quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

FINALMENTE, ARJUNA, MUITO CONFUSO PEDE A KRISHNA QUE O INSTRUA


Bhagavad Gita. www.vrinda.vaisnava.hu/vrindastudio. Compilado por Swami B. A. Paramadvaiti e Sripad Atulananda Acharya. Resumo do Conteúdo do Gita. Capítulo Dois. FINALMENTE, ARJUNA, MUITO CONFUSO PEDE A KRISHNA QUE O INSTRUA. 1. Sanjaya disse: Ao ver Arjuna cheio de compaixão, muito entristecido e com seus olhos cheios de água, Madhusudana, Krishna, falou as seguintes palavras. 2. A Pessoa Suprema (Bhagavan) disse: Meu querido Arjuna, de onde vieram essas impurezas? Não são em absoluto dignas de uma pessoa que conhece os valores progressivos da vida. Não conduzem aos planetas superiores, senão à infâmia. 3. Ó Arjuna (filho de Pritha)! Não cedas a essa impotência degradante. Não corresponde a você. Abandone essa fraqueza mesquinha de coração e levante-se. Ó castigador do inimigo! 4. Arjuna disse: Ó destruidor de Madhu (Krishna)! Como posso contra-atacar com flechas na batalha homens como Bhisma e Drona, que são dignos de minha adoração? 5. É melhor viver neste mundo como mendigo, do que viver à custa da vida de grandes almas que são meus mestres. Ainda que sejam cobiçosos, não deixam de ser superiores. Se os destruo, nossas conquistas ficarão manchadas com sangue. 6. Nem sabemos que é melhor, se vencê-los ou sermos vencidos por eles. Diante de nós, neste campo de batalha, estão agora os filhos de Dhritarastra. Se os matássemos, não nos importaria viver. 7. Agora estou confuso sobre meu dever e por causa de minha fraqueza perdi toda compostura. Nesta condição, peço a você que me diga claramente o que é melhor para mim, agora sou Seu discípulo e uma alma rendida a você. Por favor, instrua-me. Meditação: Srila Prabhupada nos ensina: O sistema de atividades materiais em geral constitui uma fonte de perplexidade para todos. É característico a esta natureza que a cada passo haja perplexidade, e por isso é conveniente aproximar-se de um mestre espiritual autêntico que nos proporcione a guia adequada para cumprir com o propósito da vida. A literatura védica nos aconselha aproximar-nos de um mestre espiritual autêntico para assim nos livrar das perplexidades da vida que surgem sem nosso desejo. Elas são como um incêndio florestal que de alguma maneira arde sem que ninguém tenha acendido. De forma similar, a situação do mundo é tal que as perplexidades da vida aparecem por si só, sem que desejemos. Ninguém deseja o incêndio, no entanto, ele se produz e nós ficamos perplexos. A sabedoria Védica aconselha, portanto, que nos aproximemos de um mestre espiritual que esteja na sucessão discipular, a fim de resolver estas perplexidades e compreender a ciência de sua solução. Supõe-se que quem tem um mestre autêntico compreende tudo, assim que, não devemos permanecer nas perplexidades materiais, senão que devemos nos aproximar de um mestre espiritual autêntico. 8. Não encontro forma de separar este pesar que seca meus sentidos. Não poderei exterminá-lo ainda que ganhe um reino sem igual na Terra, com soberania semelhante a dos semideuses no céu. 9. Sanjaya disse: Depois de falar assim, Arjuna, o castigador dos inimigos, disse a Krishna, "Govinda, não lutarei", e emudeceu. KRISHNA INSTRUI: O CORPO NÃO DEVE SER CAUSA DE LAMENTAÇÃO, O IMPORTANTE É A ALMA 10. Ó descendente de Bharata! Nesse momento, Krishna com um sorriso, meio dos dois exércitos, falou as seguintes palavras ao desconsolado Arjuna. 