cristo é o Sol. Ele
brilha sobre o Seu sistema através da Hóstia, através do Anjo da Presença e
através de Seus Sacerdotes. A congregação são os habitantes do sistema, que são
as sementes plantadas no campo evolucionário. O Senhor brilha sobre as
sementes, a fim de crescerem a imagem de Sua perfeição. Os serviços da Igreja
lhe propiciam oportunidades especiais para espargir Sua Vida e de utilizar as
diversas correntes de energia colocadas à Sua disposição. Podemos ver, pois,
que a razão da existência da Igreja, com os seus maravilhosos sistemas de
forças e presenças humanas e angélicas, é prover uma usina, em que se possa
acelerar a evolução tanto do homem como do anjo. A Igreja, o adorador e o
objeto de adoração, em contato direto entre si, criando condições especiais que
possibilitem esse encontro; ela também oferece assistência ao adorador, em sua
aproximação dos pés de seu Senhor. Este auxílio relativamente externo à
comunhão também visa satisfazer aos devotos sedentos de direta união interior
com Deus. Este anseio se tornará finalmente tão forte e insistente, que o
adorador será levado a procurar união, primeiro com Deus dentro de si, e depois
com o Logos, de quem o seu próprio Deus interno é parte inerente. Esta grande
consumação é o objetivo de toda religião. O culto, preces e adoração servem
para colocar tanto o homem como o anjo cada vez mais próximos do celestial
trono de Deus, bem como propiciar canais para o derrame de sua bênção e Sua
graça no coração e mente daqueles que se aproximam dele. Conquanto esperemos
que um crescente número de pessoas superará a necessidade do auxílio especial
que a Igreja propicia, não é menos evidente que a grande maioria da humanidade
continuará a necessitar desse auxílio por muitas idades vindouras. Os serviços
da Igreja tornar-se-ão, sem dúvida, mais ricos em forças e mais belos em
expressão. Os clérigos e congregações tornar-se-ão cada vez mais autoconsciente
em suas respostas a essa força e beleza. A fé tornar-se-á cada vez menos cega e
cada vez mais baseada na experiência e conhecimentos diretos. Aparecerão
continuamente homens que, auxiliados pelas ministrações da Igreja, se
emanciparão da necessidade de todo apoio espiritual externo complementar. Com
efeito, o valor de uma religião pode ser talvez medido tanto pelo número de
homens que são assim libertados por seu auxílio e recrutados para a Comunhão dos
Santos, como pelos seus efeitos gerais sobre a sua raça e época. A contribuição
que a religião organizada ou não, dá ao bem estar e progresso evolucionário da
raça humana, não pode ser medida por nenhum padrão humano. Provavelmente, é
porque a força e a bênção da Igreja são relativamente invisíveis e intangíveis
que o seu valor como instituição é posto em dúvida e atacado. Seus atacantes
são na maioria aqueles que não possuem o grau de sensibilidade e capacidade de
ressonância espiritual, que os capacitem a se aperceber do valor das
ministrações da Igreja. Não logrando perceber nem apreciar, negam. Apesar
disso, em épocas de profundo sofrimento e necessidades, é ainda à religião que
a maioria dos homens recorre. Conclui-se, portanto, que a Igreja perdurará, a
despeito do desafio dos tempos. Do Livro O Lado Interno do Culto na Igreja.
Abraço. Davi.
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