sexta-feira, 6 de março de 2015

Sexualidade e Homossexualidade.



Essa exposição é uma lacônica tentativa de compreender a questão da homossexualidade. Um tema complexo, principalmente, por envolver interpretações dogmáticas e preconceituosas. Então veremos alguns entendimentos quanto a ele. Primeiro a compreensão cristã ortodoxo, depois uma abordagem filosófica, em seguida uma análise marxista histórica e finalizando numa apreciação psicanalítica. Começamos com o texto do escritor Mário Persona (1955-   ), que é uma pergunta endereçada a ele, de um dos seus leitores sobre esse tema. Qual é a sua visão sobre o homossexualismo? Esta é a última pergunta de sua carta. Geralmente deixamos para o fim o que queremos perguntar primeiro. Como você lê a Bíblia, acredito que não esteja querendo saber minha opinião sobre o homossexualismo, mas o que Deus fala de tal prática na Bíblia. A opinião das pessoas podem até ser respeitadas, mas há momentos quando precisamos decidir se obedecemos a opinião das pessoas ou a Palavra de Deus. E entendi que é esta que é a opinião importante para você. Você deve estar em dúvida se deve aceitar realmente o que diz a Bíblia, que foi escrita há tanto tempo, ou se o melhor seria simplesmente se deixar levar pela opinião pública e pelo senso comum. A opinião pública irá cada vez mais considerar a prática do homossexualismo apenas uma opção de vida, porém é importante você decidir quem deve dirigir sua vida: a opinião pública ou Deus. Um dia todos nós deixaremos a opinião pública para trás, o que os outros pensam e dizem, e iremos nos encontrar com Deus. Lembre-se de que foi a opinião pública que decidiu pela soltura de Barrabás e condenação de Jesus. "Qual desses dois quereis vós que eu solte? E eles disseram: Barrabás. Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado." Mateus 27:21, 22. O homossexualismo não é doença, e na Bíblia ele é descrito como até mais do que um pecado: é uma perversão e abominação diante de Deus. Não sou eu quem afirma isso, mas o mesmo livro que você tem aí com você e costuma ler. Veja bem que estou me referindo à prática, não à pessoa do homossexual. Deus ama cada pessoa, independente de como ela seja, mas não ama práticas que são contrárias à Sua própria natureza. É importante que você entenda isto, pois a primeira reação que temos contra Deus é a de tentarmos nos defender de algo que Ele condena, achando que não somos amados. O testemunho abaixo é de alguém que conheceu este amor: "Espero que você compreenda que não importa o quão longe você tenha ido em seu estilo de vida homossexual, nunca é tarde demais para mudar, nunca é tarde demais para voltar ao lar. Deus tem o poder de reformá-lo completamente em corpo, alma e espírito. Por causa do que Deus fez por mim, o velho Jerry Arteburn (1950-1988) acabou. Ele se foi. E sou uma nova pessoa através do poder de Deus. Creio que você queira mudar. Espero que você sinta que deva mudar. Você precisa tentar. Existe um caminho melhor. Deus tem um plano melhor. Com a decisão de buscar a vontade de Deus para sua vida, ela pode ser uma vida com significado." Jerry Arterburn, falecido em 13 de Junho de 1988 aos 38 anos, de AIDS. A Bíblia está cheia de passagens condenando tal prática. Os homens de Sodoma queriam conhecer os anjos que se hospedaram na casa de Ló. Daí vem a palavra "sodomita" que é o homem que procura outro homem para possuí como a uma mulher. Tanto o que faz o papel de homem como o que faz o papel de mulher estão pecando e cometendo uma abominação: "Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de Israel. Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do SENHOR teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao SENHOR teu Deus.... Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é... Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação" Deuteronômio 23.17; Levítico 18:22; 20:13. Em algumas traduções, ao invés de "sodomitas" a expressão usada é "rapazes escandalosos", "rapazes alegres" (daí usar a palavra inglesa "gay" que significa "alegre"), "prostitutos cultuais" ou "prostitutos sagrados" (porque os israelitas tinham incorporado o sexo aos rituais religiosos, como faziam os pagãos) (1 Reis 14.24; 15.12), e os homossexuais são novamente citados no Novo Testamento, em Romanos 1.26,27, tanto com respeito ao homem como à mulher (lésbicas, lesbianismo), prevendo aí um juízo que cairia sobre seus próprios corpos, sem contudo identificar especificamente que juízo seria esse: "Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, igualmente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro." Romanos 1:26,27. Li na revista Newsweek a reportagem sobre o médico que descobriu que a homossexualidade é uma alteração existente no cérebro. O curioso é que o médico revela ser homossexual desde criança, e que isto sempre lhe dava uma intranquilidade de consciência, até descobrir que era algo congênito (de nascença). Fico na dúvida se ele descobriu alguma evidência científica ou se descobriu tão somente algo que queria descobrir. Mas o artigo mostrava que tudo não passava de uma teoria, assim como a teoria da evolução. Ou seja, não há provas. Não nego que existam pessoas que nascem com mais hormônios do sexo oposto, mas isto não é justificativa para que cometam alguma torpeza. Talvez sejam até mais tentados em sua carne do que aqueles que têm uma predominância de hormônios de seu próprio sexo, mas nada justifica que venha a praticar um ato sexual abominável a Deus. Tentar usar o argumento de excesso de hormônios (masculinos ou femininos) para justificar o homossexualismo ou lesbianismo é o mesmo que usar o argumento da pobreza para justificar o crime. Como diz o ditado, você não pode evitar que as andorinhas voem sobre sua cabeça, mas pode impedir que façam ninhos em seus cabelos. Há homens claramente efeminados (com características femininas), de nascença, modo de criação ou devido a um excesso de hormônios femininos, que se casam, têm filhos e são felizes como homens. Devemos lembrar que o homossexualismo é tratado, na Bíblia, não apenas como um pecado, mas como uma abominação. O que pratica um ato sexual condenado por Deus é culpado daquele pecado, não importando se tenha alguma tendência fisiológica para tal. Isto porque são necessários alguns passos até se chegar ao ato, passos estes que poderiam ser evitados se a pessoa simplesmente quisesse abster-se. Uma pessoa nascida em meio a bandidos e assaltantes pode ter a tendência de se tornar um bandido e assaltante, mas isto não a isenta da culpa se vier a praticar um crime. (Aliás, o crime é praticado em qualquer classe social e a grande maioria das pessoas pobres são pessoas honestas, não se valem da desculpa da pobreza para poderem roubar). Nossa carne certamente se inclinará para o mal, pois a Palavra de Deus diz que "a inclinação da carne é inimizade contra Deus" (Romanos 8.7). Aquele que é nascido de novo tem uma nova vida e possui o Espírito Santo habitando em si. Este lhe dará vitória contra qualquer tendência natural de nossa carne. Se acharmos que a inclinação de nossa carne deve ter livre curso, então temos que dar livre curso também aos outros desejos que brotam no coração de todos, ou seja, de praticarmos o que bem entendermos, matando, roubando, ferindo e praticando todo tipo de torpeza. Talvez alguém diga que é diferente de matar ou roubar, pois não faz mal aos outros, que homossexuais são cidadãos que podem viver uma vida respeitável, que devem ser respeitados etc. Sim, é verdade. Conheço homossexuais que são muito mais honestos e respeitáveis do que muita gente que vive com a Bíblia debaixo do braço. Além disso, de acordo com as leis que temos na maioria dos países tal prática não pode ser comparada àquelas que costumamos enxergar como crimes contra o ser humano e a sociedade, e em alguns lugares tratar um homossexual com discriminação pode ser considerado crime. Mas não é esta a questão que está sendo tratada aqui, não me propus a escrever aqui de como os homens enxergam isso ou aquilo, mas de como Deus enxerga e diz em sua Palavra. E se você crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, convém analisar a prática sob esse ponto de vista, ou descartá-la de vez para ter a opinião pública ou sua vontade própria como bússolas de sua vida. A responsabilidade é sua e é você quem terá de prestar contas de seus atos a Deus. Entenda que o que escrevo aqui não é uma crítica à pessoa homossexual, mas à prática da homossexualidade, e também não estou me baseando no modo como a sociedade aceita ou deve aceitar determinadas práticas. Não sou melhor do que qualquer pessoa e jamais poderia me colocar na posição de juiz. Eu mesmo sou suscetível a qualquer prática mais ou menos prejudicial ou contrária à Palavra de Deus e, como todo e qualquer ser humano, estou incluído na condenação genérica da qual a Bíblia fala e que coloca todos nós na mesma condição: pecadores necessitados de um Salvador. Portanto, não são seres humanos falhos que devemos tomar como referência, mas o que Deus diz em Sua Palavra. "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer... Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só... Não há temor de Deus diante de seus olhos... para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus... Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus... Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus." Romanos 3. Evidentemente, a tendência na sociedade será cada vez mais de aceitação de diferentes inclinações sexuais, sob a alegação de se tratar de opção pessoal e não implicar em dano à sociedade como um todo. Até mesmo as leis tenderão a reconhecer uniões do mesmo sexo como válidas para preservar os direitos das pessoas envolvidas, como acontece em qualquer sociedade entre duas pessoas. São questões civis legisladas por homens e que acabarão definidas pelos legisladores e serão obedecidas pelos cidadãos. Obviamente nisso não se inclui a ideia de casamento gay defendida por alguns, já que isso seria uma triste caricatura de uma instituição divina criada para o relacionamento entre um homem e uma mulher para, entre outras coisas, auxílio mútuo, procriação e, principalmente, representar Cristo e Sua noiva, a Igreja. Portanto, o ponto aqui não é o que a sociedade aceita, o que as leis dizem do ponto de vista de uma relação civil entre duas pessoas ou o que as pessoas querem fazer por escolha própria. O ponto é: Deus aceita a homossexualidade como algo normal para Ele? Não. Deus pode amar um ateu, mas não irá amar o ateísmo, contrário à Sua própria existência. Ele pode amar o homossexual, mas não irá amar o homossexualismo, contrário ao Seu plano original da Criação: Disse Jesus: "Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem." Marcos 10:6-9. Assim como Deus faz, devo amar e respeitar todas as pessoas, independente do estilo de vida ou preferência sexual que escolheram, mas isso não implicará que eu deva aceitar ou concordar com suas práticas ou com o modo de vida que escolheram. Você queria saber o que a Bíblia diz do homossexualismo e eu não poderia amenizar o que encontro ali. Lembre-se de que qualquer verdadeiro cristão deve proceder como o Senhor Jesus procedeu quando andou neste mundo: Ele sempre amou o pecador e detestou o pecado. Todas as pessoas devem ser amadas como Deus as ama, isso independe de seu modo de vida. Mas amá-las não implica em aceitar seu modo de vida, principalmente quando temos diante de nós um testemunho claro daquilo que Deus pensa sobre o assunto. Extraído do site: www.respondi.com.br. Começo a expor algumas observações sobre o tema. Está claro nessa narrativa acima, que o conteúdo argumentativo é eminentemente cristão. Plausível esse fato, de certo modo, e coerente quanto a proposta do blog tomado como referência, que enfatiza todos os assuntos humanos e espirituais à luz das Sagradas Escrituras Cristãs. Mário Persona é muito conhecido no mundo cristão aqui no Brasil, pelas suas palestras e conferências evangelísticas, mas também voltadas para a comunicação e marketing. O que vou dizer a seguir, não deve ser considerado como crítica ou desprestígio a exposição citada, mas um contraponto, tentando elucidar a homossexualidade baseada num viés secularista e contemporâneo, desprovido de superstições e crendices, num contexto de diversidade, ousando unir ciência, filosofia e história para tentar explicar esse tópico. Na Grécia antiga, a homossexualidade, era encarada como iniciação masculina na vida social ateniense, entre a sociedade aristocrática culta, já que, as mulheres eram reduzidas a condição inferior de cuidadora dos filhos e acolhedora dos maridos. Numa de suas famosas obras chamada Banquete, Platão (428 AC 347), discorre esse assunto