11. O bem-aventurado Senhor disse: Ao falar palavras sábias, você se lamenta pelo que não é digno de lamentação. Aqueles que são sábios não se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos. Meditação: Srila Prabhupada explica que o Senhor assumiu de imediato a posição de mestre e repreendeu seu discípulo, chamando-o indiretamente de tolo. O Senhor disse: "Fala como um erudito, mas ignora que aquele que é sábio, aquele que sabe sobre o corpo e a alma não se lamenta por nenhuma etapa do corpo, esteja vivo ou morto". Como se explicará em capítulos posteriores, será aclarado que sabedoria significa conhecer tanto a matéria como o espírito, e o controlador de ambos. Arjuna argumentava que se devia dar mais importância aos princípios religiosos que à política ou à sociologia, mas ignorava que o conhecimento da matéria, da alma e do Supremo é todavia mais importante que os dogmas religiosos, e ao carecer de tal conhecimento, não devia querer se passar por alguém instruído, já que na realidade não era muito sábio e se lamentava por algo que não era digno de lamentação. O corpo nasce e está destinado a morrer hoje ou amanhã, portanto, não é tão valioso como a alma. Quem sabe disto é sábio de verdade e para ele não há causa de lamentação, seja qual for a condição do corpo material. 12. Não houve jamais um tempo em que Eu não existisse; nem você, nem todos estes reis, nem no futuro nenhum de nós deixará de existir. Meditação: Este verso é uma prova clara de nossa individualidade eterna. Ainda que todos os seres vivos são parte da energia marginal de Krishna, possuem personalidade individual eterna. Tanto nos diferentes nascimentos como depois de alcançar a perfeição total, a alma continua a ser individual e pessoal. 13. Assim como neste corpo o ser corporificado passa continuamente da infância para a juventude e logo depois à velhice, de forma similar, quando chega a morte, a alma passa para outro corpo. O ser auto realizado não se confunde com essa mudança. Meditação: Este verso famoso comprova a existência da reencarnação. Da mesma forma que nas palavras de Krishna, grandes pensadores como Sócrates e Platão acreditavam na reencarnação ou metempsicose. Inclusive os cientistas comprovaram que a cada sete anos há uma renovação completa das células do corpo. Assim podemos ver que há muitas reencarnações na mesma vida de uma pessoa. Mediante o processo de auto realização a pessoa pode se livrar do ciclo de repetidos nascimentos e mortes, e retornar a Krishna no mundo transcendental. 14. Ó Arjuna (filho de Kunti)! A aparição temporária de felicidade e aflição, e sua desaparição no devido tempo, são como a aparição e O Bhagavad-gita: A Ciência Suprema 10 desaparição das estações do inverno e do verão, que surgem da percepção sensorial, e se deve aprender a tolerá-las sem se perturbar. Ó descendente de Bharata! 15. Ó melhor entre os homens (Arjuna)! A pessoa que não se perturba pela dor nem pelo prazer e permanece firme em ambos, certamente é elegível para a liberação. 16. Aqueles que são videntes da verdade concluíram que não há duração do inexistente, nem cessação do existente. Os videntes concluíram isso mediante o estudo da natureza de ambos. 17. Saiba que aquilo que penetra o corpo é indestrutível. Ninguém pode destruir a alma imperecível. Meditação: Este verso está dizendo que a alma é a consciência que penetra todo o corpo, essa função não é cumprida pelas células materiais. Por isso, quando morre o corpo, a alma não morre com ele. 18. Só o corpo material do ser vivo, que é indestrutível, incomensurável e eterno, está sujeito à destruição; portanto, lute, ó descendente de Bharata! 19. Quem pensa que o ser vivo é quem mata ou é morto, não compreende. Aquele que tem conhecimento sabe que o eu não mata nem é morto. 20. Nunca há nascimento nem morte para a alma. Por existir uma vez, nunca deixa de ser jamais. A alma é não nascida, eterna, sempre existente, imortal e primordial. Não se pode matá-la quando se mata o corpo. 