Hinduísmo.
www.misticismonatural.blospot.com.
Sri Ramakrishna (1836-1886) é adorado por
milhares de pessoas como uma encarnação divina, ou avatar. Sua vida foi um
testemunho da verdade e da universalidade dos princípios espirituais, assim
como da pureza e do amor. Nascido em Kamarpukur, uma aldeia
próxima a Calcutá, desde criança demonstrou uma grande inclinação para a vida
espiritual. Como um jovem sacerdote de um templo em Dakshineswar (Calcutá),
Ramakrishna mergulhou em intensas práticas espirituais e profundas meditações,
tomado por um forte anelo por Deus e pelo anseio da comunhão divina (...).
Vivia constantemente absorto em Deus. Em seus frequentes êxtases espirituais,
alcançava o sublime estado de união com a Infinita Realidade. Para ele, o
ensinamento védico da unidade da existência era mais que uma teoria, pois
realizou essa verdade pela percepção direta. Sri Ramakrishna trilhou diferentes
caminhos religiosos dentro do Hinduísmo. Mais tarde praticou o islamismo e
depois meditou profundamente em Jesus Cristo, experimentando a mesma Realidade
Divina através destes caminhos não hindus (...). A Família
de Sri Ramakrishna. Sri Ramakrishna nasceu em 18 de
fevereiro de 1836 no vilarejo Karmapukur, cerca de dez quilômetros a noroeste
de Calcutá. Seus pais, Kshudiram Chattopadhyaya e Chandramani Devi, casaram-se
em 1799 e embora fossem pobres, eram muito piedosos e dotados de inúmeras
virtudes. Naquela época Kshudiram estava vivendo no vilarejo ancestral de
Derepore, próximo de Kamarpukur. Seu primeiro filho, Ramkumar, nasceu em 1805,
e sua primeira filha, Katyayani, em 1810. Em 1814, o
proprietário da terra mandou que Kshudiram prestasse falso testemunho no
tribunal contra um vizinho. Quando ele se recusou a fazê-lo, o senhor moveu uma
ação contra ele e lhe retirou a propriedade ancestral. Assim, desprovido de seu
bem material mais importante, Kshudiram mudou-se para a pacata vila de
Kamarpukur, a convite de outro proprietário, que lhe deu uma casa e
aproximadamente um acre de terra fértil. As colheitas dessa pequena propriedade
eram suficientes para atender as necessidades básicas de sua família. Ali ele
viveu com simplicidade, dignidade e contentamento. Dez anos depois de sua chegada a
Kamarpukur, Kshudiram fez uma peregrinação a pé até Rameswaram, no extremo sul
da Índia. Dois anos depois nasceu seu segundo filho, Rameswar. Novamente, em
1835, com a idade de sessenta anos, fez uma peregrinação a Gaya. Ali, desde
tempos imemoriais, os indianos vêm dos quatro cantos da Índia a fim de cumprir
suas obrigações com seus ancestrais, fazendo-lhes oferendas nas sagradas
pegadas do Senhor Vishnu. Neste lugar sagrado Kshudiram teve um sonho em que o
Senhor Vishnu lhe prometeu nascer como seu filho. E sua esposa Chandramani
Devi, defronte ao templo de Shiva em Kamarpukur, também teve uma visão
mostrando-lhe o nascimento da divina criança. Quando regressou, o marido
encontrou-a grávida. Gadadhar. Quando Criança. Quando criança, Sri Ramakrishna (seu nome de nascimento era Gadadhar)
era muito amado pelos aldeões. Desde o princípio, ele não tinha interesse pela
educação formal e nem por assuntos mundanos. Entretanto, ele era um garoto
muito talentoso e podia cantar e pintar muito bem. Gostava de servir os homens
santos e escutar suas histórias. Era muito comum encontrá-lo absorvido em estados
espirituais. Com a idade de seis anos ele experimentou seu primeiro êxtase,
quando viu uma revoada de grous brancos movendo-se sob um fundo de nuvens
escuras. Essa tendência de entrar em êxtase intensificou-se com a idade. Seu
pai faleceu quando Gadadhar tinha sete anos e este acontecimento aprofundou seu
comportamento introspectivo e seu desapego pelo mundo. A Vida de Sacerdote no Templo de Dakshineswar. Quando Sri Ramakrishna tinha cerca de dezesseis anos, seu irmão Ramkumar
levou-o até Calcutá para que ele o assistisse em sua profissão sacerdotal. Em
1855, o templo de Kali, em Dakshineswar, construído por Rani Rasmani, foi
consagrado e Ramkumar tornou-se o sacerdote chefe deste templo. Quando ele
faleceu, alguns meses depois, Sri Ramakrishna foi indicado como sacerdote. Este
desenvolveu intensa devoção pela Divina Mãe Kali e consagrava muitas horas em
adoração de Sua imagem, esquecendo-se dos rituais e das tarefas sacerdotais.