tendo como personagens: Alcibíades, Sócrates, Aristodermo, Agatão, Fedro e outros em uma ceia. Nessa sociedade, a homossexualidade, não era vista numa conotação de promiscuidade, luxúria e depravação moral como convencionamos, assumindo essa posição no transcorrer da história, principalmente na modernidade e contemporaneidade em que vivemos. Arthur Virmond de Lacerda Neto, assim se expressa: A antiguidade grega, a que pertenceu Platão, caracterizava-se pelo politeísmo, crença em inúmeros deuses, à cada um atribuindo-se a responsabilidade por certos fenômenos, como o deus Amor Eros. Ele era responsável pelo sentimento de afeição entre as pessoas; assinalando-se, ainda, pela bissexualidade masculina, em que aceitavam-se as relações sexuais de homens com mulheres e com homens. Este era o relacionamento entre o eraste e o erômeno; aquele, mais velho de 25 anos, procurava um moço de entre 12 e 15 anos (o erômeno), a quem, sob a aprovação dos respectivos pais, servia de amigo e educador até os seus 18 anos, quando a relação passava a ser de amizade, exclusivamente, sem conteúdo sexual. Este fato não compreendia penetração anal e sim o coito inter femural (fricção do pênis entre as coxas, junto da genitália). A assim chamada homossexualidade grega encarnava um costume altamente moral de finalidade educadora: a intimidade entre o eraste e o erômeno verificava-se no âmbito de uma relação, antes de tudo, formadora do caráter do mais moço, em que o mais velho desempenhava um papel significativo na transmissão de valores. Nada disto se reproduziu nas demais sociedades ao longo da história, e não se desenvolveu nas sociedades homofóbicas (ódio, ojeriza, repulsa aos homossexuais). Longe de encarnar uma simples forma de satisfação genital, a peculiaridade da homossexualidade grega encarnou uma elevada espécie de relacionamento humano que muitos autores verberaram por ignorarem o seu aspecto educador, ou mais provavelmente, por entenderem-no como licença institucionalizada a penetração anal, o que, na verdade, não o caracterizava. Na Grécia Antiga, a homossexualidade não equivalia ao que modernamente designa-se por este vocábulo; na atualidade, ele indica a atração de homens por homens e a sua consequência propriamente sexual, a penetração do pênis no reto, ao passo que na Grécia Antiga a cópula homossexual era considerada desprezível e somente se admitia entre um grego e um escravo, respectivamente nos papéis de ativo e passivo. O advento do cristianismo provocou a censura da homossexualidade, instaurando a homofobia, que por séculos vem caracterizando as sociedades ocidentais.  Não tenho a intenção de  fazer apologia a favor ou contra o homossexualismo, mas trazer elementos para uma discussão madura, honesta, franca e respeitosa sobre o assunto. Percebe-se que na Grécia antiga, especialmente entre os atenienses cultos, não havia rigidez quanto a padrões morais e espirituais em suas comunidades. A ética era voltada para virtudes e valores fraternos, onde a pedagogia manifestava o propósito básico dos relacionamento, sendo que, os conceitos e tratados regulando a sexualidade representavam a cultura e tradição desses povos, que não os viam como pecado, depravação ou abominação aos deuses. Quando nosso modelo cristão de comportamento sexual é confrontado, tendemos a discriminar o outro, passando sua conduta pelo crivo de nosso suposto valor de verdade.   Uma importante obra publicada no ano 1884 com o título de A Sociedade Primitiva de Friedrich Engel (1820-1895), amigo e companheiro de Karl Marx (1818-1883) tem um tópico chamado A Formação do Clã, que indiretamente alude ao tema que estamos abordando. Ali vê-se os primórdios da família, antes e depois de ser organizada, quando da definição de obrigações e responsabilidades à nova metodologia do modo de produção que se iniciava na coletividade social. Engel diz: Depois, os homens primitivos começam a proibir as ligações matrimoniais no seio do grupo. Esta medida, denominada exogamia, liga-se estreitamente à evolução econômica. O casamento já não é um fenômeno puramente biológico; é uma instituição regulamentada pela sociedade. A exogamia (casamento de um indivíduo com um membro de grupo estranho àquele que pertence) não conseguiu estabelecer-se