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Gita. www.vrinda.vaisnava.hu/vrindastudio.
Compilado por Swami B. A. Paramadvaiti e Sripad Atulananda Acharya. Resumo do
Conteúdo do Gita. Capítulo Dois. FINALMENTE, ARJUNA, MUITO CONFUSO PEDE A
KRISHNA QUE O INSTRUA. 1. Sanjaya disse: Ao ver Arjuna cheio de compaixão,
muito entristecido e com seus olhos cheios de água, Madhusudana, Krishna, falou
as seguintes palavras. 2. A Pessoa Suprema (Bhagavan) disse: Meu querido
Arjuna, de onde vieram essas impurezas? Não são em absoluto dignas de uma
pessoa que conhece os valores progressivos da vida. Não conduzem aos planetas
superiores, senão à infâmia. 3. Ó Arjuna (filho de Pritha)! Não cedas a essa
impotência degradante. Não corresponde a você. Abandone essa fraqueza mesquinha
de coração e levante-se. Ó castigador do inimigo! 4. Arjuna disse: Ó destruidor
de Madhu (Krishna)! Como posso contra-atacar com flechas na batalha homens como
Bhisma e Drona, que são dignos de minha adoração? 5. É melhor viver neste mundo
como mendigo, do que viver à custa da vida de grandes almas que são meus
mestres. Ainda que sejam cobiçosos, não deixam de ser superiores. Se os
destruo, nossas conquistas ficarão manchadas com sangue. 6. Nem sabemos que é
melhor, se vencê-los ou sermos vencidos por eles. Diante de nós, neste campo de
batalha, estão agora os filhos de Dhritarastra. Se os matássemos, não nos
importaria viver. 7. Agora estou confuso sobre meu dever e por causa de minha
fraqueza perdi toda compostura. Nesta condição, peço a você que me diga
claramente o que é melhor para mim, agora sou Seu discípulo e uma alma rendida
a você. Por favor, instrua-me. Meditação: Srila Prabhupada nos ensina: O
sistema de atividades materiais em geral constitui uma fonte de perplexidade
para todos. É característico a esta natureza que a cada passo haja
perplexidade, e por isso é conveniente aproximar-se de um mestre espiritual
autêntico que nos proporcione a guia adequada para cumprir com o propósito da
vida. A literatura védica nos aconselha aproximar-nos de um mestre espiritual
autêntico para assim nos livrar das perplexidades da vida que surgem sem nosso
desejo. Elas são como um incêndio florestal que de alguma maneira arde sem que
ninguém tenha acendido. De forma similar, a situação do mundo é tal que as
perplexidades da vida aparecem por si só, sem que desejemos. Ninguém deseja o
incêndio, no entanto, ele se produz e nós ficamos perplexos. A sabedoria Védica
aconselha, portanto, que nos aproximemos de um mestre espiritual que esteja na
sucessão discipular, a fim de resolver estas perplexidades e compreender a
ciência de sua solução. Supõe-se que quem tem um mestre autêntico compreende
tudo, assim que, não devemos permanecer nas perplexidades materiais, senão que
devemos nos aproximar de um mestre espiritual autêntico. 8. Não encontro forma
de separar este pesar que seca meus sentidos. Não poderei exterminá-lo ainda
que ganhe um reino sem igual na Terra, com soberania semelhante a dos
semideuses no céu. 9. Sanjaya disse: Depois de falar assim, Arjuna, o
castigador dos inimigos, disse a Krishna, "Govinda, não lutarei", e
emudeceu. KRISHNA INSTRUI: O CORPO NÃO DEVE SER CAUSA DE LAMENTAÇÃO, O
IMPORTANTE É A ALMA 10. Ó descendente de Bharata! Nesse momento, Krishna com um
sorriso, meio dos dois exércitos, falou as seguintes palavras ao desconsolado
Arjuna. 11. O bem-aventurado Senhor disse: Ao falar palavras sábias, você se
lamenta pelo que não é digno de lamentação. Aqueles que são sábios não se
lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos. Meditação: Srila Prabhupada explica
que o Senhor assumiu de imediato a posição de mestre e repreendeu seu
discípulo, chamando-o indiretamente de tolo. O Senhor disse: "Fala como um
erudito, mas ignora que aquele que é sábio, aquele que sabe sobre o corpo e a
alma não se lamenta por nenhuma etapa do corpo, esteja vivo ou morto".