21. Ó Arjuna (Partha)! Ao saber que a alma é indestrutível, sem nascimento, eterna e imutável, como pode uma pessoa matar alguém ou fazer que alguém mate? 22. Tal como uma pessoa põe roupas novas quando deixa as velhas, do mesmo jeito, a alma aceita novos corpos materiais, quando abandona os velhos e inúteis. Meditação: Este é outro verso que mostra com um exemplo simples como a alma viaja de um corpo a outro. Já que nos encontramos neste círculo de repetidos nascimentos e mortes, devemos tratar de resolver esta situação o quanto antes, e não vacilar na perda de tempo como escravos do consumismo materialista. Ademais, de acordo com a palavra de Krishna, o corpo deve ser considerado como uma vestimenta da alma que é nosso verdadeiro ser. 23. A alma nunca pode ser cortada em pedaços por nenhuma arma, nem pode ser queimada pelo fogo, nem umedecida pela água, nem seca pelo vento. 24. Essa alma individual é irrompível e insolúvel, e não pode ser queimada, nem seca. É eterna, penetrante, imutável, imóvel e eternamente a mesma. 25. Diz-se que a alma é invisível, inconcebível, imutável e inalterável. Ao saber disso, não deve se afligir pelo corpo. 26. E ainda se pensa que a alma nasce perpetuamente e sempre morre, ainda assim, não tem razão para se lamentar, ó Arjuna de braços poderosos. 27. Pois, para o que nasce, a morte é certeza; e para aquele que morreu, o nascimento é certo. Portanto, não deve se lamentar no inevitável desempenho de seu dever. 28. Todos os seres criados são não manifestos em seu começo, manifestos em seu estado intermediário e outra vez, não manifestos quando são aniquilados. Assim pois, qual a necessidade de se lamentar? Meditação: Este verso se refere aos corpos materiais através dos quais se manifesta o ser, e não à alma. Já em verso anterior, várias vezes se explicou a eternidade da alma. 29. Alguns consideram a alma como algo assombroso, outros a descrevem como algo assombroso, e outros ouvem falar dela como algo assombroso, enquanto que outros, ainda depois de ouvirem muito sobre ela, não conseguem compreendê-la nenhum pouco. Meditação: Os últimos dessa lista são os ateus e materialistas. Eles estão tão encantados com suas vidas pecaminosas e irresponsáveis que não podem entender que as revelações de Krishna sobre a alma são a solução para todos os que buscam a verdadeira felicidade. Equivocadamente eles pensam que a felicidade efêmera proporcionada por cocaína, maconha, cerveja, pornografia, etc. são o único alívio válido para sua ignorância. 30. Ó Arjuna (Descendente de Bharata)! O que mora no corpo é eterno e nunca pode ser morto. Assim pois, não deve se lamentar por nenhuma criatura. O Bhagavad-gita: A Ciência Suprema 12 POR QUE ARJUNA DEVE LUTAR? 31. Considere seu dever específico como kshatriya, e saiba que não existe para você uma ocupação melhor que a de lutar com base em princípios religiosos, assim não há necessidade de vacilar. 32. Ó Arjuna (Partha)! Felizes os kshatriyas que sem procurar, conseguem oportunidade de luta semelhante, que abre para eles todas as portas dos planetas celestiais. 33. Não obstante, se não lutar nesta guerra religiosa, certamente incorrerá em pecado por não cumprimento de seus deveres, e assim perderá sua reputação como guerreiro. 34. As pessoas falarão sempre da sua infâmia, e para quem recebeu honras, a desonra é pior que a morte. 35. Os grandes generais que têm seu nome e sua fama em alta estima pensarão que abandonou o campo de batalha somente por temor, e por isso, considerarão você um covarde. 36. Seus inimigos descreverão você com muitas palavras ásperas e depreciarão sua habilidade. Que poderia ser mais doloroso para você? 37. Ó Arjuna (Filho de Kunti)! Ou morra no campo de batalha e alcance os planetas celestiais, ou conquiste e desfrute o reino terreno. Levante-se pois, e lute com determinação. 38. Lute por lutar, sem levar em conta a felicidade ou o sofrimento, a perda ou o ganho, a vitória ou a derrota, se atuar assim, nunca cometerá pecado. COMO ATUAR SEM REAÇÕES 39. Até agora, falei a você o conhecimento analítico da filosofia sankhya. Agora, escute o conhecimento do yoga pelo qual a pessoa trabalha livre do resultado lucrativo. Ó Arjuna (filho de Pritha)! Quando você atua com tal inteligência, pode se liberar do cativeiro das ações. Meditação: No Bhagavad-gita, Krishna apresenta a Arjuna muitas soluções, do mesmo modo que o livre arbítrio oferece em nossa vida diversas alternativas. Para compreender realmente a suprema conclusão destas instruções imortais, a pessoa deve estudar todo o Bhagavad-gita cuidadosamente e as diferentes etapas do yoga proporcionadas por Krishna. 13 O Bhagavad-gita: A Ciência Suprema 40. Neste esforço não há perdas nem diminuição, e um pequeno avanço neste caminho protege a pessoa do mais perigoso tipo de temor. Meditação: Não se desanime, mesmo o menor passo para a perfeição não é esquecido por Krishna. No entanto, faça o possível para alcançar a perfeição completa nesta vida mesmo. 41. Aqueles que estão neste caminho são determinados em seu propósito e sua meta é uma. Ó Arjuna! A inteligência dos irresolutos tem ramificações ilimitadas. Meditação: Na busca da Verdade há que ser determinado. Não é que a pessoa deva entender tudo antes de começar o processo da perfeição pessoal. Deixe-se guiar por sua consciência sincera na busca da Verdade e sempre mantenha os olhos abertos para descobrir onde se manifesta a vontade de Sri Krishna. Não aceite nenhum mestre espiritual a menos que esteja convencido que ele é um representante autêntico de Krishna. Mas tampouco duvide em se render uma vez que o tenha encontrado. 42-43. Os homens de escasso conhecimento se apegam muito às palavras floreadas dos Vedas, que recomendam diversas atividades lucrativas para elevação aos planetas celestiais, um próximo bom nascimento, poder, e assim por diante. Como têm desejo de satisfazer os sentidos e de ter uma vida opulenta, eles dizem que não há nada mais que isto. 44. Na mente daqueles que têm demasiado apego ao prazer dos sentidos e à opulência material, e que estão confusos por tais coisas, a determinação resoluta para o serviço devocional ao Senhor Supremo não se apresenta. 45. Os Vedas tratam principalmente sobre o tema das três modalidades da natureza material, eleve-se sobre essas modalidades, ó Arjuna! Seja transcendental a todas elas. Libere-se de todas as dualidades e de todas as ansiedades por segurança e ganho, e se fixe no eu. 46. Todo sucesso conseguido pelo pequeno poço pode cumprir-se de imediato pelas grandes corrente de água. De forma similar, todos os propósitos dos Vedas podem ser cumpridos por aquele que conhece o objetivo que há por trás deles. Meditação: Precisamente aqui encontramos a importância do Bhagavad-gita que revela, nestas palavras cruciais, o propósito que há por trás dos Vedas. Também neste verso se mostra a necessidade de devotos puros e eruditos, porque são eles que podem esclarecer o significado das escrituras e nos guiar no desempenho de nosso processo espiritual. 47. Você tem o direito de cumprir seu dever prescrito, mas não aos frutos da ação. Nunca se considere a causa dos resultados de suas atitudes, nem jamais se apegue ao não cumprimento de seu dever. 48. Seja firme no yoga, ó Arjuna! Execute seu dever e abandone todo apego por êxito ou fracasso. Semelhante estabilidade mental se chama yoga. Meditação: Na consciência de Krishna, também se deve executar seus deveres, e esse processo se denomina yoga. Muitas pessoas têm o falso conceito de que a prática do yoga significa abandonar a família e os deveres do mundo. 49. Ó Arjuna (Dhananjaya)! Desfaça-se de toda atividade lucrativa por meio do serviço devocional e se renda por completo a esta consciência. Aqueles que desejam gozar do fruto de seu trabalho são avaros. 50. Uma pessoa dedicada ao serviço devocional se desfaz tanto das boas ações como das más, ainda nesta vida, por isso, ó Arjuna, esforce-se pelo yoga, que é a arte de todo trabalho. 