senão numa determinada etapa, pois o rebanho primitivo era uma coletividade fechada, sem contato com os outros. Nesta etapa, o casamento é um casamento por grupos, quer dizer que todas as mulheres de uma comunidade são as esposas reais ou potencial dos homens de uma outra comunidade da tribo. Se bem que o regime não excluía a formação temporária de casais, mais ou menos constantes, ninguém tinha direitos exclusivos sobre o seu conjunto. Assim, indiretamente, inferimos que a sexualidade definida como macho e fêmea, é posterior ao início do modo de produção econômico privado, sendo que, antes desse período os aglomerados humanos se misturavam, sem uma definição biológica e fisiológica em termos de funcionalidade à repartição de tarefas e atividades. Nesse primitivo contexto social, era impossível definir a sexualidade em termos de ordenamento, onde masculino e feminino tinham papeis demarcados com funções específica. A argumentação de Engel, leva-nos a pensar que os comportamentos sexuais ainda não tinham alcançado uma padronização, pois a família como conhecemos atualmente (pai, mãe e filhos, cada qual desempenhando seu papel social) não obstante, era descaracterizada de heterogeneidade quanto a particularidades. Esse aspecto conforme postula Engel, foi atingido logo depois da institucionalização do modo de produção civil. Penso que o pressuposto nessa questão é o instituto humano da procriação (perpetuação da espécie), mas em relação ao conseguir essa meta, incluindo o prazer, muitas variáveis são incorporadas nesse processo pelos diferentes costumes humanos, sendo a uniformização (macho e fêmea) tida como modelo heterossexual normal à sociedade civil.  A psicanálise é sempre chamada para dialogar sobre esse conceito da homossexualidade, pois, esse foi, o objeto teórico da construção dessa nova “ciência” nascida no final do século XIX com o pensamento revolucionário de Sigmund Freud (1856-1939). Concluirei essa abordagem com um texto que encontrei na WEB. Ele toma conjecturas freudianas para explicar a homossexualidade e a bissexualidade. Segue o texto. Deve-se saber que a causa da homossexualidade é a mesma da heterossexualidade e da bissexualidade; a escolha inconsciente do objeto do desejo. Escolha produzida na trama das relações sociais, sempre bem circunstanciada no âmbito de um sistema de sociedade particular e suas instituições e convenções, o que chamamos de cultura. Nessa esfera, nenhuma escolha é mais natural ou normal do que outra, melhor, pior, superior, inferior. Desde Freud e sua teoria do inconsciente, seguido por Jacque Lacan (1901-1981), que escolheu a linguística e a lógica para reformular a teoria do inconsciente, sabemos, se há alguma razão para se falar de causa, que se aceite que todo desejo é causado e, mais ainda, que todo desejo é uma causa; a causa do sujeito do desejo, isto é, aquilo pelo que cada um se empenha, embora sem saber. E essa é condição a que ninguém e nenhuma escolha escapam. No tocante ao desejo, não há causas mais legítimas que outras. Na política das escolhas do amor e do sexo, todas as causas são igualmente fundadas no desejo, e, pois, como desejo, legitimamente existente como um direito, tratando-se de que não inflija sofrimento a ninguém, não constitua violência sobre o outro, agressão à dignidade humana. Não se pode acusar a homossexualidade de nenhuma dessas coisas. Bem ao contrário, pela extensão do preconceito, são os homossexuais que têm sido objeto de discriminações e violências que constituem inquestionavelmente atentados aos direitos humanos e à democracia. A importância da teorização de Freud está em desnaturalizar a sexualidade humana, demonstrando que todas as escolhas sexuais, como produções de desejo, seguem igualmente determinações inconsciente, não havendo o que se possa chamar de sexualidade normal, natural. Freud consegue isso demonstrando, a partir de material clínico observado, que a sexualidade humana, buscando o prazer, afasta-se do modelo da vida sexual anima, conforme uma economia que, atuando em seu benefício, “perverte” (altera, imprime novo modo de ser) a função da procriação ânima. Essa palavra vem da psicologia analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961), sendo na verdade