Como se explicará em capítulos posteriores, será aclarado que sabedoria
significa conhecer tanto a matéria como o espírito, e o controlador de ambos.
Arjuna argumentava que se devia dar mais importância aos princípios religiosos
que à política ou à sociologia, mas ignorava que o conhecimento da matéria, da
alma e do Supremo é todavia mais importante que os dogmas religiosos, e ao
carecer de tal conhecimento, não devia querer se passar por alguém instruído,
já que na realidade não era muito sábio e se lamentava por algo que não era
digno de lamentação. O corpo nasce e está destinado a morrer hoje ou amanhã,
portanto, não é tão valioso como a alma. Quem sabe disto é sábio de verdade e
para ele não há causa de lamentação, seja qual for a condição do corpo
material. 12. Não houve jamais um tempo em que Eu não existisse; nem você, nem
todos estes reis, nem no futuro nenhum de nós deixará de existir. Meditação:
Este verso é uma prova clara de nossa individualidade eterna. Ainda que todos
os seres vivos são parte da energia marginal de Krishna, possuem personalidade
individual eterna. Tanto nos diferentes nascimentos como depois de alcançar a
perfeição total, a alma continua a ser individual e pessoal. 13. Assim como
neste corpo o ser corporificado passa continuamente da infância para a
juventude e logo depois à velhice, de forma similar, quando chega a morte, a
alma passa para outro corpo. O ser auto realizado não se confunde com essa
mudança. Meditação: Este verso famoso comprova a existência da reencarnação. Da
mesma forma que nas palavras de Krishna, grandes pensadores como Sócrates e
Platão acreditavam na reencarnação ou metempsicose. Inclusive os cientistas
comprovaram que a cada sete anos há uma renovação completa das células do
corpo. Assim podemos ver que há muitas reencarnações na mesma vida de uma pessoa.
Mediante o processo de auto realização a pessoa pode se livrar do ciclo de
repetidos nascimentos e mortes, e retornar a Krishna no mundo transcendental.
14. Ó Arjuna (filho de Kunti)! A aparição temporária de felicidade e aflição, e
sua desaparição no devido tempo, são como a aparição e O Bhagavad-gita: A
Ciência Suprema 10 desaparição das estações do inverno e do verão, que surgem
da percepção sensorial, e se deve aprender a tolerá-las sem se perturbar. Ó
descendente de Bharata! 15. Ó melhor entre os homens (Arjuna)! A pessoa que não
se perturba pela dor nem pelo prazer e permanece firme em ambos, certamente é
elegível para a liberação. 16. Aqueles que são videntes da verdade concluíram
que não há duração do inexistente, nem cessação do existente. Os videntes
concluíram isso mediante o estudo da natureza de ambos. 17. Saiba que aquilo
que penetra o corpo é indestrutível. Ninguém pode destruir a alma imperecível.
Meditação: Este verso está dizendo que a alma é a consciência que penetra todo
o corpo, essa função não é cumprida pelas células materiais. Por isso, quando
morre o corpo, a alma não morre com ele. 18. Só o corpo material do ser vivo,
que é indestrutível, incomensurável e eterno, está sujeito à destruição;
portanto, lute, ó descendente de Bharata! 19. Quem pensa que o ser vivo é quem
mata ou é morto, não compreende. Aquele que tem conhecimento sabe que o eu não
mata nem é morto. 20. Nunca há nascimento nem morte para a alma. Por existir
uma vez, nunca deixa de ser jamais. A alma é não nascida, eterna, sempre
existente, imortal e primordial. Não se pode matá-la quando se mata o corpo.
21. Ó Arjuna (Partha)! Ao saber que a alma é indestrutível, sem nascimento,
eterna e imutável, como pode uma pessoa matar alguém ou fazer que alguém mate?