Seu intenso anelo culminou na visão da Divina Mãe Kali como ilimitada refulgência
permeando tudo à sua volta. Intensas
Práticas Espirituais. O estado de intoxicação divina
de Sri Ramakrishna alarmou seus familiares em Kamarpukur e eles convenceram-no
a se casar com Saradamani, uma garota do vilarejo vizinho de Jayrambati. Mesmo
assim, Sri Ramakrishna continuou com suas intensivas práticas espirituais.
Motivado por intenso chamado interior para experimentar os diferentes aspectos
de Deus, ele seguiu, com a ajuda de vários Gurus, os muitos caminhos descritos
nas escrituras hindus e realizou Deus através de cada um deles. O primeiro Guru que apareceu em
Dakshineswar (em 1861), foi uma mulher extraordinária conhecida como Bhairavi
Brahmani, que era uma avançada mestra espiritual muito versada nas escrituras.
Com sua ajuda, Sri Ramakrishna praticou várias das mais difíceis disciplinas do
caminho tântrico e teve êxito em todas elas. Três anos mais tarde, chegou um
monge errante chamado Totapuri, e sob sua orientação, Sri Ramakrishna atingiu o
Nirvikalpa Samadhi, a mais elevada experiência espiritual mencionada nas
escrituras hindus. Ele permaneceu neste estado de não dualidade por seis meses
sem nenhuma consciência de seu próprio corpo. Desta maneira, Sri Ramakrishna
reviveu toda a gama de experiências espirituais de mais de três mil anos da
religião hindu. Praticando Outras Religiões. Com sua insaciável sede por Deus, Sri Ramakrishna rompeu as fronteiras
do Hinduísmo e percorreu os caminhos do Islam e Cristianismo, atingindo a mais
elevada realização em cada um deles em curtos períodos de tempo. Ele aceitava
Jesus e Buda como Encarnações Divinas e venerou os dez Gurus Sikhs. Expressou a
quintessência dos seus doze anos de intensiva realização espiritual em uma
simples frase: Yato mat, tato path, cujo significado é: “Quantas forem as
crenças, tantos serão os caminhos”. Ele agora vivia frequentemente num exaltado
estado de consciência, onde via Deus em todos os seres. Adorando Sri Sarada Devi no Templo. Em 1872,
sua esposa Sarada Devi, agora com dezenove anos, veio à Calcutá para
encontrá-lo. Ele a recebeu cordialmente, ensinou-a como executar as tarefas
domésticas e ao mesmo tempo praticar uma intensa vida espiritual. Uma noite,
ele adorou-a como a Mãe Divina no altar do seu quarto situado no conjunto de
templos de Dakshineswar. Embora sua esposa permanecesse com ele, eles viviam
vidas puras e imaculadas, e sua relação matrimonial era puramente espiritual. É
preciso mencionar aqui que Sri Ramakrishna havia sido ordenado sanyasin (monge
hindu), e mantinha os votos monásticos básicos que conduzem à perfeição. Mas,
externamente, ele vivia como um homem laico, humilde, amável e com a
simplicidade de uma criança. Desde que Sri Ramakrishna veio para Dakshineswar,
Rani Rasmani foi quem primeiramente proveu suas necessidades. Após o
falecimento dela, seu genro, Mathur Nath Biswas, assumiu a responsabilidade de
cuidar de Sri Ramakrishna. Contato
com Alguns Notáveis. O nome de Sri Ramakrishna começou a
ser conhecido à medida que se espalhava a notícia de que ele era um iluminado
santo bengali. Mathur, certa vez, convocou uma assembleia de eruditos para