dois termos ânimus e ânima que representam os arquétipos masculino e feminino, respectivamente, que se inserem no indivíduo em formação, dando-lhe as características da sua sexualidade afetiva e não necessariamente biológica. Dessa forma, todos temos aspectos ânimus e ânima em nossa personalidade, havendo uma tendência para os homens serem mais ânimus e para as mulheres mais ânima. Mas é justamente no dinamismo dessas forças psíquicas que na maioria das vezes se estabelecem os comportamentos homossexuais, quando não há uma relação direta entre o ser psíquico e o ser biológico. Freud, com a sua teoria da “perversão”, termo que se presta a muitas confusões e manipulado pelo preconceito, mas cujo sentido, no autor, é subversivo, desenvolve a compreensão crítica segundo a qual não se pode falar de “conformidade à natureza” como critério da “normalidade” quando se trata da sexualidade humana, pois, em si mesma, a sexualidade humana é “perversa”, (não existindo um modelo fixo ou padronização) isto é, alterante, modificadora, transformadora, realizadora de mudanças relativamente ao modelo que predomina na natureza animal. Ensina-nos Freud, sendo a pulsão (desejo, estímulo) sexual humana orientada pela diversidade e parcialidade, a sexualidade dos seres humanos é múltipla, variegada (diverso, diferente), desordenada, caótica. Nesse sentido, a sexualidade entre os seres humanos é simplesmente contrária à natureza reprodutiva do sexo animal, não havendo razão para se falar de natural ou normal, patológico ou anormal em matéria de sexo no reino humano. Será a cultura, e seu trabalho de sujeição à ideologia (o que Freud chamava de os Ideais: a tradição, a religião, a moral), que procurará, domesticando as pulsões, enquadrar os indivíduos. Com a teoria da “perversão”, Freud subverte o conceito de normalidade sexual e desautoriza o preconceito que estigmatiza como anormal, anti natural as formas da sexualidade como a que se expressa na homossexualidade, ainda que muitos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas não vejam assim e todo um moralismo social e jurídico teime em afirmar o contrário. O texto está no Yahoo, não sendo assinado, mas é recorrente e esclarecedor quanto ao tema abordado. Assim os leitores têm um bom material de pesquisa e investigação sobre o assunto, podendo escolher um posicionamento, coerente e inclusivo, não apenas se fiando ao dogmatismo religioso, mas visualizando a questão de maneira mais ampla e subjetiva; entendendo o universo da homossexualidade especialmente no âmbito da tradição, cultura e diversidade dos comportamentos e personalidades humanas. Acho que nosso olhar deve ser de tolerância, compreensão e transigência em relação a esse tópico. O Papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio (1936-   ) em recente documento (10/2014) encoraja a que os homo afetivos participem das comunidades cristãs de base, inclusive, tendo comunhão nos sacramentos da eucaristia. Nesta assembleia, Sínodo da família, promovido pelo Vaticano, ficou claro a proposta de aproximar os homossexuais da igreja, reconhecendo o precioso suporte que os casais homossexuais podem oferecer as crianças, apesar de ainda ser contra a união gay. Assim, fugindo do senso comum e dogmático, que estereotipada, discrimina e diferencia os homo afetivos, tentando excluí-los e marginalizá-los da sociedade, a despeito de que, já foi bem pior essa questão. Um exemplo dessa aberração autoritária quanto a esse assunto foi o que o nazismo realizou, através de Adolf Hitler (1889-1945), incluindo os judeus, homossexuais, ciganos, negros e inúmeras outras minorias, como sub raça e milhares deles tiveram o holocausto como destino. Desse modo, é urgentíssimo que amemos as pessoas como elas são, independentemente de seus modos de pensar, agir e falar. Assim, precisamos desenvolver em nossos relacionamentos a compaixão, pois é uma das mais elevadas virtudes, só alcançadas por aqueles que percorrem a iluminação búdica, sendo expressa no acolhimento e entendimento do outro com suas idiossincrasias e resiliências, para que, essa dívida cármica não caia sobre nossa encarnação e as reencarnações posteriores que teremos. Abraço. Davi.

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