22. Tal como uma pessoa põe roupas novas quando deixa as velhas, do mesmo
jeito, a alma aceita novos corpos materiais, quando abandona os velhos e
inúteis. Meditação: Este é outro verso que mostra com um exemplo simples como a
alma viaja de um corpo a outro. Já que nos encontramos neste círculo de
repetidos nascimentos e mortes, devemos tratar de resolver esta situação o
quanto antes, e não vacilar na perda de tempo como escravos do consumismo
materialista. Ademais, de acordo com a palavra de Krishna, o corpo deve ser considerado
como uma vestimenta da alma que é nosso verdadeiro ser. 23. A alma nunca pode
ser cortada em pedaços por nenhuma arma, nem pode ser queimada pelo fogo, nem
umedecida pela água, nem seca pelo vento. 24. Essa alma individual é irrompível
e insolúvel, e não pode ser queimada, nem seca. É eterna, penetrante, imutável,
imóvel e eternamente a mesma. 25. Diz-se que a alma é invisível, inconcebível,
imutável e inalterável. Ao saber disso, não deve se afligir pelo corpo. 26. E
ainda se pensa que a alma nasce perpetuamente e sempre morre, ainda assim, não
tem razão para se lamentar, ó Arjuna de braços poderosos. 27. Pois, para o que
nasce, a morte é certeza; e para aquele que morreu, o nascimento é certo.
Portanto, não deve se lamentar no inevitável desempenho de seu dever. 28. Todos
os seres criados são não manifestos em seu começo, manifestos em seu estado
intermediário e outra vez, não manifestos quando são aniquilados. Assim pois,
qual a necessidade de se lamentar? Meditação: Este verso se refere aos corpos
materiais através dos quais se manifesta o ser, e não à alma. Já em verso
anterior, várias vezes se explicou a eternidade da alma. 29. Alguns consideram
a alma como algo assombroso, outros a descrevem como algo assombroso, e outros
ouvem falar dela como algo assombroso, enquanto que outros, ainda depois de
ouvirem muito sobre ela, não conseguem compreendê-la nenhum pouco. Meditação:
Os últimos dessa lista são os ateus e materialistas. Eles estão tão encantados
com suas vidas pecaminosas e irresponsáveis que não podem entender que as
revelações de Krishna sobre a alma são a solução para todos os que buscam a
verdadeira felicidade. Equivocadamente eles pensam que a felicidade efêmera
proporcionada por cocaína, maconha, cerveja, pornografia, etc. são o único
alívio válido para sua ignorância. 30. Ó Arjuna (Descendente de Bharata)! O que
mora no corpo é eterno e nunca pode ser morto. Assim pois, não deve se lamentar
por nenhuma criatura. O Bhagavad-gita: A Ciência Suprema 12 POR QUE ARJUNA DEVE
LUTAR? 31. Considere seu dever específico como kshatriya, e saiba que não
existe para você uma ocupação melhor que a de lutar com base em princípios
religiosos, assim não há necessidade de vacilar. 32. Ó Arjuna (Partha)! Felizes
os kshatriyas que sem procurar, conseguem oportunidade de luta semelhante, que
abre para eles todas as portas dos planetas celestiais. 33. Não obstante, se
não lutar nesta guerra religiosa, certamente incorrerá em pecado por não
cumprimento de seus deveres, e assim perderá sua reputação como guerreiro. 34.
As pessoas falarão sempre da sua infâmia, e para quem recebeu honras, a desonra
é pior que a morte. 35. Os grandes generais que têm seu nome e sua fama em alta
estima pensarão que abandonou o campo de batalha somente por temor, e por isso,
considerarão você um covarde. 36. Seus inimigos descreverão você com muitas
palavras ásperas e depreciarão sua habilidade. Que poderia ser mais doloroso
para você? 37. Ó Arjuna (Filho de Kunti)! Ou morra no campo de batalha e
alcance os planetas celestiais, ou conquiste e desfrute o reino terreno.
Levante-se pois, e lute com determinação. 38. Lute por lutar, sem levar em
conta a felicidade ou o sofrimento, a perda ou o ganho, a vitória ou a derrota,
se atuar assim, nunca cometerá pecado. COMO ATUAR SEM REAÇÕES 39. Até agora,
falei a você o conhecimento analítico da filosofia sankhya. Agora, escute o
conhecimento do yoga pelo qual a pessoa trabalha livre do resultado lucrativo.
