quinta-feira, 16 de junho de 2016

Upanishad. Prana. Parte II.



Hinduísmo. PRANA. Vosso poder, que habita na palavra, no ouvido e no olho, e que permeia o coração – fazei com que ele seja propício, e não nos abandoneis. Tudo o que existe no Universo depende de vós. Oh! Prana. Protegei-nos como uma mãe protege seus filhos. Concede-nos prosperidade e sabedoria. Quando chegou a vez de Kousalya, ele fez a seguinte pergunta. Mestre, de que nasce o Prana, como ele entra no corpo, e como ele vive ali depois de se dividir, como ele sai, como ele vivência o que está no exterior, e como mantém undios o corpo, os sentidos e a mente? O sábio replicou assim: Kousalya, fazeis perguntas muito difíceis, porém, como sois um buscador sincero da verdade de Brahman, devo responder. Prana nasce do Eu. Como um homem e sua sombra, o Eu e Prana são inseparáveis. Prana penetra no corpo por ocasião do nascimento, para que os desejos da mente, que vêm de vidas passadas, possam ser preenchidos. Do mesmo modo como um rei emprega oficiais para governar diferentes partes do seu reino, assim Prana associa a si mesmo quatro outros Pranas, cada um sendo uma parte dele mesmo, e sendo atribuída a cada um uma função diferente. O próprio Prana habita o olho, o ouvido, a boca e o nariz. Apana, o segundo Prana, governa os órgãos de excreção e os órgãos reprodutores. Samana, o terceiro Prana, habita o umbigo, e governa a digestão e assimilação. O Eu habita o lótus do coração, de onde são irradiados cento e um nervos. De cada um desses se originam cem outros, menores, e de cada um desses, mais uma vez, setenta e dois mil outros, que são ainda menores. Em todos esses se move Vyana, o quarto Prana. Então, no momento da morte, através do nervo localizado no centro da espinha. Udana, que é o quinto Prana, leva o homem virtuoso para um nascimento mais elevado, o homem pecador para um nascimento inferior, e o homem que é ao mesmo tempo virtuoso e pecador ao renascimento no mundo dos homens. O Sol é o Prana do Universo. Ele se levanta para auxiliar o Prana que está no olho do homem a ver. O poder da Terra mantém o Apana no homem. O éter entre o Sol e a Terra é o Samana, e o ar que tudo permeia é Vyana. Udana é o fogo e, portanto, aquele cujo calor corporal se apagou morre, e posteriormente seus sentidos são absorvidos pela mente, e ele torna a nascer. Qualquer que seja o pensamento que um homem tenha no momento da morte, é este que o une com Prana, que, por sua vez, ao se unir com Udana e com o Eu, leva o homem a renascer no mundo dos méritos. A progênie (origem, descendência) daquele que conhece Prana como eu vos revelei nunca é interrompida, e ele próprio se torna imortal. Diz um ditado antigo: Aquele que conhece o Prana – onde ele tem sua origem, como entra no corpo, como vive ali depois de se dividir cinco vezes, quais são seus trabalhos interiores – atinge a imortalidade, sim, até a imortalidade. Gargya então perguntou: Mestre, quando o corpo de um homem dorme, quem é que dorme interiormente, quem está acordado, e quem está sonhando? Quem então experimenta a felicidade, e com quem estão unidos os órgãos sensoriais? Do mesmo modo como os raios do Sol, Oh! Gargya, quando ele se põe, replicou o sábio, se reúnem em seu disco de luz, para saírem novamente quando se levanta, assim os sentidos se reúnem na mente, o mais elevado deles. Desse modo, quando um homem não ouve, não vê, não cheira, não saboreia, não toca, não fala, não agarra ou não tem prazer, dizemos que ele dorme. Então, somente os Pranas estão acordados no corpo, e a mente é levada para mais perto do Eu. Enquanto sonha, a mente revive suas impressões passadas. Seja o que for que tenha visto, vê novamente, seja o que for que tenha desfrutado nos vários países e nos diversos cantos da Terra, desfruta de novo. O que foi visto e não foi visto, ouvido e não ouvido, aproveitado e não aproveitado, tanto o real como o irreal, ela vê sim, ela vê tudo. Quando a mente está dominada por sono profundo, ela não sonha mais. Ela descansa alegremente no corpo. Como os pássaros, meu amigo, voam para as árvores para descansar, todas essas coisas voam para o Eu a terra e sua essência particular, a água e sua  essência particular, o fogo e sua essência particular, o ar e sua essência particular, o éter e sua essência particular, o olho e o que ele vê, o ouvido e o que ele ouve, o nariz e o que ele cheira, a língua e o que ela saboreia, a pele e o que ela toca, a voz e o que ela fala, as mãos e o que elas seguram, os pés e aquilo sobre o que caminham. A mente e