51. Os sábios, dedicados ao serviço devocional, se refugiam no Senhor, e pela renúncia aos frutos da ação no mundo material, liberam-se do ciclo de nascimentos e mortes, dessa maneira, eles podem alcançar esse estado que está além de todas as misérias. Meditação: O serviço devocional que se refere este verso é aquele que se recebe de seu mestre espiritual. O mestre espiritual compreende nossa situação e nos dá conselhos de como podemos cumprir nossas obrigações e dar ajuda prática à missão de Sri Krishna Cheitanya. Antes de encontrar um mestre espiritual, podemos fazer serviço devocional por cantar Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna, Krishna, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare, ler os livros sobre Krishna e orar sinceramente para encontrar uma conexão espiritual. 52. Quando sua inteligência sair do espesso bosque da ilusão, vai se tornar indiferente a tudo o que se tenha ouvido e a tudo que está por se ouvir. 53. Quando sua inteligência não se confundir mais pela linguagem floreada dos Vedas e permanecer fixa no transe da auto-realização, então alcançou a consciência divina. OS SINTOMAS DE QUEM ESTÁ EM CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL 54. Arjuna disse: Quais são os sintomas daquele cuja consciência está assim absorta na transcendência? Como fala e qual é sua linguagem? Como se senta e como caminha? 55. O bem-aventurado Senhor disse: Ó Arjuna (Partha)! Diz-se que uma pessoa está em consciência transcendental pura quando renuncia a toda classe de desejo pela satisfação dos sentidos, os quais surgem do funcionamento mental, e quando sua mente encontra satisfação unicamente no eu. 56. Aquele que não se perturba apesar das três misérias, nem se exalta quando há felicidade, e que está livre de todo apego, temor e ira, é chamado sábio com mente estável. Meditação: As três misérias que os seres vivos sofrem são: 1) As misérias causadas por nosso próprio corpo e mente; 2) As misérias causadas por outros seres vivos, como insetos, ladrões, inimigos, etc.; 3) As misérias causadas pelos fenômenos distintos da natureza, como terremotos, secas, frio, calor, etc.. 57. Aquele que não tem apego, que não se alegra quando obtém o bem, nem se entristece quando obtém o mal, encontra-se firmemente situado no conhecimento perfeito. 58. Aquele que é capaz de retrair seus sentidos dos objetos dos sentidos, tal como a tartaruga retrai suas extremidades dentro da carapaça, deve ser considerado como estabelecido no conhecimento verdadeiro. 59. Ainda que o ser corporificado se esforce por renunciar ao prazer dos sentidos mediante regras severas, todavia permanece com o mesmo desejo sensual, mas ao experimentar o Supremo, que é um gosto superior, sim, pode dar as costas ao mundo material. Meditação: Este é um verso famoso em que Sri Krishna explica a existência de um nível de experiências muito superior ao do prazer dos sentidos materiais. Alguém que canta Hare Krishna e se associa com devotos, logo obtém a força para controlar seus sentidos e superar seus maus hábitos depois de saborear esse gosto superior. Dessa maneira, as repressões artificiais se tornam desnecessárias. Naturalmente, alcançaremos esse nível transcendental de satisfação ao despertar nossa consciência de Krishna adormecida. 60. Ó Arjuna! Os sentidos são tão fortes e impetuosos que arrastam pela força inclusive a mente de uma pessoa de discernimento que se esforça por controlá-los. 61. Aquele que restringe seus sentidos e fixa sua consciência em Mim, é conhecido como uma pessoa de inteligência estável. ASSIM NASCEM O APEGO, A LUXÚRIA E A IRA 62. Ao contemplar os objetos dos sentidos uma pessoa desenvolve apego por eles, desse apego nasce a luxúria, e da luxúria surge a ira. 63. Da ira surge a ilusão e da ilusão a confusão da memória. Quando a memória se confunde, se perde a inteligência, e quando a inteligência se perde, a pessoa cai de novo no charco material. 