Ó Arjuna (filho de Pritha)! Quando você atua com tal inteligência, pode se
liberar do cativeiro das ações. Meditação: No Bhagavad-gita, Krishna apresenta
a Arjuna muitas soluções, do mesmo modo que o livre arbítrio oferece em nossa
vida diversas alternativas. Para compreender realmente a suprema conclusão
destas instruções imortais, a pessoa deve estudar todo o Bhagavad-gita
cuidadosamente e as diferentes etapas do yoga proporcionadas por Krishna. 13 O
Bhagavad-gita: A Ciência Suprema 40. Neste esforço não há perdas nem
diminuição, e um pequeno avanço neste caminho protege a pessoa do mais perigoso
tipo de temor. Meditação: Não se desanime, mesmo o menor passo para a perfeição
não é esquecido por Krishna. No entanto, faça o possível para alcançar a
perfeição completa nesta vida mesmo. 41. Aqueles que estão neste caminho são
determinados em seu propósito e sua meta é uma. Ó Arjuna! A inteligência dos
irresolutos tem ramificações ilimitadas. Meditação: Na busca da Verdade há que
ser determinado. Não é que a pessoa deva entender tudo antes de começar o
processo da perfeição pessoal. Deixe-se guiar por sua consciência sincera na
busca da Verdade e sempre mantenha os olhos abertos para descobrir onde se
manifesta a vontade de Sri Krishna. Não aceite nenhum mestre espiritual a menos
que esteja convencido que ele é um representante autêntico de Krishna. Mas
tampouco duvide em se render uma vez que o tenha encontrado. 42-43. Os homens
de escasso conhecimento se apegam muito às palavras floreadas dos Vedas, que
recomendam diversas atividades lucrativas para elevação aos planetas
celestiais, um próximo bom nascimento, poder, e assim por diante. Como têm
desejo de satisfazer os sentidos e de ter uma vida opulenta, eles dizem que não
há nada mais que isto. 44. Na mente daqueles que têm demasiado apego ao prazer
dos sentidos e à opulência material, e que estão confusos por tais coisas, a
determinação resoluta para o serviço devocional ao Senhor Supremo não se
apresenta. 45. Os Vedas tratam principalmente sobre o tema das três modalidades
da natureza material, eleve-se sobre essas modalidades, ó Arjuna! Seja transcendental
a todas elas. Libere-se de todas as dualidades e de todas as ansiedades por
segurança e ganho, e se fixe no eu. 46. Todo sucesso conseguido pelo pequeno
poço pode cumprir-se de imediato pelas grandes corrente de água. De forma
similar, todos os propósitos dos Vedas podem ser cumpridos por aquele que
conhece o objetivo que há por trás deles. Meditação: Precisamente aqui
encontramos a importância do Bhagavad-gita que revela, nestas palavras
cruciais, o propósito que há por trás dos Vedas. Também neste verso se mostra a
necessidade de devotos puros e eruditos, porque são eles que podem esclarecer o
significado das escrituras e nos guiar no desempenho de nosso processo
espiritual. 47. Você tem o direito de cumprir seu dever prescrito, mas não aos frutos
da ação. Nunca se considere a causa dos resultados de suas atitudes, nem jamais
se apegue ao não cumprimento de seu dever. 48. Seja firme no yoga, ó Arjuna!
Execute seu dever e abandone todo apego por êxito ou fracasso. Semelhante
estabilidade mental se chama yoga. Meditação: Na consciência de Krishna, também
se deve executar seus deveres, e esse processo se denomina yoga. Muitas pessoas
têm o falso conceito de que a prática do yoga significa abandonar a família e
os deveres do mundo. 49. Ó Arjuna (Dhananjaya)! Desfaça-se de toda atividade
lucrativa por meio do serviço devocional e se renda por completo a esta
consciência. Aqueles que desejam gozar do fruto de seu trabalho são avaros. 50.