o que ela percebe, o intelecto e o que ele compreende, o ego aquilo de que ele se apropria, o coração e o que ele ama, a luz e o que ela ilumina, a energia e o que ela mantém unido. Pois, na verdade, é o Eu que vê, ouve, cheira, saboreia, pensa, sabe, age. Ele é Brahman, cuja essência é o conhecimento. Ele é o Eu imutável, o puro, o sem sombra, o incorpóreo, o sem cor, atinge Brahman, Oh! Meu amigo. Tal pessoa se torna conhecedora de tudo, e habita em todos os seres. A respeito dela está escrito. Aquele que conhece o Eu imutável, no qual vivem a mente, os sentidos, os Prana, os elementos -  tal pessoa verdadeiramente conhece todas as coisas, e percebe o Eu em tudo. Satyakama, então, aproximando-se do Mestre, disse: Venerável senhor, se um homem meditar sobre a sílada OM durante toda a vida, qual será a sua recompensa depois da morte? O mestre respondeu-lhe assim: Satyakama, OM é Brahman – tanto o condicionado como o incondicionado, tanto o pessoal e como o impessoal. Ao meditar sobre ele, o homem sábio pode atingir tanto um como o outro. Se ele meditar sobre OM com pouco conhecimento do seu significado, quando morrer ascenderá ao céu lunar e, após haver partilhado de seus prazeres, voltará novamente à Terra. Porém, se ele meditar sobre Om com total consciência de que OM é uma coisa só com Deus, ao morrer ele se unirá à luz que está no Sol, libertar-se-á de todo mal, do mesmo modo como a cobra se liberta do lamaçal. E ascenderá ao lugar onde Deus habita. Ali ele perceberá Brahman, que permanece para sempre no coração de todos os seres – o Supremo Brahman! A respeito da sílaba sagrada OM está escrito o que se segue: A silaba Om, quando não é totalmente compreendida, não leva além da mortalidade. Quando é totalmente compreendida e a meditação é, por consequência corretamente dirigida, o homem se liberta do medo, esteja ele acordado, sonhando ou dormindo o sono sem sonhos, e alcança Brahman. Em virtude de um pequeno entendimento de OM, um homem retorna à Terra depois da morte. Em virtude de um maior entendimento, ele atinge a esfera celestial. Em virtude de um completo entendimento, ele aprende o que é conhecido apenas por aqueles que veem.  O sábio, com a ajuda de OM, alcança Brahman, o que não tem medo, o que não decai, o imortal! Por último, Sukdesa aproximou-se do sábio e disse: Sagrado senhor, Hiranyanabha, príncipe de Kosala, fez-me certa vez uma pergunta: Sukesa, conheces o Eu e suas dezesseis partes? Eu repliquei: Não conheço. Certamente, se as conhecesse, eu as teria ensinado a vós. Não mentirei, pois aquele que mente perece por completo. O príncipe entrou silenciosamente em sua carruagem e foi embora. Assim, agora eu vos pergunto, onde está o Eu? O sábio replicou. Minha criança, dentro desse corpo habita o Eu, de quem jorraram as dezesseis partes do Universo e desse modo elas surgiram. Se, no criar, penetro na minha criação, refletiu o Eu, o que existe lá para me vincular a ela; o que existe lá para eu deixar quando for embora, e para permanecer dentro quando eu fico? Ponderando dessa maneira, e em resposta ao seu pensamento, ele criou o Prana, e do Prana criou o desejo, e do desejo criou o éter, o ar, o fogo, a água, a terra, os sentidos, a mente e o alimento, e do alimento criou o vigor, a penitência. Os Vedas, os rituais de sacrifício, e todos os mundo. Depois, então, nos mundos, ele criou nomes. E o número de elementos que assim criou foi dezesseis. Do mesmo modo como os rios que correm, cujo destino é o mar e que, quando o atingem, desaparecem nele, perdendo seus nomes e suas formas, falando os homens apenas do mar, assim, essas dezesseis partes criadas pelo Eu, o Eterno Vidente, a partir do seu próprio ser, após retornarem a ele, de quem vieram, desaparecem nele. Seu destino perdendo seus nomes e formas, e as pessoas falam somente do Eu. Para o homem, então, as dezesseis partes não existem mais, e ele atinge a imortalidade. Diz um ditado antigo. As dezesseis partes são raios que se projetam do Eu, que é o cubo da roda. O Eu é a meta do conhecimento. Conhecei-o e ide além da morte. O sábio concluiu, dizendo: O que vos contei é tudo o que pode ser dito a respeito do Eu, o Supremo Brahman. Além disso, não há nada. Os discípulos veneraram o sábio e disseram. Vós sois de fato o nosso pai. Vós nos haveis levado além do mar da ignorância. Nós nos inclinamos diante de todos aqueles que veem! Reverência aos grandes que veem!

OM (...) Paz – paz – paz. Do Livro Os Upanishads. Sopro Vital do Eterno. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário