sábado, 7 de março de 2015

Uma Visão Contemporânea sobre a Questão do Tibete.



Uma visão contemporânea da atual questão do Tibete. Em março de 2008, o mundo voltou a olhar com apreensão para o Tibete, região central da Ásia controlada pela China. Uma manifestação pacífica de monges contra o domínio chinês rapidamente ganhou toques de violência e dramaticidade, com lojas e carros incendiados, repressão militar, prisões e um saldo de ao menos 13 mortos. Meses antes do início das Olimpíadas, a China acusa os manifestantes de criar embaraço a Pequim, tentando jogar a opinião pública mundial contra o governo comunista. Do outro lado, estar o Líder Espiritual do Tibete, o Dalai Lama, Tenzin Gyatso (1935-   ), que vive no exílio e pede autonomia para a região, controlada pela China desde 1951. Entenda a questão. 1. Qual o interesse da China no Tibete? A ocupação chinesa se dá por interesses estratégicos, apetite territorial e destino imperial. A China alega soberania Histórica sobre o Tibete e sua estratégia é levar ao país seu modelo de desenvolvimento. Por isso, os  chineses, entre outras medidas, constroem prédios e substituem a arquitetura tradicional local por outra, similar à de suas metrópoles. As transformações  fazem sentido na ótica de Pequim; no Tibete, milhares de imigrantes chineses lideram importantes setores da economia. A “invasão” chinesa pode ser percebida também na atual conformação da população: em Lhasa, capital da região, menos de 25% dos 300 mil habitantes são tibetanos. Os chineses ocupam praticamente todos os cargos públicos e os empregos mais importantes, como professores, bancários e policiais. Por fim, o subsolo do Tibete é rico em metais, cobre, zinco e urânio com reservas suficientes para suprir até 20% da necessidade da China. 2. Como se deu o domínio chinês sobre a região. A China ocupa o Tibete desde 1951. Os primeiros conflitos entre os dois países, no entanto, começaram muito antes. No século XIII (1201-1300), o Tibete foi conquistado pelo Império Mongol. Em 1720, foram os chineses, durante a dinastia Ching, que invadiram o país. Em 1912, com a queda da dinastia, os tibetanos expulsaram da região as tropas chinesas e declaram autonomia. Em 1913, numa conferência realizada em Shimla, na índia, britânicos, tibetanos e chineses decidiram dividir o Tibete: uma parte seria anexada a China e outra se manteria autônoma. Ao retornar da Índia, o 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso, (considerado a reencarnação do bodhisattva da compaixão). Bodhisattva é um ser iluminado que adiou sua entrada no nirvana, escolhendo renascer para servir a humanidade. Dalai declarou oficialmente a independência do Tibete. Porém, o acordo de Shimla nunca foi ratificado pelos Chineses, que continuaram a reivindicar direito de posse sobre o território. Em 1950, houve um conflito armado entre chineses e tibetanos, sendo que, a Rússia e a Inglaterra tentaram, sem sucesso intervir. Em setembro de 1951, o Tibete foi, então, integralmente ocupado pelas forças comunistas de Mao Tse Tung (1893-1976), sob o pretexto de libertar o país do Imperialismo Inglês. 3. Quantos tibetanos morreram devido a opressão externa? A ocupação chinesa no Tibete foi marcada pela destruição sistemática de mosteiros, pela opressão religiosa, pelo fim da liberdade política e pelo aprisionamento e assassinato de civis em massa. Estima-se que 1 milhão de tibetanos tenham morrido nas mãos do Exército chinês. Durante o governo de Mao Tse Tung, os chineses tentaram sufocar ainda a religiosidade local, destruindo santuários e assassinando monges aos milhares. Até hoje, a região está sob pesada vigilância. Os meios de comunicação são controlados por Pequim, bem como a movimentação de pessoas. A liberdade de culto, no entanto, tem sido um pouco maior. Mesmo assim, a polícia chinesa está sempre presente em mosteiros e em templos budistas. O resultado da mão de ferro chinesa são os mais de 100 mil tibetanos refugiados pelo mundo. Os atuais protestos tem sido contidos com força, os monges são espancados e aprisionados. 4. Qual a importância do Dalai Lama para os tibetanos? O Dalai Lama é o líder político e espiritual do Tibete. Segundo a crença popular, ele é a reencarnação do Budha. O atual Dalai lama, Tenzin Gyatso, o 14º de uma seita que está no poder desde o século XVII (1601-1700). Ele foi o ganhador  do Nobel da Paz em 1989 por sua luta pela autonomia tibetana. Se a China não consegue transformar o Tibete numa província como outra qualquer é porque a campanha do regime comunista esbarra no extraordinário fervor religioso da população. Em torno do líder exilado, que se instalou numa cidade do norte da Índia chamada Dharamsala onde reúne-se a única resistência organizada no exílio. Por definição, o Dalai Lama está acima dos desacordos mundanos. Os lamas são detectados entre crianças comuns pelos monges budistas tibetanos por meio de sonhos e presságios. 5. Como ele exerce a função de chefe de Estado? O líder dos tibetanos assumiu a posição de chefe de estado em 1950, quando tinha apenas 16 anos. Desde então, sua maior missão tem sido negociar a soberania do Tibete com o governo chinês. Ele vive exilado há 54 anos e da Índia, onde mora, luta pela preservação da cultura tibetana. Ele fundou 53 assentamentos agrícolas de larga escala para acolher os refugiados, idealizou um sistema educacional autônomo, sendo que, existem hoje mais de 80 escolas tibetanas na Índia e no Nepal para oferecer as crianças pleno conhecimento de sua língua, história, religião, tradição e cultura; além de já ter elaborado uma Constituição democrática para um Tibete livre. Embora  o governo tibetano no exílio e o governo da China não mantenham relações diplomáticas, o Dalai Lama, Tenzin Gyatso (1935-   ), tentou por 20 anos encontrar uma solução pacífica para o independência. 