Uma pessoa dedicada ao serviço devocional se desfaz tanto das boas ações como
das más, ainda nesta vida, por isso, ó Arjuna, esforce-se pelo yoga, que é a
arte de todo trabalho. 51. Os sábios, dedicados ao serviço devocional, se
refugiam no Senhor, e pela renúncia aos frutos da ação no mundo material,
liberam-se do ciclo de nascimentos e mortes, dessa maneira, eles podem alcançar
esse estado que está além de todas as misérias. Meditação: O serviço devocional
que se refere este verso é aquele que se recebe de seu mestre espiritual. O
mestre espiritual compreende nossa situação e nos dá conselhos de como podemos
cumprir nossas obrigações e dar ajuda prática à missão de Sri Krishna
Cheitanya. Antes de encontrar um mestre espiritual, podemos fazer serviço
devocional por cantar Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna, Krishna, Hare Hare,
Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare, ler os livros sobre Krishna e orar
sinceramente para encontrar uma conexão espiritual. 52. Quando sua inteligência
sair do espesso bosque da ilusão, vai se tornar indiferente a tudo o que se
tenha ouvido e a tudo que está por se ouvir. 53. Quando sua inteligência não se
confundir mais pela linguagem floreada dos Vedas e permanecer fixa no transe da
auto-realização, então alcançou a consciência divina. OS SINTOMAS DE QUEM ESTÁ
EM CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL 54. Arjuna disse: Quais são os sintomas daquele
cuja consciência está assim absorta na transcendência? Como fala e qual é sua
linguagem? Como se senta e como caminha? 55. O bem-aventurado Senhor disse: Ó
Arjuna (Partha)! Diz-se que uma pessoa está em consciência transcendental pura
quando renuncia a toda classe de desejo pela satisfação dos sentidos, os quais
surgem do funcionamento mental, e quando sua mente encontra satisfação
unicamente no eu. 56. Aquele que não se perturba apesar das três misérias, nem se
exalta quando há felicidade, e que está livre de todo apego, temor e ira, é
chamado sábio com mente estável. Meditação: As três misérias que os seres vivos
sofrem são: 1) As misérias causadas por nosso próprio corpo e mente; 2) As
misérias causadas por outros seres vivos, como insetos, ladrões, inimigos,
etc.; 3) As misérias causadas pelos fenômenos distintos da natureza, como
terremotos, secas, frio, calor, etc.. 57. Aquele que não tem apego, que não se
alegra quando obtém o bem, nem se entristece quando obtém o mal, encontra-se
firmemente situado no conhecimento perfeito. 58. Aquele que é capaz de retrair
seus sentidos dos objetos dos sentidos, tal como a tartaruga retrai suas
extremidades dentro da carapaça, deve ser considerado como estabelecido no conhecimento
verdadeiro. 59. Ainda que o ser corporificado se esforce por renunciar ao
prazer dos sentidos mediante regras severas, todavia permanece com o mesmo
desejo sensual, mas ao experimentar o Supremo, que é um gosto superior, sim,
pode dar as costas ao mundo material. Meditação: Este é um verso famoso em que
Sri Krishna explica a existência de um nível de experiências muito superior ao
do prazer dos sentidos materiais. Alguém que canta Hare Krishna e se associa
com devotos, logo obtém a força para controlar seus sentidos e superar seus
maus hábitos depois de saborear esse gosto superior. Dessa maneira, as
repressões artificiais se tornam desnecessárias. Naturalmente, alcançaremos
esse nível transcendental de satisfação ao despertar nossa consciência de
Krishna adormecida. 60. Ó Arjuna! Os sentidos são tão fortes e impetuosos que
arrastam pela força inclusive a mente de uma pessoa de discernimento que se
esforça por controlá-los. 61. Aquele que restringe seus sentidos e fixa sua
consciência em Mim, é conhecido como uma pessoa de inteligência estável. ASSIM
NASCEM O APEGO, A LUXÚRIA E A IRA 62. Ao contemplar os objetos dos sentidos uma
pessoa desenvolve apego por eles, desse apego nasce a luxúria, e da luxúria
surge a ira. 63. Da ira surge a ilusão e da ilusão a confusão da memória.