examiná-lo e eles concluiram que Sri Ramakrishna não era um homem comum, mas o
Avatar da Era Moderna. Nesta época, o movimento sociorreligioso conhecido como
Brahmo Samaj, fundado por Raja Ram Mohan Roy, encontra-se no topo da
popularidade em Bengala. Sri Ramakrishna entrou em contato com muitos líderes e
membros do Brahmo Samaj e exerceu grande influência sobre eles. Seus
ensinamentos sobre a harmonia das religiões atraíram pessoas pertencentes a
diferentes denominações religiosas, e Dakshineswar tornou-se um verdadeiro
parlamento das religiões. A Chegada dos Devotos. Como um enxame de abelhas rodeando uma flor totalmente desabrochada, os
devotos começaram a chegar até Sri Ramakrishna. Ele os dividiu em duas
categorias: a primeira consistia de chefes de família e ele os ensinou como
realizar Deus, enquanto viviam no mundo e cumpriam seus deveres familiares. A
outra, e mais importante categoria, era composta por um grupo de jovens educados,
a maioria da classe média de Bengala, que ele treinou para se tornarem monges
e, assim, serem os porta-vozes de sua mensagem para a humanidade. O principal
dentre eles foi Narendra, que anos mais tarde, com o nome de Swami Vivekananda,
semeou a mensagem universal da Vedanta em diferentes países do mundo,
revitalizando o Hinduísmo e despertando o espírito da nação indiana. O Evangelho de Sri Ramakrishna. Sri
Ramakrishna não escreveu nenhum livro, nem ministrou palestras públicas. Ao
invés disso, ele optou por falar em uma linguagem simples com o uso de
parábolas e metáforas de maneira ilustrativa, que foram coletadas pela sua
observação da natureza e das coisas comuns do dia a dia. Suas conversas eram
encantadoras e atraíram a elite cultural de Bengala. Estas conversas foram
anotadas por um de seus discípulos, Mahendranath Gupta, que as publicou em
bengali sob a forma de livro, com a denominação: “Sri Ramakrishna Kathamrita”
(O néctar das palavras de Sri Ramakrishna). Sua versão em inglês, denominada “The
Gospel of Sri Ramakrishna”, foi publicada em 1942. O livro foi editado também
em português com a denominação: “O Evangelho de Sri Ramakrishna” e está sendo
traduzido e editado em outros idiomas, fazendo com que aumente sua popularidade
em função de sua relevância e apelo universais. Seus
Últimos Dias. A intensidade de sua vida espiritual
e a incansável tarefa de dar instruções para um interminável fluxo de
aspirantes espirituais, consumiu a saúde de Sri Ramakrishna, que desenvolveu
câncer na garganta em 1885, então, ele se mudou para uma casa de campo mais
espaçosa, onde esteve sob os cuidados de seus jovens discípulos durante o dia e
à noite. O Mestre, na sua relação com os seus discípulos, era a manifestação
perene do amor puro, que também estava sempre presente no convívio com as
outras pessoas que o rodeavam, e essa relação amorosa foi a tônica e a pedra
fundamental da futura ordem monástica conhecida como Ramakrishna Math. Nas
primeiras horas do dia 16 de agosto de 1886, Sri Ramakrishna deixou seu corpo
repetindo o nome da Mãe Divina, retornando assim ao seu Lar Espiritual.
(Fonte: http://www.vedantacuritiba.org.br).
www.misticismonatural.blogspot.com.
Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário