segunda-feira, 13 de junho de 2016

Upanishad. Prana. Parte I.



O Homem é composto de elementos como o sopro vital, ações, pensamento, e os sentidos – obtendo todos sua existência do Eu. Eles surgiram do Eu, e no Eu finalmente desaparecerão – como as águas de um rio desaparecem no mar. PRASNA.

Om (...).
Com nossos ouvidos, ouçamos o que é bom.
Com nossos olhos, contemplemos vossa integridade.
Tranquilos no corpo, possamos nós, que vos veneramos,
Encontrar descanso.
Om (...) Paz – paz – paz.
Om (...) Salve o Eu supremo.

Sukesha, Satyakama, Gargya, Kousalya, Bhagava e Kabandhi, devotos e buscadores da verdade do supremo Brahman, aproximaram-se com fé e humildade do sábio Pippalada. Disse o sábio: praticai a austeridade, a continência e a fé por um ano, fazei então as perguntas que desejardes. Se eu puder, responderei. Após um ano, Kabandhi aproximou-se do mestre e perguntou: Senhor, como foi que as criaturas começaram a existir?  O Senhor dos seres, replicou o sábio, meditou e produziu Prana, a energia primordial, e Rayi, a doadora da forma, desejando que eles, macho e fêmea, produzissem de inúmeras maneiras criaturas para ele. Prana, a energia primordial, é o Sol, e Rayi, a substância que dá a forma é a Lua. Seja conhecido que todo este Universo, aquilo que é grosseiro e aquilo que é sutil, é uma coisa só com Rayi. Consequentemente, Rayi é onipresente. Do mesmo modo, o Universo é uma coisa só como Prana. O Sol que se levanta impregna o Leste, e enche com energia todos os seres que ali habitam, e, do mesmo modo, quando seus raios caem no Sul, no Oeste, no Norte, no zênite, no nadir e nas regiões intermediárias, ele dá vida a todos os seres que ali habitam. O Prana é a lama do Universo, e assume todas as formas, ele é a luz que anima e ilumina tudo como está escrito. O sábio conhece aquele que assume todas formas, que é radiante, que tudo sabe, que é a única luz que dá luz a tudo. Ele se levanta como o Sol de mil raios, e permanece em lugares infinitos. Prana e Rayi, unindo-se, dividem o ano. Dois são os caminhos do Sol – dois são os caminhos que os homens percorrem depois da morte. Eles são os caminhos do Sul e do Norte. Aqueles que desejam descendentes e se dedicam a dar esmolas e realizar rituais, e consideram essas as mais elevadas realizações, alcançam o mundo da Lua e renascem diversas vezes sobre a Terra. Eles percorrem o caminho do Sul, que é o caminho dos pais, e é na verdade Rayi, a criadora das formas. Porém, aqueles que são dedicados à veneração do Eu, através da austeridade, da continência, da fé e do conhecimento, percorrem o caminho do Norte e atingem o mundo do Sol. O Sol, a luz é, na verdade, a fonte de toda energia. Ele é imortal, está além do medo: é a meta suprema. Para aquele que vai para o Sol não existe mais nascimento ou morte. O Sol acaba com o nascimento e a morte. Prana e Rayi, unindo-se, formam o mês. A quinzena escura é Rayi, a clara é Prana. Os sábios executam seus rituais devocionais à luz, com conhecimento, os tolos, na escuridão, na ignorância. O alimento é Prana e Rayi. Do alimento é produzida a semente, e da semente, por sua vez, nascem todas as criaturas. Aqueles que veneram o mundo da criação produzem crianças, mas somente aqueles que são firmes na continência, na meditação e na verdade atingem o mundo de Brahman. O mundo puro de Brahman só pode ser atingido por aqueles que não são mentirosos, perversos, ou falsos. Bhagava, então, aproximou-se do mestre e perguntou: Sagrado Senhor, quantos poderes contém este corpo? Quais os que mais se manifestaam nele? E qual é o maior? Os “poderes”, replicou o sábio, são o éter, o ar, a água e a terra – que são os cinco elementos que compõem o corpo; e, além desses, a fala, a mente, o olho, o ouvido e o restante dos órgãos sensoriais. Uma vez esses poderes fizeram a orgulhos declaração: Nós mantemos o corpo unido e o sustentamos. Prana, a energia primordial, suprema sobre todos eles, lhes disse: Não vos enganeis. Sou eu sozinho que, ao me dividir cinco vezes, mantenho o corpo unido e o sustento. Mas eles não acreditaram nisso. Prana, para se justificar, fingiu que ia abandonar o corpo. Porém, quando se levantou e pareceu estar indo embora, todos os outros perceberam que, se ele fosse embora eles também teriam que partir, e quando Prana se sentou novamente, os outros acharam seus respectivos lugares. Como as abelhas saem quando sua rainha sai e voltam quando ela volta, assim foi com a fala, a mente, a visão, a audição, e o restante. Convencidos do seu erro, os poderes então louvaram Prana, dizendo: Como fogo, Prana queima, como o Sol, ele brilha, como nuvem, ele chove, como Indra, governa os deuses, como vento, ele sopra, como a Lua, nutre a todos. Ele é aquilo que é visível, e também aquilo que é invisível. Ele é a vida imortal. Como os raios do cubo de uma roda, tudo é firmado em Prana – O Rig. O Yajur. O Sama. Todos os sacrifícios, os Kshatriyas e os Brahamins. O Prana, Senhor da criação, vós vos moveis dentro do útero, e nasceis novamente. Para vós que, como o sopro vital, habitais o corpo, todas as criaturas trazem oferendas. Vós, como fogo, levais oblações (oferendas) aos deuses, e através de vós os pais recebem suas oferendas. Dais a cada órgão dos sentidos sua função. Prana, vós sois o criador, sois o destruidor, pela vossa bravura, e sois o protetor. Vós vos moveis no céu como o Sol, e sois o Senhor das luzes. Prana, quando derramais a chuva, vossas criaturas rejubilam, esperando encontrar alimento tanto quanto desejarem. Vós sois a própria pureza, sois o amo de tudo que existe, sois o fogo, o devorador das oferendas. Nós, os órgãos dos sentidos, oferecemos a vós o vosso alimento -  a vós, o pai de todos. Do Livro Os Upanishads. Sopro Vital do Eterno. Abraço. Davi.

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