Quando a memória se confunde, se perde a inteligência, e quando a inteligência
se perde, a pessoa cai de novo no charco material. 64. Quem pode controlar seus
sentidos mediante a prática dos princípios regulados da liberdade, pode obter a
misericórdia plena do Senhor e se libera assim de todo apego e aversão.
Meditação: Srila Prabhupada nos explica que a pessoa pode controlar
externamente os sentidos mediante um processo artificial, mas a menos que os
sentidos se ocupem no serviço transcendental do Senhor, existe toda a
possibilidade de uma queda. Ainda que a pessoa com plena consciência de Krishna
pareça estar no plano dos sentidos, ela não tem nenhum apego às atividades
sensuais pois é consciente de Krishna. A pessoa consciente de Krishna se
interessa unicamente na satisfação de Krishna e nada mais. Portanto, é
transcendental a todo apego. Se Krishna quer, o devoto pode fazer qualquer
coisa que normalmente seria indesejável, e se Krishna não quer, o devoto não
fará aquilo que normalmente faria para sua própria satisfação. Portanto, o
atuar ou não atuar estão sob seu controle, porque ele só atua sob a direção de
Krishna. Esta consciência é a misericórdia sem causa do Senhor, que o devoto
pode alcançar apesar de estar apegado à plataforma sensual. Os princípios
reguladores da liberdade são os princípios de vida dos bhaktiyogis. Eles se
levantam cedo e meditam no Santo Nome de Krishna. Todos os dias estudam uma ou
duas horas as escrituras, tais como o Bhagavad-gita, e somente comem preparações
vegetarianas oferecidas a Krishna. Ademais, seguem outros princípios tais como
não se intoxicar com nenhuma droga nem cigarros, chá, café, etc.; não ter vida
sexual além do matrimônio e com o único fim de procriar, e não participar em
jogos de azar. Estes são os princípios reguladores da liberdade, já que nos
liberam da escravidão do vício em drogas, da crueldade, do adultério e do
engano. 65. Ao alcançar a misericórdia do Senhor todas as misérias da
existência material se destroem. Em tal estado bem-aventurado, a inteligência
do praticante transcendental logo se estabiliza. 66. Quem não está situado na
consciência transcendental não pode ter nem uma mente controlada nem uma
inteligência estável, sem o que não há possibilidade de paz e, como pode haver
alguma felicidade sem paz? 67. Assim como um forte vento arrasta um bote sobre
a água, tão só um dos sentidos em que a mente se concentre, pode arrastar a
inteligência da pessoa. 68. Portanto, ó Arjuna de braços poderosos! Aquele
cujos sentidos estão restringidos de seus objetos, é certamente de inteligência
estável. 69. Quando para todos os seres é noite, é o momento de despertar para
o autocontrolado e o momento de despertar para todos os seres, é noite para o
sábio introspectivo. Meditação: Aqueles interessados em progredir
espiritualmente devem levantar-se às 4 da manhã, no mais tardar, para começar
sua meditação diária, e se deitar cedo (momento em que as ruas da cidade se
enchem de gente materialista na busca de clubes noturnos, cassinos, etc.). 70.
Uma pessoa que não se perturba pelo incessante fluir dos desejos, como o oceano
que recebe os rios sempre mas permanece em equilíbrio, é a única que pode
alcançar a paz, e não aquela que se esforça por satisfazer tais desejos. 71.
Somente pode alcançar a paz verdadeira, a pessoa que renunciou a todos os
desejos pela satisfação dos sentidos, que vive livre de desejos, que renunciou
a todo senso de propriedade e que está desprovida do falso ego. 72. Este é o
caminho da vida espiritual e divina, depois de alcançá-la, a pessoa não se
confunde mais. Ao se situar assim, a pessoa pode entrar no reino de Deus, mesmo
na hora da morte. Meditação: Aqui Krishna explica que a pessoa pode ir a Ele
depois da morte. A pessoa pode alcançar a consciência de Krishna ou a vida
divina de imediato, em um segundo, ou quiçá não alcançá-la nem sequer depois de
milhões de nascimentos. Só é questão de compreender e aceitar o fato de que
somos eternos serventes de Krishna. www.vrinda.vaisnava.hu/vrindastudio.
Abraço. Davi
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