Confucionismo.
www.rl.art.br. OS ANALECTOS – LIVRO VII.
Texto de Confúcio (551 AC 479). 1. O Mestre disse: “Eu transmito, mas não
inovo; sou verdadeiro no que digo e devotado à Antiguidade. Arrisco me comparar
ao nosso Velho P’eng”. 2. O Mestre disse: “Silenciosamente depositar
conhecimento na minha mente, aprender sem perder a curiosidade, ensinar sem
cansar: isso não me apresenta dificuldade alguma”. 3. O Mestre disse: “Estas
são as coisas que me causam preocupação: não conseguir cultivar a virtude, não
conseguir ir mais fundo naquilo que aprendi, incapacidade de, quando me é dito
o que é certo, tomar uma atitude e incapacidade de me reformar quando apresento
defeitos”. 4. Durante seus momentos de lazer, o Mestre permanecia altivo,
embora relaxado. 5. O Mestre disse: “Como caí montanha abaixo! Faz tanto tempo
desde que sonhei com o duque de Chou”. 6. O Mestre disse: “Aplico meu coração
no caminho, baseio-me na virtude, confio na benevolência para apoio e encontro
entretenimento nas artes”. 7. O Mestre disse: “Nunca neguei instrução para
ninguém que, por vontade própria, tenha me dado um pacote de carne seca de
presente”. 8. O Mestre disse: “Nunca explico nada para alguém que não esqueça
do mundo ao tentar entender um problema ou que não entre em um frenesi ao
tentar se expressar por palavras. “Se mostro um dos cantos de um quadrado para
alguém e essa pessoa não consegue encontrar os outros três, não mostro uma
segunda vez.” 9. Ao fazer uma refeição na presença de alguém que estivesse de
luto, o Mestre nunca comia toda sua porção. 10. O Mestre nunca cantava se,
naquele dia, tivesse chorado. 11. O Mestre disse para Yen Yüan: “Apenas você e
tentativa sem mostrar arrependimento. Se eu levasse alguém, teria que ser um
homem que, ao se defrontar com uma missão, tivesse medo do fracasso e que, ao
mesmo tempo que gostasse de fazer planos, fosse capaz de executá-los com
sucesso”. 12. O Mestre disse: “Se a riqueza fosse um objetivo decente, eu, para
obtê-la, estaria disposto até mesmo a trabalhar como zelador do lado de fora do
mercado, com um chicote na mão. Se não é, devo seguir minhas próprias
preferências”. 13. Jejum, guerra e doença eram coisas que o Mestre tratava com
cuidado. 14. O Mestre ouviu o shao em Ch’i e por três meses não sentiu o gosto
das refeições que comia. Ele disse: “Jamais sonhei que as alegrias da música
pudessem chegar a tais alturas”. 15. Jan Yu disse: “O Mestre está do lado do
senhor de Wei?”. Tzu-kung disse: “Bem, vou perguntar a ele”. Ele entrou e
disse: “Que tipo de homens eram Po Yi e Shu Ch’i?”. “Eram excelentes anciãos.”
“Tinham alguma queixa?” “Procuravam a benevolência e a encontraram. Então, por
que teriam qualquer queixa?” Quando Tzu-kung saiu, ele disse: “O Mestre não
está do lado dele”. 16. O Mestre disse: “Ao comer arroz comum e ao beber água,
ao utilizar o próprio cotovelo como apoio, a alegria será encontrada. Riqueza e
status conquistados por meios imorais têm tanto a ver comigo quanto as nuvens
que passam”. 17. O Mestre disse: “Concedam-me mais alguns anos para que eu
possa estudar, até os cinquenta, e então estarei livre de maiores erros”. 18.
As coisas para as quais o Mestre usava a pronúncia correta: as Odes, o Livro da
História e a realização das cerimônias rituais. Em todos esses casos ele usava
a pronúncia correta. 19. O governador do She perguntou a Tzu-lu sobre Confúcio.
Tzu-lu não respondeu. O Mestre disse: “Por que você não falou simplesmente o
seguinte: ele é o tipo de homem que esquece de comer quando está distraído com
um problema, que é tão alegre que esquece suas preocupações e que não percebe a
aproximação da velhice?”. 20. O Mestre disse: “Não nasci com conhecimento, mas,
por gostar do que é antigo, apressei-me em buscá-lo”. 21. Os assuntos sobre os
quais o Mestre não discorria eram milagres, violência, desordem e espíritos.