6. Qual a reivindicação do líder tibetano ao governo chinês? Sua Santidade, o Dalai Lama, já desistiu há muito tempo de reivindicar a independência tibetana. Atualmente, ele afirma que defende uma autonomia “significativa” para a região, o que incluiria a liberdade de culto e a restauração do ensino em língua tibetana. Pequim repudia a ideia, temendo que a mínima concessão possa incentivar o separatismo entre outras minorias étnicas. 7. O que detonou a atual crise na região? Os tibetanos foram as ruas em março de 2008 para lembrar os 49 anos de uma grande revolta contra a China, ocorrida em 10 de março de 1959. Este Levante Nacional Tibetano deixou um saldo de 87.000 mortos e a fuga para o exterior de Sua Santidade, o Dalai Lama, Tenzin Gyatso, seguido por 100.000 tibetanos. O protesto, ocorrido na capital tibetana de Lhasa, foi considerado o auge da resistência tibetana. Temendo por sua própria segurança, o Dalai Lama deixou Lhasa em 17 de março de 1959. 8. Qual a posição da ONU diante dos conflitos no Tibete? Pouco após a invasão chinesa, o governo tibetano manifestou-se contra a agressão na Organização das Nações Unidas, mas a Assembleia Geral adiou a discussão do problema. Na verdade, a ONU nunca expressou protesto algum contra a ocupação. As manifestações mais importantes ocorreram em 1959, quando o órgão mundial pediu respeito aos direitos humanos fundamentais do povo tibetano e a sua vida cultural e religiosa. Em 1961 e 1965, a ONU voltou a lamentar a sua supressão da vida cultural e religiosa características do povo tibetano. Em 1991, a entidade expressou-se preocupada diante de continuadas denúncias de violações dos direitos e liberdades humanas fundamentais que ameaçavam a identidade cultural, religiosa e nacional distintas do povo tibetano. Porém nada mudou. 9. Qual a posição da comunidade internacional? O Dalai Lama, possui um ótimo transito internacional. Em 1967, ele iniciou uma série de viagens para divulgar a causa, que já o levou a 42 países. O giro lhe rendeu, por exemplo, a Medalha de Ouro pelo Congresso americano, além da adesão de estrelas de Hollywwood à Campanha Internacional pelo Tibete. Após os protestos de março de 2008, reprimidos com violência pelo governo chinês, a União Europeia pediu a Pequim a suspensão da repressão violenta, além da liberação dos manifestantes detidos. Na mesma linha, o embaixador americano em Pequim, Clark Randt (1945-   ), pediu ao governo chinês que dê provas de moderação no Tibete  e não recorra à força. A Casa Branca qualificou como deploráveis os episódios de violência. 10. Há alguma possibilidade de a China conceder independência ao Tibete? O governo chinês sequer considera tal possibilidade. A China utiliza-se de sua força econômica, militar e diplomática, e defende obstinadamente a tese de que o Tibete é tão chinês quanto Hong Kong, cedido a força à colonialista Inglaterra, transformado em paraíso capitalista e devolvido em 1997. Para mais de 1 bilhão e 300 milhões de chineses, o Tibete, foi, é, e sempre será parte da Pátria Mãe Chinesa. Segue posição do Governo Central Chinês quanto ao Tibete, disponível no site: br.china-embassy.org. "É um fato reconhecido universalmente  por todos os países no mundo, que o Tibete é uma parte inalienável, intransferível e incedível do território chinês. Em 1959, o Governo Central da China realizou reformas democráticas no Tibete, sendo esta, uma exigência de milhões de servos tibetanos, dentre elas, abolindo o sistema cruel de servidão. As numerosas massas populares, antes escravos, se tornaram assim dono do país em vez de escravos, começando daí a usufruir os amplos direitos humanos e liberdades fundamentais. Contudo, uns muitos poucos donos de servos no Tibete, exilados no estrangeiro, nunca podiam esquecer-se dos seus privilégios perdidos. Sob o respaldo de algumas forças internacionais, eles inventaram uma chamada "Questão dos Direitos Humanos no Tibete" para enganar a mídia internacional com o objetivo de separar o Tibete da China, e restaurar seu estatuto dos donos de servo como no passado. Nesse contexto existe uma questão do Dalai Lama, que deixou de ser uma questão religiosa mas sim política. O grupo de Dalai, Tenzin Gyatso, trata-se de um grupo político separatista com organização e orientação, e o próprio Dalai não é, de maneira alguma, exclusivamente uma figura religiosa, mas sim um politiqueiro engajado nas atividades separatistas da Pátria Mãe chinesa. Foi chamado por Doutor Henry Kissinger (1923-   ), ex Secretário de Estado dos Estados Unidos da América, como "monge político". Assim, opomo-nos a que Dalai pratique quaisquer atividades separatistas em qualquer país ou região, de igual modo, objetamos a que, qualquer personalidade oficial de qualquer país ofereça local para as atividades de Dalai sob qualquer título. Essa é decididamente a posição do Governo Central Chinês quanto a esse caso. Abraço. Davi.

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