Hinduísmo.
Upanishad. Kena. De acordo com a versão inglesa de Swami Prabhavananda e
Frederick Manchester. “Que a quietude desça sobre os meus membros. Minha fala,
meu fôlego, meus olhos, meus ouvidos. Que todos os meus sentidos se tornem
claros e fortes. Que Brahman se mostre a mim. Que eu jamais negue Brahman e nem
brahman a mim. Eu com ele e ele comigo, possamos morar sempre juntos. Que seja
revelada a mim. Que sou dedicado a Brahman, a sagrada verdade dos Upanishads.
OM (...). Paz, paz, paz. QUEM COMAMDA a mente para que ela pense? Quem ordena
que o corpo viva? Quem faz a língua falar? Quem é o Ser radiante que conduz o
olho à forma e à cor, e o ouvido ao som? O Eu é o ouvido do ouvido, a mente da
mente, a fala da fala. Ele também é o alento do alento, o olho do olho. Ao
abandonarem a falsa identificação do Eu com os sentidos e com a mente, e ao
saberem que o Eu é Brahman, os sábios, os deixarem este mundo, tornam-se
imortais. O olho não o vê, nem a língua o exprime, nem a mente o alcança. Não o
conhecemos e nem podemos ensiná-lo. Ele é diferente do conhecido, e diferente
do desconhecido. Foi o que ouvimos dos sábios. Aquilo que não ser expresso em
palavras mas pelo qual a língua fala, sabei que é Brahman. Brahman não é o ser
que é adorado pelos homens. Aquilo que não é compreendido pela mente, mas pelo
qual a mente compreende, sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado
pelos homens. Aquilo que não é visto pelo olho, mas pelo qual o olho vê, sabei
que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado pelos homens. Aquilo que não é
ouvido pelo ouvido, mas pelo qual o ouvido ouve, sabei que é Brahman. Brahman
não é o ser que é adorado pelos homens. Aquilo que não é trazido pelo sopro
vital, mas pelo qual o sopro vital é trazido, sabei que é Brahman. Brahman não
é o ser adorado pelos homens. Se pensais que conheceis bem a verdade de
Brahman, sabei que conheceis pouco. O que pensais ser Brahman no vosso Eu, ou o
que pensais ser Brahman nos deuses, não é Brahman. Deveis, portanto, aprender o
que é realmente a verdade de Brahman. Não posso dizer que conheço Brahman,
totalmente. Nem posso dizer que não o conheço. Aquele dentre nós que o conhece
é quem entende o espírito das palavras. Eu nem sei que não o conheço. Aquele
que verdadeiramente conhece Brahman é quem sabe que ele está além do
conhecimento, aquele que pensa que sabe, não sabe. O ignorante pensa que
Brahman é conhecido, porém os sábios sabem que ele está além do conhecimento.
Aquele que percebe a existência de Brahman por trás de todas as atividades do
seu ser, seja sensação, percepção ou pensamento, somente ele obtém a
imortalidade. Através do conhecimento de Brahman, vem o poder. Através do
conhecimento de Brahman, revela-se a vitória sobre a morte. Abençoado o homem
que enquanto ainda vive percebe Brahman. O homem que não o percebe sofre sua
maior perda. Quando deixam esta vida, os sábios, que perceberam Brahman como o
Eu em todos os seres, tornam-se imortais. Em determinada ocasião, os deuses
obtiveram uma vitória sobre os demônios e, apesar de o terem feito apenas
através do poder de Brahman, ficaram extremamente vaidosos. Eles disseram a si
próprios, fomos nós que derrotamos os nossos inimigos, e a glória é nossa.
Brahman percebeu a vaidade deles e apareceu diante deles. Porém eles não o
reconheceram. Os outros deuses então disseram ao deus do fogo: fogo, descobri
para nós quem é esse misterioso espírito. Sim, disse o deus do fogo, e
aproximou-se do espírito. O espírito lhe disse: quem sois vós? Sou o deus do
fogo. Alias, sou muito conhecido. E que poder exerceis? Posso queimar qualquer
coisa que exista sobre a terra. Queimai isto, disse o espírito, colocando palha
à sua frente. O deus do fogo caiu em cima da palha com toda a sua força, mas
não pode consumi-la. Então voltou rapidamente para junto dos outros deuses e
disse: Não posso descobrir quem é esse misterioso espírito. Os outros deuses
disseram então ao deus do vento: Vento, descobri para nós quem é ele. Sim,
disse o deus do vento, e aproximou-se do espírito. O espírito lhe disse: Quem
sois vós? Sou o deus do vento. Aliás, sou muito conhecido. Voo velozmente
através dos céus. E que poder exerceis? Posso soprar para longe qualquer coisa
que se encontre sobre a Terra. Soprai isto para longe, disse o espírito,
colocando palha diante dele. O deus do vento caiu em cima da palha com toda a
sua força, porém, foi incapaz de movê-la. Então, voltou rapidamente para junto
dos outros deuses e disse: Não posso descobrir quem é esse misterioso espírito.
Os outros deuses disseram então a Indra, o maior deles todos. Oh! Respeitável,
descobri para nós, nós vos suplicamos, quem é ele. Sim, disse Indra, e
aproximou-se do espírito. Porém o espírito desapareceu, e em seu lugar surgiu
Uma, a Deusa Mãe, bem aventurada e de uma beleza extraordinária.
Contemplando-a, Indra perguntou: Quem era o espírito que apareceu para nós?
Aquele, respondeu Uma, era Brahman. Foi através dele, e não de vós mesmos, que
obtivestes a vitória e a glória. Desse modo, Indra, o deus do fogo e o deus do
vento, reconheceram Brahman. O deus do fogo, o deus do vento e Indra, eles
superaram os outros deuses, pois chegaram mais perto de Brahman, e foram os
primeiros a reconhece-lo. Porém, dentre todos os deuses, Indra é supremo, pois
ele foi dos três o que chegou mais perto de Brahman, e foi o primeiro deles a
reconhece-lo. Essa é a verdade de Brahman com relação a Natureza, seja no
clarão do relâmpago, ou no piscar dos olhos, o poder que aparece é o poder de
Brahman. Essa é a verdade de Brahman com relação ao homem, nos movimentos da
mente, o poder que aparece é o poder de Brahman. Por esse motivo, um homem
deveria meditar sobre Brahman de dia e de noite. Brahman é o adorável ser em
todos os seres. Meditai sobre ele assim. Aquele que medita desse modo sobre ele
é respeitado por todos os outros seres. Um discípulo: Senhor, ensinai-me mais
sobre o conhecimento de Brahman. O Mestre: Já vos revelei o conhecimento
secreto. Austeridade, autocontrole, execução das tarefas sem apego, esse é o
corpo daquele conhecimento. Os Vedas são os seus membros. A verdade é a sua
verdadeira alma. Aquele que alcança o conhecimento de Brahman, livrando-se de
todo o mal, encontra o Eterno, o Supremo”. Do Livro Os Upanishads. Sopro Vital do
Eterno. Abraço. Davi.
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