22. O Mestre disse: “Sou fadado a, mesmo enquanto caminho na companhia de dois
homens quaisquer, aprender com eles. Imito as qualidades de um; os defeitos do
outro, corrijo-os em mim mesmo”. 23. O Mestre disse: “O Céu é o autor da
virtude que há em mim. O que pode Huan T’ui fazer comigo?”. 24. O Mestre disse:
“Meus amigos, acham que sou misterioso? Não há nada que eu esconda de vocês.
Não há nada que eu não compartilhe com vocês, meus amigos. Eis como sou”. 25. O
Mestre ensina quatro matérias: cultura, conduta moral, fazer o melhor possível
e ser coerente com aquilo que se diz. 26. O Mestre disse: “Não tenho qualquer
esperança de encontrar um sábio. Ficaria contente se encontrasse um
cavalheiro”. O Mestre disse: “Não tenho qualquer esperança de encontrar um
homem bom. Eu ficaria contente se encontrasse alguém constante. É difícil
considerar constante um homem que diz ter quando lhe falta, que diz estar cheio
quando está vazio e estar confortável quando está em circunstâncias difíceis”.
27. O Mestre usava uma linha de pesca, mas não uma rede; ele sabia usar o arco,
mas não atirava em pássaros que cantassem. 28. O Mestre disse: “Existem,
presumivelmente, homens que inovam sem possuir conhecimento, mas essa é uma
falha que não tenho. Faço amplo uso de meus ouvidos e sigo o que é bom daquilo
que ouvi; faço amplo uso dos meus olhos e retenho na minha mente o que vi. Isso
constitui o melhor substituto para o conhecimento inato”. 29. Era difícil
ensinar algo ao povo de Hu Hsiang. Um menino foi recebido pelo Mestre, e os
discípulos ficaram perplexos. O Mestre disse: “Aprovação à vinda dele não
significa aprovação quando ele não está aqui. Por que deveríamos ser tão
preciosistas? Quando um homem vem a nós após ter se purificado, aprovamos sua
purificação, mas não podemos chancelar seu passado”. 30. O Mestre disse: “A
benevolência é realmente algo tão distante? Tão logo a desejo e ela está aqui”.
31. Ch’en Ssu-pai perguntou se o duque Chao era versado nos ritos. Confúcio
disse: “Sim”. Depois de Confúcio ir embora, Ch’en Ssu-pai, curvando-se para
Wu-ma Ch’i, convidou este para se aproximar e disse: “Ouvi dizer que um
cavalheiro não demonstra parcialidade. E mesmo assim o seu Mestre é parcial? O
senhor tomou como esposa uma filha de Wu, que é do mesmo clã que ele, mas ele
permite que ela seja chamada Wu Meng Tzu. Se esse senhor é versado nos ritos,
quem não é?”. Quando Wu-ma Ch’i relatou-lhe isso, o Mestre disse: “Sou um homem
de sorte. Sempre que cometo um erro, as outras pessoas percebem”. 32. Quando o
Mestre estava cantando na companhia de outros homens e gostava da música de um
companheiro, ele sempre pedia para ouvi-la mais uma vez antes de tomar parte no
coro. 33. O Mestre disse: “Quanto a fazer esforços irrestritos, sou igual aos
outros homens, mas quanto a viver de acordo com os preceitos de um cavalheiro, não
obtive, ainda, sucesso algum”. 34. O Mestre disse: “Como posso me considerar um
sábio ou um homem benevolente? Talvez possa ser dito sobre mim que aprendo sem
esmorecer e que ensino sem me cansar”. Jung-hsi Hua disse: “Isso é,
precisamente, aquilo que nós, discípulos, somos incapazes de aprender com o seu
exemplo”. 35. O Mestre estava gravemente doente. Tzu-lu pediu permissão para
fazer uma oração. O Mestre disse: “Isso foi feito alguma vez?”. Tzu-lu disse:
“Sim, foi. A oração foi a seguinte: rogo aos espíritos do mundo inferior e do
mundo superior”. O Mestre disse: “Nesse caso, há tempos venho oferecendo minhas
orações”. 36. O Mestre disse: “Extravagância significa ostentação; frugalidade
significa desalinho. Eu preferiria ser um maltrapilho do que um ostentador”.
37. O Mestre disse: “O cavalheiro tem a mente tranquila, enquanto o homem
vulgar está sempre tomado de ansiedade”. 38. O Mestre é cordial embora severo,
inspira autoridade sem ser bravo e é respeitoso ao mesmo tempo em que é
tranquilo. www.rl.art.br. Abraço. Davi
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