Hinduísmo.
PRANA. Vosso poder, que habita na palavra, no ouvido e no olho, e que permeia
o coração – fazei com que ele seja propício, e não nos abandoneis. Tudo o que
existe no Universo depende de vós. Oh! Prana. Protegei-nos como uma mãe protege
seus filhos. Concede-nos prosperidade e sabedoria. Quando chegou a vez de
Kousalya, ele fez a seguinte pergunta. Mestre, de que nasce o Prana, como ele
entra no corpo, e como ele vive ali depois de se dividir, como ele sai, como
ele vivência o que está no exterior, e como mantém undios o corpo, os sentidos
e a mente? O sábio replicou assim: Kousalya, fazeis perguntas muito difíceis,
porém, como sois um buscador sincero da verdade de Brahman, devo responder.
Prana nasce do Eu. Como um homem e sua sombra, o Eu e Prana são inseparáveis.
Prana penetra no corpo por ocasião do nascimento, para que os desejos da mente,
que vêm de vidas passadas, possam ser preenchidos. Do mesmo modo como um rei
emprega oficiais para governar diferentes partes do seu reino, assim Prana associa
a si mesmo quatro outros Pranas, cada um sendo uma parte dele mesmo, e sendo
atribuída a cada um uma função diferente. O próprio Prana habita o olho, o
ouvido, a boca e o nariz. Apana, o segundo Prana, governa os órgãos de excreção
e os órgãos reprodutores. Samana, o terceiro Prana, habita o umbigo, e governa
a digestão e assimilação. O Eu habita o lótus do coração, de onde são
irradiados cento e um nervos. De cada um desses se originam cem outros,
menores, e de cada um desses, mais uma vez, setenta e dois mil outros, que são
ainda menores. Em todos esses se move Vyana, o quarto Prana. Então, no momento
da morte, através do nervo localizado no centro da espinha. Udana, que é o
quinto Prana, leva o homem virtuoso para um nascimento mais elevado, o homem pecador
para um nascimento inferior, e o homem que é ao mesmo tempo virtuoso e pecador
ao renascimento no mundo dos homens. O Sol é o Prana do Universo. Ele se
levanta para auxiliar o Prana que está no olho do homem a ver. O poder da Terra
mantém o Apana no homem. O éter entre o Sol e a Terra é o Samana, e o ar que
tudo permeia é Vyana. Udana é o fogo e, portanto, aquele cujo calor corporal se
apagou morre, e posteriormente seus sentidos são absorvidos pela mente, e ele
torna a nascer. Qualquer que seja o pensamento que um homem tenha no momento da
morte, é este que o une com Prana, que, por sua vez, ao se unir com Udana e com
o Eu, leva o homem a renascer no mundo dos méritos. A progênie (origem,
descendência) daquele que conhece Prana como eu vos revelei nunca é
interrompida, e ele próprio se torna imortal. Diz um ditado antigo: Aquele que
conhece o Prana – onde ele tem sua origem, como entra no corpo, como vive ali
depois de se dividir cinco vezes, quais são seus trabalhos interiores – atinge
a imortalidade, sim, até a imortalidade. Gargya então perguntou: Mestre, quando
o corpo de um homem dorme, quem é que dorme interiormente, quem está acordado,
e quem está sonhando? Quem então experimenta a felicidade, e com quem estão
unidos os órgãos sensoriais? Do mesmo modo como os raios do Sol, Oh! Gargya,
quando ele se põe, replicou o sábio, se reúnem em seu disco de luz, para saírem
novamente quando se levanta, assim os sentidos se reúnem na mente, o mais
elevado deles. Desse modo, quando um homem não ouve, não vê, não cheira, não
saboreia, não toca, não fala, não agarra ou não tem prazer, dizemos que ele
dorme. Então, somente os Pranas estão acordados no corpo, e a mente é levada
para mais perto do Eu. Enquanto sonha, a mente revive suas impressões passadas.
Seja o que for que tenha visto, vê novamente, seja o que for que tenha
desfrutado nos vários países e nos diversos cantos da Terra, desfruta de novo.
O que foi visto e não foi visto, ouvido e não ouvido, aproveitado e não
aproveitado, tanto o real como o irreal, ela vê sim, ela vê tudo. Quando a
mente está dominada por sono profundo, ela não sonha mais. Ela descansa
alegremente no corpo. Como os pássaros, meu amigo, voam para as árvores para
descansar, todas essas coisas voam para o Eu a terra e sua essência particular,
a água e sua essência particular, o fogo
e sua essência particular, o ar e sua essência particular, o éter e sua
essência particular, o olho e o que ele vê, o ouvido e o que ele ouve, o nariz
e o que ele cheira, a língua e o que ela saboreia, a pele e o que ela toca, a
voz e o que ela fala, as mãos e o que elas seguram, os pés e aquilo sobre o que
caminham. A mente e o que ela percebe, o intelecto e o que ele compreende, o
ego aquilo de que ele se apropria, o coração e o que ele ama, a luz e o que ela
ilumina, a energia e o que ela mantém unido. Pois, na verdade, é o Eu que vê,
ouve, cheira, saboreia, pensa, sabe, age. Ele é Brahman, cuja essência é o
conhecimento. Ele é o Eu imutável, o puro, o sem sombra, o incorpóreo, o sem
cor, atinge Brahman, Oh! Meu amigo. Tal pessoa se torna conhecedora de tudo, e
habita em todos os seres. A respeito dela está escrito. Aquele que conhece o Eu
imutável, no qual vivem a mente, os sentidos, os Prana, os elementos - tal pessoa verdadeiramente conhece todas as
coisas, e percebe o Eu em tudo. Satyakama, então, aproximando-se do Mestre,
disse: Venerável senhor, se um homem meditar sobre a sílada OM durante toda a
vida, qual será a sua recompensa depois da morte? O mestre respondeu-lhe assim:
Satyakama, OM é Brahman – tanto o condicionado como o incondicionado, tanto o
pessoal e como o impessoal. Ao meditar sobre ele, o homem sábio pode atingir
tanto um como o outro. Se ele meditar sobre OM com pouco conhecimento do seu
significado, quando morrer ascenderá ao céu lunar e, após haver partilhado de
seus prazeres, voltará novamente à Terra. Porém, se ele meditar sobre Om com
total consciência de que OM é uma coisa só com Deus, ao morrer ele se unirá à
luz que está no Sol, libertar-se-á de todo mal, do mesmo modo como a cobra se
liberta do lamaçal. E ascenderá ao lugar onde Deus habita. Ali ele perceberá
Brahman, que permanece para sempre no coração de todos os seres – o Supremo
Brahman! A respeito da sílaba sagrada OM está escrito o que se segue: A silaba
Om, quando não é totalmente compreendida, não leva além da mortalidade. Quando
é totalmente compreendida e a meditação é, por consequência corretamente
dirigida, o homem se liberta do medo, esteja ele acordado, sonhando ou dormindo
o sono sem sonhos, e alcança Brahman. Em virtude de um pequeno entendimento de
OM, um homem retorna à Terra depois da morte. Em virtude de um maior
entendimento, ele atinge a esfera celestial. Em virtude de um completo
entendimento, ele aprende o que é conhecido apenas por aqueles que veem. O sábio, com a ajuda de OM, alcança Brahman,
o que não tem medo, o que não decai, o imortal! Por último, Sukdesa
aproximou-se do sábio e disse: Sagrado senhor, Hiranyanabha, príncipe de
Kosala, fez-me certa vez uma pergunta: Sukesa, conheces o Eu e suas dezesseis
partes? Eu repliquei: Não conheço. Certamente, se as conhecesse, eu as teria
ensinado a vós. Não mentirei, pois aquele que mente perece por completo. O
príncipe entrou silenciosamente em sua carruagem e foi embora. Assim, agora eu
vos pergunto, onde está o Eu? O sábio replicou. Minha criança, dentro desse
corpo habita o Eu, de quem jorraram as dezesseis partes do Universo e desse
modo elas surgiram. Se, no criar, penetro na minha criação, refletiu o Eu, o
que existe lá para me vincular a ela; o que existe lá para eu deixar quando for
embora, e para permanecer dentro quando eu fico? Ponderando dessa maneira, e em
resposta ao seu pensamento, ele criou o Prana, e do Prana criou o desejo, e do
desejo criou o éter, o ar, o fogo, a água, a terra, os sentidos, a mente e o
alimento, e do alimento criou o vigor, a penitência. Os Vedas, os rituais de
sacrifício, e todos os mundo. Depois, então, nos mundos, ele criou nomes. E o
número de elementos que assim criou foi dezesseis. Do mesmo modo como os rios
que correm, cujo destino é o mar e que, quando o atingem, desaparecem nele,
perdendo seus nomes e suas formas, falando os homens apenas do mar, assim,
essas dezesseis partes criadas pelo Eu, o Eterno Vidente, a partir do seu
próprio ser, após retornarem a ele, de quem vieram, desaparecem nele. Seu
destino perdendo seus nomes e formas, e as pessoas falam somente do Eu. Para o
homem, então, as dezesseis partes não existem mais, e ele atinge a
imortalidade. Diz um ditado antigo. As dezesseis partes são raios que se projetam
do Eu, que é o cubo da roda. O Eu é a meta do conhecimento. Conhecei-o e ide
além da morte. O sábio concluiu, dizendo: O que vos contei é tudo o que pode
ser dito a respeito do Eu, o Supremo Brahman. Além disso, não há nada. Os
discípulos veneraram o sábio e disseram. Vós sois de fato o nosso pai. Vós nos
haveis levado além do mar da ignorância. Nós nos inclinamos diante de todos
aqueles que veem! Reverência aos grandes que veem!
OM
(...) Paz – paz – paz. Do Livro Os Upanishads. Sopro Vital do Eterno. Abraço.
Davi.
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