64. Quem pode controlar seus sentidos mediante a prática dos princípios regulados da liberdade, pode obter a misericórdia plena do Senhor e se libera assim de todo apego e aversão. Meditação: Srila Prabhupada nos explica que a pessoa pode controlar externamente os sentidos mediante um processo artificial, mas a menos que os sentidos se ocupem no serviço transcendental do Senhor, existe toda a possibilidade de uma queda. Ainda que a pessoa com plena consciência de Krishna pareça estar no plano dos sentidos, ela não tem nenhum apego às atividades sensuais pois é consciente de Krishna. A pessoa consciente de Krishna se interessa unicamente na satisfação de Krishna e nada mais. Portanto, é transcendental a todo apego. Se Krishna quer, o devoto pode fazer qualquer coisa que normalmente seria indesejável, e se Krishna não quer, o devoto não fará aquilo que normalmente faria para sua própria satisfação. Portanto, o atuar ou não atuar estão sob seu controle, porque ele só atua sob a direção de Krishna. Esta consciência é a misericórdia sem causa do Senhor, que o devoto pode alcançar apesar de estar apegado à plataforma sensual. Os princípios reguladores da liberdade são os princípios de vida dos bhaktiyogis. Eles se levantam cedo e meditam no Santo Nome de Krishna. Todos os dias estudam uma ou duas horas as escrituras, tais como o Bhagavad-gita, e somente comem preparações vegetarianas oferecidas a Krishna. Ademais, seguem outros princípios tais como não se intoxicar com nenhuma droga nem cigarros, chá, café, etc.; não ter vida sexual além do matrimônio e com o único fim de procriar, e não participar em jogos de azar. Estes são os princípios reguladores da liberdade, já que nos liberam da escravidão do vício em drogas, da crueldade, do adultério e do engano. 65. Ao alcançar a misericórdia do Senhor todas as misérias da existência material se destroem. Em tal estado bem-aventurado, a inteligência do praticante transcendental logo se estabiliza. 66. Quem não está situado na consciência transcendental não pode ter nem uma mente controlada nem uma inteligência estável, sem o que não há possibilidade de paz e, como pode haver alguma felicidade sem paz? 67. Assim como um forte vento arrasta um bote sobre a água, tão só um dos sentidos em que a mente se concentre, pode arrastar a inteligência da pessoa. 68. Portanto, ó Arjuna de braços poderosos! Aquele cujos sentidos estão restringidos de seus objetos, é certamente de inteligência estável. 69. Quando para todos os seres é noite, é o momento de despertar para o autocontrolado e o momento de despertar para todos os seres, é noite para o sábio introspectivo. Meditação: Aqueles interessados em progredir espiritualmente devem levantar-se às 4 da manhã, no mais tardar, para começar sua meditação diária, e se deitar cedo (momento em que as ruas da cidade se enchem de gente materialista na busca de clubes noturnos, cassinos, etc.). 70. Uma pessoa que não se perturba pelo incessante fluir dos desejos, como o oceano que recebe os rios sempre mas permanece em equilíbrio, é a única que pode alcançar a paz, e não aquela que se esforça por satisfazer tais desejos. 71. Somente pode alcançar a paz verdadeira, a pessoa que renunciou a todos os desejos pela satisfação dos sentidos, que vive livre de desejos, que renunciou a todo senso de propriedade e que está desprovida do falso ego. 72. Este é o caminho da vida espiritual e divina, depois de alcançá-la, a pessoa não se confunde mais. Ao se situar assim, a pessoa pode entrar no reino de Deus, mesmo na hora da morte. Meditação: Aqui Krishna explica que a pessoa pode ir a Ele depois da morte. A pessoa pode alcançar a consciência de Krishna ou a vida divina de imediato, em um segundo, ou quiçá não alcançá-la nem sequer depois de milhões de nascimentos. Só é questão de compreender e aceitar o fato de que somos eternos serventes de Krishna. www.vrinda.vaisnava.hu/vrindastudio. Abraço. Davi

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